Por que mudamos para a versão NVI?

Embora a versão de Almeida, revista e atualizada seja a mais comumente utilizada, tem lá seus problemas, entre eles interferências que levaram João Ferreira de Almeida a morrer sem concluir seu trabalho final.

Almeida, converteu-se na Igreja Reformista Holandesa, em 1642 e em 1644, com apenas 16 anos concluiu a tradução do Novo Testamento para o português usando como base o texto latino da Vulgata. Pretendendo publicar sua obra, enviou uma cópia do texto ao governador geral holandês, em Batávia, mas o responsável pela publicação faleceu e o seu trabalho se perdeu. Ante isso, ele iniciou todo o trabalho novamente. Em 1654, completou todo o Novo Testamento mas, uma vez mais, nada foi feito para imprimir a tradução, sendo realizadas apenas algumas poucas cópias manuscritas.

Em 1676, Almeida apresentou o seu trabalho de tradução do Novo Testamento ao consistório da Igreja Reformada em Batávia, para revisão. Os revisores criaram tantas situações inconciliáveis sobre significado de algumas palavras e sobre o estilo do português usado que o texto nunca seria liberado para a publicação. Por isso, Almeida, sem o conhecimento dos revisores, enviou uma cópia do seu trabalho para a Holanda, visando a sua publicação e essa versão do Novo Testamento de Almeida em português foi finalmente impressa em 1681, ou seja, 37 anos depois de sua tradução inicial. Vale observar que a versão impressa em Amesterdão, em 1681, não saiu como Almeida queria, pois os revisores conseguiram fazer valer a sua posição, introduzindo alterações ao seu trabalho.

Mesmo assim, Almeida iniciou outro grande esforço, agora para apresentar a tradução do Velho Testamento. Em 1689, já com a saúde bastante abalada, Almeida deixou o trabalho missionário para se dedicar ao trabalho de tradução, mas faleceu em 1691 enquanto traduzia o último capítulo de Ezequiel. Coube ao seu amigo Jacobus op den Akker completar a tradução em 1694.

Quanto à versão NVI, é bem mais recente. Lançada no ano de 2000, é o resultado do trabalho de grupos de especialistas e eruditos em diversas áreas e, a nosso ver, está mais bem adequada à nossa linguagem. As críticas à NVI se devem ao fato de sua linguagem mais "moderna", mas isso não tira seus créditos e, em relação às suas diferenças junto à versão de Almeida não fazem a mínima diferença na doutrina cristã. Em nenhum momento a NVI tira a autoridade de outras versões e manuscritos. Pelo contrário, ela apenas utiliza da melhor forma o português brasileiro para traduzir os manuscritos diretamente dos originais grego, aramaico e hebraico.

Sabemos que a linguística é dinâmica, mas os significados perenes e, por isso, são necessárias revisões ao longo do tempo, para que, na medida em que algumas palavras entram em desuso e novas apareçam em nosso vocabulário, as significações encontrem sempre as palavras mais adequadas para as expressões originais. Por exemplo, o termo "ósculo" caiu em desuso e hoje a palavra do português atual que melhor expressa a significação do original é a palavra "beijo".

O uso da terceira pessoa em vez da segunda também é o que mais leva o leitor e os ouvintes a uma aproximação da linguagem utilizada em nosso tempo e nada tem a ver com respeito ou reverência como se inferia no passado. Por que usar termos arcaicos que os ouvintes não conhecem ou não estão acostumados quando podemos nos comunicar em linguagem mais clara e de fácil compreensão?

19. Todavia, na igreja prefiro falar cinco palavras compreensíveis para instruir os outros a falar dez mil palavras em uma língua. (1 Coríntios, 14).

No Tribunal em que trabalho aprendi que é melhor usar linguagem simples que qualquer leitor possa compreender do que usar expressões difíceis e palavras em latim que expressam erudição, mas só revelam soberba e vaidade do escritor e não atingem o nosso propósito maior: dar o recado de modo que todos entendam.

Evidentemente que Almeida não tinha a intenção de dificultar o entendimento dos textos, mas seus manuscritos utilizam-se, naturalmente, de um arcaísmo próprio de seu tempo. E de lá para cá, sua versão não passou por nenhuma mudança devido as novas descobertas arqueológicas, normas linguísticas e uma variedade de outros itens. As poucas atualizações ocorreram na versão de 1994, porém ela continuou com a mesma base, a JFDA do século XVII.

Portanto, nossa opção em mudar a versão de todos os membros da Igreja Cristã Celeiros para a NVI deve-se, principalmente, ao fato de todos já terem lido a bíblia na versão de Almeida. Agora, estamos em plenas condições de refazer a leitura na versão NVI, sem o arcaísmo da versão de Almeida, o que facilita a leitura e entendimento de algumas palavras que porventura tenham causado dificuldade de compreensão do texto na versão de Almeida.

Infelizmente, uma boa bíblia na versão NVI ainda é cara, mas vale a pena esse investimento. A Igreja ficou muito feliz com esse presente e tenho certeza que o retorno espiritual está garantido.

Fiquei impressionado com o resultado de 2015 e sei que neste ano não será diferente.