Carta 57

02/07/2013 12:47

De: MARIA

Em 20/08/2009 14:42

A Paz do Senhor Jesus Pastor Solon.

Eu estou bastante triste hoje, acho que estou sentindo o efeito de estar longe da Igreja sinto falta de alguns queridos que lá estão e até mesmo dos cultos. Não fomos ainda a nenhum outro culto aqui em (...) quem sabe hoje iremos.

Pastor estava vendo o site da CEEN e vi algumas fotos que eu não entendi e confesso que algumas coisas para mim não ficaram claras.

1º A Igreja comemora festas pagãs (São João), pois sei que ela tem cunho religioso e não aprendi isso na ICM, ou outros tipos de Festas tais como Natal, Páscoa?

2º O Papai Noel é uma  mentira!

3º As fotos de certa forma fazem referencia ou alusão a bares e a bêbados!

4º As pessoas estão trajadas de forma a fazer alusão ao São João!

5º Os irmãos frequentam bailes, danceterias ou outros tipos de lugares?

Desculpe de certa forma estou sendo um pouco rude é por que não entendi muito bem como as coisas acontecem  e como certos pontos são administrados pela Igreja

Grata

A Paz do Senhor Jesus

Maria

 

De:pastor-solon

Para: maria@hotmail.com  

Data:21/08/2009 20:03

A paz do Senhor Jesus irmã MARIA.

Querida, sei bem que o momento que você está vivendo é muito delicado e oro a Deus constantemente para que Ele mesmo sustente cada servo que toma uma decisão difícil como esta. Sei que você vai superar tudo em Deus e lá na frente você verá o quanto é bom servir a Deus em liberdade de espírito, amar os irmãos sem preconceitos e barreiras, além de desenvolver amizades verdadeiras, que não estão condicionadas à denominação em que você freqüenta – essas perduram para sempre. Também, haverá um ganho significativo para o seu relacionamento familiar e desenvolvimento espiritual saudável. Foi isso que aconteceu comigo e é isto que eu vejo acontecendo com todos os que conseguem superar seus medos e traumas oriundos de uma formação mental baseada no sectarismo.

Vou tentar responder todas as suas perguntas de modo bem objetivo e não espero que você concorde comigo. Seja sempre livre adotar para sua vida aquilo que você entende ser a melhor, mais saudável e segura forma de viver, andando sempre segundo a sua consciência bíblica:

“A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus. Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova.” (Romanos 14:22 RA)

Então, vamos lá!

“1º A Igreja comemora festas pagãs (São Jõao), pois sei que ela tem cunho religioso e não aprendi isso na ICM, ou outros tipos de Festas tais como Natal, Pascoa?”

Não. A igreja não comemora festas pagãs. Sabemos muito bem o que é idolatria e quais as suas formas de manifestação e consequências. Entretanto, nossos jovens realizam todos os anos uma festa chamada de "festa caipira". A motivação da festa é a seguinte: a confraternização e a evangelização de não-crentes. O pastor dos jovens promove a festa que, apesar de se parecer com uma festa junina (são João) é, na verdade, uma forma de atrair colegas de escola dos irmãos da igreja que, nesta época do ano aceitam com facilidade o convite para uma "festa caipira". Nesta festa, os jovens confraternizam e se alegram na companhia de seus irmãos e líderes espirituais (pastores) que estão sempre próximos deles. Mas, nem tudo é diversão: os jovens preparam algumas atividades evangelísticas com grande impacto na vida de jovens não-crentes. O teatro, por exemplo, é um modo de transmitir uma mensagem forte de um modo leve, sem “envelhecer a juventude”.

Adicionalmente, há uma mensagem trazida pelo pastor a todo o público presente, de modo que a festa dá lugar a uma reunião evangelística, alcançando o incrédulo visitante que nem sempre aceita o convite para ir a um “culto”.

Mas, sobre as vestes das pessoas proponho a seguinte reflexão: a coca-cola e o café são iguais em seu aspecto exterior, mas absolutamente diferentes em sua composição. Entendo que o fato das pessoas usarem roupas típicas (caipira), alusivas ao interior rural do Brasil, não significa que o conteúdo da festa seja idólatra ou comemorativa de São João.

Amada, compreendo sua preocupação e respeito as pessoas que acham que o único modo de evangelização é da porta para dentro da igreja, mas não posso deixar de buscar alternativas para alcançar pessoas  pela disseminação da mensagem do evangelho da salvação, ainda que isso seja feito pelo método não-usual. É bom lembrar que o método tradicional tem apresentado sinais de fadiga e baixíssimo alcance. Entendo que devemos observar o tempo em que vivemos e desenvolver estratégias para o anúncio das boas novas, tendo o foco no pecador e não na preservação da nossa própria imagem. Se o pecador for salvo e a minha imagem ficar abalada, tudo bem, pois prefiro ver o pecador salvo do que a minha imagem preservada. Você já parou para pensar sobre os escândalos que Jesus provocou na sociedade religiosa farisaica daquela época? Eles se escandalizavam em Jesus. Afinal, o que o mestre está fazendo na casa de publicanos e pecadores? Ora, diriam alguns, isso “pega muito mal” - Jesus não deveria estar ali. O que vão pensar os homens? Estaria Jesus se associando com pessoas imundas, pecadoras, de uma moral questionável e de péssimo conceito entre os judeus? Qual foi, então, a resposta de Jesus a esses questionamentos:

“16 Os escribas dos fariseus, vendo-o comer em companhia dos pecadores e publicanos, perguntavam aos discípulos dele: Por que come [e bebe] ele com os publicanos e pecadores? 17  Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores.” (Marcos 2:16-17 RA)

Minha irmã, ficar dentro da igreja esperando que os pecadores entrem por si sós pode ser muito cômodo, mas é o pior método de evangelização dentre tantos. Posso até estar errado, mas estou trabalhando e me arriscando. Prefiro ser criticado por minhas ações do que por omissão. Nossos talentos não devem ser enterrados por medo de agirmos e falharmos. Enterrar o talento pode parecer o modo mais seguro e garantido de devolvermos a Deus aquilo que dele recebemos, mas não é isso que Deus espera de nós. Um dia eu posso até chegar diante de Deus e dizer-lhe: “Senhor, não consegui multiplicar o talento, mas tentei de todos os modos, segundo a minha capacidade.” Mas, certamente, não chegarei diante de Deus para lhe dizer: “Senhor, tive medo de tentar, pois os riscos eram grandes e muitas pessoas ao meu redor criticavam minha atuação e diziam que não daria certo, por isso escondi o talento que o Senhor me deu para poder apresentá-lo intacto nesta hora.”

Amada, sei que é difícil para um ex-maranata entender isso, mas aspectos exteriores não podem ter valoração superior aos aspectos interiores:

“seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranqüilo, que é de grande valor diante de Deus.” (1 Pedro 3:4 RA)

“10 Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo. 11  E assim, conhecendo o temor do Senhor, persuadimos os homens e somos cabalmente conhecidos por Deus; e espero que também a vossa consciência nos reconheça. 12 Não nos recomendamos novamente a vós outros; pelo contrário, damo-vos ensejo de vos gloriardes por nossa causa, para que tenhais o que responder aos que se gloriam na aparência e não no coração.” (2 Coríntios 5:10-12 RA)

 

E quanto à aparência do mal? Qual a melhor tradução do texto bíblico de 1 Tessalonicenses 5:22? Veja como o texto se apresenta em algumas diferentes versões:

“Abstende-vos de toda aparência do mal.” (1 Ts 5:22 RC)

“abstende-vos de toda forma de mal.” (1 Ts 5:22 RA)

 “Afastem-se de toda forma de mal.” (1 Ts 5:22 NVI)

“e evitem todo tipo de mal.” (1 Ts 5:22 NTLH)

“Evitem qualquer espécie de mal.” (1 Ts 5:22 IBS)

“Keep from every form of evil.” (1 Thessalonians 5:22 BBE)

Observe que apenas a versão Almeida, Revista e Corrigida, traduz o versículo como aparência. As demais indicam que o que deve ser abandonado é o próprio mal em sua essência e não a sua aparência.

Não podemos deixar de considerar que a versão Revista e Corrigida de Almeida, devido ao tempo de sua tradução e ao português que se falava naquele tempo (1681), sofreu muito com a dinâmica da linguagem, distanciando-se do fiel e exato sentido da palavra, porque o português mudou muito desde que a versão de Almeida surgiu. O português falado em 1681 hoje pode ser considerado arcaico, com significativas perdas de sentido em algumas palavras. O termo “aparência”, por exemplo, usado na versão corrigida de Almeida não permaneceu nas traduções modernas. Traduções como a NVI e a IBS mudaram a palavra para “toda forma” e “qualquer espécie” de mal.

Também, é importante observar que as cartas de Paulo foram escritas em grego e que somente com o original podemos atestar o sentido original do texto para dar a ele a interpretação em nosso vocabulário moderno. Então, quando voltamos aos originais, vemos que Paulo usou a palavra “eidos”, que é mais exatamente traduzida como “formato” ou “forma/modo” e isso muda todo o sentido do texto. Mas, é claro que não devemos desconsiderar a importância de verificarmos se essa tradução estaria sintonizada com o contexto. E buscando a contextualização, notamos que até mesmo nas atitudes de Jesus a preocupação não era com a aparência, mas com o conteúdo, conforme vimos anteriormente.

Veja, também, que quando Satanás se apresenta como anjo de luz (2 Cor 11:14), em aparência de santidade e verdade, isso não muda em nada a sua natureza ou os seus propósitos malignos.

Mas, nem mesmo ante a esses primeiros argumentos vou me furtar a enfrentar a tradução Revista e Corrigida de Almeida, para que você não pense que eu estou “forçando a barra” para admitir o mundanismo, o pecado ou a associação com o mal – longe de mim!

Primeiramente, vamos observar que o conceito de bem ou mal necessita de parâmetro objetivo, dada sua relatividade. Isto é: o que é mal para uns pode não ser mal para outros. Isso dependerá do parâmetro adotado. Partindo do exemplo da vida de Jesus, comer com publicanos e pecadores com o fim de resgatá-los (os doentes) era bem ou mal? Curar no sábado era bem ou mal? Para os religiosos essas atitudes de Jesus eram boas ou más?

Evidentemente, para Jesus que adotava a interpretação espiritual da lei, suas ações eram boas. Mas, para os fariseus, que adotavam a literalidade da lei, associada às tradições dos anciãos, o que Jesus fazia era mal ou, no mínimo, parecia ser algo mau.

Entretanto, a multidão de pessoas curadas no sábado e os discípulos não se importavam com o que pensavam os fariseus. Não se importavam se aquilo tinha a aparência de algo mau, contrário à lei ou à tradição judaica. De igual modo, Jesus não se importava se os religiosos fariseus estavam escandalizados quando ele curava no sábado ou quando se assentava com publicanos e pecadores.

Então, podemos pensar agora com quem devemos nos preocupar quanto às nossas ações conscientes e fundamentadas em um parâmetro objetivo (a palavra de Deus). Será que o ímpio fica escandalizado com uma festa caipira? Ou será que são os religiosos que ficam? Se eu tenho consciência que a minha festa é evangelística e não possui conteúdo idólatra (origens em São João), será que eu devo me preocupar com o que pensa um seguimento religioso diferente do meu? Se eu tenho consciência de que minha atitude não contraria a lei de Deus (não é pecado), por que eu deveria me preocupar com o que pensam os seguimentos religiosos firmados nas tradições dos homens?

“20 Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças: 21  não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro, 22  segundo os preceitos e doutrinas dos homens? Pois que todas estas coisas, com o uso, se destroem.” (Colossenses 2:20-22 RA)

Se a divulgação das fotos da nossa festa caipira fosse suficiente para que um crente em Jesus viesse a tropeçar ou a se ofender ou a enfraquecer na fé (Rm 14:21), eu evitaria essa divulgação. Mas, como sei que elas não têm esse poder, fico com minha consciência tranqüila a esse respeito. No máximo, pode um crente tradicional criticar meus métodos evangelísticos ou me acusar de idolatria ou mundanismo. Mas, se Jesus não se importou com o que pensavam os fariseus apegados à literalidade da lei e às tradições, por que eu deveria me preocupar com aqueles cujo parâmetro de bem ou mal é a tradição ou revelações além da letra e não a bíblia?

Por outro lado, creio que todo crente deve se preocupar em não escandalizar os ímpios, que não conhecem ao Senhor, para não ser para eles causa de tropeço. “Disse Jesus a seus discípulos: É inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual eles vêm!” (Lucas 17:1 RA)”. No meu sentir, nosso testemunho deve ser, então, coerente com a fé que professamos.

“2º O Papai Noel é uma  mentira!”

Você tem toda razão. Leia o artigo que escrevi sobre o “Natal” e saberá exatamente o que penso acerca desses símbolos pertencentes à nossa tradição. Nesse artigo respondo as seguintes perguntas:

·         Jesus nasceu no dia 25 de dezembro?

·         A bíblia nos indica o mês do nascimento de Jesus?

·         Qual a origem do Natal, do papai Noel e da árvore de natal?

·         Como a cultura pagã foi transportada para o cristianismo?

·         O cristão verdadeiro pode comemorar o natal?

·         O que devo comemorar no natal?

Querida, você deve ter visto no site fotos da nossa cantata de natal, não é mesmo? Devo dizer-lhe que esta é mais uma oportunidade que aproveitamos para evangelizar. Até aqui tem dado bons resultados. Apesar do natal não ter suas origens no evangelho, não há como negar que é um momento propício para anunciarmos a verdade do evangelho (Jesus), a despeito de sabermos que há uma miscelânea religiosa e cultural envolvida, muitas vezes, sem qualquer propósito de adorar, de fato, o salvador.

No período das comemorações natalinas conseguimos levar à igreja pessoas que não iriam em outra ocasião. Este é um excelente momento para convidarmos  nossos parentes, amigos, vizinhos e conhecidos para irem à igreja. Nessa ocasião, o visitante ouvirá uma responsável mensagem evangelística e lhe será apresentado, a pretexto desta festa, o verdadeiro sentido do natal para um cristão. Mais uma vez temos algo que pode até parecer idolatria para alguns crentes, mas não é, visto que sua essência é o próprio evangelho da salvação.

“Todavia, que importa? Uma vez que Cristo, de qualquer modo, está sendo pregado, quer por pretexto, quer por verdade, também com isto me regozijo, sim, sempre me regozijarei.” (Filipenses 1:18 RA)

“3º As fotos de certa forma fazem referencia ou alusão  a bares e a bêbados!”

Amada, ainda que você tenha ficado com essa impressão, posso lhe assegurar que nenhuma de nossas comemorações são realizadas em bares ou locais impróprios à consciência cristã dos nossos membros ou de qualquer outro crente em Jesus. Também, não são oferecidas bebidas alcoólicas de espécie alguma. Entretanto, alegria não é um privilégio de bêbados. Os crentes também exultam de alegria quando estão reunidos, em comunhão com Deus e com os irmãos.

Alegrai-vos no SENHOR e regozijai-vos, ó justos; exultai, vós todos que sois retos de coração.” (Salmos 32:11 RA)

Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos.” (Filipenses 4:4 RA)

“4º As pessoas estão trajadas de forma a fazer alusão ao São João!”

Como já expliquei, trata-se de uma festa caipira.

“5º Os irmãos frequentam bailes, danceterias ou outros tipos de lugares?”

Os jovens da CEEN são alegres e festivos. Temos muitas festas e atividades na própria igreja e nas casas dos irmãos, onde estão presentes pastores da igreja. Que eu saiba, os jovens da CEEN não freqüentam locais impróprios para um servo de Deus. Mas, se algum membro da igreja tem práticas que não possam ser consideradas saudáveis ou santas, certamente, isso não ocorre com o apoio do ministério.

Enfim, amada, peço que você me perdoe se minhas palavras lhe pareceram ásperas. Não tive qualquer intenção de feri-la, mas apenas tentei responder suas perguntas de modo sincero e objetivo. Também, não tive a preocupação em concordar com você para que você se sentisse atraída pela CEEN. Enquanto eu respondia esta mensagem meu coração estava absolutamente tranqüilo e em momento algum me senti ofendido com seus questionamentos.

O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz.

Grande abraço,

Pastor Sólon.