Carta 181

02/07/2013 16:18

DATA DA PUBLICAÇÃO: 23/10/2011

 

Tópicos desta publicação:

 

Marido e mulher unidos na mesma igreja. 4

A “obra” perfeita. 5

Dons espirituais: Deus fala mesmo?. 5

O profeta tropeçou nas palavras. Foi Deus quem falou?. 6

O que é conhecido já está revelado. 7

Oferta de mão-de-obra gratuita. 7

A verdade liberta e aproxima do homem de Deus. Diga-a com sabedoria. 8

O ritual religioso e a vontade de Deus. 8

Oração pela madrugada, na igreja. Um sacrifício para muitos. 9

O lava-pés. 10

A ceia e o pão sem fermento. 11

O jejum... 12

Sufocação por reuniões. 12

Desonestidade e promiscuidade?. 12

Usos e costumes. 13

Paciência e perseverança são virtudes bíblicas. 13

 

CARTA

De: MARIA

Para: Pastor-solon

Data: 20 de outubro de 2011 09:19

Assunto: Estou na ICM mas não sou de lá.

Caro Pastor,

Gostaria que o pastor me respondesse pois tenho curiosidades, curiosidades e não dúvidas, pois o pastor esclareceu nas cartas que eu li no site.

Meu nome é MARIA tenho (...) anos, sou casada e há 4 anos freqüento a ICM, por causa do meu esposo.  Ele é obreiro de lá, mas nunca  me sentir à vontade em está nessa denominação, pois nasci e fui criada em um Igreja que não tem haver com os princípios e crenças da ICM.

Pastor, gostaria de entender muitas coisas, pois preciso abrir os olhos do meu esposo, pois ele é uma pessoa muito correta nos caminhos do Senhor, e sei que ele está no lugar errado.

Uma coisa que eu nunca acreditei na ICM é sobre revelação da forma que eles demonstram.  Dizem também que a “Obra é perfeita, a Obra é uma Obra revelada”, revelada pra quem? Perfeita? Qual é a igreja perfeita, se buscamos a perfeição que só existe em Cristo Jesus?

Outra coisa, responda-me com toda sinceridade, quando o Senhor foi Pastor, quando falava em línguas na igreja e existia uma interpretação, é verdade que Deus está falando ou era uma farsa?

Pois certa vez em culto dominical e um Pastor falava em línguas estranhas e um diácono interpretava e em sua interpretação era mais ou menos assim: - “Filhinhos, nesta noite, ops, manhã..., o Senhor Deus está falando..” a igreja começou a chorar, os irmãos a glorificar, etc... Mas a confusão da interpretação dizendo ”...nesta noite, ops manhã...” ué  o irmão se confundiu na interpretação em trocar a noite pelo dia? Ou foi Deus quem falou errado? Entende? Os irmãos nem perceberam, de tão cegos que estavam.

 Outra coisa, revelação para levantamento de Irmãos. Vou contar um caso. Um homossexual que ninguém sabia que era, mas eu sabia, foi revelado a obreiro? Será que Deus gostaria de um homossexual na “Obra”? Depois de um tempo ele assumiu, hoje está fora.

Outra coisa que eu tenho dúvida, o dízimo da igreja, vai p/ o Prebistério, como eles afirmam que o pastor não recebe nada da obra, realmente não recebe mesmo?

Porque que toda vez que precisamos fazer algo diferente no jardim a gente tem que pagar do nosso bolso, já que tudo na igreja é feito pelos irmãos, construções de templos, maanains?

Então, para onde vai o dinheiro já que não paga pastor, limpeza, mão de obra nas construções...?

(...)

 

Estou orando a Deus para abrir a mente do meu esposo, e que quando ele descobrir a mentira que está vivendo não se decepcione e ponto de abandonar de a fé em Jesus mas que o Senhor Jesus mostre a igreja certa para ele.

Pastor, vejo o quando as pessoas da ICM são trabalhadas nas mentes de forma que se faltar um culto estará perdendo a benção. Não pode faltar um "madrugada" que de madrugada não tem nada, não pode faltar um jejum que somos criticados, não pode faltar para se divertir com a família, etc...

Percebi várias coisas contrárias ao amor que Jesus nos ensinou ao próximo.

Na santa ceia, não tem o momento de lava pés dos irmãos. O pão da Santa Ceia é pão de forma e não sem fermento.

O Jejum é de 00:00 ás 9:00, que jejum é esse? Errado, então quem dome ás 22:00h e acorda ás 9:30, nem sente o jejum.

O Jovem na igreja não pode ter diversão, não existe um social para os jovens ao não ser seminário, seminário e mais seminário.

Quando é feriado sempre tem alguma transmissão ou algum culto especial na igreja ou maanaim.

Tudo lá é revelação, não aguento isso. Vejo pessoas com a vida tão podre, assistindo filme Pornô, ou dando calote nas pessoas e dizem que tem revelação.

Se não pode usar calça, por que pode usar jóias e pintar as unhas de forma escandalosa?

Com tudo isso, me sinto angustiada por está é um lugar que não concordo com nada. Me sinto um peixe fora da água.

Estou prestes a tomar minha iniciativa em voltar para minha igreja, mas quero levar meu esposo.

Gostaria que o pastor me respondesse o mais rápido possível para poder mostrar ao meu esposo o engano que estamos cometendo em está lá.

Desde já, agradeço pelo carinho em me responder.

Deus o abençoe.

 

De: Site Celeiros

Para: MAIRA

Data: 23 de outubro de 2011 14:44

Assunto: Estou na ICM mas não sou de lá.

Prezada irmã MARIA, que a paz do Senhor Jesus seja com toda a sua casa.

Bom, fico feliz em saber que você já tem suas convicções bem estabelecidas e que anda por elas. Isso é muito importante e nos torna responsáveis por nossas ações, dada a nossa consciência. Infelizmente, muitos têm consciência do erro, mas não têm coragem de tomar uma atitude radical para eliminá-lo de suas vidas. Louvado seja o Senhor por não ser assim com você!

Quanto às suas curiosidades, vou tentar responder na medida do meu conhecimento e possibilidades. Separei os assuntos em tópicos para facilitar minhas colocações.

Marido e mulher unidos na mesma igreja

O fato de você estar acompanhando o seu marido já é um bom sinal, a meu ver. Leia a carta 178 e você saberá o que penso a esse respeito. Esse assunto é recorrente, mas como eu sempre fico com a sensação de que não fui muito claro no passado, acabo repetindo as mesmas coisas. Não sei se você já percebeu, mas em meu entendimento, a verdade liberta e isso independe do lugar físico em que estejamos. O importante é termos a mente livre. Parece-me que isso você já tem. Além disso, tem negado sua própria preferência em favor de algo muito importante, a sua família.

Veja que eu considero que a ICM faz um bem às pessoas no início, mas depois produz um mal muito maior, se suas mentes ficarem cativas a conceitos antibíblicos. Mas, como sempre há a possibilidade de que as mentes fiquem livres, eu ainda considero a ICM como uma igreja evangélica. Digo isso porque hoje tenho percebido que muitas pessoas servem a Deus lá, mas não mais permitem o domínio de suas mentes. Há um grande número de pessoas que, mesmo freqüentando a ICM, não se deixam levar pela equivocada doutrina da exclusividade da salvação; que não se intimidam com as proibições sem fundamentos bíblicos; que não se deixam levar por dons espirituais de natureza duvidosa; que não se deixam conduzir por bibliomancia; que buscam ajuda para seus casamentos em outras fontes; e que não são avarentos. Sei disso pela quantidade de cartas que eu recebo e pelos relatos que ouço. Imagino que essas pessoas estejam falando a verdade.

Por isso, em princípio, eu nunca recomendo que uma mulher deixe a ICM caso o seu marido esteja bem lá. Como eu disse, o importante é termos uma mente livre. E isso nada tem a ver com a libertinagem ou com a permissividade para com o pecado.

 Minha irmã, se seu marido é uma pessoa inteligente como você, fique tranqüila, ele irá refletir sobre o que você disser a ele e observará se suas palavras são coerentes com o que você diz. Seja a mulher virtuosa e sábia que Deus diz que você pode ser. Valorize o seu lar, o seu marido e você irá mostrar a ele, com palavra e atitudes, o que é ser uma serva de Deus comprometida com o evangelho.

 

A “obra” perfeita

“Uma coisa que eu nunca acreditei na ICM é sobre revelação da forma que eles demonstram.  Dizem também que a “Obra é perfeita, a Obra é uma Obra revelada”, revelada pra quem? Perfeita? Qual é a igreja perfeita, se buscamos a perfeição que só existe em Cristo Jesus?”

Amada, sobre as ditas “revelações”, leia o artigo que escrevi sobre “Dons espirituais” no seguinte endereço: https://bit.ly/nE5AtX.

Sobre a perfeição da “obra”, é claro que subliminarmente se referem à ICM. Ora, façamos um raciocínio muito simples: um conjunto de formado por peças imperfeitas pode ser algo perfeito? Imagine um carro cujas peças possuem imperfeições, ainda que pequenas. Você diria que esse carro é perfeito? Pois é. O que dizer de uma igreja que é formada por homens imperfeitos?

Sim, Deus é perfeito e seu projeto é perfeito. Mas o plano de Deus para a salvação do homem é uma proposta de caminho a seguir. Nesse caminho, uns vão mais rápido, outros mais devagar. Uns caem e se levantam, outros o deixam. Uns caminham sozinhos e outros acompanhados. Uns ajudam outras pessoas e outros mal conseguem ajudar a si mesmos... e assim por diante. Enfim, nesse caminho, andam pessoas diferentes e imperfeitas, embora o caminho seja perfeito. É verdade que a ação de Deus em nossas vidas minimiza as nossas imperfeições, mas não as eliminam. Ora, como esperar a perfeição do imperfeito? Por isso, é muita pretensão dizer que existe uma igreja perfeita, já que é composta por homens, cada um com suas imperfeições.

Por exemplo: vaidade não é uma virtude, mas um vício da imperfeição humana. Você acredita que não há vaidades na ICM? Pergunte isso ao seu pastor e olhe bem nos olhos dele quando ele for responder.

Então, querida, dizer que a “obra” de Deus é perfeita exigiria, no mínimo saber o que significa isso:

“Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais naquele que por ele foi enviado.” (João 6:29 RA)

“A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo.” (Tiago 1:27 RA)

Sobre a Obra de Deus, tenho mais algumas considerações no seguinte endereço: https://bit.ly/pgKbpR.

Dons espirituais: Deus fala mesmo?

“Outra coisa, me responda com toda sinceridade, quando o Senhor foi Pastor, quando falava em línguas na igreja e existia uma interpretação, é verdade que Deus está falando ou era uma farsa?”

Não se preocupe, eu sempre falo com sinceridade. Não tenho receio de falar. Mas, inicialmente, é importante dizer que eu creio na operação dos dons espirituais, apesar de todas as considerações que fiz no artigo que indiquei a você.

Sobre os dons de línguas e sobre a interpretação, é claro que eu creio. Sim, tenho total segurança para lhe dizer que DEUS FALA!

Também, já fui instrumento de Deus para essa operação e continuo à disposição do meu Senhor, mas é claro que hoje sou muito mais criterioso, pois aprendi a julgar e só admito algo que seja muito real. Nada de imaginações.

A questão é: quando é Deus que está falando? A bíblia nos dá uma direção quanto a profecias:

“21 Se disseres no teu coração: Como conhecerei a palavra que o SENHOR não falou? 22  Sabe que, quando esse profeta falar em nome do SENHOR, e a palavra dele se não cumprir, nem suceder, como profetizou, esta é palavra que o SENHOR não disse; com soberba, a falou o tal profeta; não tenhas temor dele.” (Deuteronômio 18:21-22 RA)

Por exemplo: quando a CEEN foi criada, em dezembro de 2002, ouvi relato de algumas pessoas dizendo que “o Senhor” havia revelado que esse trabalho não duraria seis meses. Com o passar do tempo, a profecia foi sendo ajustada até anunciar que o trabalho não passaria de três anos. Hoje, após nove anos e em constante progresso, cessaram aquelas profecias que, naturalmente, não procediam de Deus.

Outra vez, em uma reunião de pastores, enquanto orávamos pelo pai enfermo de um irmão da igreja em que eu era pastor, “o Senhor” revelou, com sinais de línguas e interpretação, que ele seria curado, mas ele faleceu pouco tempo depois. O que significa isso? Simples, aquela operação não procedia de Deus.

Mas, isso nunca me abalou e eu nunca deixei de crer na operação do Espírito Santo em razão das falhas humanas.

O profeta tropeçou nas palavras. Foi Deus quem falou?

“Pois certa vez em culto dominical e um Pastor falava em línguas estranhas e um diácono interpretava e em sua interpretação era mais ou menos assim: - “Filhinhos, nesta noite, ops, manhã..., o Senhor Deus está falando..”a igreja começou a chorar, os irmãos a glorificar, etc... Mas a confusão da interpretação dizendo ”...nesta noite, ops manhã...” ué  o irmão se confundiu na interpretação em trocar a noite pelo dia? Ou foi Deus quem falou errado? Entende? Os irmãos nem perceberam, de tão cegos que estavam.”

Querida, eu não tenho como saber, porque eu não estava presente para julgar, mas honestamente, eu não me apego à forma da mensagem, mas ao seu conteúdo. É perfeitamente normal que o vaso utilizado falhe. Como eu já disse, o homem não é perfeito. Deus dá a mensagem, mas o mensageiro pode tropeçar nas palavras e até mesmo alterá-la. Saiba que o Espírito Santo não assume o controle da mente e dos movimentos da pessoa em momento nenhum. Quem faz isso são espíritos malignos. Também, o homem não precisa entrar em “transe” para receber uma revelação de Deus. Leia a carta 156 (https://bit.ly/pJ4W3D), pois nela eu tratei dessa questão e outras relacionadas à autoridade espiritual, liberdade e dominação humana.

 

O que é conhecido já está revelado

Outra coisa, revelação para levantamento de Irmãos. Vou contar um caso. Um homossexual que ninguém sabia que era, mas eu sabia, foi revelado a obreiro? Será que Deus gostaria de um homossexual na “Obra”? Depois de um tempo ele assumiu, hoje está fora.

Simples, a revelação e a consulta bíblica não contaram com a operação de Deus. E nem precisava, pois o assunto já estava revelado, pois você sabia. Ora o que é conhecido não precisa ser revelado. De algum modo, Deus revelou o fato a você, mas você preferiu se omitir. Perdoe-me, querida, mas acho que você falhou tanto quanto os outros.

“Quando alguém pecar nisto: tendo ouvido a voz da imprecação, sendo testemunha de um fato, por ter visto ou sabido e, contudo, não o revelar, levará a sua iniqüidade;” (Levítico 5:1 RA)

Para onde vão os dízimos?

“Outra coisa que eu tenho dúvida, o dízimo da igreja, vai p/ o Presbitério, como eles afirmam que o pastor não recebe nada da obra, realmente não recebe mesmo?” (...) “Então, para onde vai o dinheiro já que não paga pastor, limpeza, mão de obra nas construções...?”

É verdade: os pastores da ICM não recebem salário para exercerem o ministério pastoral. Então, para onde vão os dízimos?

Querida, eu não tenho como saber. Enquanto estive lá sempre presumi que os dízimos eram administrados com responsabilidade e honestidade. Na ICM apenas o Presbitério Espírito Santense sabe o que é feito com o dinheiro arrecadado. Os demais só ficam sabendo o que os representantes do Presbitério dizem nos seminários: que o dinheiro é utilizado para construir novos templos. Isso é tudo.

Assim, eu não tenho nenhuma razão para supor que alguém faça mau uso dos dízimos na ICM. Ao contrário, eu sempre achei que eles eram zelosos a ponto de serem avarentos.

Oferta de mão-de-obra gratuita

“Porque que toda vez que precisamos fazer algo diferente no jardim a gente tem que pagar do nosso bolso, já que tudo na igreja é feito pelos irmãos, construções de templos, maanains?”

Amada, o trabalho profissional ligado à construção de igrejas da ICM é remunerado normalmente. O que não é assalariado é o ministério pastoral e os serviços de limpeza, jardinagem e conservação das igrejas e Maanains. Considere isso como uma oferta e não deixe o seu coração cair em uma cilada do Diabo.

Como eu disse, eu até acho a ICM bem avarenta, mas considero que esses exageros decorrem de um zelo pela igreja. Aliás, o que eu critico é valorização excessiva do templo em detrimento das pessoas. Mas, quanto às questões financeiras, penso que você não tem razão para desconfiar da honestidade desses homens. Pessoalmente, creio que são servos honestos e responsáveis.

Quanto ao serviço prestado pelos irmãos, desde que não seja por constrangimento, penso nisso como uma oferta ao Senhor e até admiro essa voluntariedade e desprendimento, coisas escassas hoje no meio cristão.

A verdade liberta e aproxima do homem de Deus. Diga-a com sabedoria

“Estou orando a Deus para abrir a mente do meu esposo, e que quando ele descobrir a mentira que está vivendo não se decepcione e ponto de abandonar de a fé em Jesus mas que o Senhor Jesus mostre a igreja certa para ele.”

Irmã, eu creio que a verdade é libertadora, sempre! Nunca tenha medo! A verdade nunca conduz ao abismo. Quem faz isso é a mentira. Mas, vá com calma e seja sábia, pois ofensas são perigosas. Não se precipite, pois quanto às questões da fé nos sentimos ofendidos quando somos questionados.

Lembre-se de que você estará mexendo em valores profundamente arraigados na mente de seu marido. E ele precisa sentir que está no controle de sua família, pois todo homem se sente valorizado quando é reconhecido como provedor, protetor e cabeça do lar. Nunca faça ele se sentir um tolo. Ao contrário, demonstre a ele o quanto você o respeita e o admira por sua sabedoria e por sua competência em cuidar da sua casa. Quando tiver que discordar, faça isso sem desrespeitá-lo, apenas comentando sobre as possibilidades de se ver a mesma questão sob outro ponto de vista. Depois, deixe que ele chegue às suas próprias conclusões.

O ritual religioso e a vontade de Deus

Pastor, vejo o quando as pessoas da ICM são trabalhadas nas mentes de forma que se faltar um culto estará perdendo a benção. Não pode faltar um "madrugada" que de madrugada não tem nada, não pode faltar um jejum que somos criticados, não pode faltar para se divertir com a família, etc...

Amada, você está certa. Há uma religiosidade vazia nesse processo. Tudo fica automático e as pessoas param de pensar a esse respeito. É isso o que acontece quando fazemos as coisas no “piloto automático”: relaxamos, pois não temos que assumir o controle de nada.

O incrível é que as pessoas associam esse ritual à comunhão com Deus e à própria salvação. Quando um membro não vai ao culto para passear com a família (sábado ou domingo de manhã, por exemplo), fica com a consciência pesada, como se tivesse cometido um crime ou como se estivesse afrontando o próprio Deus com sua desobediência. E, além da consciência pesada, tem que enfrentar o julgamento dos irmãos e do pastores sobre a queda de sua espiritualidade. Assim, o passeio deixa de ser prazeroso, porque não produz descanso para a alma, não traz satisfação e passa a ser evitado como algo ruim ou prejudicial.

Incrível, não é? É a arte de fazer algo saudável se transformar em algo abominável.

Veja que estranho: a espiritualidade dos membros de um sistema assim é medida pela freqüência aos cultos, às madrugadas, aos cultos ao meio dia, aos seminários, às limpezas da igreja e à participação nas demais reuniões dos grupos específicos. Quem cumpre com todos esses rituais exteriores e ainda produz visões e revelações nas reuniões de oração, tem tudo para subir na estrutura de liderança da igreja, pois é assim que se avalia a qualidade de um crente nesse sistema.

Esses são os fiéis “a Deus”. Curiosamente, Deus nunca exigiu isso de ninguém.

Todos os membros de sistema ritualístico têm a convicção de que é isso que os faz obedientes a Deus e o agrada. Fazendo isso, sentem-se fiéis e espirituais. Assim, sacrificam-se para cumprir com o máximo dessas exigências. E, quando têm dificuldades, ou estão exaustos, sentem-se crentes espiritualmente fracos, desobedientes e ainda têm de suportar as cobranças diretas e indiretas, algumas advindas do púlpito.

Oração pela madrugada, na igreja. Um sacrifício para muitos

A oração pela madrugada, na igreja, por exemplo, é um grande sofrimento para muitas pessoas e às vezes implica em riscos, mas elas saem radiantes desse período de oração. Não porque tenham orado bastante, ou pela visitação do Senhor, mas porque conseguiram cumprir mais uma exigência “de Deus” – realizaram um sacrifício por amor a Deus e à “obra”.

Enquanto eu estava obrigado a essa “orientação de Deus”, meu rendimento no trabalho era severamente prejudicado, especialmente porque minha atividade é de análise/julgamento de processos e preciso ler muito e ter muita atenção no que faço. Como eu tinha que acordar às 5h45 para me arrumar para ir à igreja, quando eu voltava para casa não conseguia mais dormir até a hora de sair para o trabalho. Assim, eu dormia em torno de 6 horas por noite o que, para mim, era insuficiente e afetava minha capacidade de concentração. Talvez isso não aconteça com pessoas com outras rotinas de vida e outras estruturas físicas, mas no meu caso era assim.

Hoje, além de cumprir minhas madrugadas por devoção, e não por obrigação, faço isso na minha casa. Levanto-me, naturalmente, sem despertador, e oro por muito mais tempo no silêncio da madrugada. Depois, volto a dormir até o horário de sair de casa. Para mim, foi um ganho incrível, tanto para minha vida devocional como para minha vida profissional.

Sinto que esse modo de fazer madrugada me proporciona a intimidade com Deus que eu preciso e Jesus fez e ensinou algo parecido:

“Tendo-se levantado alta madrugada, saiu, foi para um lugar deserto e ali orava.” (Marcos 1:35 RA)

“Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.” (Mateus 6:6 RA)

Mas, entenda querida, não estou dizendo que orar na igreja das 6h30 ás 6h45 seja algo ruim. Apenas estou dizendo que, se for uma obrigação ou um ritual, será menos efetivo do que a oração individual. A meu ver, caso um servo de Deus queira orar em grupo, na igreja há várias reuniões para isso. Aqui em Brasília, por exemplo, várias igrejas sobem o monte e passam toda uma madrugada em oração, normalmente às sextas-feiras. Vai quem quer. Quem não vai não é recriminado ou julgado em sua espiritualidade por isso.

Enfim, rituais sacrificantes e obrigatórios podem até causar no membro uma impressão de “dever cumprido” e a sensação de obediência a Deus, mas, será que é isso que agrada a Deus?

Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus.” (Salmos 51:17 RA)

“A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo.” (Tiago 1:27 RA)

 

Essa é a questão chave: quem não cumpre com tantas e exaustivas orientações da ICM está desobedecendo a Deus? Está pecando?

Ora, depois que o homem tem uma experiência de salvação na ICM (isso é maravilhoso) e é apresentado à “obra perfeita”, onde o alfabeto é o OBDC (obedecer), ele sentirá a culpa de um pecador imundo se não cumprir rigorosamente com todas as exigências da igreja. Por quê? Porque depois de ser cativado, ela passa a acreditar que as orientações da igreja são leis de Deus. Logo, se não cumpri-las, estará desobedecendo a Deus.

Por isso, o membro desse sistema religioso fica esmigalhado por dentro só de pensar em conversar com um ex-membro da igreja ou cogitar a possibilidade de assistir a um culto de outra denominação, faltando o culto da ICM. Também, fica irado quando ouve um testemunho contra “a obra” (ICM). Isso acontece porque em seu coração, quem fala algo contra o ensino da “obra” está atacando o próprio Deus. Sem perceber, os membros desse sistema amaldiçoam e desejam o mal àqueles que querem ajudá-los, tendo-os por inimigos. Eu sei do que estou falando, pois tenho várias cartas guardadas que mostram essas situações, infelizmente.

Querida, lembre-se que o seu marido não é diferente. Certamente, ele terá dificuldades para encarar essa realidade. Normalmente, um membro engajado na ICM só admite essas coisas se já estiver em processo de esgotamento físico e mental, rendido, a ponto de pedir ajuda.

O lava-pés

“Na santa ceia, não tem o momento de lava pés dos irmãos. O pão da Santa Ceia é pão de forma e não sem fermento.”

Querida no tempo de Jesus, as pessoas andavam de sandálias, captando toda a poeira de caminhos que não eram calçados como hoje. Por isso o lava-pés era parte daquela cultura e tradição. No caso da passagem do lava-pés realizado por Jesus, acredito que ele estava aproveitando aquela tradição para dar uma aula aos discípulos, senão vejamos:

“12 Depois de lhes ter lavado os pés, tomou as vestes e, voltando à mesa, perguntou-lhes: Compreendeis o que vos fiz?” (João 13:12 RA)

Parece-me que Jesus estava realizando um ato ilustrativo, como se contasse uma parábola. Depois de lavar os pés dos discípulos, ele pergunta se eles entenderam o sentido daquele ato. Vejo que o objetivo era levá-los a compreender algo e não simplesmente ordenar que preservassem uma tradição.

Eu comparo essa passagem à “casa na rocha”, quando Jesus disse que seus discípulos deveriam praticar todos os seus ensinamentos. No lava-pés, Jesus diz que seus discípulos tinham fazer o mesmo que ele fez, seguindo os seus exemplos. Então, o que concluo é que não devemos praticar apenas o que Jesus ensinou, mas imitá-lo em suas obras, senão vejamos: 

13  Vós me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem; porque eu o sou. 14  Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. 15  Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. 16  Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou. 17  Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes.” (João 13:12-17 RA)

“Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha;” (Mateus 7:24 RA)

“Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo.” (1 Coríntios 11:1 RA)

Por isso, querida, quando eu leio essas passagens, entendo-as como figurativas para delas extrairmos a mensagem que Jesus ensinou por meio de palavras e ações. No caso do lava-pés, o que eu entendo que devemos fazer não é praticar aquela tradição, mas o ensino que dela foi ensinado. Acredito que, quando Jesus disse que os discípulos deveriam lavar os pés uns dos outros, ele estava se referindo ao amor ao próximo e à submissão de uns aos outros, de modo que cada um servisse ao seu irmão naquilo que fossem suas necessidades, ainda que isso exigisse que um se curvasse perante o outro, colocando-o em situação superior à sua.

“Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo.” (Filipenses 2:3 RA)

Quando Jesus lava os pés de seus discípulos, nos mostra como ele, mesmo sendo superior, era capaz de se rebaixar pelos outros. Jesus estava revelando seu amor por cada um e demonstrando a humildade. Creio que esses são os exemplos a serem seguidos e não apenas a realização de uma tradição ritualística.

Para ser enfático, entendo que Jesus está nos ordenando, acima de tudo, a termos certas atitudes para com os outros: “também vós deveis lavar os pés uns dos outros”. Não seria apenas uma questão de lavar os pés, utilizada para simbolizar o seu ensino. Temos que enxergar a essência: Jesus nos pede que ajamos sempre com um coração humilde e cheio de amor em relação aos outros.

Mas, irmã, confesso que nunca tinha feito uma reflexão sobre essa questão, de modo que você poderá encontrar outras pessoas que saibam lhe explicar melhor isso do que eu. É provável que na igreja de onde você saiu eles saibam ensinar esses preceitos incluindo a própria prática do lava-pés. Não vejo mal nisso, mas também não sinto que essa prática seja obrigatória para a igreja, até porque não vi isso sendo ordenado à igreja primitiva:

“28 Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas essenciais: 29  que vos abstenhais das coisas sacrificadas a ídolos, bem como do sangue, da carne de animais sufocados e das relações sexuais ilícitas; destas coisas fareis bem se vos guardardes. Saúde.” (Atos 15:28-29 RA)

A ceia e o pão sem fermento

Quanto ao pão sem fermento, também nunca havia pensado nisso, mas sei que o pão asmo era um símbolo do velho testamento, marcando a páscoa da velha aliança (festa dos pães asmos). A partir de Jesus, entendo que a páscoa deixou de ser o que era. Veja que nem mesmo os judeus a comemoram como antes.

Já as ceias realizadas pelas igrejas primitivas não exigiam que o pão fosse sem fermento:

“Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de fato, sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado.” (1 Coríntios 5:7 RA)

 

Em todo caso, não estou dizendo que fazer essas coisas seja errado. Penso apenas que devemos procurar o sentido espiritual desses rituais, para não cairmos nas mesmas coisas que acabamos de condenar.

O jejum

“O Jejum é de 00:00 ás 9:00, que jejum é esse? Errado, então quem dome ás 22:00h e acorda ás 9:30, nem sente o jejum.”

Na ICM o jejum mais comum é aquele que começa à meia noite e termina às nove horas da manhã. Pessoalmente, eu não encontro respaldo bíblico para esse tipo de jejum, mas essa é uma prática que não faz mal a ninguém. Fico pensando se Deus revelaria um tipo de Jejum desses à igreja primitiva. Ora, um jejum que começa depois que já dormirmos e, no máximo, retarda um pouquinho o café da manhã, não cumpriu seu propósito principal, a meu ver, já que não sacrifica sequer uma refeição. Curiosamente, os irmãos da ICM sentem-se fazendo a vontade revelada de Deus.

Sobre os tipos de jejum, leia o texto da escola bíblica que preparei há algum tempo (https://migre.me/5YD0v).

Sufocação por reuniões

O Jovem na igreja não pode ter diversão, não existe um social para os jovens ao não ser seminário, seminário e mais seminário. Quando é feriado sempre tem alguma transmissão ou algum culto especial na igreja ou maanaim.

É verdade. Creio que uma das funções de tantas reuniões e atividades é manter o membro totalmente ocupado com a igreja. Assim, ele não peca por falta de oportunidade e não por convicção. Afinal, ele não tem tempo para mais nada; nem para pensar, nem para ler a bíblia, nem para ler um livro, nem para visitar a casa de parentes ou amigos (que amigos?) e nem mesmo para cuidar da sua família como deveria.

É claro que essa vida é sufocante e, com o tempo, o membro começa a arrumar compromissos de estudos ou trabalho na hora do culto, para ter um pouco de descanso sem se sentir culpado.

Desonestidade e promiscuidade?

“Tudo lá é revelação, não aguento isso. Vejo pessoas com a vida tão podre, assistindo filme Pornô, ou dando calote nas pessoas e dizem que tem revelação.”

Bom, tirando a questão das revelações, não tenho motivos para pensar que os membros da ICM sejam assim desajustados. Ao contrário, do tempo em que estive lá posso dar um bom testemunho do caráter daqueles que faziam parte do meu convívio. Deslizes aconteciam, mas eram exceções e não a regra.

Logo, não posso ir além do que eu conheço.

Usos e costumes

“Se não pode usar calça, por que pode usar jóias e pintar as unhas de forma escandalosa?”

Sobre a questão de usos e costumes, leia o texto que escrevi, no seguinte endereço: https://bit.ly/owdtGx.

Paciência e perseverança são virtudes bíblicas

“Com tudo isso, me sinto agustiada por está é um lugar que não concordo com nada. Me sinto um peixe fora da água. Estou prestes a tomar minha iniciativa em voltar para minha igreja, mas quero levar meu esposo.”

Amada, como eu lhe disse antes, seja paciente. Não se precipite. Seja virtuosa, sábia e espera em Deus:

“Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu.” (Salmos 43:5 RA)

“Eis que temos por felizes os que perseveraram firmes. Tendes ouvido da paciência de Jó e vistes que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo.” (Tiago 5:11 RA)

O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o rosto e te dê a paz.

Grande abraço,

Pr. Sólon.