carta 77

02/07/2013 14:03

De: JOÃO

Em 10 de fevereiro de 2010 17:17

Pr. Sólon, a paz do Senhor.

Não sei se o senhor lembra de mim. Lhe escrevi um e-mail no ano passado. Sou diácono da ICM, e após algum tempo de meditação na Palavra de Deus, de oração, de observações sobre como as coisas são conduzidas na ICM, suas doutrinas e comportamentos, enfim, após muito pensar, em conversar com minha esposa e filhos, e após visitar (escondido - sabe por quê, não é?) outras igrejas evangélicas, chegamos a uma igreja (...) onde o Senhor tem falado conosco, nos sentimos bem, eu, minha esposa e meus filhos, e estamos nos decidindo no nosso desligamento da ICM para servirmos a Deus nesta nova igreja.

Bom, até aí, tudo certo. Só que nos viram na igreja (...), e contaram para o pastor desse nosso "pecado", e como era de se esperar, o pastor responsável pela minha igreja, passou a nos tratar com total desprezo, no máximo nos olhando com todo ódio do mundo (contando é difícil de acreditar que um pastor possa fazer isso!), e no último domingo pela manhã, aos irmos no culto, começaram as indiretas do púlpito (graças a Deus, minha esposa e meus filhos estavam nas salas anexas) que fiz questão de anotar uma a uma para não me esquecer de nenhum detalhe. Vou relatar abaixo um trecho de minha carta de desligamento que enviarei logo após o meu comunicado formal na igreja ainda nesta semana as palavras (pesadas) dirigidas pelo pastor. Fato é que ele não mencionou meu nome, mas como qualquer pessoa que tenha um mínimo de inteligência, ficou claro que o 'recado' era para mim, e isso diante de toda a igreja.

Peço sua orientação sobre o que coloquei na carta, uma vez que, como não tenho como provar que as referências foram à minha pessoa, mas também não me refiro ao nome do pastor, se juridicamente falando, eu posso sofrer algum tipo de penalização.

Agradeço a sua ajuda e atenção.

Fraternalmente,

JOÃO

TRECHO DA CARTA:

Fruto também desse extremismo em classificar todas as demais igrejas evangélicas como ‘religião’ ou ‘movimento’ tem sido um exclusivismo prejudicial e destrutivo. Como exemplo desse isolamento, de julgamentos generalizados, posso citar a maneira como fui tratado por simplesmente ter ido visitar a igreja à qual me integrarei com minha família: Em mais de uma ocasião, certamente sabendo do meu “pecado” por algum irmão zeloso da “Obra”, o responsável pela igreja sequer cumprimentou a mim e à minha família, e no dia (...), tive que ouvir diversas colocações estranhas com indiretas, que como diz o ditado: “Para bom entendedor, meia palavra basta”. Ouvi coisas que jamais deveria ouvir de um ministro da Palavra, tais como:

“Tomei conhecimento, nesta semana, de um irmão com mais de 20 anos de Obra que entregou todas as funções e saiu, não sei se para outra denominação. Estava na Obra esse tempo todo, mas será que a Obra estava nele?”

“É a história do pardal que se pinta de amarelo, aí todos pensam que é um canário, mas depois todos irão ver que é um pardal”

“Tem irmão que aqui na frente (ajeitou a gravata) é muito bonito, mas por trás é um fingido”

“Tem a história do porquinho, que se pega, leva pra casa, dá banho, mas quando você solta, ele vai pra lama”

Ouvindo essas palavras, fiquei preocupado com o que pudessem fazer para manchar a minha honra e dignidade, após a minha saída, QUE NÃO É PARA O MUNDO, MAS PARA UMA IGREJA EVANGÉLICA QUE TAMBÉM FAZ PARTE DO CORPO DE CRISTO. E além do mais fica claro que para a maioria dos pastores e membros da ICM, Obra é sinônimo de Igreja Cristã Maranata. Mas o que diz a Palavra de Deus?

“Respondeu Jesus: A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que Ele enviou” Jo 6:29

Portanto com base na Palavra, afirmo que a verdadeira Obra de Deus está em mim e na minha família e nós nela, e assim permaneceremos até o grande dia do Senhor.

Não espero que ninguém entenda minha decisão, apenas que a respeitem!

 

De: Pastor Sólon

Para: JOÃO

Em: sáb 13/02/2010 22:58

Prezado irmão JOÃO, que a paz do Senhor Jesus seja contigo.

 Embora não tenha lembrança do que tratamos anteriormente, entendi perfeitamente suas colocações.

 Não vi nenhum problema com sua carta. Ela tem o propósito de expressar seus sentimentos ao ministério ao qual você pertence. Naturalmente, ela traz um conteúdo um pouco crítico devido ao seu estado de espírito.

 Minha sugestão, entretanto, é que você não entre em guerra com os seus ofensores. Siga o seu caminho em paz e comunhão com Deus e não deixe que as palavras do seu pastor continuem lhe afetando. Perdoe e siga em frente, pois Deus tem mais para você e para sua família. Eu bem sei o que é ser alvo do ódio e das maldições lançadas por irmãos da ICM. Eu só resisto a tudo isso porque não estou só. Há uma igreja que ora por mim, além de um grupo de pastores que me oferece cobertura espiritual constante. Como eu não sei qual a sua atual condição, só estou tentando poupá-lo de passar pelo que eu já passei.

 Se isso ajuda, devo lhe dizer que as palavras do seu pastor são apenas a ressonância daquilo que ele tem ouvido desde o início de sua jornada na ICM. Ele está apenas repetindo, (...) sem pensar ou refletir na falta de lógica ou de razoabilidade de suas palavras. Portanto, de nada adianta escrever ao presbitério. O seu pastor é apenas uma vítima do sistema (...). Simplesmente perdoe e ore por ele. Você só tem a ganhar agindo assim.

 O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz.

Grande abraço,

Pastor Sólon.