Carta 097

02/07/2013 14:49

De: MARIA

Para: CeenSO

Em: Fri, 9 Apr 2010 15:53:23

 

Olá, Pastor Solon...

 Que graça maravilhosa do Sr. continue em nós!

Como são as coisas de Deus né? Tenho certeza que Ele permitiu o seu testemunho para ajudar outros irmãos.

Falei hoje com o meu marido: "Nem conhecemos o pastor e estamos falando dele e conhecendo a sua vida e ele nem imagina quem somos...ou onde estamos...." Legal, né?

Pois é, parei com minhas atividades no escritório e meu marido com os seus estudos para lermos as 22 páginas do seu testemunho enquanto membro da Maranata.

Uma coisa não nego: a ICM foi o veículo pelo qual Deus usou para me tirar desse mundo iníquo. Isso é maravilhoso e nunca vou me esquecer!!!

 Não imaginava que alguém algum dia passaria por quase tudo o que eu passei e exporia assim tão abertamente ao público. O Sr. sabe que as coisas na ICM são tudo perfeitinhas e nada pode sair do controle do presbitério....

Passei por várias situações na ICM pois iniciei minha "carreira cristã" aos 15 anos e saí da ICM com 24 (hoje estou com 31). São tantas coisas que ficaria aqui digitando talvez umas 10 páginas...talvez até complementasse mais as suas 22 páginas ...

 Tudo o que o Sr. falou é a mais pura verdade pois vivi tudo isso e sei o que acontece...

A única coisa que fica sempre em meu pensamento com uma grande interrogação é: Será que os "mestres" sabem da responsabilidade que têm perante Deus sobre o que pregam? Qtas vidas estão trilhando esse caminho por meio deles?

O que vai ser desses no dia do juízo? Isso me incomoda bastante...

 Graças ao bom Deus hoje estou trilhando o caminho da Graça, da liberdade; do amor ao próximo; dando a vida, meu tempo, meu melhor aos irmãos; proclamando o evangelho...rumo a vida eterna!!! Sem cartilhas rezadas pelo presbitério!!! Que presbitério!!! Jesus é o nosso cabeça!!! A Palavra é a nossa vertente... aleluias!!!

Graça e Paz ao querido irmão em Cristo.

 

De: CeenSO

Para: MARIA

Em: domingo, 9 de maio de 2010 0:23:38

Prezada irmã MARIA, que a paz do Senhor Jesus seja com todos,

 Louvado seja o nosso Deus pela sua vida e de seu esposo!!!

 Sucesso a todos vocês!!!

 Com carinho,

 Pr. Sólon

 

De: CeenSO (ceenso.df@hotmail.com)

Para: MARIA

Em: quarta-feira, 21 de julho de 2010 12:30:21

Prezada irmã MARIA, que a paz do Senhor Jesus seja com toda a sua família.

 Relendo sua carta, algo me chamou a atenção: as "coisas tudo perfeitinhas". Lembro-me que os testemunhos que eu sempre ouvia dos visitantes, seja em cultos ou em grandes concentrações, eram: "estou maravilhado com a organização!"; "Que povo disciplinado!"; "Até as crianças ficam quietinhas!" etc.

Lembrei-me, então de um sonho que tive em 2003, quando eu ainda era pastor da ICM. Como você sabe, sonho não é algo que podemos “fabricar”, afinal, eu estava dormindo. Quando acordei, digitei o sonho e, na primeira oportunidade, entreguei para o coordenador da minha região. Minha impressão, na época, é que o sonho foi simplesmente desconsiderado, mas posso estar enganado, pois não sei o que se passou na reunião reservada apenas aos coordenadores.

Procurando em meus alfarrábios, achei o sonho e vou transcrevê-lo para você, exatamente como transmiti ao meu coordenador:

SONHO (24/04/2003)

Sonhei que a igreja de Brasília realizava um culto noturno em um local público e aberto. Esse local ficava entre vários prédios e casas residenciais e o som se propagava com facilidade. O objetivo do culto era atingir o maior número de pessoas possível.

Tudo estava muito bem organizado, instrumentistas, grupo de louvor, obreiros etc., porém parecia estar faltando alguma coisa. Eu estava assistindo a tudo como um mero observador. Após iniciar o culto, comecei a circular pelos arredores daquele lugar para ver qual o alcance daquele culto sobre a vizinhança. Vi que as casas e apartamentos estavam de portas abertas e seus moradores estavam assistindo televisão. Não havia qualquer reação das pessoas com relação ao culto, pois continuavam concentradas na TV, embora estivessem com um semblante disperso, como se estivessem cansados e tristes. Notei, então, que as pessoas não estavam sendo tocadas pelo culto.

Diante desse quadro, a igreja resolveu aumentar o volume dos instrumentos, de modo que temi uma reação negativa das pessoas, pois o volume ficou muito alto. Nada mudou. Não houve qualquer reação do público alvo.

Como continuei preocupado com a possibilidade de estarmos incomodando as pessoas, o Senhor me mostrou que apenas eu tinha essa preocupação, pois ninguém mais percebia, nem o povo (moradores), nem a igreja. O povo porque não era atingido pelo culto, a igreja porque estava empolgada com as tarefas, organização e realização do culto, sem se preocupar com o resultado dele. Todos os participantes do culto estavam orgulhosos do trabalho que estavam realizando, mas o público alvo continuava preso à televisão e com o semblante triste.

Perguntei, então, ao Senhor, o que estava faltando para que aquela animação atingisse os lares. O Senhor respondeu que a falta de poder e graça fazia com que a frequência sonora do culto não coincidisse com a freqüência do sentimento das pessoas.

Sólon.

-------------------------------------------------------------------------------

Não sei se você conseguiu perceber, mas parece que Deus já estava nos advertindo que a organização não era aquilo que mais importava em um evento que se propõe a atingir as pessoas necessitadas. Como eu poderia me orgulhar de uma organização perfeita, se o alvo não estava sendo atingido? Como eu me alegraria em ver que a própria igreja não estava se apercebendo do que estava acontecendo? Todos cumpriam com perfeição suas tarefas e se sentiam orgulhosos pelo seu desempenho e pelos elogios que, ao fim, recebiam: “Puxa! Que liturgia bem organizada! Que povo ordeiro!”. Mas, será que é somente disso que nós precisamos?

A maior tristeza é pensar que nem os membros, ainda que pastores, podem falar absolutamente nada, nem a título de sugestão. Quanto ao que você falou sobre o conhecimento dos pastores, que guiam suas ovelhas por trilhas duvidosas, prefiro acreditar que são ignorantes a esse respeito, pois se são conscientes, certamente não gozarão de paz, nem aqui nem no porvir. Isso me incomodava muito!

Outro dia, ao ler algumas críticas feitas ao meu trabalho “eclesiástico”, percebi que uma delas se referia à nossa ainda incipiente organização. Devo admitir: nossas reuniões ainda não atingiram a perfeição de algumas outras denominações. Não que eu ache que organização seja desnecessária, mas simplesmente entendo que ela não é decisiva quando se trata de ação de Deus. Nisso, estou em plena paz! A aprovação de Deus do nosso trabalho não está no quanto somos organizados, mas no quanto somos sinceros e esforçados, sempre desejosos de permanecer no centro de Sua vontade, que, definitivamente, não está na aparência, mas em nossos corações.

Pensando nisso, comecei a imaginar o quanto Deus pode estar se desagradando de certos comportamentos de líderes evangélicos que possuem grandes estruturas e se orgulham de apresentar seus números, como se isso fosse um atestado de que Deus está aprovando tudo quanto fazem.

Enquanto meditava e orava, pedindo a Deus entendimento, tive uma súbita percepção... revelação? O fato é que fui levado à passagem bíblica que relata a visita da rainha de Sabá a Salomão. Meditei sobre o assunto e escrevi um texto que intitulei de “O palácio de Salomão”. Coloquei-o sob forma de artigo e publiquei no site.

Resolvi, agora, informá-la sobre o artigo, pois sua carta foi a motivação inicial do texto, onde trago à reflexão não só a questão das aparências, mas se, de fato, o Rei Salomão é um tipo do Espírito Santo de Deus, como aprendemos no passado.

Obrigado por sua participação, querida.

O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz.

Grande abraço,

Pastor Sólon.