O bem e o mal

O bem e o mal

A noção subjetiva do bem e do mal

Cada um tem essa noção dentro de si – um conceito moral. O bem é aprovado e, naturalmente, traz conseqüências boas. E o mal é reprovado e, naturalmente, traz más conseqüências. Essa noção está no homem a partir das experiências vividas desde o seu nascimento, forjando os seus conceitos, seus pré-conceitos e o seu caráter. Por exemplo, ao fazer algo que seus pais reprovam (consideram como o mal), o criança é repreendida, experimentando um sentimento desagradável (resultante da bronca, cara fechada, palmadas, ou algo que lhe provoque dor ou sofrimento físico ou emocional). Ao fazer algo que seus pais aprovam e consideram bom, a criança experimenta uma sensação agradável, recebendo um elogio ou qualquer outra recompensa que lhe dê prazer físico e emocional (afago, sorriso, prêmio etc). Essa experiência no desenvolvimento humano é suficiente para imprimir no homem a noção do prêmio pela realização do bem e da reprovação, condenação e conseqüências pela prática do mal (degradação, destruição, sofrimento etc.).

Assim, todo homem tem uma noção do bem e do mal, e de suas conseqüências, dentro de si, noção essa que pode variar de acordo com o aprendizado que recebeu no meio em que foi criado (família, parentes, vizinhança, escola e igreja). Ou seja, o que é bom ou mau para uns pode não ser bom ou mau para outros.

A noção objetiva do bem e o mal

Enquanto a noção subjetiva do bem e do mal depende do sentimento e dos conceitos formados por cada pessoa, podendo variar conforme sua formação cultural, a noção objetiva do bem e do mal diz respeito ao que Deus afirma, objetivamente, ser bom ou mau.

Deus é bom

São os registros bíblicos que nos ensinam que Deus é bom e suas obras são boas, pois visam o bem de seus destinatários.

O diabo e sua missão

A bíblia diz que o diabo é mau. Seu caráter é mau, e seu propósito é trazer destruição ao mundo (Jo 10:10) e lutar contra a criação de Deus desejando destruí-la e arrastá-la para a mesma condenação reservada para ele e para todos os seus anjos malignos. Quando seus demônios habitam em alguém, podem trazer grande destruição e até insanidade mental, como é o caso do endemoninhado gadareno (Mc 5:1-9). Também têm poder para provocar enfermidades (Lc 13:11). Na sua rebelião, satanás conseguiu levar 1/3 dos anjos do céu (Ap 12:4), e alguns destes anjos foram lançados no inferno (2 Pe 2:4), ao passo que outros habitam na Terra para causar males.

A recompensa do bem e do mal, segundo a bíblia

Como vimos, o diabo é mau e suas obras são más. Ora, do mesmo modo que o bem resulta em recompensa, o mal resulta em punição. A sentença do diabo já foi proferida. Suas obras já foram julgadas e ele só está aguardando o dia da execução de sua sentença, quando sofrerá a sua merecida punição. O fim dele será num lugar chamado lago de fogo, onde será atormentado para sempre (Ap 20:10).

(Mateus 25:41 RA) “Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.”

(Apocalipse 20:10 RA) “O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre, onde já se encontram não só a besta como também o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos.”

Segundo a bíblia, o diabo sabe muito bem de sua sentença e de sua vindoura punição (Ap. 12:12). Por isso tem toda pressa em enganar o homem e lançar tentações para afastá-lo de Deus e, conseqüentemente, da salvação que os livra de igual condenação.

(Apocalipse 12:12 RA) “ Por isso, festejai, ó céus, e vós, os que neles habitais. Ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta.”

As principais estratégias do diabo

Tentação e engano. Tanto um como a outro são recursos poderosos do diabo para desviar o homem do caminho da salvação. Podem ser usados isoladamente ou em conjunto. Enquanto a tentação é uma força que puxa o homem para a prática consciente das obras da carne (condenadas por Deus), o engano faz com que o homem pratique o mal pensando que está praticando o bem. Em qualquer dos casos, o diabo sabe que se o homem praticar o mal (segundo a palavra de Deus - pecado) receberá sua recompensa – a condenação de Deus: a morte eterna (Rm 6:23 – Ez 18:4 e 20).

A tentação

Tentação não se refere a um constrangimento satânico, mas a uma oferta satânica. Tentação é aquilo que o diabo oferece ao homem e coloca ao seu alcance e ao seu dispor, cabendo a ele rejeitar a oferta e dizer não. Um objeto de desejo humano posto diante de alguém, mas que não lhe seja acessível, pode, no máximo, ativar-lhe a sua natureza carnal. Assim, o pecado da imaginação (Mt. 5:28) não pode ser atribuído a uma tentação direta do diabo, mas a uma impureza existente dentro do homem que não foi levada à cruz de Cristo (negar-se a si mesmo) e que, por isso, está sendo cultivada conscientemente. Esse é um pecado originário no próprio homem que satisfaz a concupiscência da carne por não mortificá-la.

A tentação, sozinha, é capaz de levar o homem conscientemente ao pecado e à destruição. Exemplo disso são as constantes notícias sobre cristãos que se renderam ao adultério, à fornicação, à avareza e às diversas formas de corrupção impostas pela vaidade e pela soberba.

O engano

Mas, ante a resistência (Tg 4:7), em muitos casos, o diabo tem outra excelente estratégia – o engano.

No engano, toda a força do homem fica rendida a Satanás (o homem não resiste), podendo inclusive ser utilizada a seu favor, como é o caso de pessoas que se dedicam, que se santificam e que lutam pelo desenvolvimento de uma seita herética e pela propagação de heresias. Exemplo disso são os monges que ficam confinados em mosteiros e as pessoas que se esforçam pela disseminação do evangelho material que em vez de apontar para cima aponta para baixo.

(Provérbios 15:24 RA) “ Para o sábio há o caminho da vida que o leva para cima, a fim de evitar o inferno, embaixo.”

(Atos 13:10 RA) “ Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perverter os retos caminhos do Senhor?”

(2 Timóteo 2:24-26 RA) “24  Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente, 25  disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, 26  mas também o retorno à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade.”

Quando o assunto é enganar, Satanás é mestre. Desde o Éden vem confundindo o homem e armando ciladas que rotineiramente apanham os incautos para que sirvam aos propósitos do diabo, resistindo à verdade, sem que percebam isso.

Na arte do engano, a estratégia é a sutileza. A armadilha está sempre bem escondida no caminho por onde passarão os homens. Ela não pode ser notada na escuridão (pelos ímpios que não têm a lâmpada do Senhor) nem descoberta pelos distraídos (crentes descuidados quanto ao exame da palavra de Deus). É sempre posta no caminho dos ímpios e dos justos. Estes últimos devem prestar muita atenção aos lugares onde pisam e, na dúvida, devem focar a lâmpada de Deus nos lugares suspeitos.

(Salmos 142:3 RA) “Quando dentro de mim me esmorece o espírito, conheces a minha vereda. No caminho em que ando, me ocultam armadilha.”

(Salmos 119:105 RA) “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos.”

(Salmos 91:3 RA) “Pois ele te livrará do laço do passarinheiro e da peste perniciosa.”

Ciente disso, a astúcia do diabo é esconder muito bem suas armadilhas no caminho em que o homem está trilhando[1] e, ao mesmo tempo, manter a escuridão dos ímpios e distrair os justos ou apagar suas candeias, para percam a capacidade de distinguir o bem do mal, a verdade da mentira. Desse modo, o homem pode ser facilmente capturado pelo laço de Satanás, que o tira do caminho da salvação.

(2 Coríntios 11:14 RA) “ E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz.”

(1 Timóteo 5:15 RA) “ Pois, com efeito, já algumas se desviaram, seguindo a Satanás.”

A indistinção entre o bem e o mal e sua conseqüência

Sendo o engano uma de suas poderosas armas, o diabo tem trabalhado continuamente para que o homem perca a exata noção do mal e da sua respectiva condenação. Ora, não havendo a perfeita compreensão das sofríveis conseqüências do mal, certamente, o homem não o evitará.

A frouxidão da lei e da justiça e a impunidade

Qual a conseqüência de se comprar um CD pirata? Aparentemente nenhuma. Então, podemos comprá-lo.

Qual a conseqüência de se adquirir produtos pornográficos? Aparentemente nenhuma. Então, podemos adquiri-los.

Qual a conseqüência de se desprezar um irmão em Cristo? Aparentemente nenhuma. Então, podemos fazê-lo.

Em todos esses casos afirmamos que a ausência conseqüências é meramente aparente. Isso porque sabemos que por trás da falsificação operam quadrilhas de criminosos que defraudam direitos autorais e provocam evasão fiscal. Há, portanto, reflexo na arrecadação de receitas, que implica no orçamento da união e que, por sua vez, reflete na economia e nos serviços sociais prestados pelo Estado. Além disso, a evasão fiscal promove uma injustiça: eleva o nível de tributação sobre os poucos que não têm como escapar do pagamento dos tributos – os trabalhadores registrados.

De igual modo, a aquisição de produtos pornográficos alimenta a indústria da pornografia, que escraviza milhões de pessoas no mundo, destruindo a vida de muitas jovens e até de crianças.

Por fim, desprezar um irmão em Cristo é uma atitude extremamente danosa e, ainda que os pastores não tenham coragem para reprimir tais comportamentos em suas igrejas, sabemos o quanto Deus detesta aqueles que assim procedem.

O mal oculto e a impunidade

Nos casos em que a punição é passível de ocorrer a história é diferente. O homem, mesmo desejando praticar o mal é contido pela possibilidade de punição. Mas, se entender que sua ação má não será descoberta, não temerá seus resultados (a condenação), pois sabe que se sua maldade não for conhecida ele não será julgado nem condenado. Afinal, todos são inocentes até que se prove o contrário.

Vejam que os corruptos desviam recursos públicos para seu patrimônio pessoal de modo bem oculto. Falsificam documentos, constituem “laranjas”, fazem conchavos e trocam favores (tudo escondido), de modo que ninguém saiba. Assim, como ladrão não dá recibo, ninguém será julgado nem punido. Essa certeza de que ninguém poderá provar nada contra ele, o libera para a prática do mal que estava contido pelo temor da punição.

Afinal, qual a conseqüência de uma mentira que não vier a ser descoberta? Qual a conseqüência de uma traição às ocultas? Qual a conseqüência de se apropriar de algo que não lhe pertence se ninguém souber disso? Qual a conseqüência de prejudicar alguém se minha ação for sutil e não for conhecida? Qual a conseqüência de se difamar alguém anonimamente? Qual a conseqüência de se falar mal do outro, se ele não ficar sabendo? Para todas essas perguntas a resposta é a mesma: impunidade.

A perversão do juízo e a impunidade

A certeza da punição evita a prática do mal. Na mesma medida, a certeza da impunidade libera a prática do mal.  A garantia de que o juiz irá perverter o juízo aumenta a tranqüilidade do homem que pratica o mal. Isso pode ocorrer nas situações em que aquele que deseja praticar o mal sabe que se vier a ser descoberto, sua influência perante autoridades afastará a condenação. São comuns as notícias de que homens públicos importantes, parentes e amigos de autoridades ou de pessoas influentes na sociedade são inocentados apesar das sérias acusações contra eles. Até quando a maldade é descoberta, os julgamentos não dão em nada. As autoridades que poderiam condená-los pervertem o juízo e absolvem os réus, só porque são influentes.

Isso faz com que certas pessoas se vejam livres para praticar o mal – a garantia de que, mesmo se sua maldade for conhecida, o juiz perverterá o juízo em seu favor.

As conseqüências da impunidade na sociedade

A certeza da impunidade leva o homem a violar as regras de convivência social. Estimula a prática do mal e dá ao homem a sensação de que tudo está certo. O torto passa a ser considerado reto.

O diabo e o sentimento de impunidade

A inteligência de Satanás faz com que ele se aproveite das falhas da natureza humana, inclusive da má formação cultural de certos povos. Certamente, o diabo terá maior facilidade para convencer o homem da impunidade se este homem estiver acostumado com ela no seu dia-a-dia. Para essa pessoa a impunidade passa a ser algo comum, aceitável e muito provável de acontecer, no mínimo, sob os três aspectos já vistos: quando a lei e a justiça são frouxas, o erro não é descoberto e o juízo é pervertido.

O fato é que a pessoa que está acostumada com a impunidade em sua vida cotidiana acaba transportando sua experiência de vida neste mundo para o mundo espiritual, como se fosse a mesma coisa.

O laço está posto no caminho dessas pessoas. Tudo que o diabo tem a fazer é:

a) convencer o homem de que Deus não existe

O bem e o mal passa a ser uma questão que só cabe ao homem estabelecer e a ninguém mais.

Ninguém irá cobrar dele ações/comportamentos, responsabilidades com o próximo ou atitudes morais que não lhe convenha. O bem é aquilo que ele considerar bem e o mal é somente aquilo que ele considerar mal, segundo preceitos que ele mesmo não tenha estabelecido.

Ele próprio é quem dita as regras que quer seguir, segundo as suas conveniências e pode fazer suas leis frouxas e cheias de brechas para que suas más ações possam ficar ocultas. E, se algo der errado, há sempre um jeitinho de perverter o juízo;

b) convencer o homem de que nem tudo o que Deus fala deve ser levado a sério

Essa é a relativização da palavra de Deus. O diabo procura convencer o homem de que o que Deus falou no passado só se aplica àquele tempo, ou àquela cultura ou àquelas pessoas. Tudo aquilo que contrariar o interesse do homem, o diabo relativiza e diz que isso “não é bem assim”. Se as coisas fossem exatamente como Deus disse, o homem estaria privado de decidir por si mesmo questões a respeito do bem e do mal. Desse modo, sugere que o homem decida o que é o bem e o mal.

E é exatamente como tem acontecido. Sempre que o texto bíblico interessa é utilizado como verdade absoluta, inquestionável e bem supremo. Mas quando contraria os interesses do homem, a palavra é relativa e não se aplica à sociedade moderna. Cumprir tais exigências seria um mal terrível.

Essa estratégia foi utilizada com a mulher no jardim do Éden. A serpente (o diabo) disse à Eva que aquilo que Deus havia falado não era bem daquele jeito, que eles não morreriam se desobedecessem. Deus estava apenas querendo evitar que eles conhecessem o bem e o mal e soubessem decidir por si mesmos sobre essas questões.

No entanto, sendo Deus o criador de todas as coisas e soberano sobre tudo, a Ele compete dizer o que é bom ou mau. E todos serão julgados segundo os conceitos de Deus sobre a bondade e a maldade e não segundo os nossos conceitos morais.

c) Convencer o homem de que o mal não é mal

O homem que quer praticar o mal deve se convencer de que o que faz não é mal, ou, pelo menos, tem boas razões para fazê-lo, crendo que suas boas razões servirão de justificativas de modo a afastar sua culpa quando for chamado a juízo.

O diabo quer que o homem acredite que se ele apresentar boas justificativas para ter se divorciado e casado com outra mulher, estando a primeira ainda viva, Deus irá compreende-lo e deixar de lado suas diversas recomendações quanto ao adultério. Bastará dizer que havia uma incompatibilidade de gênios ou que ele precisava ser feliz e estará tudo resolvido. Deus perverterá o juízo e desconsiderará as regras pré-estabelecidas para absolvê-lo de sua maldade. Mas, vamos imaginar que Deus chame a mulher verdadeira deste homem para assistir a esse julgamento. O que será que ela teria a dizer? Felizmente, Deus não precisará de testemunhas, pois ele bem conhece as obras de cada um. Quando chegar a nossa vez, devemos estar prontos para receber a sentença segundo as nossas obras. Se vencermos, receberemos a pedrinha branca, sinônimo de absolvição.

(Apocalipse 2:17 RA) “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei do maná escondido, bem como lhe darei uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe.”

A única certeza que podemos ter de não sermos condenados é aceitarmos a bíblia com o projeto de salvação e com os valores morais estabelecidos por Deus e não aceitarmos a sugestão do diabo de que tudo se resolverá com um jeitinho brasileiro.

(Jo 5:24) “Eu lhes asseguro: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não será condenado, mas já passou da morte para a vida.

A noção da impunidade inculcada no homem por Satanás, aproveitando-se da nossa cultura e das nossas experiências sociais, leva o homem a praticar o mal (torpezas, injustiças, ataques ao seu semelhante etc).

(Eclesiastes 8:11 RA) “ Visto como se não executa logo a sentença sobre a má obra, o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto a praticar o mal.”

d) Convencer o homem de que nem todo mal traz conseqüências ruins e que às vezes o mal é necessário, pois o bem também pode trazer conseqüências ruins

Isso costuma dar um nó na cabeça das pessoas. Ora, as experiências pessoais vividas por todo ser humano inevitavelmente apresenta algumas situações em que aquilo que Deus diz que é mau é aplicado e traz, aparentemente, conseqüências boas e, às vezes, até necessárias.

Por exemplo, Deus abomina a mentira e diz que o pai da mentira é o diabo (Jô 8:44). Mas, de repente, em alguma situação o homem mente e se livra de uma situação constrangedora. Aparentemente, a mentira, que é considerada má por Deus, produziu bons resultados. Em outra situação, o homem fala a verdade e padece duras conseqüências. O bem, então, produziu resultados aparentemente ruins.

Em outro caso, o homem põe termo ao seu casamento, o que é considerado mal aos olhos do Senhor, mas constitui outra família e tudo vai muito bem. Ou, de outro modo, o homem mantém seu casamento, segundo o que Deus considera bom, mas padece de uma série de situações desagradáveis e vive infeliz.

Todas essas situações são campos propícios à atuação do diabo. Nessas condições é fácil para ele convencer o homem de que nem tudo o que Deus chama bom é bom e que nem tudo o que Deus chama de mau é mau. Nessas condições, será que a bíblia é uma regra a ser seguida? Mais uma vez vemos que o diabo consegue enfraquecer a palavra de Deus a ponto do homem só utiliza-la para a realização de algumas cerimônias e nada mais. Suas decisões passam a ser sempre tomadas segundo o seu próprio conceito do bem e do mal e a bíblia passa a ser um livro sem muito valor.

Neste caso, se a bíblia apresenta-se assim tão incoerente e cheia de falhas em relação às experiências pessoais, é fácil equipará-la  às frouxas leis de nossa sociedade, que nem sempre necessitam ser cumpridas. O homem pode agir como preferir já que a obediência à lei parece ser mais prejudicial do que cumpri-la. E descumpri-la não traz conseqüência alguma. Veja-se que o homem que compra o DVD por R$ 40,00 na loja, com a respectiva nota fiscal, sente-se um verdadeiro trouxa ao ver que seu vizinho pagou apenas R$ 5,00 pelo mesmo produto e que ele não sofreu e nem sofrerá qualquer constrangimento em agir assim.

No entanto, a esses que vivem tranquilamente no pecado, praticando o que é mal aos olhos de Deus, a bíblia os considera loucos, por não considerarem o fim de seus caminhos:

(Provérbios 1:32 RA) “Os néscios são mortos por seu desvio, e aos loucos a sua impressão de bem-estar os leva à perdição.”

De igual modo, o homem que opta por manter seu casamento, às vezes parece sair perdendo, em especial quando percebe que seu amigo trocou sua mulher por outra bem mais nova e parece estar muito feliz, além de contar com a aceitação da sociedade e da igreja moderna.

A palavra do Senhor afirma que é vaidade pretendermos entender o modo pelo qual Deus age. O que é certo é que devemos aceitar sua bondade tal qual ele a definir. Não podemos deixar o diabo nos enganar e nos convencer da impunidade, o que só leva o homem a se entregar à prática do mal. Devemos saber que Deus, a seu tempo, realizará toda a justiça e executará toda a sentença proferida.

 (Ec 7.15 NVI) Nesta vida sem sentido eu já vi de tudo: Um justo que morreu  apesar da sua justiça, e um ímpio que teve vida longa apesar da sua impiedade.

(Eclesiastes 8:14 RA) “ Ainda há outra vaidade sobre a terra: justos a quem sucede segundo as obras dos perversos, e perversos a quem sucede segundo as obras dos justos. Digo que também isto é vaidade.”

(Eclesiastes 8:11 RA) “ Visto como se não executa logo a sentença sobre a má obra, o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto a praticar o mal.”

Ao que segue o caminho da justiça Deus aconselha a não olhar para o aparente sucesso dos ímpios, afirmando que são temporários e que não ficarão impunes:

(Salmos 37:1-2 RA) “1 ¶ Não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que praticam a iniqüidade. 2  Pois eles dentro em breve definharão como a relva e murcharão como a erva verde.”

(Salmos 73:12-18 RA) “12  Eis que são estes os ímpios; e, sempre tranqüilos, aumentam suas riquezas. 13  Com efeito, inutilmente conservei puro o coração e lavei as mãos na inocência. 14  Pois de contínuo sou afligido e cada manhã, castigado. 15 ¶ Se eu pensara em falar tais palavras, já aí teria traído a geração de teus filhos. 16  Em só refletir para compreender isso, achei mui pesada tarefa para mim; 17  até que entrei no santuário de Deus e atinei com o fim deles. 18  Tu certamente os pões em lugares escorregadios e os fazes cair na destruição.”

e) Convencer o homem de que a bondade de Deus inviabiliza o juízo

Neste tópico, é importante esclarecer que só interessa ao diabo convencer o homem de que Deus é bom nos casos em que o homem religioso precisa aliviar sua consciência quanto às conseqüências do pecado sem ter que deixá-los. Ou seja, para manter o pecador em seus pecados. O diabo só afirma a bondade de Deus para afastar a justiça e o juízo divinos.

O fato é que o homem que se convence dessa bondade de Deus, assume que não será punido por suas ações perversas, uma vez que Deus é tão bom que será incapaz de condená-lo se, na hora do seu julgamento, ele se humilhar e se arrepender. Tudo, então, estará resolvido. Vale lembrar que Deus é bom e justo juiz. Sua justiça e juízo fazem parte do seu atributo de bondade.

Imagine o seguinte: você está assistindo ao julgamento do Sr. Maléfico, homem que matou seu filho e violentou sua mulher. Ao pronunciar o veredicto, o juiz diz o seguinte: “Vejo que o Sr. Maléfico está arrependido do que fez e tem apresentado neste tribunal uma postura de contrição e humilhação, o que tem tocado o meu bondoso coração. Por isso, vou deixar de aplicar as leis previamente estabelecidas e, em nome do amor e da bondade, vou absolver o Sr. Maléfico”. Qual seria a sua reação? Talvez você gritasse para o juiz: INJUSTIÇA! ISSO É UMA MALDADE E NÃO UMA BONDADE! Veja que ao deixar de punir o homem mal, o homem “bom” é quem foi punido. O que devemos pensar da injustiça? Isso é bom ou mau?

Devemos estar conscientes da bondade de Deus, mas não podemos nos esquecer que as regras de Deus já estavam estabelecidas antes que nós nascêssemos. Quando Deus perdoa o homem enquanto ele é vivo, está seguindo a lei exatamente como foi previamente estabelecido. O homem tem toda a sua vida para se arrepender da prática do mal. Esse é o tempo em que Deus pode perdoá-lo sem cometer qualquer injustiça.

A parábola dos trabalhadores da última hora deixa claro que Deus não comete nenhuma injustiça enquanto cumpre aquilo que ele próprio estabeleceu previamente.

(Mateus 20:12-15 RA) “12  dizendo: Estes últimos trabalharam apenas uma hora; contudo, os igualaste a nós, que suportamos a fadiga e o calor do dia. 13  Mas o proprietário, respondendo, disse a um deles: Amigo, não te faço injustiça; não combinaste comigo um denário? 14  Toma o que é teu e vai-te; pois quero dar a este último tanto quanto a ti. 15  Porventura, não me é lícito fazer o que quero do que é meu? Ou são maus os teus olhos porque eu sou bom?

E quanto à maldade que o homem já tenha praticado? Certamente, o pecado traz em si mesmo suas próprias condenações para esta vida, ou seja, o pecador não tem paz e pode ser muito afligido em razão de seus pecados enquanto aqui está vivendo (Is 48:22).

Ninguém fica absolutamente impune de seus pecados enquanto está aqui na terra (Jo 8:34 – Cl. 3:25). De algum modo sofrerá suas conseqüências em sua própria natureza. Mas Deus, por sua imensa bondade e amor, sacrificou o seu próprio filho para que todo aquele que desejar seja perdoado de suas ofensas a Deus (pelas suas maldades) enquanto vive. Deus não muda as regras do jogo durante a partida. A salvação é uma oportunidade concedida ao homem, enquanto ele vive, de, mesmo sendo mau, veja o seu pecado castigado em Cristo Jesus e receba perdão e não seja condenado eternamente por sua maldade. Mas isso só é possível enquanto o homem está vivo. Depois que ele morrer, a regra (lei) estabelecida por Deus desde a eternidade é que ele seja pessoalmente responsabilizado e julgado por suas ações. Se ele não puder provar que aceitou o sacrifício de Jesus e lançou sobre Ele seus pecados, tal qual recomenda a bíblia, deverá receber sua sentença condenatória sem qualquer possibilidade de perdão naquele momento. Se Deus o absolvesse estaria cometendo uma injustiça com todos aqueles que cumpriram a lei enquanto viveram (e que sofreram com a impiedade dos homens maus neste mundo). E maior injustiça, ainda, com seu filho Jesus, que deixou sua majestade e foi enviado ao mundo para ser moído e humilhado neste mundo sem merecer e, ao fim, sofrer a morte mais cruel daquele tempo, a cruz.

f) Convencer o homem de que a bondade de Deus o fará perverter o juízo na hora de seu julgamento

É obra do diabo convencer o homem de que um Deus tão bom jamais o lançará no inferno. Isso seria uma grande maldade. A compaixão de Deus certamente se manifestará na hora em que o homem se arrepender, desde que isso ocorra antes dele morrer. Após a morte, só resta ao homem aguardar o julgamento e a sentença.

(Hebreus 9:27 RA) “ E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo,”

Perdoar o homem mau que não se arrependeu enquanto vivia (segundo a regra pré-estabelecida de Deus) é o mesmo que perverter o juízo (violar as normas em benefício do homem mau) e isso é próprio dos homens maus e não de Deus.  Deus é bom! E a justiça faz parte da bondade de Deus. Se Deus não fosse justo, Deus não seria bom. Basta lembrar que consideramos que o juiz que absolveu o Sr. Maléfico dizendo ser bom foi, por nós mesmos, considerado mau.

g) Convencer o homem de que não será punido por suas ações perversas

Enfim, tudo o que o diabo quer, para imprimir o engano no coração dos homens, é que eles desconsiderem a possibilidade de punição. Foi exatamente isso que Satanás disse à Eva: “certamente não morrerás”, ou seja, você não será punida se ignorar a palavra de Deus.

Com essa percepção, o homem se lança livremente à prática do mal, caminhando, assim, para a condenação de Deus, reservada para Satanás, para seus demônios, para os espíritos malignos e para os homens ímpios.

O homem que quer praticar o mal deve se convencer de que aquilo que ele faz não é mal ou que o mal não traz o mal.

Essa é a tarefa de Satanás: cegar o homem de modo que ele perca a noção do mal e de sua respectiva condenação.

Pr. Sólon Lopes Pereira



[1] Satanás tem interesse em enredar tanto justos como ímpios. Os primeiros para desviá-los da verdade e os segundos para que possam servi-lo em seus propósitos.