Indesculpáveis

Indesculpáveis

Após o escândalo envolvendo a liderança da Igreja Cristã Maranata (ICM), atualmente em apuração pelo Poder Judiciário Brasileiro, comecei a receber mensagens de pessoas que procuram demonstrar que isso não as tem afetado. Declaram que estão cientes do erro cometido por algumas pessoas da liderança da igreja, mas que preferem continuar lá basicamente pelos seguintes motivos:

1)    A Igreja Maranata não é culpada pelo erro de seus líderes e está providenciando a disciplina de todos aqueles que falharam;

2)    Estão bem onde estão, obedecendo ao Senhor e não a homens. O pastor local prega o evangelho. Estão realizando a “Obra do Espírito Santo” e vivendo muitas experiências. Sentem a presença de Deus e gozam de muita comunhão com Deus, além de gostarem muito dos louvores ali entoados. Em cada igreja local Deus tem operado de modo especial e os problemas da cúpula não os têm afetado;

3)    Não adianta mudar de denominação, pois em qualquer outra há falhas, uma vez que o todas são compostas por homens, que são, naturalmente, falhos;

4)    É melhor ficar na ICM porque as outras denominações são muito piores. A Igreja Maranata ainda é a melhor opção para quem quer servir a Deus, pois lá não é o homem quem manda. Se saírem da ICM, para onde irão? Para um movimento? Para uma tradição? Para o mundo? Entre ficar em uma denominação boa, mas com problemas como qualquer outra, e ir para o mundo, a primeira opção é incomparavelmente melhor;

5)    As pessoas que saem da ICM, mostram-se desobedientes ao Senhor e acabam perdidas e, muitas, ficam revoltadas e com sérios problemas;

Ouvindo todos esses argumentos, repetidas vezes, decidi analisar essas afirmações à luz da palavra de Deus, especialmente por causa das comparações com outras denominações.

Em nenhum momento da minha avaliação deixei de considerar o quanto os membros da Igreja Cristã Maranata são sinceros em sua busca ao Senhor, dedicados à igreja, bem-intencionados e amados por Deus.

De antemão, já sabemos que não podemos negar as experiências espirituais de ninguém, mas por que não as questionar para saber se procedem de Deus realmente? Se fizermos isso por amor, podemos confiar que boa parte das sementes lançadas um dia brotarão. Muitas pessoas que hoje aceitam o meu testemunho e instrução bíblica já se opuseram fortemente às minhas palavras.

Sim, com o passar do tempo e com a mudança das circunstâncias, diversas pessoas percebem que os melhores amigos são aqueles que nos falam com sinceridade e verdade. Quando confrontamos as pessoas queremos apenas o bem delas e não criar contendas ou inimizades. Há alguns anos, recebi em minha casa a visita de um diácono da Igreja Maranata. Por horas a fio eu respondi às suas perguntas e, sempre que ele se sentia confrontado pela verdade, contava-me uma de suas várias experiências sobrenaturais para me mostrar o quanto Deus estava agindo na vida dele e na sua igreja. Quando ele saiu, eu pensei que tinha perdido meu tempo, mas o tempo passou e as circunstâncias mudaram. Hoje, esse diácono é um pastor da Comunidade Evangélica Entre as Nações.

Proponho-me, portanto, neste texto, a levar o leitor a colocar sob prova suas sensações e experiências pessoais para ver se resistem ao teste da palavra de Deus. Em seguida vou apresentar alguns argumentos que mostram o quanto a Igreja Cristã Maranata tem-se afastado da vontade de Deus e dos princípios cristãos, ao permitir “dois pesos e duas medidas” em suas ações, além de ser um ambiente formador de inimizades entre irmãos. Também, pretendo avaliar se as denúncias de corrupção na presidência da Igreja Maranata têm fundamento em perseguição religiosa e, por fim, passarei a avaliar os argumentos daqueles que pensam que podem servir a Deus e realizar a “Obra do Espírito Santo” em um ambiente sem ser afetados pelo comportamento de sua liderança quando se desviam da palavra de Deus.

Sensações e experiências

Se pretendemos, realmente, ser discípulos de Jesus, e estamos dispostos a corrigir desvios da palavra de Deus em nossas vidas e em nossas práticas, a primeira coisa a fazer é uma reflexão sobre o quanto estamos nos deixando levar por sensações e experimentalismos em nossas religiosidades cristãs.

Não podemos desconsiderar que o fundamento da nossa fé é a palavra de Deus. Por isso, admitir qualquer experiência pessoal ou sensorial extrabíblica, por mais real que seja, simplesmente nos torna incoerentes. Se cremos nas escrituras sagradas, devemos aceitar e praticar suas instruções, rejeitando tudo o que delas exceder. Essa foi a recomendação do apóstolo Paulo aos Gálatas, senão vejamos:

“Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema.” (Gálatas 1:8 RA)

A única fonte segura para que tenhamos certeza da operação e aprovação de Deus é a sua santa palavra. Qualquer fato que atue nos seus sentidos ou ao seu redor, ainda que seja real e sobrenatural, deve ser rechaçado se não estiver em harmonia com a palavra de Deus.

Quem já tentou falar sobre a “imitação de Cristo” a um crente seguidor da “teologia da prosperidade” sabe do que eu estou falando. Por mais textos bíblicos estruturados que você apresente, de nada adiantará, pois ele tem uma experiência pessoal firmada em alguns poucos versos bíblicos do Novo Testamento (distorcidos), uma passagem chave em Malaquias e uma série de exemplos de homens prósperos do Velho Testamento. Além disso, ele é a “prova viva” de que todas as heresias que aprendeu com seus mestres funcionam na prática. Não bastasse isso, ele não está sozinho. Há um enorme número de pessoas apresentando seus testemunhos sobre o modo como foram “fiéis a Deus” nos dízimos e nas ofertas e saíram da pobreza para a riqueza.

Por isso, ele não tem a menor dúvida de que ele está no lugar certo, mesmo que a televisão apresente seu líder maior ensinando seus pastores a explorar os fiéis.

Sim, a experiência pessoal “com Deus” é tão forte que aqueles que a vivem são capazes de abandonar a bíblia e evitar as passagens que contrariem suas sensações e crenças.

Também, é bom lembrar que nos tempos atuais estamos cercados de pessoas testemunhando suas sensações ao participar de seus rituais religiosos. Afirmam que sentiram uma alegria invadindo o seu coração, sentiram ondas de calor, faltou-lhes forças para ficar em pé, experimentaram êxtases que os levaram a sapatear, dançar freneticamente e a girar sem parar. Se perguntarmos a essas pessoas o que aconteceu com elas, certamente dirão que sentiram uma presença de Deus inigualável e quase indescritível. De fato, isso é tão real que ninguém é capaz de negar, nem quem assiste e nem quem foi afetado por essas sensações. E a bíblia? Se houver algum texto que apoie essas coisas, muito bem. Se não, paciência! Afinal, todos, sem exceção, relutam em negar suas experiências sensoriais, mesmo que não encontrem fundamento bíblico para elas.

Estou certo de que nenhum cristão evangélico aceitará como proveniente de Deus uma dessas experiências citadas se for contada por alguém que a teve em um terreiro de candomblé. Embora não possamos negá-la, dadas suas evidências de êxtase e os relatos da pessoa que a experimenta, o crente em Jesus provavelmente a rejeitará. O mesmo ocorre quando um cristão católico carismático relata suas sensações e experiências espirituais sobrenaturais, inclusive com línguas estranhas, profecias e milagres. Qualquer cristão evangélico terá dificuldades para aceitar essas experiências, uma vez que entende que Deus não pode operar onde a idolatria está presente.

Até mesmo os cristãos evangélicos mais tradicionais duvidam de algumas experiências dos neopentecostais porque entendem que algumas operações não podem vir de Deus, uma vez que se parecem místicas.

O fato é que todos aqueles que possuem experiências espirituais pessoais tornam-se fechados para qualquer tentativa nossa de mostrar-lhes a verdade. Esta é a grande dificuldade que temos, por exemplo, para falar do “único caminho” (Jesus) a um católico carismático. Se ele tem uma experiência pessoal em que Maria falou com ele, provavelmente nenhum texto bíblico o convencerá de que sua experiência não se coaduna com a palavra de Deus.

O mesmo ocorre com qualquer outro religioso que fundamente a sua fé em “experiências pessoais com Deus”, seja no budismo, no espiritismo, no candomblé, na seicho no ie etc. Quando tentamos comunicar algumas verdades bíblicas a essas pessoas, somos considerados ofensivos e agressores de sua fé.

Por essa razão, sempre que alguém me diz que está bem e feliz onde congrega, eu não ouso dizer-lhe que ele pode estar equivocado. Eu sei que, nesses casos, meus argumentos, por mais que estejam biblicamente bem amparados, serão simplesmente desconsiderados. Por isso, normalmente, essas pessoas experimentalistas só darão ouvidos à palavra de Deus, após sofrerem alguma grande decepção, seja com as pessoas em quem confiavam, seja com seus próprios sentidos.

Provando as experiências espirituais pessoais

Para começarmos a refletir sobre nossas experiências sensoriais, espirituais ou sobrenaturais, podemos, então, fazer as seguintes perguntas:

a)    por que não aceitamos a experiência sobrenatural do espírita?

b)    por que não aceitamos a experiência espiritual do católico carismático?

c)    por que não aceitamos algumas experiências místicas do evangélico neopentecostal?

Para sabermos se somos coerentes em nossas aplicações bíblicas, devemos pensar nas razões pelas quais rejeitamos uma operação de línguas em uma reunião católica carismática e a aceitamos em um meio onde as pessoas não praticam o amor ao próximo. Seria a imagem de escultura um impeditivo para a operação de Deus e a inimizade e a falsidade não?

O fato é que eu já ouvi manifestação do “dom de línguas” e “visões” operadas por meio das próprias pessoas que, pouco antes, estavam ensinando os ouvintes a virar as costas para um irmão porque ele havia deixado aquela denominação para frequentar outra. É possível que Deus se manifeste favoravelmente em um meio onde não haja a manifestação do amor e do respeito ao próximo? É possível ao Espírito Santo operar graciosamente em um ambiente corrupto, cheio de vaidades, dissensões e facções? Seria possível jorrar de uma mesma fonte água doce e amarga? Vejamos a advertência da palavra de Deus:

“10 De uma só boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não é conveniente que estas coisas sejam assim. 11  Acaso, pode a fonte jorrar do mesmo lugar o que é doce e o que é amargoso? 12  Acaso, meus irmãos, pode a figueira produzir azeitonas ou a videira, figos? Tampouco fonte de água salgada pode dar água doce. 13 Quem entre vós é sábio e inteligente? Mostre em mansidão de sabedoria, mediante condigno proceder, as suas obras. 14  Se, pelo contrário, tendes em vosso coração inveja amargurada e sentimento faccioso, nem vos glorieis disso, nem mintais contra a verdade. 15  Esta não é a sabedoria que desce lá do alto; antes, é terrena, animal e demoníaca. 16  Pois, onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins.” (Tiago 3:10-16 RA)

Estou certo de que uma pessoa que convive em um ambiente cristão que dissemina inimizades e ali vive experiências pessoais não aceitará esta palavra, mesmo sendo assim tão objetiva. Mas, isso não é privilégio de poucos. Os católicos, os espíritas e os umbandistas, que fazem oferendas aos seus ídolos, também não aceitam a palavra do Senhor quando ela afirma que a operação espiritual que eles experimentaram não pode ter vindo da parte de Deus. Aqueles que obtiveram, por exemplo, cura ao fazer oferendas ao seu “santo” dificilmente aceitarão que você afirme que suas oferendas foram recebidas por demônios.

“19 Que digo, pois? Que o sacrificado ao ídolo é alguma coisa? Ou que o próprio ídolo tem algum valor? 20  Antes, digo que as coisas que eles sacrificam, é a demônios que as sacrificam e não a Deus; e eu não quero que vos torneis associados aos demônios. 21  Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios.” (1 Coríntios 10:19-21 RA)

O que fazer então? Quem é sábio, entenda! Melhor é ficar com a palavra de Deus, mesmo que a nossa razão, a nossa lógica, os nossos sentidos e o nosso coração nos dê informações diferentes. Somente poderemos confiar na palavra de Deus quando deixarmos de confiar em nossos corações, que são enganosos.

Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” (Jeremias 17:9 RA)

Por isso, não há outra coisa a fazer senão enfrentarmos nossas experiências pessoais com dúvidas, confrontando-as com a palavra de Deus, assim como era a prática dos bereianos:

“Ora, estes de Beréia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim.” (Atos 17:11 RA).

Sim, é difícil, mas temos que levar a sério o que a palavra de Deus nos diz. Somos ensinados até mesmo a rejeitarmos a visitação de um anjo, caso ele nos ensine um evangelho diferente do que nos foi anunciado por Paulo.

“Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema.” (Gálatas 1:8 RA)

Assim, temos que suspeitar até mesmo dos líderes religiosos que se apresentam fazendo sinais e prodígios, caso suas obras não sejam condizentes com o fruto do espírito, pois Paulo teve o cuidado de nos advertir que até mesmo Satanás se apresenta como um anjo de luz para levar pessoas ao engano.

“13 Porque os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, transformando-se em apóstolos de Cristo. 14  E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz. 15  Não é muito, pois, que os seus próprios ministros se transformem em ministros de justiça; e o fim deles será conforme as suas obras.” (2 Coríntios 11:13-15 RA)

É importante observar que Paulo nos diz que o fim desses “ministros de justiça” será conforme as suas obras, pois o próprio Senhor Jesus nos disse que os falsos profetas são lobos em pele de ovelha infiltrados no meio do rebanho e que nós só os poderíamos distinguir se observássemos suas obras, que certamente são carnais. Esses não praticam os ensinamentos de Jesus.

“21 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. 22  Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? 23  Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade. 24  Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha;” (Mateus 7:21-24 RA)

Então, o que fazer se percebemos que estamos andando em um caminho errado? Se percebemos que estamos no caminho das sensações e do experimentalismo?

O que fazer se notarmos que estamos no caminho por onde seguem as pessoas que não praticam verdadeiramente e corajosamente os ensinamentos de Jesus?

Há caminho que parece direito ao homem, mas afinal são caminhos de morte.” (Provérbios 16:25 RA)

Pode ser difícil, mas a única coisa inteligente a se fazer é voltar imediatamente!

Cada passo na direção errada aumenta a distância do ponto de partida para o caminho certo. Por isso, muitas pessoas que se demoram em decidir abandonar o caminho do antievangelho demoram muito mais para chegar na estaca zero, para começar de novo.

Então, eu devo deixar a denominação cristã que não pratica os ensinamentos de Jesus, mesmo que ali haja abundante manifestações de dons espirituais e eu tenha vivido ali muitas experiências pessoais sensoriais e sobrenaturais?

Devemos ser sinceros. Quando pregamos para um espírita ou para um católico carismático praticante, mesmo que ele nos diga que está bem onde está; que lá ele tem muita comunhão com Deus e com seus fraternos; que seu líder é comprometido com o evangelho de Jesus; que ele é um cristão como nós; que lá ele está servindo a Deus; que ele tem muitas experiências inegáveis com Deus; desejamos que ele saia de lá?

Se sim, por quê?

Porque sabemos que eles pecam contra Deus em pontos fundamentais de sua santa palavra e que isso é suficiente para que o Diabo os prendam no engano e os conduza à condenação eterna. Por mais pontos positivos e comuns que suas doutrinas guardem com a palavra de Deus, há apenas algumas práticas que colocam todo o resto a perder.

Agora, devemos responder mais esta pergunta:

Será que nossa denominação pratica, dissemina ou estimula algum ensinamento tão contrário à vontade de Deus que isso seja o suficiente para anular todas as virtudes que ela possa ter ou até mesmo atrair a operação do erro?

Talvez devêssemos começar nossa avaliação pelos mandamentos de Jesus e não por modelos de culto, usos e costumes ou coisas parecidas, pois o próprio Jesus disse que dos seus dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas. Então, seguem alguns textos para o início das reflexões:

“37 Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. 38  Este é o grande e primeiro mandamento. 39  O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. 40  Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.” (Mateus 22:37-40 RA)

"15 Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que todo assassino não tem a vida eterna permanente em si." (1 João 3:15)

Visto isso, antes de defendermos nossa crença, apresentando nossas experiências e sensações espirituais, temos de investigar as fontes das nossas experiências.

Se não praticamos os ensinamentos de Jesus e se estamos inseridos em uma religião que negligencia os principais mandamentos de Jesus, toda a nossa experiência deve ser questionada, por mais estranho que isso possa parecer.

Do ponto de vista de Jesus e da salvação, não há diferença entre um feiticeiro (espírita), um idólatra e um homem que odeia e ofende o seu irmão. Todos estes incorrem em erros de mesma gravidade, senão vejamos:

"22 Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo." (Mateus 5:22)

"10 Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica justiça não procede de Deus, nem aquele que não ama a seu irmão. " (1 João 3:10)

"14 Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras [no sangue do Cordeiro], para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas. "15 Fora ficam os cães, os feiticeiros, os impuros, os assassinos, os idólatras e todo aquele que ama e pratica a mentira. " (Apocalipse 22:14-15)

Ora, se fomos capazes de responder, com honestidade, as perguntas feitas até aqui, então já temos elementos suficientes para confrontar nossas experiências e sensações com a palavra de Deus.

“23 Ora, o seu mandamento é este: que creiamos em o nome de seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o mandamento que nos ordenou. 24 E aquele que guarda os seus mandamentos permanece em Deus, e Deus, nele. E nisto conhecemos que ele permanece em nós, pelo Espírito que nos deu. 4:1 Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora.” (1 João 3:23; 4:1 RA)

Se ainda estamos resistentes e nem mesmo queremos enfrentar essas questões, nunca teremos segurança suficiente para afirmar, sem medo de errar, que temos uma experiência verdadeira com o Espírito Santo de Deus.

Agora, se você, leitor, é membro da ICM e está disposto a confrontar suas crenças, prossiga nesta leitura. Caso contrário, abandone-a aqui mesmo, para que você não se irrite com seu irmão que apenas quer ajudá-lo a provar seus conceitos e pré-conceitos à luz da palavra de Deus.

Dois pesos e duas medidas

Nada mais injusto do que alguém que não usa o mesmo critério para tratar pessoas que se encontram em iguais condições. A palavra de Deus sempre foi radicalmente contra esse tipo de comportamento.

"10 Dois pesos e duas medidas, uns e outras são abomináveis ao Senhor." (Provérbios 20:10)

"11 Peso e balança justos pertencem ao Senhor; obra sua são todos os pesos da bolsa." (Provérbios 16:11)

Certamente, cada membro com mais tempo de Igreja Maranata já observou que há pesos desiguais em alguns julgamentos e decisões de sua liderança. Isso pode ser notado nas ocupações de cargos na igreja e na disciplina que parece mais dura com uns do que com outros. Obviamente, todas essas injustiças se transformam em “justiças”, sob o manto da “revelação”, de modo que todos passam a crer que essa é a vontade de Deus. Assim, quem ousa questionar?

Mas, e quando se nota que foram utilizados pesos e medidas desiguais? Devemos crer que Deus está ordenando a prática daquilo que a bíblia diz que ele abomina?

Apenas a título de ilustração, podemos notar que o tratamento conferido ao presidente da ICM quando do escândalo de desvio de recursos da igreja foi bem diferente do tratamento normalmente conferido aos demais pastores quando sobre eles se levantam suspeitas, quaisquer que sejam.

Quantos homens, com suas esposas, foram vítimas de sentenças sumárias, amparadas por revelações, para disciplina eterna e até mesmo exclusão da igreja, por fatos de muito menor significância?

Quem não conhece o caso do Pr. Fonseca, que foi humilhado publicamente porque mandou os jovens declararem que amavam a Jesus? Reuniu-se o povo de Deus no Maanaim/DF para sentenciar o “pecador” que nem mesmo pode se defender diante daqueles que o acusavam.

E o que dizer do Pr. Olímpio? Depois de servir por toda a sua vida à Igreja, foi sentenciado, também no Maanaim/DF, sem direito de defesa, porque estava tentando libertar pessoas oprimidas pelo Diabo.

Quem conhece os procedimentos regulares da ICM, sabe que apenas a suspeita, ou denúncia anônima que coloque em dúvida a conduta de um membro, é o suficiente para que ele seja afastado de todas as suas funções sem qualquer explicação, para se proteger a “Obra” de escândalos.

Mas, e quando o caso é de corrupção? E se a corrupção ocorrer no seio da Presidência da Igreja?

Curiosamente, o mesmo peso e a mesma medida não foram utilizados na questão do escândalo de desvio de dízimos da Igreja Maranata. O tratamento, nesse caso, não foi igual ao conferido aos demais membros. Veja-se que suspeitas graves foram levantadas sobre a conduta do Presidente da Igreja, mas “Deus” dessa vez não revelou o afastamento e a repreensão do acusado como sempre fez em relação aos outros. Foi necessário que o Poder Judiciário o fizesse.

Isso é o que a bíblia chama de “dois pesos e duas medidas”.

Inimizades em expansão

No final do ano de 2011, começaram a circular por e-mail algumas denúncias anônimas sobre a corrupção que estava acontecendo na Presidência da Igreja Maranata.

Estranhamente, o denunciante, tornou-se o vilão. Aquele que se levantou contra a corrupção foi duramente rechaçado e considerado como inimigo. Daí surgiram muitas contendas e outras inimizades entre irmãos. Em vários lugares há grupos de dissidentes formados com ex-maranatas.

Deus está neste negócio?

"19 Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, "20 idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, "21 invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam." (Gálatas 5:19-21)

"15 Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores. "16 Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? "17 Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus. "18 Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons. "19 Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. "20 Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis. " (Mateus 7:15-20)

Se formos sinceros, teremos que admitir que não há culto que possa agradar a Deus ou contar com sua manifestação se estamos em um ambiente que cultiva inimizades, contendas, iras, porfias e facções.

Ausência de princípios ensinados por Jesus

Perdão e amor

Uma igreja que não consegue perdoar seus ofensores e ainda busca vingança e os leva aos tribunais terrenos mostra o quanto se afastou dos princípios de Jesus, especialmente do seu mandamento de amar o próximo.

“28 (...), perguntou-lhe: Qual é o principal de todos os mandamentos? 29  Respondeu Jesus: O principal é: (...) 30  Amarás, pois, o Senhor, teu Deus (...) 31  O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.” (Marcos 12:28-31 RA)

“38 Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por dente. 39 Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra;” (Mateus 5:38-9 RA)

“1 Aventura-se algum de vós, tendo questão contra outro, a submetê-lo a juízo perante os injustos e não perante os santos? (...) 4  Entretanto, vós, quando tendes a julgar negócios terrenos, constituís um tribunal daqueles que não têm nenhuma aceitação na igreja. 5  Para vergonha vo-lo digo. Não há, porventura, nem ao menos um sábio entre vós, que possa julgar no meio da irmandade? 6  Mas irá um irmão a juízo contra outro irmão, e isto perante incrédulos! 7  O só existir entre vós demandas já é completa derrota para vós outros. Por que não sofreis, antes, a injustiça? Por que não sofreis, antes, o dano? 8  Mas vós mesmos fazeis a injustiça e fazeis o dano, e isto aos próprios irmãos!” (1 Coríntios 6:1, 4-8 RA)

Se uma igreja não consegue perdoar e amar, como poderá ensinar sobre o perdão e sobre o amor? Se não tem autoridade para falar sobre o perdão e sobre o amor, como poderá identificar-se com Jesus? Como poderá apontar o caminho do céu?

se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas.” (Mateus 6:15 RA)

“21 Então, Pedro, aproximando-se, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes? 22 Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete.” (Mateus 18:21-22 RA)

“e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave.” (Efésios 5:2 RA)

Humildade

Também, é bom lembrar que o evangelho de Jesus é incompatível com a soberba. Somente os humildes podem se dizer discípulos de Cristo. Entretanto, não percebemos nenhuma humildade por parte da liderança da ICM diante dos fatos que lhe sobrevieram. Desde o começo, ao invés de reconhecerem o erro, inclusive da presidência que deixou de cobrar prestações de contas anuais, não se ouviu um só pedido de perdão aos membros que foram lesados. Ao contrário, seus líderes mantiveram a pose de imaculados e não reconheceram suas falhas. Ora, a humildade é uma das principais virtudes de um discípulo de Cristo. Se essa virtude não for encontrada em algum cristão, alguma coisa não está certa.

O SENHOR é excelso, contudo, atenta para os humildes; os soberbos, ele os conhece de longe.” (Salmos 138:6 RA)

Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.” (Mateus 5:3 RA)

Denúncias de corrupção e escândalo

Acompanhando as últimas notícias sobre a prisão dos líderes da Igreja Maranata, percebi que seus membros foram levados a acreditar que estaria ocorrendo uma perseguição religiosa.

É bom destacar que quando Jesus falou sobre as perseguições que sobreviriam aos seus discípulos referia-se a perseguições em razão da pregação do evangelho e não em razão de atitudes incompatíveis com a palavra de Deus (Mt 5:11-12). Se alguém anda na contramão do evangelho e for perseguido pela polícia, não deve confundir as coisas. A palavra da bem-aventurança não se aplica nessas circunstâncias. O que se aplica neste caso são as leis humanas. Se alguém infringe as leis do país torna-se merecedor do que recebe, pois cada um colhe o que planta e não há nada encoberto que não venha ser revelado, segundo a palavra de Deus.

“11 Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. 12  Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.” (Mateus 5:11-12 RA)

“Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará.” (Gálatas 6:7 RA)

Curiosamente, até mesmo pessoas inteligentes e esclarecidas passaram a atacar a mídia afirmando que ela teria sido comprada e que só estava pensando em vender mais jornais. Sim, de fato, quanto mais jornais venderem melhor para eles. Mas, neste caso, é bom lembrar que o Ministério Público e o Poder Judiciário Brasileiro não estão à venda. A sentença de prisão dos pastores da Maranata está muito bem fundamentada e disponível nas redes sociais para quem quiser ver. Lendo a sentença, percebe-se que sobejaram fundamentos para aquela medida judicial e que não há qualquer relação com questões religiosas, mas com um descumprimento da lei brasileira.

É bom destacar que o juiz tem como paradigma a lei e a justiça e não pode ter qualquer paixão envolvida.

Disso tudo, concluímos que a Igreja Maranata, que sempre procurou zelar pelo testemunho cristão imaculado, distanciou-se de tal modo dos conselhos de Jesus que provocou um escândalo que deu aos ímpios maiores motivos para escarnecerem do evangelho de Jesus e da fé cristã.

“23 Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei? 24  Pois, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por vossa causa.” (Romanos 2:23-24 RA)

Isso não é comigo

Como vimos no início deste texto, há quem pense que pode estar bem em um lugar onde as estruturas fundamentais estão comprometidas, pelo menos do ponto de vista da palavra de Deus. Já vimos que esse é o pensamento de muitas outras pessoas de seguimentos religiosos diferentes e nem por isso podemos entender que Deus esteja apoiando tais coisas.

A Igreja Maranata não é culpada pelo erro de seus líderes?

Aqui surge uma questão interessante: quem governa a Igreja Maranata? Se é o Espírito de Deus, por que ele não revelou a corrupção que vinha operando na Presidência da igreja havia cinco anos? Ao que parece, o Espírito Santo não conseguiria se impor sobre a liderança da igreja, mesmo que quisesse, de modo que fica claro que quem manda é o presidente da instituição.

 Onde estava o “profeta Natã” (2 Sm 12:1-13) enquanto o povo estava sendo furtado? Será que se ele aparecesse para repreender o Presidente da Maranata seria tratado como Davi o tratou ou seria expulso da sua presença e ainda amaldiçoado e ridicularizado diante do povo (videoconferência) para afetar sua moral e para que ninguém viesse a dar ouvidos às suas denúncias?

Essa é a questão. Seria possível dissociar a Igreja Maranata de sua forte liderança? Será que uma revelação de Deus dada a um membro qualquer teria o poder de promover o afastamento da presidência da Igreja Maranata? É bom lembrar que jamais alguma revelação contrária aos interesses da liderança da igreja prosperou. Também, nota-se que a própria Presidência demonstra total controle sobre seus membros em todo o mundo. A seu favor, tem modernos meios de comunicação e os utiliza para manter tudo sob controle. Por meio de videoconferência é capaz de difamar qualquer um que aponte seus desvios e ainda convencer todo o povo, inclusive pessoas inteligentes, de que tudo que está acontecendo é uma perseguição religiosa. Se um comportamento desses não pode proceder de Deus, então, quem manda?

Portanto, uma vez que não é possível dissociar a cabeça do corpo, não há como um estar doente e o outro saudável ou, ainda, um ser culpado e o outro inocente. A maioria dos fiéis da Maranata sabem bem o que está acontecendo e, mesmo assim, não buscam por mudanças efetivas. Logo, são coniventes com toda a injustiça, com a ausência de princípios bíblicos e com a soberba de sua liderança.

Conivência

Em tese, quem apoia e defende infiéis, injustos e corruptos não pode ser chamado de justo. Quem assim faz, mesmo que indiretamente, está apoiando um antievangelho. Se não faz por ação, o faz por omissão. Tanto a ação quanto a omissão são igualmente condenáveis.

Pois bem, para quem tem consciência do quanto sua liderança está afastada dos caminhos do Senhor resta uma definição para sua inércia e comodismo: conivência. De nada adianta ao membro dizer que serve a Deus se está seguindo as ordens de uma liderança afastada dos princípios ensinados por Jesus. Veja o que nos ensina o apóstolo Paulo:

“Não sabeis que daquele a quem vos ofereceis como servos para obediência, desse mesmo a quem obedeceis sois servos, seja do pecado para a morte ou da obediência para a justiça?” (Romanos 6:16 RA)

É bom lembrar que Deus não é conivente com o pecado de ninguém. No passado, revelou o pecado dos seus filhos amados quando eles erraram. Deus poderia ter silenciado e orientado seus servos a registrarem somente as boas obras dos seus escolhidos. Note que Deus não ocultou o pecado de Moisés (Nm 20:11-12), o grande líder do povo hebreu. Também, não ocultou o pecado do sacerdote Arão (Nm 12:1-9), da profetiza Miriã e nem do grande Rei Davi (2 Sm 12:1-9).

Antes, os expôs e nos deixou o ensino de que é melhor reconhecer o erro e confessar o pecado com coração arrependido do que ocultá-lo. Quando não seguimos os princípios de Deus perdemos a oportunidade de sermos remidos e tratados. E, mais cedo ou mais tarde, o pecador ficará exposto e terá que responder pelos seus atos, pois Deus não é conivente com o erro de ninguém.

Devemos observar, também, que, do mesmo modo que Deus não compactua com o erro de seus escolhidos, ele determinou que não sejamos coniventes com o erro de ninguém, para que não nos tornemos dignos do mesmo juízo do pecador.

“Quando alguém pecar nisto: tendo ouvido a voz da imprecação, sendo testemunha de um fato, por ter visto ou sabido e, contudo, não o revelar, levará a sua iniqüidade;” (Levítico 5:1 RA)

Esta é a questão essencial: o conhecimento. Deus não exige nada de quem não tem o conhecimento do erro. Entretanto, quando o erro se torna conhecido por nós, passamos a ser coniventes se não agimos para repudiá-lo. Se nos calamos, nos conformamos e buscamos nosso conforto dizendo que “isso não me diz respeito”, nos tornamos corresponsáveis juntamente com o pecador e estamos sujeitos às mesmas consequências daquele pecado.

Ora, se não é possível mudar as estruturas corrompidas, resta um conselho de Deus para que não nos tornemos cúmplices de seus pecados:

"21 Ninguém costura remendo de pano novo em veste velha; porque o remendo novo tira parte da veste velha, e fica maior a rotura." (Marcos 2:21)

"4 Ouvi outra voz do céu, dizendo: Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos;" (Apocalipse 18:4)

O sapo na água quente

Jesus estava bem onde estava, na glória com seu Pai, mas aceitou o desafio por amor do homem e veio a este mundo para sofrer pela nossa salvação. Se Jesus fosse um acomodado ou covarde, o que seria de nós?

Embora a acomodação seja uma tendência da nossa natureza terrena, devemos resistir a ela. Se não fizermos isso, procuraremos desculpas para ficar onde estamos e como estamos. Há crentes que não estão vendo pessoas se convertendo onde estão, mas isso não os incomoda. Também, há aqueles que não se importam com o afastamento gradual de sua liderança de Deus. Antes, preferem ficar quietos e, de preferência, sem ser incomodados por ninguém.

Estes, estão como o sapo na água quente.

Se um sapo for jogado num recipiente com a água já fervendo ele salta imediatamente para fora. Sai ferido, mas vivo.

Entretanto, estudos biológicos mostram que um sapo colocado num recipiente com a mesma água de sua lagoa, fica estático durante todo o tempo em que aquecemos a água, mesmo que ela ferva. O sapo não reage ao gradual aumento de temperatura (mudanças de ambiente) e morre quando a água ferve. Inchado e feliz.

Há crentes que não tomam atitudes que devem ser tomadas em relação ao pecado, à conivência com o pecado e à mornidão espiritual. Esses preferem não perceber as mudanças do ambiente e quando acordam é bastante tarde. Acham que está tudo muito bom, ou que o que esta mal vai passar logo - é só questão de tempo. Muitos, quando se dão conta do que está acontecendo já estão prestes a morrer, boiando, estáveis e apáticos, na água que se aquece a cada minuto.

O desafio nesta hora é a humildade. Um grito e o socorro vem! É melhor sair chamuscado do que morto. Mas, para o soberbo, pedir socorro é humilhante. Ele prefere morrer. Enquanto a água aquece lentamente ele diz: estou confortável. Deus tem me abençoado.

Para quem acredita que Deus pode operar em meio à injustiça, em meio a arrogância, em meio a inimizades, fica o alerta: está na hora de acordar! Suas experiências podem ser falsas.

Quanto àqueles que dizem que todas as igrejas são falhas, é bom lembrar que há falhas e falhas. Uma coisa é o erro que se opera na ignorância ou por falta de experiência. Outra coisa bem diferente é o pecado sem arrependimento. Estar em um lugar onde as pessoas erram, mas reconhecem seus erros e se arrependem é muito diferente do que estar em um lugar onde as pessoas erram, tentam esconder seus erros e quando são descobertos colocam a culpa nos outros.

Em relação aos que pensam que não existe nada melhor do que a Igreja Maranata e que não têm para onde ir, pois quem sai acaba no misticismo, no movimento ou no mundo, é bom que acordem enquanto é tempo! Sei que isso pode parecer duro, mas estar na ICM ou na Igreja Católica é a mesma coisa. Cada um tem a sua idolatria. Os católicos adoram imagens e a ICM adora a “Obra”. Trata-se, na verdade, de uma auto adoração, já que “Obra” significa ICM. Isso só revela outros pecados: vaidade, soberba e amor próprio exacerbado. Além disso, a Igreja Maranata não pratica um importante princípio bíblico: “mais bem aventurado é dar do que receber”.

Afora a sua Fundação, que nem mesmo sabemos a quem atende, a ICM não ajuda ninguém. Assim, revela-se avarenta, soberba e sem misericórdia. Ora, a bíblia condena tanto a idolatria dos católicos como a idolatria dos avarentos.

“Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é mister socorrer os necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem-aventurado é dar que receber.” (Atos 20:35 RA)

"5 Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria;" (Colossenses 3:5)

Bom, se os membros da Maranata acham que a idolatria leva ao inferno, assim estão anunciando suas próprias condenações. Se não eliminarem a idolatria de suas vidas, estar na ICM, no mundo, no espiritismo ou na Igreja Universal será a mesma coisa.

Pensar que estar na Igreja Maranata é melhor que estar em qualquer outro lugar que leve o homem à perdição nada mais é que presunção. Há pessoas que estão no mundo e não desonram seus pais e não os abandonam por amor à “Obra”. Há pessoas que estão no mundo e não são soberbos. Há pessoas que estão no mundo e não são facciosos. Há pessoas que estão no mundo e não compactuam com a corrupção. Há pessoas que estão no mundo e não desprezam o próximo. Há pessoas que estão no mundo e sabem amar alguém que não seja do seu círculo de relacionamentos.

Mas, e quanto à salvação? Não adianta ser membro de uma igreja se não somos discípulos de Cristo. A fé sem atitudes (obras) é morta. Nem todo aquele que diz “Senhor, Senhor” entrará no reino de Deus, mas o que faz a vontade do Pai que está no céu.

“Porque, assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta.” (Tiago 2:26 RA)

Se temos que sofrer, que soframos por não compactuar com o pecado e por falar a verdade. Aí, sim, seremos bem aventurados.

"11 Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós." (Mateus 5:11)

Quanto aos que pensam que estão realizando a “Obra do Espírito”, é bom saber que isso não é possível ao homem, uma vez que somente o Espírito pode realizar a obra que lhe foi designada. O máximo que podemos fazer é a VONTADE DE DEUS. E como podemos imaginar que estamos fazendo a vontade de Deus quando não estamos observando sua palavra?

Por fim, quanto àqueles que pensam que quem sai da ICM fica perdido, revoltado e com sérios problemas, é bom lembrar que grande parte dos conflitos de quem sai nada mais é que a erupção de tudo o que estava preso em seus corações. Quanto mais tempo ficam na ICM, mais dificuldades têm de ser verdadeiros discípulos de Jesus no futuro.

Conclusão

Este panorama é apenas um ponto de partida para que cada leitor faça suas avaliações sobre as atitudes certas a tomar ao longo da sua vida cristã, lembrando que, do mesmo modo que as evidências da criação tornam os homens indesculpáveis acerca da existência de Deus, de igual modo cada leitor é indesculpável se preferir ignorar os indícios de que algo não vai bem com a Igreja Maranata.

“Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis;” (Romanos 1:20 RA)

Evidentemente, essas críticas podem ser úteis, caso a Igreja Maranata queira se reerguer e voltar a se aproximar de Deus, praticando a humildade, o perdão, o amor ao próximo, o altruísmo e abandonando a idolatria, a soberba, a vaidade, as facções e as dissensões.

 

Por: Pr. Sólon Lopes Pereira

Em 5 de abril de 2013