Carta 239

02/07/2013 17:14

DATA DA PUBLICAÇÃO: 30/5/2012

 

De: MARIA

Para: Site Celeiros

Data: 21 de março de 2012 09:43

Assunto: música

 

Olá Pr apds, eu li em um site evangélico Genizah, um artigo falando que o crente pode ouvir música do mundo que não há problemas, sinceramente desde que estou na ICM tenho muitas dúvidas sobre isso, lá a gente aprende que não pode, e muitos que ouvem são colocados no banco quando são descobertos...eu não sei como posicionar sobre o assunto, as vezes penso que se o conteúdo da música é ofensivo ao que aprendemos como cristãos realmente não é conveniente se ouvir e nem cantar, mas se a música é bela, tenho dúvidas se posso ou não ouvir...eu antes de me converter a Deus era muito ligada a música, gostava muito de músicos estrangeiros principalmente...hoje digo que não sei o que pensar, qual a sua opinião segundo a palavra de Deus sobre esse assunto?

De: Site Celeiros

Para: MARIA

Data: 17 de maio de 2012 08:51

Assunto: música

Prezada irmã, que a paz do Senhor Jesus seja com toda a sua casa.

Para respondê-la, vou tentar estabelecer algumas diferenças conceituais, segundo minha visão.

“Música do mundo”

Partindo do conceito de “mundo”, no sentido bíblico figurado, que se refere aos homens comprometidos com as trevas (relação homem/pecado) ou ambiente que dá suporte ao pecado, temos que “música do mundo” seria uma composição (letra/melodia) cuja mensagem veicula conceitos, valores e práticas do sistema de Satanás, tendente a induzir o homem à vida afastada dos valores morais e princípios espirituais do evangelho de Jesus.

Vejamos dois textos bíblicos que apresentam a ideia de mundo nos sentidos a que me referi:

“18 Se o mundo [homens comprometidos com o pecado] vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim. 19  Se vós fôsseis do mundo [coniventes com as práticas pecaminosas], o mundo [homens comprometidos com o pecado] amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo [coniventes], pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo [homens comprometidos com o pecado] vos odeia. 20  Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram [homens comprometidos com o pecado] a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa. 21  Tudo isto, porém, vos farão por causa do meu nome, porquanto não conhecem aquele que me enviou. 22  Se eu não viera, nem lhes houvera falado, pecado não teriam; mas, agora, não têm desculpa do seu pecado. 23  Quem me odeia [homens comprometidos com o pecado] odeia também a meu Pai.” (João 15:18-23 RA)

“15 Não ameis o mundo [ambiente de pecado] nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; 16  porque tudo que há no mundo [ambiente de pecado], a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. 17  Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente.” (1 João 2:15-17 RA)

Ora, no sentido de “veículo” de mensagens indutoras do pecado e de práticas morais do reino das trevas, creio que músicas compostas com esse fim não devem habitar em nossas mentes, para que mantenhamos nossos pensamentos e corações limpos e puros, como convém a um discípulo de Cristo.

Sabemos, entretanto, que nada sai de nós que primeiro não tenha entrado, pois o homem fala daquilo que já está em seu coração (mente). Ou seja, só sai de nós o que primeiramente em nós penetrou e se instalou, como podemos ver a seguir:

“O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal; porque a boca fala do que está cheio o coração.” (Lucas 6:45 RA)

E a porta de entrada de conceitos, de valores, de princípios e de tudo o mais que habita as nossas mentes está em nossos sentidos (tato, olfato, paladar, visão e audição), de modo que a palavra de Deus nos adverte quanto ao perigo de ficarmos expostos ao mau, porque ele pode aderir (pegar-se) à mente humana, senão vejamos:

Não porei coisa má diante dos meus olhos; aborreço as ações daqueles que se desviam; nada se me pegará.” (Salmos 101:3 RC)

De fato, ao nos fixarmos no mau, sem opor-lhe resistência (Tg 4:7), corremos o risco de sermos invadidos pelos valores das trevas, que penetram em nossas mentes e ali se instalam. E uma vez que mau penetra nossas mentes, passa a habitar nossos pensamentos e a produzir desejos que lhe atenda. Depois disso, temos que travar verdadeiras batalhas para purificar nossas mentes e corações.

Para evitar essa guerra interior, e se queremos praticar o que é agradável a Deus, o conselho bíblico é que mantenhamos nossas mentes limpas e nossos pensamentos voltados para os valores e princípios de Deus, conforme nos ensinam os textos que seguem:

“1 Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. 2  Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; 3  porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus.” (Colossenses 3:1-3 RA)

“8 Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento. 9  O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco.” (Filipenses 4:8-9 RA)

Em conclusão a este tópico, entendo que, se uma música está carregada dos valores das trevas, é melhor evitarmos que ela se instale em nossas mentes. Quando escuto um crente em Jesus cantando músicas com tais mensagens “mundanas”, fico com a sensação de que há alguma incoerência entre o que se canta e o que se crê.

Música secular

A música secular inclui tanto as “músicas do mundo” como outras composições que, embora não possuam mensagens de Deus, sobre Deus e para Deus, não são veículos de mensagens antibíblicas, heréticas, profanas ou imorais.

Assim, o que faz de uma música secular ser “mundana” é a mensagem conduzida por sua letra, do mesmo modo que uma canção é considerada evangélica, gospel ou cristã pela mensagem de sua letra e não por seu ritmo, harmonia ou tipos de instrumentos utilizados. A esse respeito, sugiro a leitura do texto: “Músicas e ritmos: o que é santo ou profano?

A questão, então, é: será pecado ouvir ou cantar uma música secular?

Do mesmo modo que em nosso dia-a-dia não falamos apenas de Deus, sobre Deus e para Deus, entendo que nada impede que cantemos músicas cujas mensagens digam respeito à vida cotidiana, desde que não sejam “do mundo”.

Eu sei que todo crente ama dar louvores ao Senhor em canções, reconhecendo seus feitos, seu amor, sua misericórdia, sua benignidade, seu poder, sua graça etc. Também, há músicas que reproduzem textos bíblicos e falam das promessas do Senhor. Outras, são verdadeiras orações ao soberano.

Entretanto, a palavra de Deus não exige, em texto algum, que o povo de Deus ouça ou cante exclusivamente músicas com mensagens bíblicas. Do mesmo modo que um homem pode falar de sua admiração pela natureza, pode, também, expressar esse seu sentimento em forma de música. O mesmo se aplica ao amor fraternal ou conjugal. Também, nada impede que narremos uma história, um fato ou uma esperança sob forma de canção. Isso tudo, é claro, sem que haja mensagens diretas ou indiretas que exaltem a obra maligna de Satanás ou que induzam a práticas pecaminosas.

Com esse pensamento, não vejo nenhum pecado em se cantar uma música secular que não seja “do mundo”. Se a mensagem não é antibíblica e se o ato de cantar livremente não é proibido por Deus, não vejo pecado algum nisso.

Eu, por exemplo, fui criado ouvindo música clássica dentro da minha casa (meu pai fazia isso todos os dias) e até hoje gosto dessas composições. E isso nada tem a ver com minha espiritualidade. Inclusive, acho que ouvir Mozart, Bach, Haendel ou Mendelssohn pode até nos levar à descontração em momentos de stress.

Já minhas filhas (duas jovens e uma adolescente), embora livres, não têm qualquer desejo de escutar músicas seculares. O que eu acho lindo é que elas não têm esse hábito, mas não recriminam e nem discriminam quem tem.

Música evangélica, gospel ou sacra

Não sou músico e pouco entendo do assunto, mas, ao que me parece, não há estilo musical evangélico, gospel ou sacro. O que há, de fato, são estilos e gêneros musicais diversos com letras que falam de Deus, para Deus e sobre Deus.

 

A exemplo, já escutei forró, samba, axé, valsa, rock, funk, Hip-Hop, Blues, Jazz, sertaneja etc. com letras cristãs. Nenhum ritmo ou gênero, portanto, é maligno ou de Deus, em si mesmo. O que fará de uma música cristã é a letra e não o gênero musical. A cantora e pastora Cassiane se vale, em muitas de suas composições, do gênero forró e ninguém ousa dizer que suas músicas são malignas, uma vez que suas letras, em geral, são bem centradas em Deus.

Ressalvo que há muitas músicas compostas por homens evangélicos cujas letras destoam da palavra de Deus, carregando mensagens absolutamente contrárias aos princípios de Jesus. Por outro lado, há canções com letras absolutamente bíblicas, porém compostas por homens carnais, vaidosos, “estrelas”, que querem apenas vender CD’s e fazer sucesso no “mundo gospel”.

Por isso, de um modo geral, eu procuro não olhar para o vaso, mas para o conteúdo que ele carrega, abstraindo uma coisa da outra. Afinal, não consigo saber se quem fez a música é crente de verdade, se sua intenção é apenas comercial, se ele está em pecado (vaidade, p.ex) ou se é um homem cheio do Espírito Santo de Deus. Artistas são especialistas na arte de representar e qualquer pessoa conhecedora da palavra de Deus, inteligente e talentosa pode criar boas composições e dar um “show”, mesmo se sua vida for uma fraude.

Por último, é bom lembrar que os hinos do passado não são melhores do que as músicas cantadas atualmente. Reconheço que hoje temos uma grande quantidade de letras evangélicas que falam de Deus, mas centram sua mensagem no abençoado e não no abençoador, mas isso não significa que não tenhamos muitas composições harmônicas e bem ajustadas à palavra de Deus.

No passado, embora não saibamos, as músicas tradicionais dos hinários eram modernas para o tempo em que foram compostas e valiam-se dos ritmos cantados secularmente. Alguns, inclusive, aproveitavam melodias seculares e apenas mudavam suas letras. Muitos músicos, quando se convertiam, aproveitavam suas composições seculares, adaptando-as a um conteúdo cristão.

Por exemplo, o hino 185 da Harpa Cristã é o Hino Nacional da Inglaterra com uma letra cristã. O conhecido hino “Os guerreiros se preparam para a batalha” é o Hino Nacional das Ilhas Fiji. O hino “Vencendo vem Jesus” é uma versão de uma música militar da época da guerra civil americana chamada “John Brown”s Body”, que exaltava os esforços de um homem na guerra. Recentemente, o cantor baiano Lázaro fez uma versão de "I Miss Her", música que cantava enquanto integrante da banda Olodum. Essa versão evangélica, sob o título de "Eu Sou de Jesus", fez muito sucesso no meio evangélico. E nem por isso dizemos que Deus não foi honrado com essas canções.

Conclusão

Enfim, querida, minha sugestão é que você firme seus olhos na palavra de Deus. O que for incompatível com as escrituras sagradas deve ser renegado por todo cristão, inclusive as “músicas do mundo”. O que não for incompatível com a palavra de Deus, se não for inconveniente, não precisa ser renegado.

O fato é que as letras das músicas (evangélicas ou não) devem ser submetidas, racionalmente, ao crivo da palavra de Deus e não os seus compositores, pois nada impede que Deus use um vaso ruim como nós para transmitir uma mensagem boa, não é mesmo? Até Balaão, em situação reprovável diante de Deus (Jd 1:11; Ap 2:14) foi usado para abençoar o povo do Senhor e suas palavras não foram invalidadas por sua condição.

“Porém eu não quis ouvir Balaão; e ele teve de vos abençoar; e, assim, vos livrei da sua mão.” (Josué 24:10 RA)

Assim, deixando de lado nossas percepções sobre os autores das músicas e sobre o fato de serem ou não cristãs, devemos procurar saber se elas estão carregadas dos valores das trevas ou se têm uma mensagem antibíblica. Fora isso, considerando que o ato de cantar livremente não é proibido por Deus, não vejo razão para qualquer tipo de preconceito.

O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz.

Grande abraço,

Pastor Sólon.

 

 
 

 

 

 

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