Carta 71

02/07/2013 13:41

De: MARIA

maria@hotmail.com

Boa tarde Pastor! Eu e minha família éramos membros da igreja Cristã Maranata, gostaria de fazer uma pergunta para ti, depois que sai da igreja, não consigo acreditar em mais ninguém, continuo orando, leio a bíblia, mas me sinto tão angustiada pois para todas as pessoas que vejo que se dizem crentes, sinto falsidades nelas, chego até pensar que não existem servos verdadeiros neste mundo. Como posso mudar isso dentro de mim? É muito ruim, não estou em igreja nenhuma, estamos louvando o Senhor em casa com meus filhos e meu esposo, não consigo me adaptar em outra igreja, tá muito difícil, por favor me responda. Não nos ignore como tem acontecido até agora.

A Paz do Senhor Jesus!

 

 

De: Pastor Solon

Para: maria@hotmail.com

Data: sábado, 19 de dezembro de 2009 4:42:01

Prezada irmã Maria, que a paz do Senhor Jesus seja contigo.

Eu sei exatamente o que a irmã está sentindo. Há muitas pessoas que já passaram ou estão passando pelo mesmo que você. Mas, tenha certeza, Deus não irá desampará-la. Anime-se! O Senhor tem uma bênção para a sua vida e para toda a sua família!

"Porque, se meu pai e minha mãe me desampararem, o SENHOR me acolherá." (Salmos 27:10 RA)

 "Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei." (Hebreus 13:5 RA)

Amada, a adaptação de um ex-ICM em outra denominação depende, em grande parte, das circunstâncias de seu desligamento. Mas, antes de lhe falar sobre a questão da adaptação em outra igreja, vou tecer alguns comentários sobre princípios espirituais, para que você possa compreender a razão pela qual alguns membros de determinadas igrejas não conseguem se adaptar em outras denominações.

A autoridade espiritual

Há uma realidade espiritual que muitas vezes é ignorada pelas pessoas. Desprezar princípios espirituais gera conseqüências tão reais quanto o desprezo a princípios da física. Por exemplo: desconsiderar o princípio da gravidade pode causar lesões seriíssimas ao corpo físico e até mesmo levá-lo a morte. Ninguém pode ver a gravidade, mas sabe que não pode se jogar de um prédio de 10 andares. De igual modo, se um avião violar os princípios da aerodinâmica pode provocar um desastre. Esses princípios não são visíveis, mas existem.

Semelhantemente, a observância, ou não, dos princípios instituídos por Deus, trarão consequências ao homem. Se eu observar o princípio divino do perdão, colherei os benefícios dessa atitude. Se não, sofrerei suas consequências tanto na alma como no seu ambiente de relacionamentos.

No que diz respeito à mudança de igreja, temos que observar alguns princípios de Deus para que não soframos consequências desagradáveis. É essencial que um membro de uma denominação que deseje dela se desligar observe, no mínimo, os princípios da autoridade espiritual, do perdão e do amor.

Quando nos tornamos membros de uma denominação, nos sujeitamos à autoridade espiritual de um determinado ministério pastoral. É como acontece quando mudamos de país. Ao passarmos a habitar em um novo país, devemos nos sujeitar às suas leis. Na igreja de Cristo acontece o mesmo: vivemos sob a cobertura espiritual do ministério ao qual nos integramos, como a ovelha que se encontra sob os cuidados do pastor que zela por sua vida, guiando-a a pastos verdejantes, águas límpidas e protegendo-a do lobo.

Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros.” (Hebreus 13:17 RA)

“1 O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará. 2 Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso; 3 refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome. 4  Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam.” (Salmos 23:1-4 RA)

Veja que Deus estabeleceu um princípio de autoridade que deve ser observado mesmo quanto às autoridades seculares:

“1 Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. 2  De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação.” (Romanos 13:1-2 RA)

Como visto, o princípio da autoridade sujeita todo homem. Resta-nos, pois, obedecer a nossos guias. Ora, ninguém está em um ministério por força ou constrangimento. Os membros de uma igreja se sujeitam àquele ministério de livre e espontânea vontade. Não é razoável que um membro esteja insatisfeito, infeliz em uma igreja ou criticando o seu ministério pastoral. Ele está ali porque quer estar. Por isso, enquanto ali estiver, deve se sujeitar e se deixar guiar confiadamente.

Mas, se o pastor não for um bom pastor? E se o seu ministério não conduz as ovelhas a pastos verdejantes, águas de descanso e não protege as ovelhas? Neste caso, esse pastor terá contas a ajustar com aquele que o ordenou. Quanto aos membros (ovelhas) desse ministério? Esses têm duas opções: permanecerem e, de bom grado, obedecerem a esse ministério ou buscar essa cobertura espiritual em outro aprisco.

A submissão é questão de atitude. Posso me submeter contra a minha vontade. Entretanto, a obediência que Deus espera de nós vai além da simples conduta. Deus deseja que estejamos submissos por completo. Não só o nosso corpo, mas a nossa consciência e vontade. Só agradamos a Deus quando obedecemos de livre consciência e vontade. Por isso, devemos escolher bem o local em que queremos servir a Deus em obediência.

E se eu perceber que o ministério a que estou sujeito está em franca contradição com a palavra de Deus? Vejamos um texto bíblico que ilustra bem essa situação:

“Então, Pedro e os demais apóstolos afirmaram: Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens.” (Atos 5:29 RA)

As autoridades religiosas constituídas nesse exemplo emitiram uma ordem que afrontava direta e claramente todo o projeto de Deus para a humanidade, quando determinava que os discípulos de Jesus não mais ensinassem nesse nome (Atos 5:28 RA). Uma resposta como a de Pedro só poderia ser dada nessa situação particular. Em todas as outras circunstâncias, devemos aprender a sujeitar-nos às autoridades constituídas por Deus, pois a obediência jamais deve ser resultado de rebeldia.

Há vários outros exemplos bíblicos que confirmam esse entendimento:

a)    as parteiras e a mãe de Moisés, ao preservarem sua vida, desobedeceram ao decreto de Faraó (Ex. 1:17). Mas foram consideradas mulheres de fé;

b)    os três amigos de Daniel recusaram-se a adorar a imagem de ouro erigida pelo rei Nabucodonosor (Dn 3:12). Desobedeceram à ordem do rei, mas se submeteram ao fogo;

c)    Daniel, ao ignorar o decreto real (Dn 6:13), orou a Deus. Não obstante, submeteu-se ao julgamento do rei, sendo lançado na cova dos leões;

d)    José tomou o Senhor Jesus e fugiu para o Egito, a fim de evitar que a criança fosse morta pelo rei Herodes (Mt 2:14,15);

e)    Pedro desobedeceu à ordem do concílio, mas se submeteu quando foi levado à prisão.

Na nossa experiência diária, sabemos que fatos semelhantes podem acontecer. Se, por exemplo, um pai incrédulo proíbe seu filho crente de ir à igreja, esse filho deve manter uma atitude de submissão, embora não precise necessariamente obedecer, pois, como já disse, a obediência é mais que uma simples conduta. É uma disposição consciente da vontade. Algo que vem “do coração”. O corpo do filho não esteve presente na igreja, mas “o coração” esteve.

Uma pessoa que sabe o que é autoridade espiritual naturalmente procura descobri-la onde quer que esteja. A igreja é o lugar em que a obediência pode ser aprendida, uma vez que este mundo moderno desconhece a obediência. Os cristãos precisam aprender a obedecer. Não externamente, mas de coração.

O isolamento do corpo de Cristo

“O solitário busca o seu próprio interesse e insurge-se contra a verdadeira sabedoria.” (Provérbios 18:1 RA)

“Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!” (Salmos 133:1 RA)

No meu entender, ficar sem congregar e sem estar debaixo de uma autoridade e proteção espiritual não é uma opção para uma ovelha. Tudo o que o lobo quer é encontrar uma ovelha desgarrada. Infelizmente, é comum vermos pessoas que tentam se ligar diretamente a Deus desprezando a instituição do ministério pastoral. Mas, como posso me ligar a Deus se desprezo seus princípios, estabelecidos objetivamente em sua palavra?

A atitude de negar sujeição a todo e qualquer ministério, fazendo-se apenas um visitante de igrejas, ou uma ovelha do tele-evangelismo, no meu ponto de vista, apenas revela uma soberba espiritual. É a natureza rebelde do homem que o faz desejar obedecer à autoridade direta de Deus sem ficar sujeito às autoridades por ele delegadas. O desprezo às autoridades constituídas por Deus, pode até provocar uma sensação de auto-suficiência, mas na essência é um desrespeito a um princípio bíblico.

E como eu já disse, desprezar um princípio bíblico é o mesmo que desprezar um princípio da física. Não vemos a força gravitacional nem o Espírito Santo, mas sabemos que eles existem e podemos sentir seus efeitos quando os desprezamos. Se eu desprezo a lei da gravidade e pulo do 10º andar, vou cair e posso morrer. Se eu desprezo o Espírito Santo, ele se retira da minha vida e o vazio será notório, possibilitando, ainda, o regresso dos antigos habitantes e muitos outros que antes não estavam ali.

“24 Quando o espírito imundo sai do homem, anda por lugares áridos, procurando repouso; e, não o achando, diz: Voltarei para minha casa, donde saí. 25  E, tendo voltado, a encontra varrida e ornamentada. 26  Então, vai e leva consigo outros sete espíritos, piores do que ele, e, entrando, habitam ali; e o último estado daquele homem se torna pior do que o primeiro.” (Lucas 11:24-26 RA)

Na prática, o que eu vejo é cada vez mais crentes soberbos, insubmissos, amantes de si mesmos e que buscam uma liberdade de Deus e não uma liberdade em Deus. Em minha observação, noto que os desgarrados sentem-se tão livres que voltam a fazer o que haviam abandonado quando da conversão. A falta de integração na igreja retira deles uma influência e vigilância saudável, que o mantém dentro dos parâmetros de vida cristã. Quando não somos vigiados ou estimulados a manter uma conduta cristã, perdemos o temor da punição e descambamos para uma liberdade prejudicial à nossa santidade.

Para exemplificar a importância do grupo, posso utilizar um exemplo de unidade social. Em uma comunidade de pessoas que assumiram um compromisso de fazer ou deixar de fazer algo, praticamente todos eles podem fraquejar em algum momento. Entretanto, no momento em que um fraqueja, há muitos outros que estão bem firmes e que podem ajudá-lo a cumprir com o seu compromisso. Desse modo, há sempre alguns fortes estendo a mão para alguns fracos, pois nem todos fraquejam ao mesmo tempo e nem todos estão fortes o tempo todo. O forte hoje pode ser o fraco amanhã. É por isso que a palavra de Deus falou que é melhor serem dois do que um:

“9  Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. 10  Porque se caírem, um levanta o companheiro; ai, porém, do que estiver só; pois, caindo, não haverá quem o levante. 11  Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só como se aquentará? 12  Se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não se rebenta com facilidade.” (Eclesiastes 4:9-12 RA)

No que diz respeito à vigilância, ela pode nos incomodar, às vezes, mas é de fundamental importância para manter o membro do grupo na direção do compromisso inicial. Enquanto um membro do grupo está integrado, muitos olhos estarão a vigiá-lo para que ele não descumpra com sua parte do compromisso. Todos vigiam e são vigiados. É bom lembrar que todos concordaram em ser vigiados quando assumiram o compromisso. Fizeram isso de sã consciência porque sabiam que todos podem passar por momentos de fraquezas e nesses momentos precisariam de cuidados especiais, tal como os olhos do pai estão vigilantes sobre seu filho. Quando o membro do grupo sabe que está sendo vigiado, procura andar corretamente. Isso é um controle social eficaz, pois tem uma implícita punição: a reprovação do grupo. E isso ninguém quer sofrer, pois todos têm dentro de si uma necessidade de aprovação.

E na igreja? Ocorre o mesmo. É claro que os olhos do Senhor estão por toda a parte, mas o próprio Deus usa a força social da igreja (corpo de Cristo) para estimular os crentes ao trabalho, para que os fortes socorram os fracos e para que haja uma vigilância constante que desestimula e muitas vezes impede a realização dos desejos da carne. Qualquer crente sincero pode reconhecer isso, sem hipocrisia.

É por isso que não devemos ficar afastados da igreja. Quando nos afastamos, esfriamos. Perdemos a alegria da comunhão com os irmãos, não somos estimulados a orar, a ler a bíblia, a lutar pelas almas perdidas, a nos santificarmos etc. Além disso, a ausência da saudável vigilância, que tanto nos incomodava, desaparece, abrindo caminho rápido para o pecado e para práticas que antes abominávamos.

Quais as conseqüências disso. Há várias. O pecado do isolamento pode levar o crente a sofrer dos mesmos males que assolam os incrédulos, uma vez que estão desajustados com a vontade de Deus. Ressurge o vazio no coração, a paz foge constantemente, a insônia reaparece, o medo e a insegurança voltam a cercá-lo e a depressão anuncia que está às portas pelas tristezas recorrentes e pela insatisfação com a vida.

A adaptação de um crente em outra igreja

Pois bem, agora vou tecer algumas considerações sobre os motivos que levam um crente a não conseguir se adaptar em outra denominação evangélica. Uma vez que o princípio da autoridade espiritual gera efeitos sobre a vida de qualquer crente, desconsiderar essa possibilidade pode manter o crente sempre preso ao lugar de onde tentou sair.

A formalização do desligamento

Por isso, toda mudança deve ser pacífica e deve observar a solenidade de desligamento de um ministério antes da integração formal no novo ministério. Se a igreja tem a prática de expedir uma carta de recomendação, essa deve ser buscada. Se não, no mínimo, aquele que deseja se desligar deve pedir que seu pastor ore com ele para pedir a Deus que o abençoe por onde quer que ele for. Mas, se a igreja tem o hábito de amaldiçoar todos aqueles que procuram o desligamento, embora essa prática seja pouco comum no mundo evangélico, o membro deve fazer sua carta de desligamento e entregar ao seu pastor para que o vínculo anterior seja quebrado. Somente após o rompimento do vínculo anterior outro pode ser formado. O mesmo ocorre no casamento. Somente depois de uma carta de divórcio o homem pode firmar novo vínculo conjugal pelo casamento.

Um grande erro que muitos cometem é simplesmente deixar de ir à igreja na qual serviram e começar a freqüentar outra. O vínculo não se rompeu e a pessoa continua ligada ao ministério anterior, devendo obediência a ele enquanto dele não se desligar. Como não está cumprindo com os votos de obediência prestados no ministério anterior, essa pessoa  permanece em desobediência, mesmo que esteja freqüentando outra igreja evangélica muito abençoada. Os efeitos da desobediência o seguirão por onde quer que ele for, enquanto não efetivar o desligamento do antigo vínculo espiritual. A bênção não vem, porque Deus não pode apoiar a desobediência, pois esse é um princípio que Ele mesmo estabeleceu para os seus filhos.

Ainda em relação ao modo como se deu a mudança de ministério, é importante ressaltar que muitas pessoas simplesmente se afastam da denominação que estavam servindo a Deus após uma grande decepção, seja com membros da igreja, seja com a doutrina da igreja, seja com a liderança da igreja ou por causa de seu próprio pecado. Nenhum desses casos dispensa o desligamento formal. Mesmo que o motivo do afastamento tenha sido o pecado do pastor, a intolerância da doutrina, a perseguição ou a insatisfação com a falta de oportunidades, é indispensável que se busque desse ministério o desligamento formal. Se o afastamento se deu por causa do pecado próprio, a pessoa deve se arrepender e, caso não se sinta mais à vontade para permanecer naquela congregação, pedir o desligamento formal para que possa servir a Deus em outro lugar.

Vou repetir: se não houve desligamento formal, o vínculo não se rompe e um princípio de Deus passa a ser desrespeitado, gerando conseqüências pelo desrespeito a uma autoridade espiritual constituída por Deus, bem como pelo pecado da desobediência, ainda que esses efeitos sejam invisíveis e difíceis de serem percebidos ou relacionados com esse fato.

A visão doutrinária

Outro fator que impede a adaptação de uma pessoa em outra denominação está relacionado à visão que cada um tem do certo e do errado. Uma vez que alguém absorve uma doutrina e a recebe como verdade absoluta, não há como seguir em outra direção sem conviver com a sensação de pecado, ou, no mínimo, sem a sensação de não estar sendo abençoado, vez que não está observando aquela doutrina.

Por isso, as pessoas que estão ligadas a igrejas de doutrina incomum no meio evangélico são as que mais sentem dificuldade de se adaptar em qualquer outra igreja, uma vez que aquela doutrina só é praticada no lugar onde estava. Como a pessoa a considerava como verdade, pois foi isso que recebeu desde o momento que passou a congregar ali, não consegue se desligar da igreja enquanto não se desligar daquela doutrina. Logo, se a pessoa não conseguir enxergar que aquela doutrina pode não ser verdadeira, pode até mudar de igreja, mas deixará um pedaço de sua vida ali e nunca se sentirá plenamente abençoada em outro lugar.

No meu ponto de vista, o membro de uma igreja de doutrina incomum só deve procurar outra igreja se conseguir discernir que a doutrina a que está ligado é falsa. Caso contrário, deve ficar onde está, uma vez que não terá sua necessidade espiritual suprida em outro lugar e será uma constante dificuldade em qualquer outro ministério. Tenho pena do pastor que recebe em sua igreja pessoas que estão presas a doutrinas de igrejas exclusivistas e que saíram da igreja por insatisfação pessoal e não por terem percebido que a doutrina a qual estavam ligadas não se harmonizava com o evangelho do Senhor Jesus.

O desligamento pela exclusão

Por último, há um motivo que impede a adaptação de uma pessoa em outra igreja. Quando ela é excluída da igreja em que estava. Ao me referir à exclusão, estou considerando as suas modalidades mais comuns: a exclusão por ato formal do ministério e a exclusão tácita, onde a pessoa é simplesmente desprezada dentro da igreja, mas ninguém lhe diz claramente que ela não é bem vinda naquele lugar. Essa modalidade eu chamo de “exclusão dentro”.  A pessoa é simplesmente ignorada.

A exclusão de um membro normalmente ocorre por causa do seu pecado ou por causa da sua condição de inferioridade em relação ao grupo. Em qualquer desses casos, o excluído fica com a sensação de que não foi capaz de atingir ou de permanecer no alto padrão do grupo. Ele não é chamado para participar dos eventos da igreja, não é convidado para participar das festinhas, nunca é convidado a participar de nenhum trabalho da congregação, nunca recebe visita e ninguém o procura para conversar ou para saber como ela está.

Alguns excluídos até insistem em permanecer no meio do grupo, mas com o passar do tempo desistem e abandonam a igreja, muitas vezes com um sentimento de angústia misturada desprezo e ódio no coração. Ao mesmo tempo que ela admira o grupo de alto padrão ela o odeia por não lhe dar oportunidade de reintegração. Assim, ela pode até deixar a igreja, mas não sai porque queria sair ou porque achava que a igreja não era boa. Ela sai porque sente que não a querem ali.

Quando uma pessoa se sente assim ferida e sai magoada, porque foi rejeitada por aqueles que deveriam protegê-la, amá-la, respeitá-la e supri-la, sai à procura desse amor em outro lugar. Mesmo encontrando um outro local onde seja bem recebida e respeitada, seu coração permanece ligado à antiga igreja, afinal, aquele era o lugar ideal e perfeito, mas ela não foi boa suficiente para alcançar um reconhecimento ali ou para merecer uma segunda chance.

Inconformada, mais consigo mesma do que com a própria igreja que a rejeitou, o seu vínculo com a igreja anterior não se desfaz e ela não consegue se satisfazer em nunhuma outra igreja, pois a única forma de lhe preencher o coração é realizar o sonho de ser aceita por aqueles que a rejeitaram.

E como eu disse antes, quando um vínculo não se rompe, outro não se faz em seu lugar. Por mais que a sua nova igreja lhe dê o que ele nunca recebeu antes, a antiga sempre será melhor do que a atual. As comparações são inevitáveis e o saudosismo é constantemente manifesto. Como a plenitude nunca vem, a pessoa circula de igreja em igreja e nenhuma delas satisfará o seu coração, pois ele ainda está no lugar de onde foi excluído, tal como o coração do filho expulso de casa fica preso ao pai que o expulsou.

Perguntas úteis

Com base nessas observações feitas até aqui, creio que toda pessoa que pretende mudar de igreja, deve primeiramente responder a estas perguntas:

1) Você acha que a doutrina de sua igreja está perfeitamente ajustada à bíblia e que as demais igrejas estão em patamar inferior?

2) Você está magoado com sua liderança ou com algum membro da igreja?

3) Você está se sentindo desprezado pela igreja ou foi formalmente excluído?

4) Você crê que a sua igreja  é a "menina dos olhos" de Deus?

5) Você acredita que a sua igreja é a Obra do Espírito Santo e que as demais denominações são "religião" ou "movimento"?

Se sua resposta foi afirmativa para qualquer dessas perguntas, ainda não é hora de você mudar de igreja.

Se a doutrina de sua igreja é perfeita, não há porque você sofrer com a mediocridade dos outros locais. Será mais fácil superar questões de menor importância no meio da igreja em que você está do que ter que sofrer para se adaptar a uma doutrina menos perfeita do que a que você atualmente está seguindo.

“A alma farta pisa o favo de mel, mas à alma faminta todo amargo é doce.” (Provérbios 27:7 RA)

Se você está magoado com alguém, perdoe e busque a reconciliação. Isso não é motivo para ninguém mudar de igreja. Ao contrário, devemos ser humildes e esforçados o suficiente para criarmos uma atmosfera de amor e perdão na igreja.

“se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens;” (Romanos 12:18 RA)

“Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós;” (Colossenses 3:13 RA)

Se você foi excluído ou se sente excluído dentro da igreja, faça um seminário de Encontro com Deus, Cura Interior ou Veredas Antigas e depois você terá condições de decidir se deve permanecer onde está ou mudar. Sua alma estará livre para decidir. E caso entenda que a igreja que você está é a que tem a melhor doutrina ou desenvolve o melhor padrão do evangelho, nada impedirá que você viva feliz ali mesmo, apesar do modo como os outros lhe tratam.

 

Se você já saiu da sua igreja e não consegue se adaptar em outra denominação, responda:

1)    Ao sair de sua igreja anterior, você formalizou a sua saída, pedindo oração ou entregando carta de desligamento?

2)    Quando você saiu da igreja anterior você saiu em conflito?

3)    Na ocasião de sua saída da igreja anterior, você estava decepcionado com o ministério, com os irmãos ou com o sistema religioso?

4)    Você saiu da igreja por ocasião de pecado e sente vergonha de retornar à mesma congregação de onde saiu?

5)    Você saiu da igreja anterior porque ela se dividiu e você não quis tomar partido?

Se sua resposta foi afirmativa para qualquer uma dessas questões, há providências que você deve tomar para liberá-lo no mundo espiritual do vínculo do passado e para a formação de um novo vínculo.

No caso de você estar em outra igreja sem ter se desligado formalmente da sua anterior denominação, procure o pastor dessa denominação e peça perdão pelo modo como você saiu. Em seguida, se desejar, de fato, mudar, peça oração para que o seu antigo pastor o libere no mundo espiritual, abençoando sua vida para, só então, você estabelecer o novo vínculo. Se o seu pastor anterior é daqueles que não libera ninguém para congregar em outra denominação, faça uma carta de desligamento formal e a apresente diante de Deus e do seu antigo ministério com seu pedido de perdão e seus agradecimentos. Após isso, peça ao pastor do ministério a que você for ingressar que ore com você para recebê-lo como membro e tornar inoperante qualquer maldição lançada contra a sua vida.

Se você saiu da igreja em conflito, volte e peça perdão e oração para se desligar em paz.

Se você deixou sua antiga igreja decepcionado com as coisas que ali presenciou, mesmo que a considere indigna, peça oração para efetivar seu desligamento formal ou entregue sua carta de desligamento, se o ministério se recusar a orar abençoando sua vida.

Se você deixou a igreja por ocasião de pecado e já se arrependeu, mas não quer mais conviver com pessoas que sabem pelo que você passou, deixe o orgulho de lado e, se você entende que a igreja que você estava é a que tem a melhor doutrina ou prática cristã, volte para o lugar em que você estava, pois será mais fácil e mais nobre vencer o orgulho do que se adaptar em outra igreja com uma doutrina ou práticas evangélicas que você desaprova.

Se você saiu da igreja anterior porque ela se dividiu e você não quis tomar partido, peça oração ao pastor ao qual você estava ligado para que ele venha a liberá-lo no mundo espiritual e depois decida onde vai ficar.

Conclusão

Amada, não estou tentando convencê-la de coisa alguma. Só estou respondendo sua carta expressando minhas convicções pessoais. Não quero afirmar uma posição de autoridade sobre você, mas como você escreveu que não consegue acreditar em mais ninguém e que não confia mais na igreja, não posso deixar de lhe falar exatamente o que eu penso sobre o fato de você estar sem congregar, seja na ICM ou em outra igreja qualquer.

A meu ver, você está deixando que o mal prevaleça. Quando você deixa de se submeter à igreja de Deus e às suas autoridades delegadas, você está admitindo prevalência de Satanás sobre o povo do Senhor. Eu reconheço que há muitas falhas em vários lugares, mas ainda estou seguro de que é Deus quem está no controle da sua igreja.

Com tantas denominações atualmente existentes, atendendo aos mais variados gostos, creio que não há argumentos para que alguém se justifique diante de Deus dizendo que não participou das alegrias, das dores, das vitórias, das preocupações e dos trabalhos da igreja porque nenhuma denominação prestava. Isso é o mesmo que dizer que você é melhor que todo mundo. Se é assim, porque não fez o trabalho que Deus mandou no lugar dos imperfeitos? Talento enterrado Deus não aceita. Se somos líderes, vamos liderar. Se somos servos, vamos servir. Em qualquer dos casos, vamos obedecer.

“Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.” (Hebreus 10:25 RA)

Querida, minhas palavras podem lhe parecer amargas, mas se servir para que você desperte, o reino de Deus ganhará mais uma guerreira contra o reino das trevas.

“Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” (Romanos 12:21 RA)

O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz.

Grande abraço,

Pastor Sólon.

 

De: MARIA

Enviada em: quarta-feira, 23 de dezembro de 2009 08:48

Para: Pastor Sólon

Bom dia amado Pastor, a Paz Do Senhor!

Primeiramente quero agradecer pela atenção dispensada a mim, e em segundo lugar quero dizer que entendi perfeitamente o que o Pastor quis dizer.

Minha situação é bem mais complicada que parece, a maior dificuldade para mim no momento Pastor é infelizmente meu esposo. Parece que ele sofreu lavagem cerebral na igreja ICM. Nós saímos, mas ele não aceita ir para outra igreja. Sei que vão dizer (a mulher sábia edifica sua casa, a tola a derruba com suas próprias mãos), mas se levanto a hipótese de ir em outra igreja, ele fala até em separação. Ele diz ter recebido orientação de Deus para ficarmos em casa, fazendo louvores, não ir p/ igreja nenhuma.

Já não sei mais o que fazer, pois toda vez que digo que sinto falta de congregar, que quero ir p/ igreja ele briga comigo e diz que estou saindo fora da revelação. A situação está insuportável tem dias que perco a paciência com ele e acabamos discutindo, pois não concordo, acho a doutrina da ICM linda, prefeita, mas sei que existem outras igrejas que buscam servir a Deus com honestidade, sei que no começo é difícil p/ se adaptar, mas p/ tudo ha uma solução.No momento não estou vendo solução é p/ minha vida.Parece que tiraram tudo de mim, tem dias que sinto raiva de meu esposo.

Como gostaria de entrar o ano orando a Deus, na casa dele, p/ preencher este vazio que há dentro de mim. Sinto-me fraca, desanimada, sem vida, parece que Deus não ouve as minhas orações, sei que estou sendo ingrata diante de Deus, mas é um desabafo e  sei também que as coisas não estão acontecendo porque não mereço a atenção de Deus, sou o pior dos seres humanos (é assim que me sinto). Ele não pode nem sonhar que comentei isso com alguém, afinal ele acha que está tudo perfeito, que nós somos uma família separada, que estamos no caminho certo, e sei que não estamos, sei que não somos separados se não estaríamos sendo uma benção, estaríamos na igreja e seriamos felizes. E se tem um a coisa que não sinto a muito tempo é alegria.

Não sei se vai entender e compreender tudo isso, a situação é muito delicada, fora as dificuldades financeiras que tem vindo sobre nós no nosso trabalho. Sei que precisamos tomar uma atitude, mas não sei como fazer, se é enfrentar ele, se isso seria certo, ficar como estamos  só que não estou tendo forças p/ lutar.

Mais uma vez peço desculpas pelo desabafo e imploro orem por mim, preciso demais, preciso de libertação, preciso de uma nova vida, mas não sei como começar. Obrigada por tudo a paz do Senhor a todos!

 

De: Pastor Sólon

Para: MARIA

Date: Sat, 26 Dec 2009 00:33:47

Prezada irmã MARIA, que a paz do Senhor Jesus seja com toda a sua família.

 Querida, o seu marido não saiu da ICM. Apenas deixou de freqüentá-la. O coração dele ainda está lá e a semente da crença em revelações anti-bíblicas já criou raízes profundas. Entendo que Deus nunca revelará para que alguém fique em casa sem congregar na igreja. Sabe por quê? Porque a Deus já ensinou outra coisa na bíblia (comunhão entre irmãos e ordem de não deixar de congregar). Assim, qualquer manifestação espiritual, ou mesmo que um anjo descido do céu que apresente uma revelação diferente daquilo que Deus expressamente registrou na bíblia, é anátema! Mas, como você disse que acha a doutrina da ICM linda e perfeita, não posso lhe dar qualquer outra sugestão, uma vez que não quero interferir na sua crença. Além disso, como eu já lhe falei no e-mail anterior, neste caso você não se adaptará em qualquer outra igreja. Melhor mesmo será vocês se submeterem humildemente ao ministério do qual vocês nunca se desligaram.

 Neste momento, só posso encorajá-la a continuar sua jornada espiritual sem desanimar, pois Deus há de socorrê-la.

 Mais uma vez, espero que a irmã não me leve a mal pelas minhas palavras pouco consoladoras neste momento difícil que você está passando. Eu gostaria de poder fazer mais pela irmã, mas há coisas que não estão ao meu alcance e só dependem de você.

 O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti. O Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz.

 Grande abraço,

 Pr. Sólon

 

De: MARIA

Enviada em: terça-feira, 29 de dezembro de 2009 13:53

Para: Pastor Sólon

A Paz do senhor Pastor! Quero mais uma vez lhe agradecer pela atenção que dispensaste a mim, fiquei muito feliz. Também quero lhe desejar um feliz ano novo,com muita saúde, paz e muita unção de Deus sobra sua vida e lógico a todos os seus familiares.E concordo plenamente com o senhor a respeito de meu esposo,apesar que p/ mim é infelizmente a verdade; ele não se desligou da igreja, criou raízes (não acho isso bom) mas fazer o que né? Só peço ao amado pastor que se lembre de nós em suas orações, este ano creio que Deus irá nos ajudar, nos dar uma solução, afinal fomos chamados p/ trabalhar (a seara é grande e poucos os ceifeiros) e estamos aqui para cumprir com o nosso dever como servos de Deus.

No mais muito obrigada por tudo e desculpe por tomar seu tempo.

Abraços MARIA. A Paz do Senhor Jesus a todos!

 

De: Pastor Sólon

Para: MARIA

Data: ter 29/12/2009 22:32

Aleluia!

Fico muito feliz, MARIA, em podermos compartilhar um pouco das nossas experiências. Creio que neste ano de 2010 receberemos mais de Deus. Vamos ficar na posição que Deus quer que estejamos para não perdermos absolutamente nada que ele tem reservado para nós!

Grande abraço e fique na paz!

Pr. Sólon.