Salomão: tipo do Espírito Santo?

Há quem entenda que Salomão é um tipo do Espírito Santo de Deus. Para que possamos nos certificar disso, precisamos conhecer um pouco da história do reino de Salomão, do início ao fim.

Salomão, ao ser confirmado rei, herdou um império pronto e consolidado. O modo como foi confirmado no reino demonstra que tanto o Senhor como o povo ansiava por um governante humilde, temente a Deus e sábio, capaz de discernir e de realizar a justiça (1Rs 3:7-9). E foi a isso que Salomão se propôs logo no início de seu reinado, ganhando, assim, o coração de Deus (1Rs 3:10) e o do povo (1Rs 3:28). Ele começou muito bem e tinha tudo para ser um legítimo despenseiro para realizar os projetos de Deus em relação ao seu povo, promovendo a prosperidade, a justiça, a paz, a segurança, a igualdade e conduzindo o povo a um culto verdadeiro ao Senhor. Nesse propósito podemos dizer que há total paridade com a ação do Espírito Santo de Deus.

Agindo assim, Salomão garantiu todo o apoio necessário, devidamente justificado, para um implemento tributário. O povo estava disposto a pagar esse preço, já que até então haviam prosperado sob o governo de Davi, tanto territorialmente, como em número de escravos e despojos de guerra – rebanhos, cereais, ouro, prata, pedras preciosas, metais, especiarias etc. Nada mais justo que confiar no homem indicado por Davi e escolhido por Deus para governar e edificar um templo para a habitação da arca da aliança, símbolo sagrado da presença de Deus no meio de seu povo.

Reflexão:  mesmo sabendo que nosso líder foi escolhido por Deus, que tem um bom coração e um desejo sincero de realizar a obra de Deus, devemos acompanhar suas obras, pois todos estão sujeitos a se ensoberbecerem e a trocar a direção do Espírito Santo por suas vaidades.

A exploração do povo

O primeiro fato que indica uma distância de Salomão do Espírito de Deus é o modo como explorou seus súditos com muitas exigências tributárias e serviços forçados.

Logo no início, Salomão implementou a máquina administrativa para cobrar mais impostos. Notamos isso com a comparação da lista dos funcionários do reino de Salomão (1Rs 4:1-6) com a lista de funcionários do reino de Davi (2Sm 8:15-18; 20:23-26). Diminuem os sacerdotes; aumentam os secretários, certamente por causa da burocracia criada para dar suporte ao novo sistema tributário. Aparece a figura do chefe dos prefeitos, isto é, o chefe dos chefes dos distritos que deviam fornecer os tributos para o rei. Aparece um prefeito exclusivamente para a administração do palácio real. O chefe dos trabalhos forçados é o mesmo Adonirão do tempo de Davi.

É preciso esclarecer que logo de início Salomão realizou alianças com outros povos e reinos. A primeira notícia sobre o seu reinado é de sua ligação com a corte egípcia. Ele casou-se com a filha do Faraó, provavelmente Psusenés II (1Rs 3:1). Naquele tempo, o matrimônio de um monarca não era, em primeiro lugar, uma questão afetiva, mas política e econômica. Os casamentos régios significavam alianças. No caso de Salomão, isso compreendia uma absorção do modelo tributário egípcio, mas acima de tudo, uma grande porta aberta a influências da cultura pagã e da religião estrangeira, o que nunca foi aprovado por Deus.

Salomão, influenciado pelo modelo egípcio, reorganiza e aperfeiçoa o sistema tributário (1Rs 4:7-20). Como os territórios das tribos eram desiguais em extensão e produção, ele redivide todo o país em doze prefeituras ou distritos, assegurando a arrecadação dos tributos para sustentar todo o aparelho estatal. É claro que a consolidação desse sistema desarticulou completamente o sistema econômico que ainda funcionava nas tribos. Em troca, surgia uma concentração cada vez mais cerrada da economia, fazendo com que praticamente a maior parte da produção afluísse para os cofres reais.

O texto de 1Rs 4:20-28 nos dá uma ideia do peso que a máquina do Estado salomônico representava para o povo. Somos lembrados da extensão do seu império e de que todos lhe pagavam tributo. A seguir se especificam os gastos diários da máquina estatal.

Também, a nova situação do país exigia a criação de um sistema administrativo eficiente para executar a política do rei em todo o território. Para sustentar a máquina administrativa era necessário criar uma burocracia governamental, e principalmente formar uma classe diplomática para assessorar o governo em questões internas e externas. Salomão importou do Egito não só o modelo político-econômico, mas também o modelo diplomático e cultural.

Mas, não é só. O clima de paz permitiu a Salomão entrar em aliança com nações vizinhas e projetar a construção de obras “faraônicas”. A construção do templo fazia parte de um compromisso assumido com Deus e com o povo, mas Salomão não parou por aí. Ele realizou troca de bens primários por tecnologia sofisticada (1Rs 5:2:12). Em Israel não havia mão-de-obra especializada para algumas tarefas, as quais tiveram que ser importadas. Desse modo, Salomão teve que pagar ao rei de Tiro não só pela madeira fornecida, mas também pela mão-obra estrangeira. E como foi feito o pagamento? Uma parte em gêneros de primeira necessidade (trigo, azeite) para sustentar o reino de Tiro durante o período de construção do templo e das demais obras contratadas entre eles.

Outra parte do pagamento pelas construções, também paga pelo povo, era fornecida pela mão-de-obra forçada, isto é, pelos trabalhadores em tempo integral nas construções das obras públicas (1Rs 5:13-16), sendo: 30.000 operários que se revezavam de três em três meses no Líbano dirigidos por Adonirão; 70.000 carregadores  e 80.000 cortadores de pedras, sob a chefia de 3.300 capatazes (fora os 550 chefes de inspetores de 1Rs 9:23)... tudo para o templo. E as outras construções, como os palácios, o aterro, a muralha de Jerusalém, Hasor, Meguido, Gazer, Bet-Horon Inferior, Baalat, Tamar, as cidades entrepostos, as cidades militares, e outras construções em Jerusalém, no Líbano e nos países vizinhos (1Rs 9:15-19).

Vale lembrar que o templo levou sete anos para ficar pronto (1Rs 6:38). Os palácios de Salomão 13 anos (1 Rs 7:1), sem contar as demais obras suntuosas (1Rs 9:10-24). Daí vemos o quanto os camponeses deviam produzir para alimentar não só o Estado de Israel, mas também a corte de Tiro com toda a sua força de trabalho.

Isso nos faz pensar no altíssimo custo que a febre construtora acarretava para o povo, já gravado pela sustentação do aparelho estatal, do exército e do luxo da nobreza real. Entretanto, essas obras não geravam nada além de mais custos para a sua manutenção. A construção de palácios não gerava receita depois de prontos. Antes, só aumentavam o custo da manutenção da realeza.

Mas, Salomão não parou por aí. O comércio internacional, típico de um país em clima de “milagre econômico” necessitou criar “uma frota em Asino-gaber, perto de Elat, às margens do mar Vermelho, no país de Edon” (1Rs 9:26; 10:22). Para o trabalho no mar Salomão contava com seu próprio contingente e mais o pessoal especializado fornecido pelo rei de Tiro (1Rs 9:27). Mais uma vez dependia da mão-de-obra especializada estrangeira.

Quem custeava isso? Quais eram as bases do “desenvolvimento” do reino de Salomão? Camponeses produziam bens de primeira necessidade que eram entregues, por meio de tributos, ao governo real. O povo plantava, tecia, produzia objetos manufaturados, criava seus rebanhos e praticava o comércio. De toda a sua produção ou renda, boa parte era destinada ao palácio real, que trocava esses produtos por serviços contratados (internos e externos) ou por pedras preciosas, ouro, prata, madeira e outros metais importantes para a produção de armas e utensílios domésticos.

Todavia, os valores entregues ao monarca, por meio de tributos, não retornavam ao povo na forma de bens, obras públicas de interesse da população ou outras prestações estatais. Antes, transformavam-se em benefícios para a nobreza, tornando o camponês explorado cada vez mais pobre e a realeza cada vez mais rica.

Como visto, quem pagava pelo luxo dos palácios e demais obras da vaidade de Salomão eram os camponeses e os comerciantes internos.

Vaidade, extravagância e carnalidade

O ouro (14.000 kg, segundo 1Rs 9:28), a madeira de sândalo, as pedras preciosas (1Rs 10:22), prata, marfim, eram destinados ao embelezamento de Jerusalém, sobretudo para o Templo e para a corte de Salomão (1Rs 10 e 12:14-21). E os macacos e pavões? Algum jardim encantado? Pura extravagância?

Com se nota, Salomão estava entesourando sua casa e, além disso, parecia não ter limites para a quantidade de mulheres que lhe serviram como esposas e concubinas. Também se tornou importador e exportador de cavalos de raça e de carros de guerra, tudo importado do Egito e da Cilícia (1Rs 10 e 26:28-29). Prata e cedro se tornaram coisas comuns (1Rs 10:27). A mão-de-obra escrava era usada no comércio de carros e cavalos com o Egito. Observe-se que tudo isso estava em desacordo com a lei de Moisés:

14 Quando entrares na terra que te dá o SENHOR teu Deus, e a possuíres, e nela habitares, e disseres: Porei sobre mim um rei, assim como têm todas as nações que estão em redor de mim; 15 Porás certamente sobre ti como rei aquele que escolher o SENHOR teu Deus; dentre teus irmãos porás rei sobre ti; não poderás pôr homem estranho sobre ti, que não seja de teus irmãos. 16 Porém ele não multiplicará para si cavalos, nem fará voltar o povo ao Egito para multiplicar cavalos; pois o SENHOR vos tem dito: Nunca mais voltareis por este caminho. 17 Tampouco para si multiplicará mulheres, para que o seu coração não se desvie; nem prata nem ouro multiplicará muito para si. (Dt 17:14-17)

Reflexão: os registros bíblicos sobre os feitos de Salomão nos trazem um sentimento de injustiça, especialmente quando sabemos que todo o luxo, as extravagâncias e as vaidades do rei de seus agregados são custeados por um povo empobrecido e explorado. Certamente, isso em nada se parece com a ação do Espírito Santo de Deus.

Desse modo, insensível à situação do povo, Salomão gozava de luxo e de luxúria com 700 esposas e 300 concubinas. Não ficavam de fora os cavalos de tração (4.000) e os cavalos de montaria (12.000) que deviam consumir ração de primeira (cevada e palha) e, é claro, todo o exército que precisava ficar de prontidão, mesmo em tempo de paz.

Vida de aparências

Outro fato do reinado de Salomão que não apresenta características do Espírito Santo de Deus é a vida de aparências, por pura vaidade.

O povo empobrecido e explorado ainda tinha que sustentar as aparências do reino de Salomão. Exemplo disso é a visita da rainha de Sabá, que certamente não foi a única visita diplomática que Salomão recebeu em Israel (1Rs 10:24-25). É claro que todas visitas eram recebidas com festa, regada com vinhos finos, iguarias raras, troca de presentes caríssimos – não só para o visitante em pessoa, mas também para toda a sua comitiva que certamente não era pequena.

O que se percebe é a ostentação do luxo, exibição da cultura e de culto a um Deus “supostamente orgulhoso de tudo aquilo”. Isso para mostrar “quem é quem” naquela grande exibição de vaidades.

4 Vendo, pois, a rainha de Sabá toda a sabedoria de Salomão, e a casa que edificara, 5 E a comida da sua mesa, e o assentar de seus servos, e o estar de seus criados, e as vestes deles, e os seus copeiros, e os holocaustos que ele oferecia na casa do SENHOR, ficou fora de si. (1Rs 10:4-5)

Quem não sabe da realidade dos súditos, tampouco conheceu os campos de trabalho e a triste situação dos camponeses, tem a visão embaçada com tanta glória. O testemunho de quem olha de fora e só vê aquilo que se pretende mostrar é o seguinte:

6 E disse ao rei: Era verdade a palavra que ouvi na minha terra, dos teus feitos e da tua sabedoria. 7 E eu não cria naquelas palavras, até que vim e os meus olhos o viram; eis que não me disseram metade; sobrepujaste em sabedoria e bens a fama que ouvi. 8 Bem-aventurados os teus homens, bem-aventurados estes teus servos, que estão sempre diante de ti, que ouvem a tua sabedoria! 9 Bendito seja o SENHOR teu Deus, que teve agrado em ti, para te pôr no trono de Israel; porque o SENHOR ama a Israel para sempre, por isso te estabeleceu rei, para fazeres juízo e justiça. (1Rs 10:6-9)

Ah! Quem olhava de fora só tinha olhos para os palácios de Salomão, para sua sabedoria, para seus criados e para a ordem de sua casa e do seu culto a Deus. O templo era impecável, cheio de glória (ouro, pedras preciosas, linho fino, madeiras nobres entalhadas etc.), com turnos levitas impecavelmente dispostos para o serviço do culto. Cantores, guardas às portas, sacerdotes vestidos com uma estola pomposa, realizando uma ministração de elevada reverência.

Por fora, tudo impecável! Mas, o que Deus revelou sobre a conduta de Salomão?

1 E o rei Salomão amou muitas mulheres estrangeiras, além da filha de Faraó: moabitas, amonitas, edomitas, sidônias e hetéias, 2 Das nações de que o SENHOR tinha falado aos filhos de Israel: Não chegareis a elas, e elas não chegarão a vós; de outra maneira perverterão o vosso coração para seguirdes os seus deuses. A estas se uniu Salomão com amor. 3 E tinha setecentas mulheres, princesas, e trezentas concubinas; e suas mulheres lhe perverteram o coração. 4 Porque sucedeu que, no tempo da velhice de Salomão, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses; e o seu coração não era perfeito para com o SENHOR seu Deus, como o coração de Davi, seu pai, 5 Porque Salomão seguiu a Astarote, deusa dos sidônios, e Milcom, a abominação dos amonitas. 6 Assim fez Salomão o que parecia mal aos olhos do SENHOR; e não perseverou em seguir ao SENHOR, como Davi, seu pai. (1Rs 11:1-6)

Reflexão: enquanto o homem só consegue ver o exterior, Deus vê também o interior. A medida do pecado de Salomão estava aumentando e tudo isso estava patente aos olhos do Senhor.

É muito difícil imaginar que o Espírito Santo de Deus, que conhece o oculto e o escondido, consinta com uma vida de aparências.

A intervenção de Deus

O próprio desenrolar da história nos mostra que Deus não estava satisfeito com o rei Salomão. Diante dos acontecimentos, o Senhor começa a preparar socorro para o seu povo. A revolta de Jeroboão indicava que algo estava errado (1Rs 11:26-28). Jeroboão pertencia à tribo de Efraim, do Norte e certamente fazia parte do grupo de trabalhadores forçados de Salomão. Como era forte e valoroso, “Salomão, vendo que o jovem trabalhava bem, o nomeou capataz dos trabalhos forçados da casa de José”.

Deus, por reprovar as atitudes de Salomão, enviou o profeta Aías a Jeroboão que, rasgando sua capa nova em 12 pedaços deu 10 pedaços a Jeroboão, como sinal profético de que Deus o levantaria para governar sobre 10 tribos de Israel (1Rs 11:29-31, 35, 37). Sabendo disso, Salomão tentou matar Jeroboão e este fugiu para o Egito e ali ficou até a morte do rei (1Rs 11:40).

A conclusão da história do rei Salomão nos mostra que, de fato, o povo estava oprimido e já não aguentava mais aquela situação. Quando Salomão morreu o povo veio à Roboão, seu sucessor, suplicar que o fardo imposto por seu pai Salomão fosse aliviado:

4 Teu pai fez pesado o nosso jugo; agora, pois, alivia tu a dura servidão de teu pai e o seu pesado jugo que nos impôs, e nós te serviremos. (1Rs 12:4)

É preciso destacar isso: o texto acima revela o quanto o povo estava sendo subjugado com pesado fardo e dura servidão.

Sabe-se que o povo não foi atendido, razão pela qual Jeroboão assume a revolta contra Roboão (1Rs 12:1-5; 12-16), o que leva à divisão do povo de Deus.

Conclusão

Como visto, o próprio Deus deixa claro que Salomão começou bem, mas terminou mal. É bom ressaltar que quando Jesus se referiu à sabedoria de Salomão (Mt 12:42), não estava aprovando seu todo o seu comportamento como rei, mas estava atestando que sua sabedoria era reconhecida em toda a terra, o que era uma realidade, especialmente nos anos iniciais de seu reinado.

Segundo o texto de 1Rs 11:1-6, na velhice de Salomão, seu coração revelava as consequências de uma vida em desagrado a Deus. O pecado da idolatria apenas mostra o quanto seu coração havia se corrompido. Seu pecado, entretanto, não se iniciou na sua velhice. Transpareceu claramente nela. Sua desobediência a Deus começou quando tomou a filha de Faraó por esposa. O que inicialmente parecia irrelevante levou o rei a um progressivo processo de queda. Uma mulher, depois outra, depois outra... até chegar ao ponto em que Deus revela total desaprovação em relação à sua conduta.

 Quantos anos seguidos Salomão fez o que Deus havia dito para que o rei não fizesse? Por fim, vem a condenação, apesar da paciência de Deus.

Reflexão: até mesmo um homem sábio, escolhido por Deus, com um bom coração e intenções sinceras pode se tornar um líder vaidoso e explorador do povo. O que inicialmente era espiritual torna-se carnal ao final.

Será que essa lição não nos basta?

Com todos esses fatos sobre o reinado de Salomão é muito difícil acreditar que ele possa ser uma boa referência tipológica do Espírito Santo de Deus. Difícil imaginar que o Espírito Santo possa ser comparado com alguém que se torna vaidoso, instável, idólatra, explorador de pobres, insensível ao sofrimento do povo e carnal. Como o próprio nome diz: o Espírito é SANTO! Começa certo e termina certo. Nunca falha, nunca muda, nunca se deixa contaminar pelo pecado e jamais se afasta dos santos propósitos de Deus.

O fato é que a história do rei Salomão nos mostra que ao passo que ele foi dando lugar à vaidade e à extravagância foi sendo desaprovado por Deus de tal modo que ficamos com dúvidas inclusive quanto à sua própria salvação.

Assim, se qualquer pessoa ficaria triste se comparada a alguém que começou bem e terminou mal, por que seria diferente com o Espírito Santo de Deus?

Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, com o qual vocês foram selados para o dia da redenção.” (Ef 4:30)

 

Em 01 de julho de 2016.

Pastor Sólon Pereira

 

Referência bibliográfica: Storniolo, Ivo. “Como ler os livros dos Reis”. Editora Paulus, 3ª Edição, 2003.