O Ministério Celeiros

O Ministério Celeiros

Como pastor da Igreja Cristã Celeiros e conhecedor de sua origem e história, passo a discorrer sobre a constituição do ministério pastoral desta igreja e sobre os valores bíblicos que foram adotados. É claro que o entendimento que temos hoje decorreu de uma progressiva experiência acumulada desde o tempo inicial de nosso chamado na Igreja Cristã Maranata-ICM e, em seguida, na Comunidade Evangélica entre as Nações (CEEN), instituições as quais somos gratos por todo a aprendizado que nos proporcionaram.

Hoje, sem dúvida, e com muita clareza, reconhecemos a importância e o valor do ministério pastoral, bem como os valores que a ele devem estar jungidos como princípios inarredáveis. Entretanto, exatamente por estar ciente da importância do ministério pastoral, não podemos deixar de ser exigentes com aqueles que almejam o episcopado ou que aguardam o momento de serem confirmados na vocação para o ministério pastoral.

Unidade de visão

 

Sabemos que os ministérios são concedidos por Deus àqueles que Ele mesmo vocacionou e chamou e, por isso, devemos considerar os diferentes talentos concedidos aos homens, cada qual segundo a sua particular capacidade.

Contudo, a vocação, a habilidade, o conhecimento, a capacidade e a experiência ficam inutilizados quando se está no lugar errado. Uma árvore plantada em um jarro de ferro só crescerá até certo ponto. Depois estagnará ou morrerá. Algumas sequer produzirão frutos enquanto sobreviverem. O fato é que o homem talentoso e espiritual que estiver em um ministério sem que haja alinhamento de sua visão com a da liderança, certamente ficará limitado.

O melhor a fazer, então, é buscar um ministério que se alinhe ao que ele acredita. Se não há unidade de visão e acordo de propósitos, duas pessoas não conseguem caminhar juntas (Am 3:3).

Por isso, é fundamental que todos os pastores de uma igreja conheçam e tenham a mesma visão da liderança. Assim, os esforços geram sinergia.

Na vida, há apenas duas coisas que ninguém escapa: da morte e das escolhas. A primeira dispensa comentários. A segunda, admite uma observação: ficar inerte, quietinho e não fazer nada é uma escolha. Ou seja, não fazer uma escolha é uma escolha.

Portanto, cada pastor que deseja frutificar em seu ministério deve escolher o lugar certo para estar. Há um lugar certo para cada um. O que é certo para uns pode não ser certo para outros. Por isso, essa escolha deve ser feita com cuidado, a fim de que o ministério recebido de Deus não fique infrutífero.

Unidade esforços

 

Unidade não se faz com palavras, mas com atitudes convergentes, reuniões de alinhamento de propósitos e atendimento às convocações. Por isso, é essencial que as partes estejam periodicamente se reunindo e enfrentando juntas suas preocupações, angústias e compartilhando seus planos e vitórias. A desunião pela falta de reunião dá ocasião ao egoísmo e à independência, vícios que dão lugar a desentendimentos e à divisão.

Relacionamento e confiança

 

Essa é uma habilidade indispensável e que nos foi ensinada pelo nosso eterno mestre, Jesus. Esse tópico merece uma ilustração comparativa com os tempos do Rei Davi.  Os primeiros homens, que se ajuntaram com Davi no tempo da vergonha, viveram em cavernas e sob a liderança de um homem procedente da casa de Saul. O exército não era bem aparelhado como o de Saul, mas havia confiança, respeito e submissão a uma liderança estabelecida por Deus. Eles confiavam em Deus, mas também confiavam em seu líder, pois conviviam com ele e podiam observar suas virtudes, as quais superavam seus defeitos. Uma vez que Davi estava pessoalmente envolvido na guerra, acreditamos que o líder deve, igualmente, estar no front da batalha juntamente com seus mais destemidos soldados – não pode ficar apenas de longe dando ordens.

A chave da liderança é estar envolvido pessoalmente na mesma luta que os soldados, dando exemplo e construindo relacionamentos. Todas as boas intenções do mundo não significam coisa alguma se não forem acompanhadas por nossas ações – nossos exemplos. E qual é o ingrediente mais importante num relacionamento bem-sucedido? A confiança – se eu falhar, não serei descartado ou abandonado no campo de batalha. Confiança é a cola que gruda os relacionamentos.

Jesus é o exemplo. O mestre possuía muita influência (autoridade) para conduzir seus discípulos, mas nunca forçou nem coagiu ninguém a segui-lo. Certa vez, perguntou aos discípulos se algum deles queria se retirar – eram livres. Mas, como deixá-lo? Suas palavras de vida eterna eram inigualáveis? Seus exemplos, incontestáveis: amor, respeito, paciência, bondade, humildade, abnegação, perdão, honestidade e compromisso - um ministério livre também deve ter essas características.

Eis, portanto, o tipo de liderança que a IGREJA está construindo - forte, cujo vigor está no amor, no perdão, no respeito, na confiança e na segurança. Essa liderança compreende que erros acontecem. Sabemos que, em princípio, um servo de Deus não erra porque quer errar, mas por ignorância ou porque é falho e imperfeito em sua própria essência. Por isso, o Senhor valorou tanto o amor e o perdão! Devemos nos lembrar que o perdão deve ser concedido quantas vezes forem necessárias, mas não podemos nos acomodar nesse pensamento. Afinal, é bom saber que ninguém tropeça na mesma pedra duas vezes por acidente. Assim, devemos aprender com nossos erros.

Bondade

 

Os ministérios devem estar conscientes de que a distância que iremos caminhar nesta vida dependerá da nossa ternura com os jovens, da compaixão com os idosos, da compreensão com aqueles que lutam, da tolerância com os fracos e com os fortes. Porque algum dia na vida você já foi, já é, ou vai ser um destes.

Humildade

 

Não é compreensível que um líder seja arrogante, soberbo e egoísta. Antes, deve ser humilde e pensar menos a respeito de si mesmo. Queremos que nossos líderes sejam autênticos e verdadeiros com as pessoas, sem dissimulação. Não precisamos de líderes inchados de orgulho e fixados em si mesmos. Os arrogantes, que acham que sabem tudo, causam muitos estragos. Essa arrogância também é uma pretensão desonesta, porque ninguém sabe tudo ou tem tudo. Precisamos uns dos outros, mas os soberbos e orgulhosos fingem que não precisam. Ser humilde é ser real e autêntico com as pessoas e descartar as máscaras.

Respeito

 

Um líder deve, também, ser respeitoso, ou seja, tratar as pessoas considerando que todas são importantes para Deus. Ninguém é desprezível aos olhos do Criador. Portanto, além do modo de falar, da atenção dispensada igualmente a todos, não se pode imaginar um pastor que não cumpra com os compromissos assumidos para com as pessoas.

Abnegação

 

A abnegação é, inevitavelmente, uma característica de um pastor de verdade. Este, satisfaz as necessidades dos outros antes das suas. Mas, é preciso esclarecer que satisfazer necessidades não se confunde com satisfazer vontades. Se dermos às pessoas o que elas legitimamente precisam para seu bem estar espiritual, mental ou físico, não devemos pensar que a estamos mimando. Para suprir as necessidades das pessoas, no entanto, o líder deve escolher se deseja ou não se dedicar a elas. O pastor possuidor da verdadeira autoridade é aquele que aprendeu a doar-se, amar, servir e até sacrificar-se pelos outros. O exemplo foi dado por Jesus. É só segui-lo.

Honestidade

 

A honestidade, também, é uma característica imprescindível ao pastor. As ovelhas não podem estar enganadas a respeito de nada. Conduzir com base no engano é manter alicerces na mentira e isso é próprio do Diabo e não de Jesus, que é a verdade. Omitir informações ou esconder pedaços da verdade podem ser considerados “pequenas mentiras”, socialmente aceitáveis, mas ainda sim são mentiras e, por isso, inaceitáveis em um ministério pastoral. Também, a honestidade implica esclarecer as expectativas das pessoas, tornando-as responsáveis, dispondo-se a transmitir tanto as más notícias quanto as boas, dando às pessoas um retorno, sendo firme, previsível e justo. Nosso comportamento deve ser isento de engano e dedicado à verdade a todo custo. E isso vale dentro e fora da igreja, ou seja, em todos os negócios desenvolvidos pelo pastor.

Nesse sentido, aqueles que não cumprem o que prometem, que distorcem ou omitem a verdade, que não devolvem o que pedem emprestado, que não pagam o que devem e não justificam o atraso até o efetivo pagamento, bem como aqueles que não cumprem suas obrigações civis, militares, eleitorais e profissionais, devem promover os ajustes necessários antes de passarem à condição de mestres de outros. Por exemplo, embora não seja nenhum demérito alguém ter ser nome negativado no comércio em algum momento de sua vida, não é admissível que essa pessoa esteja descansada enquanto não corrigir essa situação.

Compromisso

 

Não há que se falar em ministério pastoral sem compromisso. Como autoridade é um princípio espiritual, há um elo entre as pessoas; e entre as pessoas e Deus. O pastor deve, como líder, estar envolvido, atendendo aos compromissos assumidos, tanto com o escalão de baixo como com o de cima. Se assim não for, provavelmente o pastor abandonará o ministério.

Compromisso, infelizmente, não é uma palavra popular nos dias de hoje. É comum observarmos como a irresponsabilidade parece ser facilmente justificável. Quando não se quer o bebê, aborta-se. Quando não se quer mais o cônjuge, separa-se. Tudo parece descartável. Mas a nossa responsabilidade do pastor com seu cônjuge, com seus filhos, com seus semelhantes, com as ovelhas, com seus líderes e com Deus deve ser algo mais estável. O verdadeiro caráter de um líder se revela quando ele tem de se doar aos estressados, agressivos e arrogantes, quando ele é colocado à prova e tem de amar inclusive as pessoas com as quais tem pouca afinidade natural. É nessas horas que se descobre a espécie de líder que o pastor é.

Por isso, não é demais esperar que o pastor seja fiel e estável em seu relacionamento conjugal (um só cônjuge, em qualquer sentido da expressão) e que crie seus filhos em amor e sujeição, mostrando-se capacitado para assumir um compromisso com o rebanho e com sua liderança.

Não manipular, não explorar

 

O que dizer da manipulação? Repugnamos a manipulação e a exploração de pessoas. Por definição, manipulação é influenciar pessoas para benefício pessoal. Tais comportamentos são desprezíveis e devem ser rechaçados com veemência.

Paulo, mostrando abnegação, resume bem esse ponto e nos oferece o melhor exemplo:

“12 Pois as credenciais do apostolado foram apresentadas no meio de vós, com toda a persistência, por sinais, prodígios e poderes miraculosos. 13 Porque, em que tendes vós sido inferiores às demais igrejas, senão neste fato de não vos ter sido pesado? Perdoai-me esta injustiça. 14 Eis que, pela terceira vez, estou pronto a ir ter convosco e não vos serei pesado; pois não vou atrás dos vossos bens, mas procuro a vós outros. Não devem os filhos entesourar para os pais, mas os pais, para os filhos. 15 Eu de boa vontade me gastarei e ainda me deixarei gastar em prol da vossa alma. Se mais vos amo, serei menos amado? 16 Pois seja assim, eu não vos fui pesado; porém, sendo astuto, vos prendi com dolo. 17 Porventura, vos explorei por intermédio de algum daqueles que vos enviei? 18 Roguei a Tito e enviei com ele outro irmão; porventura, Tito vos explorou? Acaso, não temos andado no mesmo espírito? Não seguimos nas mesmas pisadas?” (2 Coríntios 12:12-18 RA)

Sabemos que há quem busque o ministério pastoral para: a) obter benefícios espirituais; b) receber amor e gratidão; e c) realizar vaidades e obter recompensa material. A primeira pretensão é nobre e certamente virá; a segunda é duvidosa; e a terceira é errada e deve ser absolutamente rejeitada.

Portanto, qualquer pessoa que demonstre outros interesses que não sejam a edificação espiritual de si próprio e da igreja, não está apto ao exercício do ministério pastoral.

Autoridade

 

A autoridade é um importante princípio bíblico que não pode ser desprezado ou colocado em segundo plano. Ausência de autoridade gera desordem em todos os sentidos. Não há grupo coeso, sincrônico e produtivo que não tenha liderança forte, mesmo que não formalizada, a exemplo de grupos que se reúnem em casas. Há sempre alguém que exerce preeminência, seja por sua desenvoltura natural, por suas virtudes pessoais ou pelos dons e vocação recebidos de Deus. O fato é que a liderança sempre está presente, e com ela a autoridade.

Onde todos mandam, ninguém manda. Isso é um fato.

Por isso, para quem reconhece que o princípio da autoridade é intrínseco a todo grupo que pretende se organizar para atingir determinados propósitos, não há razão para não deixar claro quem está no exercício da liderança. Isso gera responsabilidade, respeito e permite a coordenação de esforços.

Responsabilidade

 

Os princípios bíblicos não devem ser afastados sob qualquer argumento, pois eles constituem os fundamentos sobre os quais toda a estrutura será levantada.

Por isso, além da vocação e do chamado, é essencial que um pastor da Igreja Cristã Celeiros seja, de fato, espiritual, maduro, responsável e verdadeiro. Este sim, compromete sua vida com o ministério e com o rebanho, pois ele é corresponsável, juntamente com a igreja, pelo desenvolvimento do evangelho que lhe foi confiado.

Ministério não profissional

 

Há muitas vantagens em um ministério profissional, onde o pastor vive do salário pago pela igreja para seu sustento e de sua família. Mas, a opção da Igreja Cristã Celeiros é pelo ministério não profissional, onde a fonte de sustento do pastor não é o trabalho eclesiástico/religioso. Cada pastor tem sua profissão e dedica, voluntária e gratuitamente, seu tempo em prol do rebanho e do evangelho.

Entretanto, isso não significa que o pastor possa ser leigo. É necessário que o pastor seja bem preparado para o exercício do ministério. Não pode ser neófito, imaturo, jovem demais (menos de 30 anos) ou despreparado teologicamente. Por isso, o vocacionado tem algumas opções para se preparar para o dia em que assumir o seu chamado. A formação teológica regular pode, por exemplo, ser substituída pelo reconhecimento emérito, sabatina, ou apresentação de publicações teológicas que sejam capazes de conferir ao vocacionado o título honoris causa.

Observada a devida preparação, uma das grandes vantagens do ministério não profissional é conferir ao pastor a tranquilidade de pastorear sem receio de ser manipulado por grupos internos de interesses divergentes em sua própria congregação. Assim, o pastor pode seguir em frente, aplicando a doutrina, dentro dos valores previamente estabelecidos, e não precisa temer ser “destituído” quando, no exercício de suas atribuições, venha a desagradar um ou outro.

Ministério feminino

 

A Igreja Cristã Celeiros, não obstante reconhecer a importância, o valor e a seriedade com que as mulheres tratam as coisas pertinentes ao reino de Deus, crê que o ministério pastoral feminino não encontra fundamento bíblico.

Deixando à parte as poucas lideranças femininas registradas no Velho Testamento, tempo em que não existia igreja, preferimos manter o ministério pastoral exclusivamente masculino, não por preconceitos, mas por questão de coerência com os exemplos deixados por Jesus e com as práticas da igreja do Novo Testamento.

Sabemos que Jesus integrou, amou, respeitou, valorizou e foi amparado pelo intenso trabalho das mulheres do início ao fim de seu ministério, mas sabemos, também, que optou por separar apenas homens para o apostolado. De modo semelhante, não há registros bíblicos no Novo Testamento de que mulheres tenham sido separadas ao ministério pastoral.

Portanto, para não irmos além dos fundamentos claramente postos para a igreja, optamos por desenvolver o ministério pastoral exclusivamente masculino, sem qualquer demérito às mulheres que, normalmente, são altamente participativas em todos os trabalhos da igreja.

 

Saiba mais em: "Pastora: onde está o fundamento?"

Há um grande desafio à nossa frente

 

Não é fácil iniciar uma igreja partindo do ponto zero contando apenas com o apoio de Deus e de mais ninguém – sem tradição, sem alianças com convenções, sem templo, sem nome, sem placa, sem púlpito, sem bancos, sem instrumentos, sem coletâneas, sem apostilas, sem seminários, sem dinheiro... sem membros... sem honrarias humanas.

Seria tranquilo iniciar um ministério em uma igreja com uma estrutura pronta e acabada. Seria fácil iniciar um ministério em uma igreja repleta de membros dispostos ao trabalho. Seria suave iniciar um ministério contando com o apoio de um grupo de pessoas já experimentadas e cada uma realizando sua tarefa dentro de limites pré-estabelecidos. Seria descomplicado iniciar um ministério herdando uma autoridade imposta pela estrutura eclesiástica, sem que fosse necessário conquistá-la pela busca, humilhação, choro, entrega e exercício de uma liderança desenvolvida sob o fundamento do amor.

Eis, portanto, o desafio! Hoje, já vencemos algumas etapas, mas ainda há muita terra para conquistar!

Haja coragem para assumir um ministério como este em seu início!

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Por: Pastor Sólon Lopes Pereira