Carta 245

02/07/2013 17:19

DATA DA PUBLICAÇÃO: 23/10/2012

 

De: MARIA

Para: celeiros.df@gmail.com

Data: 13 de setembro de 2012 08:14

Assunto: esse estudo te parece familiar!?

 

Leiam a Biblia, amados irmãos e irmãs, nela esta toda a verdade! João 17;17

A paz do Senhor Jesus!

Existe abuso espiritual? Pastor diz que sim e mostra sete formas usadas por líderes cristãos.

O livro foi escrito em 1991 mas as regras continuam bastante atuais e visíveis em muitos ministérios brasileiros.

As 7 Regras do Abuso Espiritual.

Ronald M. Enroth, pastor americano, resolveu acompanhar algumas pessoas que se desligaram da Jesus People USA, um grupo religioso dos Estados Unidos, e coletou informações sobre como os pastores faziam pressão psicológica para impedir que o povo deixasse sua congregação.

As atitudes usadas por eles foram marcadas como “abuso espiritual” e foram relatadas em um livro assinado por Ronald, que também é sociólogo de religião. Apesar de ser uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, percebam que muitas dessas atitudes são aplicadas nas igrejas brasileiras para impedir que os membros se desliguem e partam para outros ministérios.

O pastor Enrolth listou no livro “Churches That Abuse”, lançado em 1991, sete formas de abuso espiritual praticado por igrejas evangélicas. Entre elas a distorção da Palavra, a criação de uma liderança autocrática, o sentimento de superioridade em relação ao outros grupos religiosos e o elitismo espiritual.

O pastor Serol, da Igreja Batista da Palavra Viva resumiu “As Sete Regas do Abuso Espiritual” em seu blog.

Confira:

Texto: Ronald M. Enroth

1) Scripture Twisting (Distorção da Escritura)

Para defender os abusos usam de doutrinas do tipo "cobertura espiritual", distorcem o sentido bíblico da autoridade e submissão, etc. Encontram justificativas para qualquer coisa. Estes grupos geralmente são fundamentalistas e superficiais em seu conhecimento bíblico. O que o líder ensina é aceito sem muito questionamento e nem é verificado nas Escrituras se as coisas são mesmo assim, ao contrario do bom exemplo dos bereanos que examinavam tudo o que Paulo lhes dizia.

2) Autocratic Leadership (liderança autocrática)

Discordar do líder é discordar de Deus. É pregado que devemos obedecer ao discipulador, mesmo que este esteja errado. Um dos "homens de Deus" de uma igreja diz que se jogaria na frente de um trem caso o "Líder" ordenasse, pois Deus faria um milagre para salvá-lo ou a hora dele tinha chegado. A hierarquia é em forma de pirâmide (às vezes citam o salmo 133 como base), e geralmente bastante rígida. Em muitos casos não é permitido chamar alguém com cargo importante pelo nome, (seria uma desonra) mas sim pelo cargo que ocupa, como por exemplo "pastor Fulano", "bispo X", "apostolo Y", etc. Alguns afirmam crer em "teocracia" e se inspiram nos líderes do Antigo Testamento. Dizem que democracia é do demônio, até no nome.

3) Isolationism (Isolacionismo)

O grupo possui um sentimento de superioridade. Acredita que possui a melhor revelação de Deus, a melhor visão, a melhor estratégia. Eu percebi que a relação com outros ministérios se da com o objetivo de divulgar a marca (nome da denominação), para levar avivamento para os outros ou para arranjar publico para eventos. O relacionamento com outros ministérios é desencorajado quando não proibido. Em alguns grupos no louvor são tocadas apenas músicas do próprio ministério.

4) Spiritual Elitism (Elitismo espiritual)

É passada a idéia de que quanto maior o nível que uma pessoa se encontra na hierarquia da denominação, mais esta pessoa é espiritual, tem maior intimidade com Deus, conhece mais a Biblia, e até que possui mais poder espiritual (unção). Isso leva à busca por cargos. Quem esta em maior nível pode mandar nos que estão abaixo. Em algumas igrejas o número de discipulos ou de células é indicativo de espiritualidade. Em algumas igrejas existem camisetas para diferenciar aqueles que são discípulos do pastor. Quanto maior o serviço demonstrado à denominação, ou quanto maior a bajulação, mais rápida é a subida na hierarquia.

5) Regimentation of Life (controle da vida)

Quando os líderes, especialmente em grupos com discipulado, se metem em áreas particulares da vida das pessoas. Controlam com quem podem namorar, se podem ou não ir para a praia, se devem ou não se mudar, roupas que podem vestir, etc. É controlada inclusive a presença nos cultos. Faltar em algum evento pro motivos profissionais ou familiares é um pecado grave. Um pastor, discípulo direto do líder de uma denominação, chegou a oferecer atestados médicos falsos para que as pessoas pudessem participar de um evento, e meu amigo perdeu o emprego por discordar dessa imoralidade.

6) Disallowance of Dissent (rejeição de discordâncias)

Não existe espaço para o debate teológico. A interpretação seguida é a dos lideres. É praticamente a doutrina da infalibilidade papal. Qualquer critica é sinônimo de rebeldia, insubmissão, etc. Este é considerado um dos pecados mais graves. Outros pecados morais não recebem tal tratamento. Eu mesmo precisei ouvir xingamentos por mais de duas horas por discordar de posicionamentos políticos da denominação na qual congregava. Quem pensa diferente é convidado a se retirar. As denominações publicam as posições oficiais, que são consideradas, obviamente, as mais fiéis ao original. Os dogmas são sagrados.

7) Traumatic Departure (saída traumática)

Quem se desliga de um grupo destes geralmente sofre com acusações de rebeldia, de falta de visão, egoismo, preguiça, comodismo, etc. Os que permanecem no grupo são instruídos a evitar influências dos rebeldes, que são desmoralizados. Os desligamentos são tratados como uma limpeza que Deus fez, para provar quem é fiel ao sistema. Não compreendem como alguém pode decidir se desligar de algo que consideram ser visão de Deus. Assim, se desligar de um grupo destes é equivalente a se rebelar contra o chamado de Deus. Muitas vezes relacionamentos são cortados e até familias são prejudicadas apenas pelo fato de alguém não querer mais fazer parte do mesmo grupo ditatorial.

***Ronald M. Enroth, americano, sociólogo da religião, que escreveu um livro a respeito do abuso espiritual (Churches that abuse), após horas e mais horas de depoimentos de ex-membros da Jesus People USA, um grupo religioso dos EUA

Texto extraído do blog Verbo com Vida:

https://verbocomvida.blogspot.com.br/2009/09/as-7-regras-do-abuso-espitual.html

 

          

De: celeiros.df@gmail.com

Para: MARIA

Data: 13 de setembro de 2012 16:11

Assunto: Re: esse estudo te parece familiar!?

Prezada irmã MARIA, que a paz do Senhor Jesus seja com toda a sua casa.

Recebi o texto que você enviou e, de fato, há muitas estratégias para a manipulação dos homens. Não me refiro a nenhuma denominação específica, pois basta um pouco de observação para se notar tais manipulações em diversas delas, sejam originárias de países estrangeiros ou “nacionais”.

A questão é relevante e temos que ter muito cuidado para não generalizarmos, pois, se afirmarmos que “é tudo igual”, isso pode indicar que uma repulsa indiscriminada está se formando em nossos corações.

Também, não pretendo justificar nenhuma denominação, mas, como pastor, preciso defender o evangelho do Senhor Jesus. Como no passado, há em nossos dias pessoas que não se corromperam nem por dinheiro, nem por fama, nem por vaidades, nem por prazeres e nem por política. Elias pensou que estava sozinho, mas Deus mostrou que havia muitos outros como ele, senão vejamos:

“2  Deus não rejeitou o seu povo, a quem de antemão conheceu. Ou não sabeis o que a Escritura refere a respeito de Elias, como insta perante Deus contra Israel, dizendo: 3  Senhor, mataram os teus profetas, arrasaram os teus altares, e só eu fiquei, e procuram tirar-me a vida. 4  Que lhe disse, porém, a resposta divina? Reservei para mim sete mil homens, que não dobraram os joelhos diante de Baal. 5  Assim, pois, também agora, no tempo de hoje, sobrevive um remanescente segundo a eleição da graça.” (Romanos 11:2-5 RA)

Esses homens e mulheres que não se deixam corromper estão por aí, embora pensemos que já estão extintos. Mas, onde estão essas pessoas? Certamente espalhadas pelas diversas denominações existentes. Algumas estão escondidas e acuadas, mas outras estão seguindo sua missão, razão pela qual foram preservadas.

Veja o que o Senhor disse a Elias, quando o encontrou desanimado e pensando em desistir de seu ministério:

“15 Disse-lhe o SENHOR: Vai, volta ao teu caminho para o deserto de Damasco e, em chegando lá, unge a Hazael rei sobre a Síria. 16  A Jeú, filho de Ninsi, ungirás rei sobre Israel e também Eliseu, filho de Safate, de Abel-Meolá, ungirás profeta em teu lugar. 17  Quem escapar à espada de Hazael, Jeú o matará; quem escapar à espada de Jeú, Eliseu o matará. 18  Também conservei em Israel sete mil, todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda boca que o não beijou. 19 Partiu, pois, Elias dali e achou a Eliseu, filho de Safate, que andava lavrando com doze juntas de bois adiante dele; ele estava com a duodécima. Elias passou por ele e lançou o seu manto sobre ele. 20  Então, deixou este os bois, correu após Elias e disse: Deixa-me beijar a meu pai e a minha mãe e, então, te seguirei. Elias respondeu-lhe: Vai e volta; pois já sabes o que fiz contigo. 21  Voltou Eliseu de seguir a Elias, tomou a junta de bois, e os imolou, e, com os aparelhos dos bois, cozeu as carnes, e as deu ao povo, e comeram. Então, se dispôs, e seguiu a Elias, e o servia.” (1 Reis 19:15-21 RA)

Sim, há muita coisa errada por aí, mas não podemos deixar que o Diabo implante em nossos corações a indiferença, o medo de tentar e o desejo de abandonar nossa missão.

Afinal, se nossos precursores tivessem feito isso, onde estaríamos nós? Será que isso não nos incomoda? Se somos detentores de uma missão, que nos foi confiada por Jesus, deixaremos de transmiti-la aos nossos sucessores? Ficaremos acuados por imaginar que “Acabe” (o Diabo) tem dominado, corrompido e calado muitos dos profetas que labutavam pela mesma causa que nós?

Creio que “os errados” não podem definir nossa conduta, mas “os certos”. Logo, o que temos a fazer é acordar, agir por fé, mas sem ingenuidade. Confiar nos ministros de Deus, mas sempre avaliando tudo o que dizem e o que fazem. Afinal, entre o discurso e a prática pode haver um abismo.

Querida, não podemos nos calar, não podemos nos isolar, não podemos deixar de confiar naqueles que Deus instituiu para nos guiar, mas precisamos pensar. Somos crentes, mas não podemos ser ingênuos e tolos:

O simples dá crédito a toda palavra, mas o prudente atenta para os seus passos.” (Provérbios 14:15 RA)

E para não sermos contados com os tolos, precisamos amar o conhecimento da palavra de Deus, analisando o que nos ensinam e confrontando com as escrituras sagradas.

“Os simples herdam a estultícia, mas os prudentes se coroam de conhecimento.” (Provérbios 14:18 RA)

Sim, há pessoas que absorveram uma doutrina aplicada com parcialidades sem conferir se as coisas eram, de fato, como lhes foram apresentadas. Esquecem-se do exemplo dos bereianos.

Muitos passaram a seguir “mestres” observando simplesmente sua aparência de bondade e de santidade. Olhavam para sua verborragia e admiravam sua capacidade de dominar a atenção dos ouvintes. Fazendo assim, admirando seus líderes, pararam de pensar, de analisar o conteúdo do que ensinavam e, simplesmente, passaram a segui-los “cegamente”.

Não percebem nem mesmo quando seus líderes, com grande empáfia no falar, apresentam uma mensagem vazia de conteúdo. Ficam fixados no teatro dirigido às emoções e não notam quando a mensagem falta com a verdade ou com princípios bíblicos mais elementares, como é o caso do amor e da misericórdia.

Veja, que até pessoas inteligentes e dotadas de muito saber podem ser levadas com facilidade pela astúcia das palavras em um ambiente teatral preparado para induzir comportamentos, seja no meio religioso ou não. Jargões, brados, citações históricas e científicas apresentadas de um modo aparentemente sábio, por alguém inteligente e renomado, em meio a mistura rápida de palavras que tornam o conteúdo impenetrável, mas que se encerram com uma frase sabidamente esperada pelo público, pode atrair aplausos, glórias e aleluias de modo entusiásticos.

Já que não temos pesquisas de comportamento no meio evangélico, vou utilizar como exemplo fatos fora do meio religioso, mas que se aplicam perfeitamente.

Em 1996, o físico Alan Sokal, disposto a demonstrar a falta de rigor das ciências humanas, submeteu à revista "Social Text" um artigo-embuste que foi aceito e publicado sem ser questionado, apesar das aberrações apresentadas. O texto continha uma coleção de disparates em linguagem empolada, argumentando que a gravidade quântica é uma construção social e linguística.

De modo semelhante, pesquisadores da Universidade da Califórnia criaram o Dr. Myron L. Fox. Mesmo sem nunca ter existido, o engodo chamado “Dr. Fox” foi representado por um ator, Michael Fox, que deu uma aula sobre teoria dos jogos aplicada à educação médica. A exposição não tinha amparo na lógica e trazia frases de duplo sentido sobrepostas a contradições e palavras difíceis de serem compreendidas até mesmo pelo seleto público da área.

O fato é que a plateia ficou “encantada” com as habilidades do ator, “Dr. Fox”, que, além de representar uma “figura inteligentíssima”, quase inquestionável, também tinha um charme e dizia as bobagens com ênfase e autoridade.

Enfim, o público, composto por psiquiatras e psicólogos, não percebeu o logro e absorveu a teoria como se fosse uma verdade. Perguntados sobre o desempenho do “Dr. Fox”, os participantes o avaliaram muito positivamente. Vídeos da aula foram exibidos a outros públicos sempre com os mesmos níveis de sucesso.

Hoje, o caso “Dr. Fox” é usado em livros de psicologia para ilustrar as várias formas pelas quais nossos cérebros se deixam seduzir por elementos não racionais.

Portanto, querida, temos que lembrar que nossas mentes tem uma arquitetura que se subdivide em razão e emoções. Se não privilegiarmos a razão, em algumas situações, podemos facilmente ser manipulados pelas bobagens e mentiras mais absurdas do mundo.

Essa é, a meu ver, a razão para que alguém absorva distorções bíblicas, aceite que “discordar do líder é discordar de Deus”, desenvolva a soberba da “exclusividade da salvação”, despreze seus irmãos sem qualquer peso na consciência e tantos outros comportamentos que simplesmente afrontam os ensinamentos de Jesus, do qual dizem ser discípulos.

Portanto, querida, ao mesmo tempo que digo que há muitos problemas espalhados em todo o meio evangélico, afirmo que o maior problema está em nós, porque não seguimos o exemplo dos bereianos, porque nos omitimos e porque não estamos realizando nossa missão, enquanto Satanás não perde tempo em realizar a dele.

“Ora, estes de Beréia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim.” (Atos 17:11 RA)

O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz.

Grande abraço,

Pastor Sólon.

 

 
 

 

 

 

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