Carta 243

02/07/2013 17:18

DATA DA PUBLICAÇÃO: 23/10/2012

 

De: MARIA

Para: celeiros.df@gmail.com

Data: 24 de julho de 2012 13:20

Assunto: Sobre culto

 

Olá Pr, que a paz do Sr seja contigo e sua família, como o senhor sempre tem me ajudado estou aqui novamente pra pedir ajuda.

Eu estava lendo seu artigo sobre culto e quero dizer que gostei muito...

(...)

Peço que ore por mim e por gentileza não publique esse email no site, mas se quiser publicar a resposta fique à vontade e mais uma vez te agradeço muito pela ajuda e amor e compreensão de sempre.

Abraço fraternal!

          

De: Celeiros

Para: MARIA

Data: 5 de agosto de 2012 02:32

Assunto: Re: Sobre culto

Prezada irmã, que a paz do Senhor Jesus seja com toda a sua casa.

Vou tentar responder suas questões em dois tópicos, ok?

“Culto: tradição e manipulação” x autoridade espiritual x congregar

Sobre o texto que escrevi (“Culto: tradição e manipulação”), permita-me uma observação. Eu não sou contra a realização de cultos. Apenas percebi que essa tradição está no lugar em que não deveria estar: no centro da vida cristã.

Exatamente por eu entender que os cultos têm sido valorados de modo indevido, percebi que não há razão para nós gastarmos tanto tempo e sofrermos por causa disso. Como já disse várias vezes, para mim é indiferente o modo como as denominações fazem seus cultos, pois o que me importa é o modo como elas fazem discípulos. “Pelos frutos os conhecereis”.

Também, preciso esclarecer que não sou contrário às autoridades estabelecidas por Deus, desde que sejam exercidas nos padrões bíblicos, sem extrapolações, dominação, hipocrisia, desonestidade etc.

Sobre estar congregado, sei que o homem é “um ser social” e, por isso, nunca estará bem se estiver isolado, sem amparo de amigos, parentes, colegas de trabalho, companheiros de atividades esportivas etc. Não há sucesso no mundo que satisfaça a alma solitária. Se o homem bem-sucedido não tiver com quem compartilhar o seu sucesso, ele logo sente que tudo o que conquistou foi em vão. Por tudo isso, a palavra de Deus nos ensina que aquele que o isolamento é uma atitude rebelde e egoísta.

O solitário busca o seu próprio interesse e insurge-se contra a verdadeira sabedoria.” (Provérbios 18:1 RA)

Então, nós, servos do Deus altíssimo, filhos de Deus, chamados para viver em família, para chorar com os que choram, para comemorar com os que comemoram (Rm 12:15 – 1 Co 12:26), para suportar uns aos outros (Cl 3:13) e para termos tudo em comum (At 2:44), não podemos desprezar o corpo de Cristo (1 Co 12:21) e a autoridade de comando vinda da cabeça, que é Cristo (Cl 1:18).

Mesmo as denominações que optam por fazer apenas reuniões nas casas dos membros não devem desconsiderar que há uma organização estabelecida por Deus e que diz respeito à igreja de Cristo:

“11 E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, 12  com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo,” (Efésios 4:11-12 RA)

O fato é que fomos chamados para caminhar juntos, de modo organizado, decente, imbuídos de uma mesma missão, amparando uns aos outros, compartilhando bons e maus momentos, mas sem desconsiderar a submissão às autoridades constituídas por Deus, uma vez que até mesmo os incrédulos estão sujeito à autoridade e às organizações humanas, a exemplo do Estado.

Sabendo de tudo isso, não podemos permitir que o modelo escolhido de culto seja o que definirá o lugar em que estaremos congregando. Há muita coisa mais importante que um bom culto.

Conivência com o pecado x submissão da mulher

Minha irmã, gostaria que você percebesse que as cartas que respondi sobre a importância da mulher acompanhar o marido foram escritas antes que eu tivesse conhecimento dos fatos que relacionam a liderança da Igreja (...) a desvios de dízimos.

Se a questão for apenas o modelo de culto e outros procedimentos internos ou costumes locais, não vejo razão para a mulher não acompanhar o seu marido na denominação em que ele se sente útil aos propósitos de Deus.

Mas, se a questão é pecado, idolatria (culto a ídolos) e outras abominações, creio que a mulher não está obrigada a se sujeitar a uma autoridade que contraria frontalmente sua fé e a autoridade maior sobre sua vida.

Por exemplo, se uma mulher cristã sabe que a denominação de seu marido está associada ao crime (falo em tese, hipoteticamente), certamente ela não deverá se sentir obrigada a participar daquilo que já se sabe que Deus não aprova. Obviamente, o Senhor não irá exigir que ela se associe a criminosos, pois a própria bíblia nos orienta quanto a evitarmos a conivência com o erro.

“Quando alguém pecar nisto: tendo ouvido a voz da imprecação, sendo testemunha de um fato, por ter visto ou sabido e, contudo, não o revelar, levará a sua iniqüidade;” (Levítico 5:1 RA)

Esta é uma questão essencial: o conhecimento. Deus não exige nada de quem não tem o conhecimento do erro. Entretanto, quando o erro se torna conhecido por nós, passamos a ser coniventes se não o repudiamos. Se nos calamos, nos conformamos e buscamos nosso conforto dizendo que “isso não me diz respeito”, nos tornamos co-responsáveis juntamente com o pecador e estamos sujeitos às mesmas conseqüências daquele pecado.

Veja que o apóstolo Paulo orientou a igreja a não ser passiva diante de crentes pecadores que não se arrependem de seu pecado mesmo quando são revelados e notórios.

“9 Já em carta vos escrevi que não vos associásseis com os impuros; 10  refiro-me, com isto, não propriamente aos impuros deste mundo, ou aos avarentos, ou roubadores, ou idólatras; pois, neste caso, teríeis de sair do mundo. 11  Mas, agora, vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal, nem ainda comais. 12  Pois com que direito haveria eu de julgar os de fora? Não julgais vós os de dentro?” (1 Coríntios 5:9-12 RA)

Ora, se Paulo nos ensina a repudiar o pecado consciente e sem demonstração de arrependimento, por certo ele jamais orientaria uma mulher a se submeter a uma liderança comprometida com o pecado.

A questão, querida, é saber o que é pecado. Há mulheres que deixam de acompanhar seus maridos em razão de gosto pessoal e de equivocados conceitos sobre o que é pecado. Não gostam do culto da denominação de seus maridos ou não gostam do modo como tratam a questão dos usos e costumes.

Isso é impróprio e antibíblico.

Há quem pense que é pecado, por exemplo, mulher usar calça comprida, fazer um teatro no culto, bater palmas etc. Se isso fosse pecado essas pessoas estariam certas de evitarem essas práticas. Mas, se isso não é pecado, maior pecado terão sobre si as mulheres que não acompanham seus maridos, pois isso é, a meu ver, uma afronta séria à palavra de Deus.

Ora, a bíblia nos diz que a mulher sábia edifica a sua casa (Pv 14:1); é auxiliadora  de seu marido (Gn 2:18), tendo-o por cabeça (1Co 11:3 – Ef 5:23), respeitando-o (Ef 5:33), sujeitando-se a ele no Senhor (Ef. 5:24), confiando que ele a amará como Cristo amou a sua igreja (Ef 5:25) e que só lhe fará bem, como o faz a si mesmo (Ef 5:28).

Uma mulher que não acompanha o seu marido por “capricho pessoal” parece-me egoísta (só pensa em suas preferências). Essa, evidentemente, não auxilia o seu marido, resiste ao seu chamado como mulher e não busca a unidade de sua casa. Penso que uma mulher que age assim está muito longe da vontade de Deus, por mais piedosa que pareça ser na igreja.

“A mulher sábia edifica a sua casa, mas a insensata, com as próprias mãos, a derriba.” (Provérbios 14:1 RA)

“22  As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor; 23  porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo.” (Efésios 5:22-23 RA)

Ora, a mulher que não é capaz de sujeitar-se ao seu marido, nos termos bíblicos, não se sujeita a Deus, que foi quem estabeleceu as coisas assim, gostemos ou não.

“1 Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. 2  De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação.” (Romanos 13:1-2 RA)

Portanto, no que diz respeito à mulher, entendo que ela só não precisa acompanhar seu marido se ele estiver claramente seguindo pecadores que praticam a injustiça, o engano e o mal, pois, se assim fizer, será conivente com o erro e estará sujeita às mesmas disciplinas que virão sobre esses pecadores.

“Para os perversos, todavia, não há paz, diz o SENHOR.” (Isaías 48:22 RA)

Espero ter atendido suas expectativas.

O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz.

Grande abraço,

Pastor Sólon.

 

 
 

 

 

 

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