Pastor, Jesus é o exemplo!

Deus, ao estabelecer a igreja, instituiu, também, sua liderança - pastores. Escolheu homens para conduzi-la nesse amor, instruindo-a para a formação de um caráter que produza o fruto do Espírito.

 

Mas Jesus nos advertiu: o inimigo semeou joio na plantação de trigo (Mt. 13:25) e não há como separá-los antes da colheita (Mt. 13:30). Por isso, não é de se estranhar que nem todos os integrantes da igreja estejam produzindo o fruto do Espírito de Deus, já que o joio é estéril.

 

A advertência bíblica não parou por aí. No livro de Atos, Deus alertou para outro ataque do maligno contra a igreja – a infiltração de lobos vorazes (At. 20:29). Mais uma vez, não estranhamos quando notamos que alguns rebanhos estão sendo consumidos pelo ódio, pelo egoísmo, pela vaidade, pela soberba, pela avareza, pelo sectarismo e pelo materialismo. Quando vemos isso, temos a sensação de que o lobo (Satanás) não está apenas infiltrado no meio do rebanho (igreja), mas o está conduzindo.

 

Na verdade, Satanás, por causa das brechas que encontrou na igreja (disposição ao materialismo), está imprimindo em mentes desprotegidas seus valores e muitas das características de seu caráter. Qualquer um dos sentimentos malignos listados acima, em boa medida, são suficientes para afastar Deus do coração do homem.

 

O que fazer diante de tudo isso? Resistir ao Diabo (Tg. 4:7), lutando contra sua influência no meio da igreja. Se fugirmos, se nos omitirmos, se desanimarmos, se nos segregarmos ou nos isolarmos seremos presas fáceis e estaremos facilitando a obra maligna de Satanás que deseja destruir a igreja.

 

Mas, como resistir? Primeiramente, devemos rejeitar a propaganda de Satanás que anuncia que todos os pastores são lobos e que toda igreja é joio. Isso nada mais é que mentira e engano. Nenhuma das falhas da igreja, ou de sua liderança, podem ser generalizadas. Há falhas porque há joio e porque há lobo infiltrado, mas trigo é trigo e ovelha é ovelha. Não podemos, realmente, esperar que a igreja seja perfeita nessas condições, mas não podemos dizer que tudo é joio ou que tudo é lobo.

 

Outra coisa que podemos fazer é lutar pela nossa união. A união da igreja fiel não é ecumenismo, como podem pensar os segregacionistas. A união da igreja somente a fortalece na luta contra as obras malignas.

 

Para tanto, é necessário, de pronto, começarmos a eliminar de nosso meio a auto-suficiência e a soberba. Alguém sabe de onde vêm? De Satanás, é claro. Ele quer que a ovelhinha se sinta poderosa como um búfalo e com a visão de uma águia. É tudo que ela precisa para dizer: não preciso de pastor, não preciso da igreja, sou livre, independente e auto-suficiente. E isso tem acontecido em grande escala nos dias atuais. Cada vez mais pessoas, decepcionadas com o joio e com o lobo no meio da plantação e do rebanho, preferem se afastar da igreja e seguir o caminho do isolamento.

 

É aí que mora o perigo, pois o lobo está se aproveitando da desgarrada e da segregada. No caso da ovelha desgarrada, normalmente, somente quando a estiver frente a frente com o lobo perceberá o seu verdadeiro tamanho e quem ela é de fato. Verá que aquilo que ela pensava que eram músculos poderosos são, na verdade, uma macia carne na boca do lobo. Saberá, então, que a sua proteção e a sua força não estavam nela, mas na estrutura em que ela estava, qual seja: na igreja e no ministério que a cobria com proteção, com direção e com cuidados.

 

Por que Deus comparou o homem a uma ovelha? Porque a ovelha tem algumas características interessantes: é mansa (não dá coice, não dá cabeçada e nem morde), é obediente (ouve a voz do pastor e o segue), vive em rebanho, necessita de cuidados e é dependente de proteção (não sabe se defender sozinha). Ovelha precisa de pastor.

 

Jesus é, de fato, o supremo pastor e o nosso maior exemplo! Por isso, o ensino de que o servo de Deus não precisa de pastor aqui nesta terra é uma sutileza satânica. Interessa somente a Satanás que os homens fiquem dispersos, desligados da igreja, alheios à sua missão e crendo que são autônomos e que não precisam de uma cobertura espiritual sobre suas vidas, já que todos os homens são falhos, inclusive os pastores.

 

(Atos 20:29)  Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho.

 

Não restam dúvidas quanto à falibilidade humana. Todos os homens são falhos e pecadores, mas Deus, em seus inquestionáveis desígnios, trabalha com frágeis vasos de barro (2 Cor. 4:7 – 1 Cor. 1:27). Para determinada tarefa, escolheu, separou, ungiu e deu autoridade a certos homens para governarem, para exortarem, para pastorearem e para protegerem outros homens (ovelhas). Esses escolhidos e vocacionados, muitas vezes, têm que se colocar nas brechas deixadas pelo rebanho para resistirem ao Diabo.

Deixando para trás os exemplos de Moisés, Josué, Davi, dos profetas, dos apóstolos etc., seguem, para nossa reflexão, apenas textos explícitos do novo testamento sobre a questão:

 

(Efésios 4:11)  E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres,

 

(Atos 20:28)  Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue.

 

(1 Pedro 5:2-3)  pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade;3  nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho.

 

(Hebreus 13:7)  Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram.

 

(Hebreus 13:17)  Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros.

 

(Hebreus 13:24)  Saudai todos os vossos guias, bem como todos os santos. Os da Itália vos saúdam.

 

(Hebreus 10:25 RA) “ Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.”

 

Como visto, precisamos tanto da igreja como de pastores. Sabemos da existência de lobos infiltrados, que gostam de se aproveitar da gordura das ovelhas, mas quanto a isso já estamos advertidos. A bíblia não nos recomenda o isolamento ante a existência de lobos. Ao contrário, ensina-nos a identificá-los (“pelos frutos os conhecereis” – Mt. 7:15-20) e a vigiarmos para não deixarmos de ser edificados na igreja por causa da cobiça deles (At. 20:29-34).

 

Quando deixamos de acreditar nos pastores e na igreja, estamos creditando vitória a Satanás e admitindo que sua estratégia de combate à igreja tem sido suficiente para invalidar o propósito de Deus, que é de edificar uma igreja e usar homens imperfeitos.

 

 Por isso, devemos observar os frutos produzidos pelos pastores e, sendo bons, temos que confiar neles como pessoas chamadas por Deus para trabalhar pelo nosso bem-estar espiritual (pasto verdejante e água), reconhecendo que não somos auto-suficientes. Também, devemos reconhecer que nossa visão é limitada e que os pastores nos ajudam a desenvolvermos relacionamentos saudáveis no meio da igreja, porque não podemos viver sozinhos. E, por último, devemos compreender que os pastores são responsáveis pela defesa do rebanho, já que o pastor não foge ante a presença do lobo, antes luta para livrá-las de suas garras.

 

Toda ovelha precisa de pastor. O lugar da ovelha é no meio do rebanho. Não podemos aceitar a sugestão de Satanás, que quer influenciar o homem com os valores deste mundo e com sua natureza maligna. Para tanto, ele quer afastar o homem da igreja e deixá-lo bem longe do ministério pastoral, para que possa impregná-lo, livremente, com o pecado, que o conduzirá, rapidamente, à destruição.

 

Satanás, infiltrando na igreja, quer desmoralizar e desacreditar os ministérios porque ele sabe que esta é uma eficiente forma de dispersão dos rebanhos, deixando-os como presa fácil. Satanás não fará propaganda dos bons pastores, que dão suas vidas pelo rebanho e se dedicam a ele dia e noite. Mas, apresentará, como troféu, aqueles que falham em sua missão, colocando-os em relevo para que o homem fique com a impressão que todos são assim e que não merecem confiança nem consideração.

 

Há milhares de exemplos de pastores segundo o coração de Deus. Porém, normalmente estes não estão na televisão, porque a ocupação com as ovelhas tomam-lhes todo o tempo. Estes estão no campo, cuidando das ovelhas, dedicando tempo a elas, ouvindo-as, chorando com elas, lamentando pelas desgarradas e lutando para resgatá-las da boca do lobo. Todos estes sofrem quando os “grandes nomes” do evangelho, aqueles que estão em evidência, são causa de escândalo e tropeço para o povo de Deus, dificultando, ainda mais, o alcance de novas vidas para o aprisco do Senhor.

 

Por fim, é bom que saibamos que o pastor comprometido com o evangelho do Senhor Jesus sabe de quem é a propriedade do rebanho. Por isso, não confina o rebanho como se fosse seu, evitando o contado com ovelhas que estão sob o cuidado de outro pastor. A ovelha precisa sair ao campo. O pastor que cuida do rebanho do Senhor, conforme o modelo deixado por Jesus, sabe que as ovelhas do seu aprisco conhecem a sua voz e, mesmo que se misturem nos pontos de encontro dos pastores, quando cada um for recolher o seu rebanho, as suas ovelhas o seguirão.

 

Brasília/DF, em 14 de setembro de 2008.

Por Pr. Sólon Lopes Pereira