Egoísmo

O egoísmo

Nós bem sabemos que é difícil fazer algo de modo desinteressado. Normalmente, só nos movemos por interesses pessoais, ainda que sejam nobres e necessários. Há sempre algum interesse pessoal por trás de nossas ações. Então, onde está o problema? Ele aparece quando buscamos nossos interesses e “passamos por cima” do alheio, como se vivêssemos sozinhos no planeta Terra. É quando buscamos o nosso bem a todo custo, sem procurar saber se nessa empreitada estamos fazendo mal a terceiros.

É bom lembrar que boa parte dos vícios são exacerbações de comportamentos naturais. Na visão do filósofo Aristóteles, virtude e vício diferem apenas em termos de grau e não pela diferenciação de seus princípios. Por exemplo, amor próprio dá-nos um sentido de autopreservação natural, mas quando imoderado, exagerado ou descontrolado pode ser classificado como orgulho, egoísmo ou vaidade, conforme o caso. O egoísmo, portanto, como a própria definição do nosso dicionário nos ensina é “amor excessivo ao bem próprio, sem consideração aos interesses alheios” (FERREIRA, 2010). Logo, trata-se de um vício de comportamento que distorce as mais sinceras intenções de defendermos nossos interesses.

Sabemos que neste mundo temos que conviver em paz com nossos semelhantes, mesmo que os nossos interesses conflitem com os deles. No céu, para onde queremos ir, há igualmente uma multidão de pessoas com quem teremos que compartilhar muitas coisas. Por isso, aqui na terra somos preparados para entrar no céu. A escola é aqui e não lá. E o Mestre já nos deu suas lições teóricas e vários exemplos com sua própria vida.

Agora, nós só precisamos fazer a lição de casa. A mais importante lição de Jesus no sentido de aplacar nosso egoísmo foi exatamente o ensino do amor. Mas, para que não venhamos a confundir o amor bíblico com um simples sentimento, devemos aproveitar o esclarecimento que Paulo nos deixou em 1Co 13:1-13. Nessa passagem, fica bem claro que a essência do amor são as atitudes e, no caso deste ensino, vamos destacar a atitude que combate o egoísmo, qual seja: não buscar nosso próprio interesse, mas o alheio:

"4 O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, 5 não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal;" (1Co 13:4-5, grifo nosso).

Em reforço, podemos apresentar o registro feito por Oliveira (2005, p. 107-108):

Na igreja não existem imposições ou legalismos, mas ao contrário todas as ações devem ser movidas pelo amor genuíno, pela visão das necessidades e pela fé. O impulso para dar nasce da capacidade de cada cristão de se colocar no lugar daquele que está em dificuldades, e dessa experiência vicária brota o desejo de servir, não apenas com os nossos bens, mas também com a nossa própria vida. Imitamos a Cristo, que se colocou em nosso lugar.

Agora que já sabemos que o egoísmo é um vício de comportamento e que o amor é a atitude capaz de eliminá-lo, vamos ver como Jesus tratou com uma das questões que mais causam conflitos de interesse neste mundo: o dinheiro.

Trecho retirado do capítulo 7 do livro "Dízimos e Ofertas: pretextos dos impiedosos"