Carta 153

02/07/2013 15:55

De:   JOÃO

Para: Pastor Sólon

Data: 29 de julho de 2011 15:01

 

Olá Pr. Sólon, boa tarde

 

É um prazer poder escrever ao senhor. Temos bastante coisa em comum. Estou na ICM há 12 anos, mas possuo uma diferença abissal em relação a maior parte dos membros: EU LEIO A BÍBLIA. O que é terrível para nossa liderança, pois durante a construção do conhecimento, naturalmente, surgem perguntas, dúvidas e isso não é admissível no nosso meio, é claro, dependendo do tipo de pergunta... Se for algo bem basilar e que não contrarie os dogmas da denominação não enfrentamos nenhum problema. Mas e quando Deus nos leva a um grau um pouquinho maior de maneira que comecemos a incomodar o sistema... hummmm, aí temos sérias desavenças amado irmão...

Com a visão da realidade também enxergamos a hipocrisia de muitos da liderança, bem como sua preocupação de manter o poder, e pior manter o povo sob controle e na ignorância. Tudo isso já me revoltava há muito tempo, quando, logo nos primeiros anos, Deus começou a me incomodar quanto a um futuro exercício ministerial me levando, cada vez mais, a ler, buscar, conhecer, pesquisar e, aos poucos, criando minha própria biblioteca pessoal, e então já era contra toda essa prática herética de bibliomancia e inversão de valores, onde a autoridade da Palavra é trocada por supostos "dons".

Soube da vida adulterosa do Pr. (...) que foi abafada pelo PES, tudo isso eu tolerei... Mas começou a me incomodar, realmente, quando implementaram essa palhaçada, recentemente, de trocar os estudos EBD (que , cá entre nós, já não era lá essas coisas, mas que, eventualmente, tínhamos alguma liberdade de trazer um conteúdo mais aprofundado para o povo e podíamos também aprender algo novo), por transmissões via satélite que ocupam, atualmente, 3/4 do mês, ou seja, dos 4 domingos mensais somente 1 é usado para ministração pastoral.

Aí foi a gota d'água.

Não consegui me conter e enviei um recado para o PES, cujo conteúdo está em anexo [publicado ao final desta correspondência], mostrando o absurdo e atrocidade espiritual que estão fazendo com o povo de Deus sob o falso pretexto de uma "revelação" de Deus.

Bom, extravasos à parte, pastor, redijo-lhe este recado por que queria muito trocar informações, se possível pessoalmente, com o senhor sobre algumas informações que tenho adquirido acerca da alta cúpula da congregação, na qual ainda congrego atualmente, incluindo a pessoa do próprio Pr. (...), segundo a qual os mesmos estariam, em sua maioria, envolvidos com MAÇONARIA.

Infelizmente, só o que tenho no momento são mais algumas assertivas de algumas fontes, todas ex-pastores da Maranata e uma convicção pessoal, tendo em vista a simples análise da maneira como são ministrados os ensinos,  a maneira de lidar com o povo etc. Mas me faltam evidências... Segundo um amigo, e ex-pastor da ICM chamado (...) ( escorraçado e caluniado da igreja na qual serviu por quase quarenta anos, devido a uma calúnia) o senhor poderia me dar um norte quanto a essa investigação pessoal, na qual me empreitei, tendo em vista sua vasta experiência adquirida tanto durante o tempo de exercício ministerial na ICM bem como durante todo o seu processo de desligamento da mesma. 

Gostaria, se possível, ter um retorno do senhor para maiores detalhes e informações, pois sei, sem medo de errar, de alguns pastores e diáconos os quais são membros de lojas maçônicas, no entanto não fazem parte da alta liderança icemita. Só gostaria de saber se este mal também se estende a esses homens de evidência, pois uma vez de posse de material comprobatório, NÃO VOU ME CALAR PASTOR, farei o que for necessário para dar ciência ao povo do que está havendo na verdade.

Bom, espero não ter chocado o senhor com minha atitude, mas creio, firmemente, que estou ainda nessa congregação, sabendo a verdade, porque sei que existe algo maior, algo Divino, sei que há um propósito em minha permanência, o Pai tem posto esta convicção dentro de mim, e estou à Suas ordens... Não tenho, claro, a inocência de crer que vou mudar o sistema, mas sei que algo chocante há de ocorrer, algo que vai, no mínimo, abalar as estruturas e convicções de muitos que estão enganados...

Aguardo seu retorno Pastor Sólon.

Um forte abraço.

Shalon

 

De:   Pr. Sólon

Para:  JOÃO

Data:  1 de agosto de 2011 14:29

Prezado irmão JOÃO, que a paz do Senhor Jesus seja com toda a sua casa.

Amado, imagino que você seja a pessoa que ligou para o Pr. Roberto do Rio de Janeiro e pediu meu e-mail pessoal, certo?

Pois é, de fato eu não estou em condições de me dedicar a responder cartas, por isso, temporariamente coloquei uma resposta automática para os e-mails recebidos informando essa situação. O fato é que eu trabalho 10 horas por dia e não posso negligenciar com coisas importantes e prioritárias que exigem minha atenção, a exemplo da minha família e, nestes dois últimos meses, a preparação de mais um seminário da CEEN, voltado para a liderança da igreja - estamos na reta final. Por isso, espero que você compreenda a razão da demora da sua resposta.

Quanto ao seu relato, eu lamento por tudo o que você passou e tem passado. Perdoe-me a sinceridade, mas vejo que suas opções são conscientes e o que você tem vivido é resultado de suas escolhas. Logo, só você pode se ajudar.

Eu li a carta que você enviou ao Presbitério Espírito Santense da Igreja Cristã Maranata expressando sua angústia em relação ao modo como a videoconferência tem sido implementada na igreja, retirando dos pastores o pouco de autonomia que lhes restavam em relação ao ensino da palavra de Deus. Sobre esse assunto, sou grato a Deus de não ter vivido esse momento, uma vez que isso muito me angustiaria também.

Porém, não tenho condições de avaliar esse processo, uma vez que estou do lado de fora e não posso falar com propriedade de algo que não vivenciei. Você é a melhor pessoa para fazer uma sincera avaliação dessa sistemática, uma vez que pertence à ICM, não pretende deixá-la e está se esforçando para que ela seja cada vez mais um bom lugar para se servir a Deus e para se crescer espiritualmente.

Se você entender que sua carta enviada ao Presbitério pode ser publicada, avise-me, ok?

Com relação à hipótese que você levantou sobre a liderança da ICM pertencer à maçonaria, não tenho nenhuma informação a esse respeito. Pessoalmente, desconheço isso e espero que não seja verdade.

Por fim, amado, não fiquei nem um pouco chocado com a sua atitude. Estou acostumado com reações intensas como a sua.

Mais uma vez perdoe a minha sinceridade, mas me parece que você está buscando provar para si mesmo que sua decisão de permanecer na ICM é a melhor coisa a ser feita, embora no íntimo do seu espírito você já saiba que seu castelo de areia pode cair a qualquer momento. Mas, não sou eu quem vai derrubá-lo.

Foi um prazer conhecê-lo.

O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o rosto e te dê a paz.

Grande abraço,

Pr. Sólon.

 

De:   JOÃO

Para: Pr. Sólon

Data: 3 de agosto de 2011 14:33

Olá Pr. Sólon, boa tarde

Amado, creio que o senhor tenha entendido mal meu recado. Não sou  nenhum icemita, somente me congrego neste grupo evangélico. Prova disso é a contrariedade bíblica que possuo contra alguns dogmas heréticos da ICM, como a bibliomancia, ou "consulta a palavra",  como costumam chamar.

Não sei de onde o senhor abstraiu, dentro de minha missiva, que tenho alguma ilusão com a congregação da Maranata, haja vista que procurei o senhor mostrando "ipsis literi"   o que penso e o que aprendi nas Escrituras ao longo de minha jornada cristã. Não tenho mais nenhum "castelo de areia", por assim dizer (se é que algum dia eu tive), para ser destruído...

Confesso que isso me deixou um pouco incomodado, pois entrei em contato contigo justamente por ter posição contrária e ter uma desconfiança (que agora vejo como desnecessária) em relação a certas coisas da cúpula da liderança da igreja.

Não imagino donde o senhor tirou a assertiva de que eu não pretendo deixar a icm... Disse, sim, que não preferiria.

Seria bom se as igrejas retornassem ao modelo anterior, que, ao menos em minha visão, era mais tolerável (loucuras a parte). Mas nada que não pudesse mudar com o surgimento de uma nova geração.

Tenho sim, muita vontade de sair, mas alguns detalhes pessoais ainda pendentes, deixam-me inseguro quanto ser ou não o momento. Sei, pastor, que o chamado ministerial que Deus tem para mim jamais poderá ser exercido com excelência na Maranata, sei disso, nem quero negligenciar essa realidade. No entanto resolvi, por hora, retirar tais preocupações de minha mente, pois das duas uma: Ou eu permaneço e falo a verdade, me submetendo (pois querendo ou não são autoridades e, portanto, instituídos por Deus como está em Romanos !3:1-5), pois não quero ser rebelde me levantando contra os líderes. Ou saio e, com respeito, posso me posicionar com mais liberdade.

Amado irmão, apesar de tudo, meu maior conflito é esse: Tenho sede de pregar a palavra, de passar adiante o que me foi ensinado pelo Santo Espírito, mas minha futura esposa (atualmente namorada), apesar de concordar comigo ainda não possui as mesmas prerrogativas de uma esposa, como, por exemplo, acompanhar-me ministerialmente seja onde eu for, tendo assim, uma missão de apoio em relação a minha missão, isto é, uma SUBMISSÃO. Digo, uma missão que está condicionada à minha para me dar apoio espiritual, moral, e emocional. E como ainda não somos casados e embora tenhamos certeza do que queremos, não temos a certeza do amanhã. Então, não acho correto sair pedir para que ela me acompanhe sem ter esta "obrigação" conjugal, até porque apesar de eu ter sua anuência e concordância em quase tudo, ela, por efeito de sua criação na ICM, amigos e apego emocional, é um pouco mais receosa do que eu quanto a isso.

Portanto, estou nesse conflito amado irmão... Nós vamos bastante a outras igrejas, outras denominações evangélicas e aprendemos muito, somos muito abençoados.

Gostaria, se possível de conhecer a igreja onde o senhor é responsável, vi alguns estudos seus publicados e achei bastante edificantes. Quanto a sua demora, não achei nada demorado... Pelo contrário, o senhor foi até mais rápido do que pensei... Glória a Deus pela sua vida irmão.

Que Deus lhe abençoe.

 

De:   Pr. Sólon

Para   : JOÃO

Data:  3 de agosto de 2011 14:53

Prezado irmão JOÃO, que a paz do Senhor Jesus seja com toda a sua casa.

Bom, de começo, peço que me perdoe se eu entendi mal suas colocações. O que eu disse foi baseado nas impressões que eu tive. E, como eu sempre digo, nossos sentidos nos enganam frequentemente. Mas, agora que você pontuou melhor sua visão, só me resta reconhecer que errei na avaliação subjetiva que fiz: perdoe-me.

Sobre seu relacionamento, se você der uma olhadinha nas cartas do site celeiros, verá que há muitos homens tolhidos em seus talentos porque suas mulheres simplesmente preferem a separação do que acompanhar, incentivar e acreditar em seus maridos. Não estou fazendo nenhum juízo de valor, mas apenas relatando fatos que já chegaram ao meu conhecimento por cartas que recebi.

Quanto aos endereços da Comunidade Evangélica Entre as Nações, estes constam do site www.entrenacoes.com.br.

 Desejo, sinceramente, que você possa prosperar em tudo o que fizer.

 O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o rosto e te dê a paz.

Grande abraço,

Pr. Sólon.

 

De:   JOÃO

Para: Pr. Sólon

Data:  16 de agosto de 2011 14:04

Olá, Pr. Sólon. A Paz de Cristo

Amado irmão, como o senhor havia me pedido antes, autorizaria sim, caso ainda seja possível, a publicação de minha carta ao PES em teu site, se isto, claro, ao seu modo de ver for proveitoso para ajudar a abrir o entendimento de alguns. Peço, no entanto, que o senhor, preserve meu nome e o do referido Pastor. É minha única petição ao senhor.

Muito obrigado!

 

De:   Pr. Sólon

Para:  JOÃO

Data:  16 de agosto de 2011 14:25

Prezado irmão JOÃO, que a paz do Senhor Jesus seja com toda a sua família.

Sim, como eu disse na nossa comunicação anterior, só publicaria a sua carta com a sua autorização, uma vez que se trata de um assunto interno, entre você e o seu presbitério.

 Da minha parte, ao ler a sua correspondência enviada ao Presbitério Espírito Santense da Igreja Cristã Maranata, vi apenas a expressão de um membro da igreja tentando trazer ao seu corpo diretivo uma reflexão sobre o modo como esse instrumento de comunicação vem sendo utilizado na igreja. É claro que o seu pensamento pode representar o sentimento de muitas outras pessoas.

 E ninguém melhor do que você para fazer uma avaliação do projeto de videoconferência na ICM, já que você é um membro ativo dela.

Eu li sua carta e a achei sincera. Não vi maldade nela. Mas, como você já deve saber, seu desabafo pode ser mal compreendido por sua liderança.

 Também, achei que o seu ponto de vista foi honesto e exposto com boa intenção: a de sugerir aperfeiçoamento do projeto da videoconferência implantado pela ICM.

 Pessoalmente, eu creio que a videoconferência, caso seja utilizada adequadamente, é uma poderosa ferramenta de integração para uma igreja fisicamente descentralizada.

 Em breve sua carta será publicada, com as devidas omissões.

 O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o rosto e te dê a paz.

 Grande abraço,

 Pr. Sólon.

 

CARTA DO CORRESPONDENTE DIRIGIDA AO PRESIDENTE DA IGREJA CRISTÃ MARANATA

Pastor (...)., boa tarde

Pastor (...). Meu nome é (...) e sou membro da Igreja Cristã Maranata há 12 anos, e é sem medo de qualquer retaliação disciplinar (até por que estou exercendo um direito cristão inalienável que as próprias Escrituras Ratificam como nobre, a saber: o ato de analisar à luz da Palavra de Deus tudo que é dito pela liderança, afim de confirmar se é algo realmente condizente, ou não, com a Sã Doutrina), que me reporto ao ilustríssimo irmão, para segundo A Palavra, verificarmos se o que tem sido dito, sob o Pretexto de uma revelação, realmente condiz com verdade.

Caro pastor, no livro de Atos dos Apóstolos, no capítulo 17, verso 11 em diante, o evangelista Lucas relata, na segunda viagem missionária do apóstolo Paulo, sua passagem por um região chamada  Beréia, neste local, ao pregar para multidão, as escrituras nos afirmam que:  (NVI) Os bereanos eram de caráter mais nobre do que os tessalonicenses, pois receberam a mensagem com grande interesse, examinando todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo. Em suma, a Bíblia relata que ninguém menos do que o apóstolo Paulo ( o homem que escreveu metade do novo testamento, evangelizou 1/3 do mundo da época e através dele, o Espírito Santo lançou os fundamentos básicos da Doutrina Cristã), elogiou a conduta desses cristãos tendo em vista que tudo o que era dito pelo referido servo, era conferido nas Escrituras, para, como diz o texto,  "ver se tudo era assim mesmo". Com base nesta premissa básica do direito, não só cristão, mas também humano, me reporto ao senhor pedindo que tão somente faça uma análise de tudo quanto, absurdamente (desculpe a sinceridade), tem sido dito ao povo sob a argumentação de uma "orientação divina".

Em primeiro lugar, não que os dons não existam ou não possam expressar a vontade de Deus, muito pelo contrario, todavia nenhum crente deve ser GUIADO por Dons Espirituais  por dois motivos:

1.   Primeiro por que, como afirma em 1 Coríntios 14:29, E falem os profetas, dois ou três, e os outros julguem. Isto é, Paulo é claríssimo em afirmar que os dons são passivos de serem julgados pela igreja, pois ao corpo de Cristo foi outorgado esta autonomia, tendo em vista que Paulo ao falar da ordem dentro da reunião da "Eklésia",  coloca este fator incluso ao que ele mesmo fala no verso 10 e 11:, Há, por exemplo, tantas espécies de vozes no mundo, e nenhuma delas sem significação. Se, pois, eu não souber o sentido da voz, serei estrangeiro para aquele que fala, e o que fala será estrangeiro para mim. E outra vez nos versículos 23 e 24: Se, pois, toda a igreja se reunir num mesmo lugar, e todos falarem em línguas, e entrarem indoutos ou incrédulos, não dirão porventura que estais loucos? 24 Mas, se todos profetizarem, e algum incrédulo ou indouto entrar, por todos é convencido, por todos é julgado; Em suma, por haver tantos tipos de vozes possíveis, mesmo no seio da igreja, é necessário que haja o julgamento, julgamento esse que é precedido pelo convencimento, isto é, o indivíduo, só julgará a procedência divina do dom, se, e tão somente se, primeiro for convencido por tal. E TAMANHA foi a ênfase que Paulo dá a este ensino que encerra seu escopo doutrinário dizendo:

Se alguém se considera profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor. Mas, se alguém ignora isto, ele é ignorado.  Embora Paulo tenha iniciado seu discurso se referindo peculiarmente aos dons de línguas, interpretação ou profecia, fica claro ao longo de sua dissertação que o mesmo se aplica aos outros dons: Que fazer, pois, irmãos? Quando vos congregais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação. Resumindo, por se tratar do ser humano o canal de manifestação dos dons, os mesmos devem ser julgados pela IGREJA para que não haja engano ou confusão, pois os dons devem passar por 3 (três) crivos básicos para serem confirmados através do corpo de Cristo, os quais são: Manifestação, convencimento e julgamento. Isto SOMENTE PODE ACONTECER NO SEIO DA IGREJA, e não somente num grupo restrito de homens e mulheres que de alguma forma se julgam "inerrantes" em suas colocações para com o povo de Deus (o que não pode ser, segundo a bíblia, uma verdade), como que dizendo:  Nós nos reunimos, Deus fala conosco e nós falamos com vocês, Ok? Os senhores não acham que isso, além de soar como uma prepotência descomunal, é algo bastante parecido com a doutrina da infalibilidade papal? Veja, amado Pastor, eu não quero que senhor pense que estou, de forma alguma, questionando ou ironizando o agir do Espírito em nosso meio, pelo contrário, tenho essa certeza, entretanto minha preocupação não é com a ação do Espírito, e sim com postura incriticável adotada constantemente pela nossa liderança, ensinando, erroneamente ao povo, que tudo que vem do PES procedeu primeiro de Deus. Ora, se Deus é infalível, e o Presbitério, supostamente, só faz o que Deus manda fazer, por extensão o Presbitério também é infalível... É a saída perfeita para qualquer crítica, afinal é só jogar a responsabilidade para Deus e pronto! Mas pessoas, como eu e vários outros que estão espalhados pelo seio da igreja, mas que, POR MEDO, não se manifestam, sabem que estas coisas não são verdadeiras. Desculpe-me, mas se estou dizendo algo desembasado, por favor, me mostre.

2.   Embora possam haver manifestações de dons não verdadeiros no seio da igreja, existe algo que não erra: A Palavra de Deus. Sob a qual devemos sujeitar toda e qualquer afirmação ou suposta revelação, seja ela advinda de qualquer autoridade humana(inclusive o Presbitério). e É NESTE PONTO QUE QUERO ME BASEAR.

Pastor, a questão da vídeo conferência tem sido imposta, forçadamente à igreja, mesmo sendo notória que a maioria, ou pelo menos grande parte, dos servos de Deus, tem se sentido bastante estagnados com tal orientação. Embora isto seja aplicado como uma orientação do Senhor... meu amado, creio que jamais o Senhor Deus iria revelar algo a ser realizado que contrariasse a Sua própria Palavra. Se há duvidas, observe:

Primeiro que em Provérbios 10: 22 temos:  A Bênção do Senhor traz riqueza; e não inclui dor alguma. Tudo o que vem de Deus para o seu povo, não gera incômodo, insatisfação ou qualquer coisa do gênero. E é fato notório que, embora, certamente, o senhor venha me dizer o contrário, com certeza que a grande maioria das pessoas não está se sentindo espiritualmente mais aprofundada ou ensinada por Deus, haja vista que praticamente TODA REUNIÃO  que os senhores fazem é para ratificarem a ideia e criticarem os insatisfeitos como se os mesmo estivessem pecando, o que não é verdade. Ora, se algo é tão universalmente aceito, por que, em toda reunião, sempre "batem na mesma tecla", como que querendo convencer o povo? Depois, há o fato empírico, poucas são as igrejas que conheço, seja em Vila Velha, ou em Vitória nas quais não houve pelo menos, uma pessoa, ou até uma família inteira que tenha se sentido tão engessada espiritualmente que se viu obrigado a migrar para alguma outra denominação também saudável e evangélica. Aí temos outro aspecto: caro pastor, eu não conheci, até hoje, uma congregação sequer, em que não haja pelo menos um casamento afundando, ao menos uma família sofrendo por causa de um divórcio iminente e vidas indo para o inferno mesmo dentro da igreja e os senhores ao invés de darem a devida prioridade para esses fatos urgentíssimos, perdem um tempo precioso subindo ao púlpito para fazer de tudo (falar mal de outros irmãos, de outras denominações e, principalmente para defender essa bendita vídeoconferência) , menos para olhar para o nosso próprio umbigo e ver as misérias que o diabo têm feito no meio do povo de Deus... Tanta mazela ocorrendo com a noiva do cordeiro e vocês aí preocupados com vídeo conferência!? Que tipo de líderes vocês tem sido??? Há mais de oito anos que não tem, aqui pelo menos na minha área, uma,ao menos uma sequer, reunião para casados... Ninguém perde tempo para falar sobre família, que, diga-se de passagem, é a base de uma boa liderança e de uma igreja espiritualmente saudável, vide I Timóteo 5:8: “Mas, se alguém não cuida dos seus, e especialmente dos da sua família, tem negado a fé, e é pior que o infiel.” Fora também I Timóteo 3:5 onde Paulo fala acerca dos Bispos, ou pastores: "...pois, alguém não sabe governar a sua própria casa, como cuidará da igreja de Deus?"

Em segunda instância, amado irmão, temos as problemáticas que a própria aplicação INCORRETA, desta ferramente traz consigo: Os pastores, indiscutivelmente, perdem uma autonomia basilar, cuja presença é fundamental para salubridade espiritual da congregação local, não obstante o fato de que cada congregação possui suas peculiaridades e particularidades que são, em primeira mão, mais conhecidas pelo pastor da igreja do que pelo PES, ou seja, o líder se torna, em muitas circunstâncias um mero multiplicador, o que não é sua função original. Isto é agravado pelo fato de que uma palavra geral e unificada, além de não sanar as peculiaridades de cada comunidade, também ocupou 3/4 das escolas bíblicas dominicais mensais, Pastor, perdão, mas isto é um absurdo! O único tempo semanal, de maior duração que os respectivos pastores tinham para tratar suas peculiaridades com suas igrejas foi, substituído, por estudos repetitivos e genéricos, que giram sempre em torno do mesmíssimo tema: Salvação - Ato e processo. Meu querido, salvação é o ponto de partida para a caminhada Cristã, e possui um público alvo: Novos convertidos. E também um livro mais apropriado para tal: Carta de Paulo aos Romanos ( o B-A-BA da fé).  Lançar este tema para igreja de maneira repetitiva, além de desestimular o desejo do aprendizado (e quem é professor sabe que estou falando não uma questão meramente espiritual, mas também didática e, portanto, humana), priva a igreja dos níveis de conhecimento adjacentes que a mesma deve possuir. Já dizia o Profeta Oséias: "Conheçamos e prossigamos em conhecer o Senhor" (Oséias 6:3).

Isso indica que há níveis de conhecimentos a serem conquistados, digo, é uma progressão dinâmica. Deus sempre, sempre tem mais Pastor. O fato de haverem curas e operações de maravilhas durante as transmissões, diferentemente do que o povo erroneamente tem sido levado a crer, não pode ser ligado à vídeo-conferência, pois faz parte de uma doutrina fundamental, lançada pelo próprio Cristo, que todas essas coisas acontecem, não por causa da transmissão, mas sim por causa  DA PROMESSA, que diz: "Onde estiverem dois ou mais reunidos em meu nome, ali eu estarei "(Mateus 18:20).E outra vez quando diz: E estes sinais seguirão aos que crerem: em meu nome, expulsarão demônios; falarão novas línguas; 18. pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão. (Marcos 16:17,18). Logo, amado irmão, sabemos que todo sinal que ocorre, não é virtude, disso ou daquilo, mas sim por causa do cumprimento de uma profecia que é a presença de Cristo por meio da fé.

Por fim, pastor, gostaria de salientar um de seus maiores argumentos pró-vídeo conferência, que o senhor com muito orgulho mostrava como sendo uma evidência da ação de Deus nessa empreitada: A uniformidade dos estudos. Pastor, perdão, mas, se o senhor já leu a primeira epístola universal de Pedro verá em I Pedro 4:10:"... Como bons despenseiros da MULTIFORME, graça de Deus..."  (destaque meu).

Quem disse que Deus algum dia esteve preocupado com uniformidade, sendo que a marca de seu Reino, de sua Graça e de suas manifestações é a MULTIFORMIDADE,  diversidade e a variação. Tornar as pessoas iguais, amado Pastor, nunca foi e nem será o foco de Deus. Observe as Escrituras: Há diversidade de Dons, mas o Espírito é o mesmo... ", "...diversidade de ministérios, mas o Espírito é o mesmo..."  , Cristo formou um grupo híbrido de apóstolos: Pescadores, cobradores de impostos, revolucionários políticos (como Judas o Zelote), Mestres poliglotas (como Paulo), enfim... E o pior é que eu sei que vocês sabem de tudo isso!!! Isso é que me levou a redigir esta pequena missiva pastor, não para querer enfrentá-lo, ou desmerecer sua autoridade pastoral, mas sim para que o senhor realmente leia, reflita e busque junto as Escrituras e em oração ao Pai, se tudo isso que digo não é verdade e, claro, também por que amo este povo e esta igreja, e não gostaria de olhar para o futuro e ver que nossa liderança está formando um exército de crentes  medíocres no conhecimento da palavra e do Seu Deus, que confundem simplicidade com simplismo, que aliás é fundamental diferir: o evangelho é simples, mas não é simplista Pastor. É, para mim, algo mais que factual, que este tipo de prática, como vem sido aplicada, não será benéfica em termos de PROFUNDIDADE no aprendizado para o povo de Deus. É lógico, que a vídeo conferência, pode, sim, ser uma ferramenta poderosa para divulgação do ensino e das Escrituras, mas, é óbvio, que não nesses moldes. Espero contar com a humildade e sabedoria dos senhores, pois me recuso a crer que vivo numa inquisição eclesiástica, onde somos privados de nos abrir e mesmo questionar nossa liderança, cujo papel é justamente saber nos responder como convém de acordo com a Sã Doutrina e até mesmo, por que não, aprender com os menores como eu, e muitos outros que buscam cultivar a verdadeira fé Cristã, sem hipocrisia e em Espírito e em Verdade. Pois as próprias Escrituras nos afirmam em I Coríntios 7:23 "Fostes comprados por bom preço, não vos façais escravos dos homens..." e outra vez quando em Colossenses 2:18 "...Ninguém vos domine ao seu Bel Prazer" . E estas coisas, amado irmão, nos levam a crer que o povo de Deus só pode ser guiado pessoalmente por um só Senhor o qual pode falar, sim, e por que não, individualmente ao coração de qualquer um, sem qualquer mediador humano. O que passa disso é, claramente, uma tentativa de errônea de manter o controle sobre como as demais pessoas dizem ou agem. Não nos prive da Graça pastor.

"Nada podemos contra verdade, senão pela verdade" (II Coríntios 13:8)

A Paz do Senhor Jesus!!!

Desculpe quaisquer incômodos, mas aguardo, assim que possível seu retorno