O ministério pastoral

23/04/2013 23:05

O ministério pastoral é uma bênção de Deus, reservada aos escolhidos de Deus para essa missão.

Reconhecemos a importância e o valor do ministério pastoral, bem como os valores que a ele devem estar jungidos como princípios inarredáveis. Não se pode esperar a mediocridade daquele que almeja o episcopado ou que aguarda o momento de ser confirmado em sua vocação para o ministério pastoral.

Liderança do pastor: o que se espera dele?

Relacionamento e confiança

Esse tópico merece uma ilustração comparativa com os tempos do Rei Davi.  Os primeiros homens, que chegaram no tempo da vergonha, viveram em cavernas e sob a liderança de um homem procedente da casa de Saul. O exército não era bem aparelhado como o de Saul, mas tinha uma liderança invejável. Davi estava pessoalmente envolvido na guerra. Nosso líder está no front da batalha juntamente com seus mais destemidos soldados – não fica de longe dando ordens. Ninguém o segue por obrigação ou constrangimento. Seus seguidores são todos homens livres, mas comprometidos com os mesmos propósitos.

A chave da liderança é estar envolvido pessoalmente na mesma luta que os soldados, dando exemplo e construindo relacionamentos. Todas as boas intenções do mundo não significam coisa alguma se não forem acompanhadas por nossas ações – nossos exemplos. E qual é o ingrediente mais importante num relacionamento bem-sucedido? A confiança – se eu falhar, não serei descartado ou abandonado no campo de batalha. Confiança é a cola que gruda os relacionamentos.

Jesus é o exemplo. O mestre possuía muita influência (autoridade) para conduzir seus discípulos, mas nunca forçou ou coagiu ninguém a segui-lo. Certa vez, perguntou aos discípulos se algum deles queria se retirar – eram livres. Mas, como deixá-lo? Suas palavras eram inigualáveis? Seus exemplos, incontestáveis: amor, respeito, paciência, bondade, humildade, abnegação, perdão, honestidade e compromisso.

Um ministério livre também deve ter essas características.

Eis, portanto, o tipo de liderança que se espera de um pastor. Uma liderança forte, cuja força está no amor, no perdão, no respeito e na segurança. Uma liderança que compreende que erros acontecem. E se acontecerem, as pessoas não precisam ter medo de ser advertidas de forma ríspida, grosseira ou de modo vexatório e público. Sabe-se que, em princípio, um servo de Deus não erra porque quer errar, mas por ignorância ou porque é falho e imperfeito em sua própria essência. Por isso, o Senhor valorou tanto o amor e o perdão!


 

Bondade

O pastor deve estar consciente de que a distância que irá caminhar nesta vida dependerá da sua ternura com os jovens, da compaixão com os idosos, da compreensão com aqueles que lutam, da tolerância com os fracos e com os fortes. Porque algum dia na vida ele já foi, já é, ou vai ser um destes.

Humildade

Não é compreensível que um pastor seja arrogante, soberbo e egoísta. Um líder humilde é aquele que pensa menos a respeito de si mesmo. Espera-se que os pastores sejam líderes autênticos e verdadeiros com as pessoas, sem dissimulação. Ninguém precisa de um líder inchado de orgulho e fixado em si mesmos. Pastores arrogantes que acham que sabem tudo são um estrago para muitas pessoas. Essa arrogância também é uma pretensão desonesta, porque ninguém sabe tudo ou tem tudo. Todos precisam uns dos outros, mas os arrogantes e orgulhosos fingem que não precisam.  Ser humilde é ser real e autêntico com as pessoas e descartar as máscaras.

Respeito

Um pastor deve, também, ser respeitoso, ou seja, tratar as pessoas considerando que todas são importantes para Deus. Ninguém é desprezível aos olhos do Criador. Portanto, além do modo de falar, da atenção dispensada igualmente a todos, não se pode imaginar um pastor que não cumpre com os compromissos assumidos para com as pessoas.

Abnegação

A abnegação é inevitavelmente uma característica de um pastor de verdade. Este, satisfaz as necessidades dos outros antes das suas. Só é preciso esclarecer que satisfazer necessidades não se confunde com satisfazer vontades. Dar às pessoas o que elas legitimamente precisam para seu bem estar espiritual, mental ou físico, não é nenhum mimo. Mas, para suprir as necessidades das pessoas, o pastor deve escolher se deseja ou não se dedicar a elas. O pastor possuidor da verdadeira autoridade é aquele que aprendeu a doar-se, amar, servir e até sacrificar-se pelos outros. O exemplo foi dado por Jesus. É só segui-lo.

Honestidade

A honestidade, também, é uma característica imprescindível ao pastor. As ovelhas não podem estar enganadas a respeito de nada. Conduzir com base no engano é manter alicerces na mentira e isso é próprio do Diabo e não de Jesus, que é a verdade. Omitir informações ou esconder pedaços da verdade podem ser considerados “pequenas mentiras”, socialmente aceitáveis, mas ainda sim são mentiras e, por isso, inaceitáveis em um ministério pastoral. A honestidade implica esclarecer as expectativas das pessoas, tornando-as responsáveis, dispondo-se a transmitir tanto as más notícias quanto as boas, dando às pessoas um retorno, sendo firme, previsível e justo. Em suma, nosso comportamento deve ser isento de engano e dedicado à verdade a todo custo. E isso vale dentro e fora da igreja, ou seja, em todos os negócios desenvolvidos pelo pastor.


 

Compromisso

Não há que se falar em ministério pastoral sem compromisso. Como autoridade é um princípio espiritual, há um elo entre as pessoas e entre as pessoas e Deus. O pastor deve, como líder, estar comprometido, atendendo aos compromissos assumidos, tanto com o escalão de baixo como com o de cima. Se assim não for, provavelmente o pastor abandonará o ministério.

Compromisso, infelizmente, não é uma palavra popular nos dias de hoje. A irresponsabilidade parece ser facilmente justificável nos tempos modernos. Quando não se quer o bebê, aborta-se. Quando não se quer mais o cônjuge, separa-se. Tudo parece descartável. Mas a nossa responsabilidade do pastor com as ovelhas, com seus líderes e com Deus deve ser algo mais estável. O verdadeiro caráter de um pastor se revela quando ele tem que se doar aos agressivos e arrogantes, quando ele é colocado à prova e tem que amar as pessoas com as quais tem pouca afinidade natural. É nessas horas que se descobre a espécie de líder que o pastor é.

Não manipulador

O que dizer da manipulação? É repugnante! Por definição, manipulação é influenciar pessoas para benefício pessoal. O que se espera é o benefício mútuo, ou seja, todo o trabalho desenvolvido deve estar pautado em um benefício comum, onde todos ganham – a obra de Deus se desenvolve e vidas são salvas ao mesmo tempo em que todos os trabalhadores são edificados e supridos em suas necessidades -  “não atarás a boca do boi quando debulha” (Dt 25:4)

Correção e disciplina: quem ama, corrige

Após falar de amor, bondade, perdão, humildade, compromisso responsabilidade, abnegação, honestidade e respeito, é preciso esclarecer que a correção e a disciplina não podem estar desconectadas desses valores.

Primeiramente, é importante afirmar que repreender uma pessoa publicamente significa envergonhá-la perante seus amigos. E quando se humilha alguém em público, a liderança não sai ilesa. Há um prejuízo para a liderança diante de todos aqueles que presenciaram o fato, porque “chicotadas” em público são constrangedoras e horríveis de se presenciar, e as pessoas se perguntam: “quando será a minha vez?”

Neste sentido, uma das formas mais eficientes de fazer perder o bom nível dos relacionamentos é repreender alguém publicamente, pois isso afeta o alto conceito que a pessoa tem de si mesma. E é exatamente por isso que o pastor deve ser muito cuidadoso no exercício da disciplina, com o fim de realizar os ajustes que se fizerem necessários. O custo de uma ação mal sucedida é muito alto. A confiança construída durante anos pode ser perdida em um instante por uma simples indiscrição.

Por isso, toda disciplina, deve estar associada aos valores aqui tratados e nunca deve ser exercida de modo a humilhar as pessoas.


 

Ministério livre: haja responsabilidade!

Sabe-se que os ministérios são concedidos por Deus àqueles que Ele mesmo vocacionou e chamou. Por isso, não se pode desconsiderar os diferentes talentos concedidos aos homens, cada qual segundo a sua particular capacidade. Não é razoável exigir que alguém dê o que não pode dar, mas a função do pastor é estimular que todos possam produzir segundo a sua própria capacidade, sem omissão.

Partindo do princípio que Deus distribuiu dons e talentos aos homens, não se pode criar uma cerca que impeça o desenvolvimento dessas habilidades. O exemplo abaixo é apenas para ilustrar o que pode acontecer com um pastor impedido de exercer seu ministério plenamente.

Ilustração

Uma mãe e um bebê camelo estavam por ali, à toa, quando de repente o bebê camelo perguntou:

- Mãe, mãe, posso te perguntar umas coisas?

- Claro! O que está incomodando o meu filhote?

- Por que os camelos têm corcova?

- Bem, meu filhinho, nos somos animais do deserto, precisamos das corcovas para reservar água e por isso mesmo somos conhecidos por sobreviver sem água.

- Certo, e por que nossas pernas são longas e nossas patas arredondadas?

- Filho, certamente elas são assim parta permitir caminhar no deserto. Sabe, com essas pernas eu posso me movimentar pelo deserto melhor do que qualquer um! - disse a mãe, toda orgulhosa.

- Certo! Então, por que nossos cílios são tão longos? De vez em quando eles atrapalham minha visão.

- Meu filho! Esses cílios longos e grossos são como uma capa protetora para os olhos. Eles ajudam na proteção dos seus olhos quando atingidos pela areia e pelo vento do deserto! - disse a mãe com orgulho nos olhos.

- Tá. Então a corcova é para armazenar água enquanto cruzamos o deserto, as pernas para caminhar através do deserto e os cílios são para proteger meus olhos do deserto.... Misericórdia! Então que estamos fazendo aqui no Zoológico?

Ora, vocação, habilidade, conhecimento, capacidade e experiência são úteis se você estiver no lugar certo. Há muitas pessoas que nunca poderão desenvolver seus talentos porque sua liderança não sabe aproveitar seus potenciais.

O pastor deve ser livre para desenvolver seu ministério, dons e talentos, mas sem se afastar das diretrizes, valores e princípios bíblicos. Ele deve desenvolver a sua visão espiritual considerando o local em que foi plantado. O pastor deve assumir seu ministério com responsabilidade e colocar-se na posição espiritual que Deus lhe tem dado. Não pode ser colocado em um “zoológico espiritual”.

Prestação de contas: você, principalmente, pastor!

Quanto àqueles que preferem continuar no “zoológico” espiritual, estes devem se lembrar que o Senhor um dia pedirá contas dos talentos que foram distribuídos.

Infelizmente, há muitas pessoas habilidosas (cheias de talentos) que não podem desenvolver seus ministérios porque estão presas por cercas virtuais. Na verdade as cercas não existem e elas às vezes desconfiam disso, mas sentem muito medo delas existirem de fato. Há, então, uma escolha a ser feita. Romper ou permanecer. É uma insanidade continuar a fazer o que sempre se fez desejando obter resultados diferentes. Se não romper, continuará no “zoológico” espiritual.

A escolha de cada um

Na vida, há apenas duas coisas que ninguém escapa: da morte e das escolhas. A primeira dispensa comentários. A segunda, admite uma observação: ficar inerte, quietinho e não fazer nada é uma escolha. Ou seja, não fazer uma escolha é uma escolha.

O pastor que opta pelo exercício de seu ministério em sua plenitude, a fim de devolver ao Senhor os talentos devidamente multiplicados, de acordo com sua capacidade, precisa fazer muitas escolhas e sacrifícios. Para isso, é preciso muita coragem. Mas, que isto fique claro: ninguém é pastor por obrigação.

O pastor pode perder seu ministério?

Do mesmo modo que um filho nunca deixa de ser filho, o pastor nunca mais deixará de ser pastor. O filho pode sair da casa do pai e ficar distante e fora da influência paterna, tal qual fez o filho pródigo, mas nem por isso deixa de ser filho.

De igual maneira, o pastor pode até se afastar do exercício ministerial que lhe fora concedido, mas não deixará de ser pastor. Quem nos assegura isso é o próprio Deus:

“porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis.” (Romanos 11:29 RA)

Entretanto, todo vocacionado deve se lembrar que um dia terá que prestar contas daquilo que fez com os talentos que recebeu.

Portanto, o homem vocacionado ao ministério pode:

  1. não exercê-lo, enterrando seu talento;
  2. exercê-lo em proveito próprio (manipulação);
  3. aplicar mal seu talento, ser descuidado e não exercer seu ministério com diligência, até mesmo admitindo o pecado em sua vida;
  4. exercê-lo de modo limitado, deixando-se restringir e, assim, não produzindo segundo a sua capacidade; ou
  5. desenvolver ao máximo o seu talento e um dia dizer: “...Senhor, confiaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que ganhei.” (Mt 25:20) e ouvir do Senhor a seguinte frase: “...Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.” (Mt 25:21)

Concluindo, o pastor pode deixar de exercer seu ministério, mas a unção seguirá com ele por toda a vida, para o seu favor ou para a sua própria condenação.

Por isso, mesmo que um pastor tenha falhado em seu ministério, importa que ele se arrependa e volte a produzir frutos dignos de arrependimento, tornando a desenvolver sua função pastoral de onde parou, uma vez que sua unção, seu talento e vocação, permanecem em sua vida e disto um dia Deus lhe pedirá contas.

É melhor ser um pastor arrependido que volta a trabalhar, apesar das dificuldades que possa enfrentar, do que um pastor improdutivo e infrutífero.

É hora de despertar!

“ Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará.” (Efésios 5:14 RA)

O chamado é de Deus! Levante-se! Busque seu lugar!

"Sê tu uma bênção!"