Carta 095

02/07/2013 14:47

De: Maria

Para Pastor Solon

Em: 9 de julho de 2010 21:35

Pastor Sólon. como vai?

Achei um texto seu na internet muito bom sobre Casamento: contrato ou aliança? e nele você conceitua a aliança como um compromisso unilateral (ato de amor). Minha dúvida é: porque unilateral e não bilateral?

Obrigada!

Maria

 

De: Pr. Sólon

Para: Maria

Data: 10 de julho de 2010 02:49

Prezada MARIA, que a paz do Senhor Jesus seja com você.

 Como não sei qual sua opção religiosa, tampouco qual o seu grau de conhecimento bíblico, vou contextualizar, ok? Perdoe-me se isso lhe parecer desnecessário.

 Os exemplos que citei na mensagem "Casamento: contrato ou aliança?" foram tirados de passagens bíblicas em que os protagonistas decidiram assumir um compromisso com outra pessoa, sem pedir ou esperar nada em troca.

 Rute, por exemplo, decidiu unilateralmente que não deixaria Noemi e que estaria com ela até a morte, mesmo não sendo este o desejo de sua sogra. (Rute 1:15-17). Noemi não pediu que Rute assumisse aquele compromisso e nem lhe ofereceu nada em troca. O que Rute fez partiu do seu próprio desejo de se comprometer com sua sogra, independentemente das circunstâncias futuras. É por isso que afirmei que uma aliança é um compromisso unilateral, vez que não depende do comportamento do outra parte.

 Imagine que eu fizesse uma aliança com você de lhe prestar assistência espiritual por toda a sua vida e que você, por sua vez, fizesse uma aliança comigo de atender aos meus conselhos. Mesmo que você quebrasse sua aliança, não afetaria a que eu fiz com você. Ou seja, mesmo que você decidisse não mais atender aos meus conselhos eu, ainda assim, estaria comprometido em lhe prestar assistência espiritual, do modo que isso me fosse possível e sempre que você desejasse.

 Essa, então, seria a grande diferença entre uma aliança e um contrato. Sabemos que o contrato é um acordo bilateral de vontades para o fim de criar, modificar ou extinguir direitos e obrigações. Cada um dos contratantes fica comprometido a fazer ou a deixar de fazer alguma coisa em favor do outro. Se uma das partes não cumprir com aquilo que se comprometeu, a outra fica desobrigada de cumprir a sua parte do acordo. Observe que na aliança isso não ocorre.

 Agora, vou tentar responder objetivamente sua pergunta: a aliança não é bilateral porque não cria obrigação recíproca. Quem se compromete com outrem gera uma obrigação para si mesmo e não para a outra parte. No direito brasileiro, se a convenção faz surgir obrigações recíprocas entre os contratantes, diz-se bilateral o contrato. Se produz apenas obrigações de um dos contratantes para com o outro, chama-se unilateral. O contrato unilateral, embora envolva duas partes e duas declarações de vontade, coloca apenas um dos contratantes na posição de devedor. São unilaterais, por exemplo, a doação (o donatário não tem obrigações), o mandato gratuito, o comodato, o mútuo e o depósito, pois, uma vez aperfeiçoados, tais contratos só envolvem obrigações para o mandatário, o comodatário, o mutuário e o depositário.

 Espero ter conseguido esclarecer sua dúvida.

 O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz.

 Grande abraço,

 Pastor Sólon.

 

De: Maria

Para: Pr. Sólon

Data: 10 de julho de 2010 10:32

Pastor Sólon, muito obrigada pela resposta. Sou casada e pertenço a igreja (...)  em BH, o pastor da nossa igreja chama-se (...) e minha dúvida é porque percebo  em  muitos casais este tipo de cobrança, gerando com isto muito desgaste no relacionamento. Meu esposo e eu trabalhamos com casais, mas às vezes nos sentimos com algumas dificuldades em relação a algumas questões. Todos querem ser felizes, mas não existe um esforço em saber se o outro está feliz ou seguro. Percebemos que existem mágoas antigas que não foram tratadas; não existe acordo, enfim não existe compromisso no relacionamento. Alguns estão a ponto de desistir. E isto é muito triste. Desculpe o desabafo. Acho que vou aceitar a sugestão abaixo de receber uma assistência espiritual nesta área. Mesmo assim que Deus te abençoe muito, e te  guarde; te dê muita sabedoria. Esteja orando por nós.

Um grande abraço!

MARIA E JOSÉ.

 

 

De: Pr. Sólon

Para: Maria

Data: 12 de julho de 2010 19:55

Prezada MARIA, que a paz do Senhor Jesus seja com sua família.

 Fico feliz em saber que você e seu marido são atuantes na igreja. Louvo a Deus pelo trabalho que vocês realizam, especialmente na área de relacionamentos conjugais. Isso é muito importante. Sei que há momentos em que pensamos que nosso trabalho não está rendendo os frutos esperados. Mas, lembre-se: a palavra de Deus não torna vazia, antes cumpre com os propósitos para os quais foi designada. Por isso, lance a semente (ensine o que a bíblia orienta aos casais e preste a assistência que for possível). A germinação é com Deus e os resultados podem aparecer somente muito tempo depois. Apenas descanse no Senhor e não descuide do seu próprio casamento, pois quem trabalha nessa área é muito visado.

 Quanto à questão das mágoas que insistem em permanecer ao longo dos anos, nós tratamos de modo separado. Fazemos um "Seminário de Restauração de Vidas - SRV" que tem nos dado bons resultados, não só nos relacionamentos conjugais, mas em todas as demais áreas de relacionamento. Se você percebe que essa questão tem dificultado o restante do trabalho que vocês estão realizando, sugira ao seu pastor que conheça o Seminário "Veredas Antigas", oferecido pela "Universidade da Família". Esse é um seminário diferente do que fazemos aqui, mas, muitas igrejas (...)  têm realizado para questões semelhantes.

 Foi um prazer conhecê-la.

 O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz.

Grande abraço,

Pastor Sólon.