Carta 263

02/07/2013 17:34

DATA DA PUBLICAÇÃO: 14/2/2013

 

De: MARIA

Para: celeiros.df@gmail.com

Data: 14 de fev 2013 11:40 (8 horas atrás)

Assunto: Pedido de ajuda...

 

Olá Pr. Sólon,

Meu nome é MARIA e sou de (...)/ES e há um tempo tenho lido o site Celeiros, e gosto muito de seus conselhos e ensinamentos e é por esse motivo que decidi pedir ajuda para uma angustia que tenho vivido há (...) anos...

Inicialmente vou lhe contar um pouco da minha historia... Fui criada no interior e educada segundo os princípios do Catolicismo, aos 17 anos deixei a casa de meus pais e fui morar sozinha na (...) do ES para estudar e foi onde conheci meu esposo. Quando o conheci, ele participava da ICM, durante nosso namoro ele foi batizado e eu passei a freqüentar alguns cultos juntamente com ele, nunca tivemos nenhum problema quanto a diferença de religiões. Após dois anos e 7 meses de namoro e noivado, nos casamos. Acordamos casar em uma cerimônia bem simples na igreja católica, tendo em vista que ambos gostariam de uma benção pela nossa união. Apesar de tudo muito simples, nosso casamento foi uma benção e assim tem sido até hoje... Somos muito unidos, aquele casal que sempre faz tudo junto e sempre conversa sobre tudo.

Após nosso casamento, senti a necessidade de acompanhá-lo na igreja, pois era muito ruim nos separarmos para freqüentarmos igrejas diferentes. Então, passei a freqüentar os cultos da Maranata com ele. Nunca havia entrado numa igreja evangélica até este momento, mas tomei essa decisão por amor... A partir desse momento começou a angustia que me assombra... Como participava da igreja, logo começaram os convites para ser batizada, mas nunca senti vontade de ser batizada, logo minha participação na igreja sempre foi limitada. Meu esposo nunca chegou a ter função na igreja, mas sei que ele participava mais antes de me conhecer.

Quando entrei para a ICM levei um choque muito grande, pois tudo era muito diferente do que vivia na Católica, não posso deixar de admitir que passei a ter uma comunhão muito maior com Deus quando tomei essa decisão, sinto que hoje estou muito mais próxima de Deus e de seus ensinamentos do antes, mas ao mesmo tempo, nunca consegui acreditar nas revelações que acontecem diariamente na ICM, sempre vi aquilo como uma forma de manipulação. Quando fiz o principiante no Manaaim fiquei horrorizada com as chacotas que os pastores faziam com as demais denominações, quis sair de lá correndo e não voltar nunca mais. A convivência com outros membros da igreja foi me mostrando o quanto eles se achavam superior a tudo e a todos e desde então comecei a alimentar um sentimento de repúdio dentro de mim... Repúdio a toda soberba, vaidade e manipulação que via em alguns membros da igreja.

Nunca consegui me adaptar as doutrinas da ICM e infelizmente fui me afastando e também afastando meu esposo da igreja. Não conversamos muito a respeito disso, mas sinto que essa situação o incomoda, ao mesmo tempo tenho medo de deixar que ele siga sem mim e que as pessoas de lá façam a cabeça dele contra mim... Tenho medo de perde-lo, mas não me sinto bem nessa denominação, me sinto oprimida. Tenho vontade de servir a Deus, mas não lá, pois sei que terei que aceitar muitas coisas das quais não concordo ou não acredito. Ainda não temos filhos, mas já fico pensando como farei para criá-los no meio de tantas incertezas... Enfim, sempre guardei esses sentimentos comigo, mas sei que eles me fazem muito mal e não sei o que fazer...

Não sei como contar tudo isso ao meu esposo, não sei como ele vai reagir, não sei como resolver essa situação em minha vida. Vivo há (...) anos nesta situação Pr. Sólon, com medo de perdê-lo, me achando a pior esposa do mundo e sofrendo calada com todas essas duvidas... Espero muito que o senhor possa me ajudar a encontrar respostas que acalmem meu angustiado coração.

Aguardarei ansiosa pelo seu retorno,

Abraços,

          

De: celeiros.df@gmail.com

Para: MARIA

Data: 14 de fevereiro de 2013 14:17

Assunto: Re: Pedido de ajuda...

Prezada irmã MARIA, que a paz do Senhor Jesus seja com toda a sua família.

Hoje, depois do trabalho, após chegar em casa, responderei a sua mensagem, ok?

Fique tranquila, pois você não tem um problema, mas um desafio pela frente.

Grande abraço,

Pr. Sólon

 

 
 

 

 

 

De: celeiros.df@gmail.com

Para: MARIA

Data: 14 de fevereiro de 2013 23:28

Assunto: Re: Pedido de ajuda...

Prezada irmã MARIA, que a paz do Senhor Jesus seja com toda a sua família.

Leia minhas palavras lembrando sempre que não estou criticando seu posicionamento, mas tentando ser bem franco com você, ok? Entenda que esse é o meu modo de amar as pessoas.

Ao ler sua história, percebi que você e seu marido viveram uma experiência incomum na Igreja Cristã Maranata. Você disse que seu então namorado participava da ICM e que vocês mantiveram uma relação de namoro e que não havia problemas quanto à diferença de religiões, ele protestante da ICM e você católica. Disso, sou levado a pensar que seu marido não era integrado nos principais serviços da Maranata, pois a ICM não admite que seus membros ativos mantenham relacionamento de namoro com pessoas de outras igrejas, mesmo as evangélicas. Talvez isso tenha passado despercebido pela liderança da ICM que ele frequentava, já que você passou a ir à igreja com ele. Mas, pelo que entendi, você continuava a professar a fé católica, mesmo frequentando a Igreja Maranata com seu namorado, certo?

Outra coisa incomum é você ter se casado na Igreja Católica com um “membro da ICM” (?). Imagino que ele não era considerado membro da igreja. Se fosse, certamente seria excluído de todos os serviços da igreja, se é que naquele tempo ele tinha algum. Não estou desconsiderando a hipótese das coisas terem mudado depois da minha saída, mas, enquanto eu estava lá, essa era a realidade.

Querida, acredito em você. Acredito que seu casamento seja uma bênção e que seu relacionamento conjugal seja ótimo. Mas, fiquei em dúvida quanto à fé que você e seu marido professam. Não tenho certeza se vocês aderiram, de fato, à fé evangélica ou se permanecem na fé católica. Também, não sei se vocês conseguem distinguir com clareza uma fé da outra.

Digo isso não para criticá-la, entenda, mas porque em pontos nevrálgicos, a fé evangélica é incompatível com a fé católica, especialmente no que diz respeito à idolatria e aos dogmas de cada uma delas. Por exemplo: você crê no purgatório? Você crê que o Papa é o sucessor Pedro? Você crê que na consubstanciação? Você crê que Maria é a mãe de Deus? Você crê na assunção de Maria? Você crê que um homem (ou mulher), canonizado (a) como santo (a) pode operar milagres aqui na terra? Você crê no batismo de crianças? Você crê que o celibato é uma ordem de Deus para os seus sacerdotes? Você crê na salvação pelas obras?

Enfim, querida, esses são apenas alguns exemplos do quanto uma fé católica é incompatível com a fé evangélica. Isso porque nesses pontos citados nunca houve conciliação entre ambas as igrejas, católica e evangélica. E, dependendo do que cremos, nossa salvação pode ficar comprometida.

Veja que eu não estou me referindo ao modo de cultuar de cada igreja. Refiro-me à essência da fé. Recentemente, fui à uma igreja tradicional e o culto parecia uma missa, dada a semelhança da liturgia. Mas, isso não me levou a desprezar essa igreja, pois eu sabia que, na essência, ela era uma igreja evangélica genuína, embora com uma liturgia diferente da que eu realizo semanalmente.

Amada, disse isso porque me parece que você passou a frequentar a ICM, como você mesma disse, por amor ao seu marido e não por ter se convertido à fé evangélica. Talvez esse seja o motivo de você ter ficado assombrada com algumas atitudes da igreja Maranata e por nunca ter se interessado pelo batismo.

Observe que a questão da comunhão é muito subjetiva. Há pessoas que não sentem comunhão com Deus em ambientes agitados, como são alguns cultos evangélicos. Por outro lado, há pessoas que “viajam pelo céu” nesse tipo de culto. Ora, a comunhão com Deus não está necessariamente ligada ao modelo de culto adotado pela igreja, mas ao modelo mental de cada pessoa. Eu, por exemplo, sinto comunhão com Deus em qualquer tipo de culto. E isso não significa que eu goste de muitas coisas que presencio. O que eu estou dizendo é que os verdadeiros adoradores adoram o Pai “em espírito e em verdade” e que isso pode acontecer em Jerusalém (no templo) ou em Samaria (sem templo):

"20 Nossos pais adoravam neste monte; vós, entretanto, dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar. "21 Disse-lhe Jesus: Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. "22 Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. "23 Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores." (João 4:20-23)

Por isso, querida, o fato de você alcançar comunhão com Deus em um ou outro lugar não diz muita coisa sobre a fé que você professa.

Quanto a acreditar nas revelações da ICM, sei que sou muito incisivo, mas sugiro a leitura do estudo que publiquei no site celeiros sobre “dons espirituais”. Não a culpo por não crer naqueles dons, uma vez que eu mesmo percebi muita precipitação ali, além de uma doutrina questionável a esse respeito. Mas, entenda que essa é apenas a minha opinião e que eu não deixo de acreditar nas experiências pessoais de cada um. Sim, eu creio que Deus fala, que opera de modo sobrenatural e que se manifesta de diversas formas, mas procuro ser muito cuidadoso para não assumir o lugar de Deus como alguns fazem com seus supostos dons espirituais.

Sobre o que você falou acerca do seminário de principiantes, realizado no Maanaim, sou forçado a concordar. Lembro-me que eu também ficava chateado ao ver a ridicularização da fé dos outros. Penso que, mesmo quando discordamos, devemos manter o respeito.

Quanto à soberba, também, é um fato que normalmente somente quem está de fora consegue perceber. Quem está dentro, não nota o quanto isso é incompatível com a essência do evangelho de Jesus. Outro dia encontrei-me com uma velha conhecida que ainda está na ICM. Ela conversava comigo como se eu fosse um coitadinho que saiu da “Obra”. Por educação e por amor relevo essas coisas e deixo que pensem o que quiserem a meu respeito. Não preciso me defender, pois pelo fruto conhecemos a árvore. Não é pela folhagem, não é pela altura e nem pela largura do tronco.

Amada, volto a questão central de sua mensagem. Você repudia a doutrina da ICM ou a doutrina evangélica? Primeiramente, é necessário que você faça uma avaliação sobre a sua fé. Eu, por exemplo, não compactuo com a maior parte da doutrina da ICM e isso fica muito claro em meus textos. De modo semelhante, repudio veementemente a teologia da prosperidade e toda forma de idolatria, mesmo a que toma a forma de avareza.

"5 Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria;" (Colossenses 3:5)

Por essa razão, não estou nem na ICM nem na Igreja Universal, nem no movimento G-12 e nem na Igreja Católica. O que quero dizer é que procuro ser coerente com o que creio. Não quero que ninguém se engane a meu respeito. O que creio eu sigo e professo abertamente. No que eu não creio eu não sigo e repudio, com todo o respeito.

Talvez, querida, no seu caso, o primeiro passo seja a avaliação daquilo que você crê. Depois, procure andar segundo a sua fé. Seu marido nunca vai entendê-la se você não for bem clara e sincera com ele. Não tenha medo da verdade e nem da luz. Você mesma disse que é muito unida ao seu marido e que vocês conversam sobre tudo. Então, não permita que haja escuridão entre vocês. O Diabo age nas trevas, mas o Espírito de Deus age na luz. Nunca dissimule. Não deixe seu marido enganado a seu respeito. Ele precisa saber exatamente o que você pensa. O quem vem depois? Na luz, na verdade e na sinceridade você terá o Espírito Santo de Deus agindo em seu favor. Tome a decisão certa e não tenha medo:

"18 No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor." (1 João 4:18)

Por fim, querida, vou fazer um convite. Nos dias 8, 9 e 10 de março estarei levando um grupo de Vila Velha para um seminário de “Restauração de Vidas” no Rio de Janeiro. Se você deseja mudança em sua vida, seja católica ou evangélica, inscreva-se. Há uma irmã do Uruguai que se comprometeu a ir. Se esta irmã consegue sair de tão longe para fazer um seminário em busca de restauração de sua vida, nós também conseguimos.

É claro que o esforço só se justifica se somos necessitados de restauração. Afinal, os sãos não precisam de médico. De nada adianta dizer que precisamos de mudança se não tomamos nenhuma atitude a esse respeito.

Por fim, amada, ore a Deus para que Ele a ajude a fazer as escolhas certas em sua vida. Ajuste seus valores em sua mente segundo os padrões bíblicos, pois neste mundo temos que saber diferenciar com clareza o bem do mal, o certo do errado, o justo do injusto, a santidade da impureza e o caminho da salvação do caminho da perdição.

O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz.

Grande abraço,

Pastor Sólon.

 

 
 

 

 

 

celeiros.df@gmail.com