6 - O discípulo e o fruto do Espírito Santo

09/04/2015 19:46

“22 Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, 23 mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.” (Gálatas 5:22-23 RA)

SÍNTESE TEXTUAL

O fruto do Espírito é a expressão da natureza e do caráter de Cristo por meio do crente, ou seja, é a reprodução da vida de Cristo no crente e se manifesta nas seguintes características:

·         Amor e longanimidade - diz respeito tanto a nossa atitude em relação a Deus como em relação às pessoas que nos rodeiam;

·         Gozo e paz - são sentimentos produzidos em nosso interior decorrentes do nosso relacionamento com Deus;

·         Benignidade, bondade, mansidão e temperança - referem-se ao nosso comportamento em nossos relacionamentos interpessoais e sociais;

·         - descreve um princípio que orienta a conduta de um cristão.

Por si só o homem não tem condições de produzir o fruto do Espírito em sua plenitude, ou seja, ainda que o homem natural consiga expressar algumas dessas qualidades, nunca tem condição de manifestar outras sem auxílio do Espírito Santo de Deus, a exemplo da paz e do gozo interior. A inclinação do homem natural é sempre de produzir as "obras da carne". Quando o crente, por influência do Espírito Santo, consegue subjugar o poder do pecado e andar em comunhão com Deus, o próprio Espírito implanta nele (no crente) as qualidades do caráter de Deus. Desse modo, o fruto, com todas as suas características, é algo nascido por atuação do princípio divino, não podendo ser alcançado por esforço ou empreendimento humano. Se realmente desejamos a atuação do caráter de Deus em nossas vidas, devemos viver uma vida de comunhão pessoal com o Senhor Jesus Cristo. Os autênticos discípulos de Jesus estão arraigados nele, usufruindo da seiva da "videira verdadeira". Os crentes identificados com Cristo são os que dão frutos reais para a glória de Deus Pai.

 

INTRODUÇÃO

Em contraste com as obras da carne, "o fruto do Espírito" possibilita ao cristão autêntico viver de modo íntegro diante de Deus e dos homens. Naturalmente, o homem não consegue obter esta condição por esforço próprio. É necessário, portanto, submeter-se incondicionalmente ao Espírito de Deus. O "...fruto..." de Gálatas 5.22, conceituado como "expressões do caráter cristão", está no singular provavelmente por se tratar de uma única notável virtude implantada pelo Espírito Santo de uma só vez no crente.

É por meio do fruto do Espírito que o cristão participa da natureza divina.

I. A NATUREZA DO FRUTO DO ESPÍRITO

O que representa e em que consiste o fruto do Espírito na vida do crente? O fruto do Espírito consiste nas nove virtudes ou qualidades do caráter de Deus implantadas pelo Espírito de verdade no interior do crente com a finalidade de conduzi-lo à perfeição, ou seja, à imagem de Cristo. Em suma, o fruto do Espírito representa os atributos de Deus; os traços do seu caráter. O crente precisa absorvê-lo com a ajuda do Espírito Santo. O fruto tem sua manifestação na vida interior, vem de dentro para fora, como toda operação de Deus na vida do homem, é o desenvolvimento da semente que caiu em boa terra e produz para a glória de Deus.

1. O fruto do Espírito representa "expressões do caráter cristão". O caráter cristão verdadeiro expressa-se no fruto do Espírito que é resumido no amor. Do amor surgem todos os demais atributos de Deus que são desenvolvidos no crente pelo Espírito Santo que nele habita. É por isso que o amor aparece encabeçando a lista das virtudes cristãs geradas pelo Espírito de Deus, por ser a fonte originária de todas as demais virtudes.

2. O fruto do Espírito representa a maturidade cristã. O Espírito Santo produz o fruto do caráter cristão em nossa vida somente à medida que cooperarmos com Ele. As línguas, a profecia, e até mesmo o conhecimento são úteis, e são dons maravilhosos do Espírito Santo, mas sua presença em nossa vida nem sempre é uma indicação de nossa maturidade cristã. A medida de nossa maturidade em Deus depende do quanto temos permitido que o Espírito Santo produza os traços do caráter de Jesus em nossas vidas. A maturidade espiritual envolve melhor entendimento do Espírito de Deus e das necessidades das pessoas. "O fruto do Espírito é resultado na vida dos que participam da natureza divina, ou seja, dos que estão ligados a Cristo a 'videira verdadeira' (João 15.1-5)." (A Existência e a Pessoa do Espírito Santo, CPAD)

Maturidade em Cristo envolve a união com Ele (Jo 15:1-2); a limpeza ou a poda (disciplina) pelo Pai (Jo 15:2); e a frutificação (Jo 15:5). Estas são as condições da frutificação e conseqüente vida cristã vitoriosa.

 

II. VIRTUDES OU QUALIDADES DO FRUTO DO ESPÍRITO

O fruto do Espírito (relacionado ao caráter) não é produzido na vida de alguém que vive de qualquer maneira. O cristão precisa dedicar-se à oração, ao estudo da Palavra de Deus e passar por várias provas para alcançar o seu crescimento espiritual.

Ao analisar, uma por uma, as virtudes produzidas pelo fruto do Espírito, você chega à sublime conclusão que há um preço a ser pago, para alcançá-lo, mas a alegria é imensurável e lhe sustenta até a sua partida, ao encontro de Cristo. Veja, então, em síntese, algumas palavras sobre cada uma delas. Você terá mais detalhes sobre a última, a temperança, pois é o assunto central desta lição:

1. Amor.

A palavra "caridade" ou "amor" neste trecho das Escrituras é a tradução da palavra grega agape. Este é um amor que flui diretamente de Deus: "O amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Romanos 5.5). É um amor de tamanha profundidade que levou Deus a dar seu único Filho como sacrifício pelos nossos pecados (João 3.16). Ou seja, expressa uma atitude de dar e fazer algo por outra pessoa. Este é o amor de Jesus por nós: conhecemos a caridade nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a nossa pelos irmãos (leia 1 João 3.16; João 15.2-13).

É muito fácil amar os seus entes queridos e agir em favor deles, como os pais, filhos, esposos, esposas, parentes, amigos, etc. Mas, somente pelo Espírito Santo, você é capaz de dedicar o amor aos seus inimigos, de tal forma que lhes deseje o bem e perdoe as suas ofensas de todo coração, para jamais se lembrar delas.

2. Gozo ou alegria.

Trata-se daquela qualidade de vida que é graciosa e bondosa, caracterizada pela boa vontade, generosa nas dádivas aos outros, resultante de um senso de bem-estar, sobretudo de bem-estar espiritual, por causa de uma correta relação com Deus. Apesar das dificuldades financeiras, das enfermidades, das calúnias, pela atuação do Espírito Santo, o crente está cheio de gozo em sua alma, como os apóstolos Paulo e Silas, presos injustamente, por causa do Evangelho. Em vez de murmurarem, cantavam e oravam. Leia Atos 16.25.

3. Paz.

A queda do homem no pecado destruiu a paz com Deus, com outros homens, com o próprio ser e com a própria consciência. Foi por meio da instrumentalidade da cruz que Deus estabeleceu a paz (Colossenses 1.20).

Trata-se, portanto, de uma qualidade espiritual produzida pela reconciliação, pelo perdão dos pecados e pela conversão da alma transformada segundo a imagem de Cristo É o fim do tempo em que estávamos em Guerra, lutando contra Deus. (Romanos 12.18). Leia Romanos 5.1.

Em um mundo cheio de violência e desordem, há muita insegurança e medo rondando a vida das pessoas. Além disso, os problemas diários e as preocupações com o dia de amanhã levam o homem a uma inquietação da alma. Mas esta virtude do Espírito concede ao crente em Jesus uma tranqüilidade e confiança que não se explica pelas circunstâncias, pois é algo que recebeu de Jesus, por promessa. Um crente cheio do Espírito pode apresentar ao mundo essa sua condição por meio de suas atitudes.

4. Longanimidade.

Esta virtude faz você esperar com paciência no Senhor e também ser paciente com os homens. Essa qualidade faz parte de um conjunto de atributos de Deus, que tem tolerado pacientemente todas as iniqüidades do homem. Não se deixando levar pela ira e furor, Deus manifesta seu amor, bondade e misericórdia; não usando sua justa indignação. De nós, crentes, é esperado que nossas relações com os outros homens se caracterizem pela longanimidade do mesmo modo que Deus tem agido conosco. Leia 2Co 6.6; Cl 1.11; 3.12.

Se Deus não fosse misericordioso e longânimo para conosco teríamos sido imediatamente consumidos.

5. Benignidade e bondade.

Essas qualidades são praticamente idênticas e citadas como reforço e complemento uma da outra. É de se observar que benignidade no original grego significa "bondade" ou "honestidade"

·         A benignidade torna você benigno, desejoso de fazer o bem a todos, inclusive aos seus inimigos. A benignidade afasta toda a maldade que antes de conhecer Jesus o homem praticava. O crente que possui esta virtude é afável e gentil para com seus semelhantes não se mostrando inflexível e amargo. Deus é a fonte dessa qualidade e Cristo o melhor exemplo. Ele foi uma Pessoa imensamente gentil, conforme o evangelho o retrata.

·         A bondade é uma qualidade que, além de revelar um homem afável e gentil para com seus semelhantes, torna-o misericordioso, com um coração que se inclina para as necessidades dos outros, muitas vezes com prejuízo próprio. Exemplo: é aquele que cede seu cobertor a outrem em um dia frio.

6. Fé.

É a certeza, guiada pela bíblia, que Deus existe e está sempre conosco, independentemente das circunstâncias, para nos conduzir à salvação. Ela é sobrenatural, muito diferente da natural, que leva o homem a confiar na sorte, no motorista de ônibus, no piloto de avião, etc.  A fé como fruto do Espírito decorre da operação divina e consiste em confiança plena de alma em Cristo (Efésios 2.8,9), resultante de uma experiência com Ele. É a certeza que Deus existe e está sempre conosco para nos dar a vitória.

Mediante esta qualidade do fruto, podemos alcançar a medida total da plenitude de Cristo (Efésios 4.13). À medida que esse fruto amadurece em nós, nossa confiança em Deus é fortalecida.

 

7. Mansidão.

Torna o crente manso e calmo, quando, antes, era agressivo e se irava por qualquer coisa que o contrariava. A mansidão não significa uma qualidade inata, mas um domínio sobre as ações e impulsos humanos. Um cavalo manso é um cavalo de natureza selvagem após ser domado.

É pela ação do Espírito Santo de Deus que o homem consegue ser forjado a ponto de se submeter completamente à vontade de Deus, sem resisti-Lo. Também, por essa ação do Espírito Santo é possível que o homem se submeta às lideranças estabelecidas por Deus sem opor constante resistência. A mansidão é o resultado da verdadeira humildade, que nos leva ao reconhecimento do valor alheio e a recusa de nos considerarmos superiores. Jesus disse: "Bem aventurado os mansos, porque eles herdarão a terra" (Mateus 5.5).

8. Temperança.

Parece ser o somatório de tudo. Conforme nos afirma o dicionarista Aurélio, temperança é a "qualidade ou virtude de quem é moderado, ou de quem modera apetites e paixões; sobriedade".

É uma necessidade para o bom viver do cristão e uma demonstração de que realmente provamos o novo nascimento. Ela é produzida mediante atuação direta da terceira pessoa da Trindade e produz um equilíbrio nas atitudes e expressões do crente, que se manifestam em suas palavras, em suas ações e nos seus pensamentos.

DISCIPULADO

O fruto do Espírito não é produzido na vida de alguém que vive de qualquer maneira. O cristão precisa dedicar-se à oração, ao estudo da Palavra de Deus e passar por várias provas, para alcançar o seu crescimento espiritual.

Ao analisar, uma por uma, as virtudes produzidas pelo fruto do Espírito, você chega à sublime conclusão que há um preço a ser pago, para alcançá-lo, mas a alegria é imensurável e lhe sustenta até a sua partida, ao encontro de Cristo.

AUXÍLIOS SUPLEMENTARES

Subsídio teológico

Qual o relacionamento entre os dons e o fruto do Espírito? O fruto tem a ver com o crescimento e o caráter; o modo da vida é o teste fundamental da autenticidade. O fruto de Gálatas 5.22,23 consiste nas 'nove graças que perfazem o fruto do Espírito - o modo de vida dos que são revestidos pelo poder do Espírito que neles habita. Jesus disse: 'Por seus frutos os conhecereis' (Mt 7.16-20; ver também Lc 6.43-45). Os aspectos do fruto estão entrelaçados de modo delicado nas três passagens que fala dos dons. Tanto em Gálatas quanto nos textos que definem os dons, as qualidades do fruto fluem horizontalmente entre si no ministério (1Co 13; Rm 12.9,10; Ef 4.2). O tema principal de Gálatas não é a justificação pela fé, embora pareça predominar. O fato é que o propósito da justificação pela fé é o andar no Espírito.

O fruto é a maneira de se exercer os dons. Cada fruto vem acondicionado no amor, e qualquer dom, mesmo na sua mais plena manifestação, nada é sem o amor. 'Por outro lado, a plenitude genuína do Espírito Santo forçosamente produzirá também frutos, por causa da vida renovada e enriquecida da comunhão com Cristo'. Conhecer o amor, poder e graça de Deus, inspiradores de reverente temor, deve fazer de nós vasos de bênçãos cheios de ternura. Não merecemos os dons, nem por isso Deus se nega a nos revestir de poder. E passamos a ser obreiros do Reino, prontos para trazer a colheita. Subimos a um novo domínio." (Teologia Sistemática, CPAD, págs. 448 e 493)

SUBSÍDIO DOUTRINÁRIO

Muitos cristãos pensam ser possível cultivar somente algumas das manifestações do fruto do Espírito, negligenciando outras. Não é possível ser um cristão completo quando em nossas vidas faltam vários elementos que formam o fruto do Espírito. Se eu tiver amor e não tiver fé, não sou completo; se eu tiver todas as demais manifestações e for intemperado, não estou segundo a vontade de Deus. O fruto do Espírito forma em suas manifestações um conjunto harmônico: faltando uma, as demais estão todas prejudicadas. Se formos enxertados na videira, é claro, o fruto deve ser uvas. Ora, um cacho de uvas amputado, com falta de algumas uvas é um cacho incompleto, imperfeito. Se a videira é perfeita, é lógico que o fruto e as folhas o sejam também.

Não basta dar fruto. É preciso que o fruto seja de boa qualidade, fruto perfeito, fruto que glorifique a árvore. Se as nossas vidas não são frutíferas, não dão o fruto que o lavrador espera, é sinal de que alguma debilidade, algum '' está impedindo o livre curso da seiva que alimenta e faz crescer o fruto. A videira deve ser podada continuamente; os lavradores costumam fazê-lo uma vez por ano; Jesus disse que a vara que dá fruto, o lavrador a limpa para que dê mais fruto. (Pentecoste Para Todos, CPAD, págs. 124 e 125)

 

GLOSSÁRIO

Afável: Delicado no trato; fácil e cortês nas relações.

Dádiva: Aquilo que se dá; dom, presente, oferta.

Despenseiro: O encarregado da despensa.

Furor: Grande exaltação de ânimo; fúria.

Incondicionalmente: Não sujeito a condições; totalmente, irrestritamente, integralmente.

Indignação: Sentimento de cólera despertado por ação indigna.

Maturidade: Perfeição, excelência, primor, firmeza.

Mentor: Pessoa que guia, ensina ou aconselha outra.

Notável: Essencial; importante.

Plenitude: Qualidade ou estado de pleno; cheio, completo.

Retidão: Qualidade de reto; inteireza de caráter.

Sobriedade: Qualidade de sóbrio; temperança, moderação, comedimento.

Terapia: Tratamento.

VERIFIQUE O QUE VOCÊ APRENDEU

1. Em que consiste o fruto do Espírito na vida do cristão?

 

 

 

2. De que modo Deus tem demonstrado sua longanimidade?