Carta 218

02/07/2013 16:47

DATA DA PUBLICAÇÃO: 24/2/2012

 

De: JOÃO

Para: Pr. Sólon

Data: 12 de fevereiro de 2012 21:01

Assunto: answers given at pastors meeting last night (please only publish the specified portion of this email)

 

Peace of the Lord Solon,

(…)

"Solon, last night one of the pastors of the Presbytery, a lawyer, was answering some questions being texted-messaged (via SMS) from various pastors, who had questions.   I trust you've heard about the answers given by now in that meeting in great detail.   Being a lawyer yourself I would like to get your opinion, in general, on how well, do you think  these questions were answered.  I think the pastors who sent their questions asked some very good questions.  I know lawyers are known to be very careful in what words they use when they answer.

Sometimes lawyers may given an evasive answer (or avoid answering the questions) in situations like this.  Maybe this happened - I'm not sure.  Being a lawyer, I think you might be able to discern better what was actually said (or not said).  QUESTION : Do you feel the pastors who were asking the questions, were given a fair and reasonable answer?  Did the answers seem appropriate, sincere and truthful - or do you think there were some major problems in the answers given?"

 

De: Pr. Sólon

Para: JOÃO

Data: 24 de fevereiro de 2012 02:28

Assunto: Re: answers given at pastors meeting last night (please only publish the specified portion of this email)

Prezado irmão, que a paz do Senhor Jesus seja com toda a sua casa.

Perdoe-me pela demora da resposta. Como você me enviou um link para um arquivo de áudio com uma hora de duração, tive que esperar um momento de folga para ouvi-lo.

Amado, no que diz respeito à questão espiritual, creio que já expressei minha opinião. A solução, a meu ver, é sinceridade, humildade, arrependimento e perdão. Infelizmente, até hoje não tive notícias de que alguém tenha demonstrado arrependimento. Só ouço pessoas se justificando, dizendo que isso é comum em todas as igrejas e instituições e apontando o erro praticado por terceiros.

Sinceramente, isso não revela o caráter de Cristo e nem atende aos preceitos espirituais ensinados por Jesus, mas não deixa de ser uma tentativa de manter as coisas em boa ordem.

Amado, apenas para registrar, em todos os lugares há pessoas honestas, que não se vendem nem por dinheiro, nem por poder e nem por fama. Também, no meio evangélico, é natural encontrarmos pessoas que amam, que são altruístas, que são humildes, que temem a Deus e que sabem respeitar o direito dos outros.

Tudo o que a igreja precisa fazer é colocar as pessoas certas nos lugares certos. Por um lado, as ovelhas devem saber escolher seus líderes espirituais e confiar em Deus. Por outro lado, os líderes devem saber escolher obreiros dignos de confiança. Não estou falando de algo impossível. Isso é real e factível. Sejamos maduros e responsáveis por nossas escolhas.

Infelizmente, há pessoas que aprenderam que Deus é quem deve fazer todas as escolhas em seu lugar. Penso que não. Deus não faz o que compete a nós fazermos. Para isso Ele nos deu a sua santa palavra como guia, além de inteligência e livre arbítrio.  Na palavra de Deus temos direção clara para um viver reto, justo, íntegro, saudável, pacífico, santo e próspero. Se sabemos o caminho, basta-nos andar nele.

“Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos.” (Salmos 119:105 RA)

“Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha;” (Mateus 7:24 RA)

“E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem.” (2 Ts 3:13 RA)

“Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando.” (Tiago 4:17 RA)

E a revelação? Eu creio na revelação de Deus, mas sou avesso à manipulação. Deus não brinca com os homens, mas infelizmente, muitos brincam com o nome de Deus, dizendo “o Senhor falou” quando Deus nada disse.

“Sabe que, quando esse profeta falar em nome do SENHOR, e a palavra dele se não cumprir, nem suceder, como profetizou, esta é palavra que o SENHOR não disse; com soberba, a falou o tal profeta; não tenhas temor dele.” (Deuteronômio 18:22 RA)

Devemos respeitar a soberania de Deus e não ser tolos a ponto de pensar que Deus falará quando nós quisermos que Ele fale. Sim, mesmo o homem santo e consagrado não deve presumir que Deus estará à sua disposição para revelar, a todo instante, detalhes sobre coisas que ele próprio deveria saber resolver.

Quando permitimos que Deus seja Deus, podemos esperar que ele coopere conosco e interfira, sempre que necessário, para nos ajudar a ver o que não podemos enxergar com os olhos naturais. Mas, quando presunçosamente pretendemos tomar o seu lugar, dizendo que tudo o que fazemos foi Ele quem revelou e mandou fazer, corremos o risco de sermos desmascarados, pois Deus certamente não assumirá a responsabilidade por nossos erros. Deus é justo e já nos ensinou que cada um responderá por suas próprias ações.

“Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará.” (Gálatas 6:7 RA)

Não podemos nos esquivar de nossas responsabilidades. Embora creiamos na revelação de Deus, temos que ser maduros na fé. O fato é: Deus não precisa revelar o que já sabemos que devemos fazer (Tg 4:17). Deus não precisa revelar que eu preciso amar e perdoar o meu irmão. Deus não precisa revelar que eu tenho que ser humilde. Deus não precisa revelar que na igreja eu tenho que tomar medidas administrativas segundo a legislação do meu país. Deus não precisa revelar que eu tenho que colocar um contador honesto para cuidar da contabilidade da igreja. Deus não precisa revelar que eu tenho que colocar alguém da minha confiança para cuidar das finanças da igreja. Deus não precisa revelar que eu tenho que afastar o ímprobo de suas funções administrativas e eclesiásticas. Deus não precisa revelar que eu tenho que escolher alguém que tenha os conhecimentos e a responsabilidade esperada para coordenar as funções administrativas da igreja... e assim por diante.

Eu acho lamentável quando vejo as pessoas espiritualizando todas as coisas e dizendo que Deus revelou para fazer algo que, todos sabem, foi feito com suas próprias consciências do certo e do errado, do justo e do injusto, do bem e do mal.

O resultado que se pode esperar de quem age assim é: um dia acabarão colocando a culpa em Deus por seus erros. Será que Deus vai aceitar? No Éden, não aceitou, senão vejamos:

“12 Então, disse o homem: A mulher que [TU] me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi. (...) E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida.” (Gênesis 3:12 e 17 RA)

No caso da igreja, temos que ter coragem de assumir que somos nós que a administramos quanto às questões administrativas e terrenas. Essa responsabilidade é nossa e devemos fazer isso com a máxima organização, zelo, honestidade, racionalidade, justiça, eficiência e ainda prestar contas da nossa administração. E se, ainda assim, algo der errado, devemos humildemente reconhecer a falha e pedir perdão a quem se sentir afetado.

Será que agindo desse modo seremos considerados homens carnais porque escolhemos os melhores administradores para cada tarefa sem esperar uma revelação do céu? Será que os homens considerados espirituais, empossados pela revelação de Deus, estão produzindo uma administração segundo o modelo de Jesus ou segundo o modelo de Salomão? Oportuna a leitura do  artigo “O palácio de Salomão” (https://migre.me/81PG6).

Não estou afirmando que a espiritualidade seja dispensável. De modo nenhum! Mas, enquanto há pessoas que acham que fazem tudo “por revelação”, há homens espirituais que andam retamente e tratam das questões administrativas com o auxílio da inteligência e da percepção da realidade prática.

Será que o pastor, que vive entranhado com o rebanho, não sabe em quem pode confiar?

Eu posso não conhecer as pessoas com as quais não convivo, mas conheço bem aquelas que estão muito próximas de mim. Esse é o princípio do discipulado. Judas roubou, mas nunca enganou o seu líder, senão vejamos:

“4  Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, o que estava para traí-lo, disse: 5  Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários e não se deu aos pobres? 6  Isto disse ele, não porque tivesse cuidado dos pobres; mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, tirava o que nela se lançava.” (João 12:4-6 RA)

“Contudo, há descrentes entre vós. Pois Jesus sabia, desde o princípio, quais eram os que não criam e quem o havia de trair.” (João 6:64 RA)

“20  Chegada a tarde, pôs-se ele à mesa com os doze discípulos. 21  E, enquanto comiam, declarou Jesus: Em verdade vos digo que um dentre vós me trairá. 22  E eles, muitíssimo contristados, começaram um por um a perguntar-lhe: Porventura, sou eu, Senhor? 23  E ele respondeu: O que mete comigo a mão no prato, esse me trairá. 24  O Filho do Homem vai, como está escrito a seu respeito, mas ai daquele por intermédio de quem o Filho do Homem está sendo traído! Melhor lhe fora não haver nascido! 25  Então, Judas, que o traía, perguntou: Acaso, sou eu, Mestre? Respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste.” (Mateus 26:20-25 RA)

Note, querido, que um líder deve ser próximo de seus liderados, comer com eles, andar com eles, conhecer o caráter de cada um, bem como seus corações. Um líder distante jamais saberá o que se passa com suas ovelhas e nem mesmo terá a oportunidade de sondar seus corações e instruí-los. Um líder distante corre mais risco de ser enganado... Jesus não foi.

Ainda, no que diz respeito às escolhas da liderança da igreja e a respectiva responsabilidade dela decorrente, no caso específico da ICM, podemos fazer um exercício de raciocínio:

1 – Deus revela todas as coisas à liderança da ICM?

2 – Todas as decisões da igreja são tomadas com base na revelação de Deus, confirmadas pela consulta à palavra?

3 – Deus revelou quem deveria ocupar as funções administrativas no Presbitério da igreja?

Se, honestamente, acreditarmos que as respostas a essas perguntas são “sim”, então teremos, também, que responder às seguintes questões:

1 – Por que, havendo tantos homens consagrados e espirituais na igreja (assim creio), Deus não revelou a perversidade daqueles que roubavam a tesouraria por, pelo menos, cinco anos seguidos?

2 – Os corruptos eram oficiais da igreja (pastores, diáconos e obreiros), participavam de cultos a Deus, tinham dons espirituais, falavam em nome de Deus, aconselhavam pessoas, oravam com imposição de mãos, participavam de reuniões espirituais, seminários e grupos de intercessão... e Deus não mostrava nada acerca do desvio de suas condutas?

3 – Deus errou ou se omitiu?

4 – Se Deus não errou e nem se omitiu, por que, então, Ele permitiu que tudo isso acontecesse?

Na minha visão, essa é a reflexão a ser feita. Se Deus permitiu esse escândalo, que envergonhou a igreja, o que Ele queria que os seus escolhidos aprendessem?

Aprenderam?

Amado, ouvi no áudio que você enviou repetidas justificativas do tipo: tomamos as devidas providências; fizemos tudo o que estava ao nosso alcance; denunciamos ao Ministério Público; denunciamos à Receita Federal; entramos com uma ação contra os prováveis responsáveis etc. Há, inclusive um relato onde o pastor diz que perguntou aos repórteres se “houve alguma ação que o Presbitério deveria ter feito e não fez” A resposta foi: “não, vocês fizeram tudo o que tinham que fazer”.

 

Do ponto de vista humano isso pode até ser um fato, mas será que perguntaram a Deus o que eles deveriam fazer e não estão fazendo?  Será que Deus não teria algo a lhes falar sobre a humildade, sobre o amor, sobre o perdão, sobre a misericórdia, sobre o altruísmo e sobre o corpo de Cristo?

Mais uma questão para a reflexão: se Deus não tinha nada a ensinar com esse fato que sobreveio à ICM, será que o roubo foi possível devido a uma brecha de pecado existente na liderança da igreja?

Há na palavra de Deus textos que nos indicam que o Diabo age quando encontra brechas para atuar, ou quando quem deveria proteger a casa está amarrado, senão vejamos:

Ninguém pode entrar na casa do valente para roubar-lhe os bens, sem primeiro amarrá-lo; e só então lhe saqueará a casa.” (Marcos 3:27 RA)

É importante destacar que a afirmação de que “fatos dessa natureza ocorrem em qualquer organização” é um argumento que só demonstra falta de arrependimento e de humildade, No áudio que você me enviou, o pastor faz essa afirmativa, mas penso que ele está equivocado.

Assim dizendo, percebo que se está a insinuar que nas outras igrejas acontece o mesmo. Sim, posso até concordar que todas as instituições estão sujeitas aos mesmos erros, mas não significa que ocorram. Enquanto eu estive na ICM, nunca tive notícias que isso tivesse acontecido e hoje, de igual modo, tenho muito orgulho de dizer que sirvo a Deus em uma igreja onde os recursos são administrados por homens competentes, espirituais e que sabem que, além de Deus, nós os acompanhamos de perto. Assim, melhor seria se cada um falasse de si mesmo.

 É verdade que onde o homem está presente há falhas, mas daí a afirmar que em todos os lugares há ladrões governando, creio que esse é apenas um argumento de quem não quer reconhecer e se arrepender de seus próprios erros, preferindo procurar defeito nos outros para justificar os seus próprios, o que de nada adianta. Um erro não justifica o outro.

Na minha visão, o melhor a fazer é arrepender-se e procurar saber o que Deus tem a ensinar ou que brecha deve ser imediatamente fechada para que o Diabo não infiltre novamente e atinja os homens que pensam que estão protegidos pela sua liderança. Sim, creio que se há pecado na liderança da igreja, o Diabo encontra brecha para atuar e atingir a vida dos membros, pois se a liderança está comprometida com o pecado, está amarrada e não terá poder para defender o rebanho dos mesmos ataques do Diabo em seu meio.

Por isso, Jesus disse que o bom pastor tem toda condição de defender as ovelhas do lobo, pois Ele é a porta e em sua vida não há brecha. Para que o lobo atinja o rebanho teria primeiro que passar por cima dele, se isso fosse possível. Esse é o bom pastor, em quem não há brecha:

“7 Jesus, pois, lhes afirmou de novo: Em verdade, em verdade vos digo: eu sou a porta das ovelhas. 8  Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não lhes deram ouvido. 9  Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem. 10  O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância. 11  Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. 12  O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge; então, o lobo as arrebata e dispersa. 13  O mercenário foge, porque é mercenário e não tem cuidado com as ovelhas. 14  Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim,” (João 10:7-14 RA)

Veja bem, querido, se o Diabo penetrou e roubou, talvez as lideranças da ICM devessem perguntar a Deus como o Diabo os amarrou, para impedir que enxergassem o que estava acontecendo, enquanto o ladrão agia livremente. Será que ninguém pensou em fazer uma avaliação da conduta espiritual da liderança da igreja, os valentes? Como diz o meu chefe: “o difícil é ver o óbvio”.

Do ponto de vista espiritual, creio que, se não for por uma autorização de Deus, como no caso de Jó, o Diabo não pode tocar em quem tem uma vida consagrada e sem brechas de pecado, senão vejamos:

“Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado; antes, Aquele que nasceu de Deus o guarda, e o Maligno não lhe toca.” (1 João 5:18 RA)

Sei que estou sendo repetitivo, mas vou insistir: será que Deus só esperava da liderança da igreja uma atitude administrativa nesta hora? Era só isso que Deus queria? Será que Deus permitiu que tudo isso acontecesse apenas para mostrar como os homens são responsáveis em tentar reaver o dinheiro roubado? Será que Deus não quer ensinar algo à liderança da igreja e aos seus membros? Será que não há brecha a ser tapada pela liderança da igreja?

Eu lamento muitíssimo que todo esse escândalo não tenha servido para mudar as mentes e os corações, mas apenas para corrigir procedimentos administrativos.

Essas eram as observações que eu senti o desejo de fazer acerca da espiritualidade relacionada às questões administrativas da igreja.

Agora, prosseguindo na questão do áudio que você me enviou, confesso que preferia não ter ouvido. Assim, eu poderia continuar em minha ingenuidade e desinformação sem nenhum peso em minha consciência por não me manifestar.

Desde logo, peço que você me perdoe se, desta vez, decidi ir um pouco além do que costumo ir. O fato é que fiquei incomodado com o que ouvi, a ponto de quebrar um pouco a minha habitual indiferença em relação a essa questão.

Assim, vou comentar as explicações que foram dadas pela liderança da ICM aos seus pastores sobre o desvio de recursos da igreja.

A primeira coisa que me chamou a atenção foi a afirmação de que a Igreja Cristã Maranata não recebeu dinheiro do Governo. Disseram que foi a Fundação Manoel Passos Barros que recebeu e que ela nada tem a ver com a igreja.

Infelizmente, minha formação de Auditor de Contas Públicas impede que eu tenha uma visão assim tão ingênua. Vejamos, pois, o que está escrito na página da citada Fundação:

A Fundação Manoel dos Passos Barros (FMPB) foi instituída em 1999 pela Igreja Cristã Maranata com o propósito de implementar ações humanitárias e de assistência. Recebeu esse nome para homenagear o Engº Manoel dos Passos Barros, o primeiro Presidente da Igreja Cristã Maranata[1]. (o grifo não consta do original)

De fato, essa instituição, integrante do chamado “Terceiro Setor” é pessoa jurídica de direito privado, dotada de autonomia administrativa e financeira, mas isso não significa que não haja ingerência da Presidência da Igreja Cristã Maranata que a criou. Na verdade, eu não consigo crer que a referida Fundação seja uma Pessoa Jurídica totalmente autônoma como querem que pareça.

Exatamente por conhecer a estrutura autoritária e centralizada da Igreja Cristã Maranata, não consigo sequer fazer separação dessas duas estruturas na prática. Procure você mesmo saber qual a real razão da criação dessa instituição, em especial quando sabemos que a ICM não tem em seu histórico nenhuma inclinação à ação social, nem mesmo em relação aos membros e pastores que dão suas vidas por ela. Pessoalmente, tenho vários exemplos que poderia citar, mas deixo que você mesmo investigue em sua região se a ICM tem prestado auxílio aos seus membros quando necessitados de assistência social.

“Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos da própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente.” (1 Timóteo 5:8 RA)

Outro fato que posso comentar é sobre a informação de que as compras da igreja são realizadas mediante cotação de preços e que isso seria prova suficiente para isentar o setor de compras da igreja de qualquer suspeita. Somente um leigo pode aceitar essa informação como verdadeira. Creio que posso emitir uma opinião a esse respeito, não só pela minha formação em Ciências Contábeis, mas também pela minha especialização como auditor. Pois bem, o fato de existir cotação de preços não me diz nada, nem de bom nem de ruim, pois somente analisando como são feitas essas cotações é que podemos saber se não houve direcionamento na seleção da empresa contratada. Ou seja, a prática de cotação de preços, por si só, não prova a lisura dos procedimentos realizados pela ICM. O melhor a fazer neste caso é solicitar ao PES que divulgue anualmente o relatório conclusivo das auditorias independentes que os pastores disseram que passariam a contratar.

Ainda, quanto ao suposto superfaturamento na compra de equipamentos da empresa do sobrinho do Pr. Gedelti, notei que o pastor que dava as explicações contraditou as informações prestadas pela mídia, mas, como você só me enviou o áudio, não pude ver se ele apresentou algum documento que comprovasse sua afirmação. Se a documentação que mostra o faturamento real da empresa foi apresentado, creio que o assunto ficou devidamente esclarecido.

Sobre o fato do Pr. Gedelti não ter comparecido quando intimado para depor na Delegacia, devido à minha formação em Direito, posso assegurar que não houve qualquer irregularidade na ação do Delegado que instaurou o inquérito policial, mesmo sabendo que o Ministério Público já estava realizando seus próprios procedimentos. No meu modo de ver, se a igreja realmente quer ver os fatos esclarecidos, e punidos os responsáveis, deveria ser a primeira a cooperar com as investigações policiais. Afinal, “quem não deve, não teme”.

Quanto à afirmação de que qualquer pastor pode solicitar ao Presbitério Espírito Santense informações sobre seus procedimentos administrativos, eu gostaria muito de que isso fosse uma realidade atual. No meu tempo isso era inimaginável. Somente se o pastor fosse louco ousaria a fazer uma solicitação para dar uma olhadinha na contabilidade da igreja. Será que hoje alguém consegue fazer isso e permanecer em suas funções eclesiásticas? Espero que sim.

No que diz respeito à afirmação de que a igreja está sofrendo uma perseguição, creio que somente quem não conhece a palavra de Deus pode aceitar essa afirmação sem ficar decepcionado. A perseguição da igreja, a que a bíblia se refere, diz respeito às ações de perseguição em razão da justiça, da fé em Jesus e da palavra de Deus e não em conseqüência de atos ilegais e imorais, senão vejamos:

Perseguição pela realização de atos de justiça:

“10 Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. 11  Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. 12  Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.” (Mateus 5:10-12 RA)

Perseguição por causa da fé no nome de Jesus:

Sereis odiados de todos por causa do meu nome; aquele, porém, que perseverar até ao fim, esse será salvo.” (Mateus 10:22 RA)

“ Então, sereis atribulados, e vos matarão. Sereis odiados de todas as nações, por causa do meu nome.” (Mateus 24:9 RA)

“Antes, porém, de todas estas coisas, lançarão mão de vós e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, levando-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome;” (Lucas 21:12 RA)

“De todos sereis odiados por causa do meu nome.” (Lucas 21:17 RA)

“20  Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa. 21  Tudo isto, porém, vos farão por causa do meu nome, porquanto não conhecem aquele que me enviou.” (João 15:20-21 RA)

“e tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer.” (Apocalipse 2:3 RA)

“Bem-aventurados sois quando os homens vos odiarem e quando vos expulsarem da sua companhia, vos injuriarem e rejeitarem o vosso nome como indigno, por causa do Filho do Homem.” (Lucas 6:22 RA)

Perseguição por causa da fé na palavra de Deus e do testemunho acerca de Jesus:

“ Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam.” (Apocalipse 6:9 RA)

“Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos.” (Apocalipse 20:4 RA)

“mas não tem raiz em si mesmo, sendo, antes, de pouca duração; em lhe chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza.” (Mateus 13:21 RA)

 

Note, querido, que  quando alguém sofre as conseqüências de atos pecaminosos, desonestos e imorais, isso é apenas a colheita do fruto da árvore que plantaram e nada tem a ver com perseguição por causa da justiça, do nome de Jesus ou da palavra de Deus.

“Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará.” (Gálatas 6:7 RA)

Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento e não comeceis a dizer entre vós mesmos: Temos por pai a Abraão; porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão.” (Lucas 3:8 RA)

Agora, querido, com respeito à informação de que a igreja não estaria perdendo membros fiquei um pouco confuso. Salvo engano, há uma congregação lá em Vila Velha-ES, Igreja Evangélica Louvai, formada apenas com ex-membros da ICM que saíram após o escândalo. Se isso é um fato, não entendo porque tentar esconder isso dos pastores da ICM e apresentar uma informação que não condiz com a realidade.

“Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros.” (Efésios 4:25 RA)

Por fim, amado, concordo com a pregação final do áudio. A palavra de Deus não está presa, graças aos homens que têm liberdade para pregá-la como ela é, e que não são cerceados quanto ao que podem ou não falar à igreja.

Minha oração é para que a ICM aprenda com a experiência do povo de Deus enquanto estava avançando sobre a terra prometida. O pecado ocorreu, mas Deus confrontou o povo em Ai para que dessem lugar ao arrependimento, para a purificação, e pudessem reiniciar as conquistas livres dos impedimentos da soberba, do pecado e da dissimulação do pecador que procura esconder seu pecado.

“3  E voltaram a Josué e lhe disseram: Não suba todo o povo; subam uns dois ou três mil homens, a ferir Ai; não fatigueis ali todo o povo, porque são poucos os inimigos. 4  Assim, subiram lá do povo uns três mil homens, os quais fugiram diante dos homens de Ai. 5  Os homens de Ai feriram deles uns trinta e seis, e aos outros perseguiram desde a porta até às pedreiras, e os derrotaram na descida; e o coração do povo se derreteu e se tornou como água. 6 Então, Josué rasgou as suas vestes e se prostrou em terra sobre o rosto perante a arca do SENHOR até à tarde, ele e os anciãos de Israel; e deitaram pó sobre a cabeça.” (...) “10 ¶ Então, disse o SENHOR a Josué: Levanta-te! Por que estás prostrado assim sobre o rosto? 11  Israel pecou, e violaram a minha aliança, aquilo que eu lhes ordenara, pois tomaram das coisas condenadas, e furtaram, e dissimularam, e até debaixo da sua bagagem o puseram. 12  Pelo que os filhos de Israel não puderam resistir aos seus inimigos; viraram as costas diante deles, porquanto Israel se fizera condenado; já não serei convosco, se não eliminardes do vosso meio a coisa roubada. 13  Dispõe-te, santifica o povo e dize: Santificai-vos para amanhã, porque assim diz o SENHOR, Deus de Israel: Há coisas condenadas no vosso meio, ó Israel; aos vossos inimigos não podereis resistir, enquanto não eliminardes do vosso meio as coisas condenadas.” (Josué 7:3-6; 10-13 RA)

Espero ter respondido adequadamente suas questões.

O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz.

Grande abraço,

Pastor Sólon.

 

celeiros.df@gmail.com