Carta 173

09/10/2011 16:10

5 de outubro de 2011 19:36

Assunto: relato

 

OLA!  A Paz do Senhor caro irmão Pr. Solon.

 Estou escrevendo este relato depois de muito refletir e meditar se seria coerente ou honroso descrever o que tenho vivido, de forma alguma sua experiência me influenciou a tomar a decisão de me desligar da ICM, pois mesmo antes de conhecer a sua historia ou o site celeiros eu já tinha uma opinião formada sobre tudo o que achava certo ou errado dentro do sistema da ICM, seus dogmas, e incoerência da maioria de seus lideres.

Servi ao Senhor nessa denominação durante 18 anos da minha vida, ainda jovem com 17 anos já era obreiro e responsável de grupo de assistência e pregava a palavra com amor. Casei-me nesta igreja e foi nesse ambiente que meu filho nasceu. Alguns anos depois fui levantado para o diaconato onde servi por 5 anos e fui responsável por diversas igrejas na região onde residia.

O amor era muito, o desejo pela salvação das almas, a alegria de ir na igreja, mas tudo isso nos últimos anos da minha estada lá, mais ou menos 2 anos, foi onde meus olhos foram abertos. Via claramente a falta de amor entre as pessoas, amizades por interesse, coisas absurdas na liderança que tenho até vergonha de relatar aqui e tudo isso ficando impune. Via e sentia o fardo pesado principalmente nas vidas daqueles que queriam servir com amor e sinceridade.

O inicio de tudo se deu quando me colocaram em um trabalho e me abandonaram lá literalmente, tendo muitas vezes pregado, feito louvor sozinho durante 1 semana ininterruptamente varias vezes, e quando procurava o pastor ele falava pelas costas que eu estava chorando demais e fui tachado no ministério como reclamão. Na minha frente falavam que iam ajudar, iam resolver, mas era só virar as costas que falavam mal de mim e de minha família.

Nesse tempo meu filho teve que passar por uma cirurgia e não recebi assistência alguma nem antes nem após, nem uma visita sequer, mas ainda tentei não olhar essas coisas. Logo apos minha saída desse trabalho, colocaram vários obreiros para ajudar o novo diácono e ainda diminuíram a quantidade de cultos. Fiquei sabendo disso e meu animo foi a zero, vivia desmotivado, ia na igreja por obrigação, não via nada mais que fizesse sentido, como podia estar ha anos a fio num lugar desse onde não estava vendo a mão do Senhor agir. Tudo muito mecânico, frio, sem falar que um ungido, que vivia me tachando de reclamao na época, foi flagrado roubando no local de trabalho. E descobriram que isso era de anos a fio. E o mesmo estava nessa posição e me perseguindo o tempo todo, e o ministério dando razão para ele a todo momento.

Já não dava mais pra eu ir ao culto. Era uma tortura, não sentia alegria. Todos os dias ia com intenção de falar com o ministério local meu desligamento da função e da igreja, mas não conseguia pelo julgo pesado que nos prendem lá, pelo controle mental, hoje eu sei disso.

Mas o Senhor por misericórdia me levou a outra região e simplesmente entendi que era a oportunidade de me desligar sem dar satisfação a ninguém. Simplesmente não procurei a igreja na nova cidade.  Isso tem alguns meses, e a vezes me pego pensando se fiz a coisa certa ao abrir mão de tudo, mas só eu sei como estava lá dentro. Fico imaginando se nessa nova região seria diferente, mas ao mesmo tempo cairia na mesma situação de não aceitar o pensamento de exclusivismo da salvação e da igreja, a falta de amor, soberba, doutrinas não bíblicas, acho que seria a mesma situação.

E, por coincidência, meu filho há poucos dias quebrou o braço necessitando de cirurgia. Fico pensando às vezes se tivesse lá ainda se isso iria acontecer.

Tenho visitado varias igrejas, não consigo me adaptar em nenhuma. Por favor, Pastor, me oriente como fazer. Quero congregar, servir ao Senhor em outra igreja, mas ta difícil achar uma que atenda minhas expectativas espirituais depois de tanta desilusão.

Desculpe o texto longo, acho que se pudesse escreveria até mais, mas tentei me conter ao máximo. Espero sua resposta.

Abraços.

A Paz do Senhor

 

De: Site Celeiros

Para: JOÃO

Data: 9 de outubro de 2011 12:34

Assunto: relato

Prezado irmão JOÃO, que a paz do Senhor Jesus seja com toda a sua família.

Inicialmente, fico feliz por saber que você tem suas convicções já bem estabelecidas e que chegou às suas conclusões sozinho, diferentemente de muitos outros que somente começam a observar com mais cuidado algumas práticas religiosas, aparentemente espirituais, depois que são alertados.

Eu lamento muito pelo que aconteceu com você, mas devemos crer que Deus está trabalhando para o nosso aperfeiçoamento e que as próprias angústias da vida podem servir como instrumento de Deus para nos aproximar Dele e para nos afastar do erro. Veja, a seguir, a declaração do salmista:

“Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos.” (Salmos 119:71 RA)

Nós bem sabemos que duas pessoas podem passar pela mesma situação e reagir de modo diferente. Por exemplo: um homem que perde o emprego pode entrar numa depressão sem fim e até se matar, enquanto outro pode buscar especialização para reingresso no mercado de trabalho e, assim motivado, pode ir mais longe do que iria se não tivesse perdido o seu primeiro emprego. Em resumo: as aflições podem representar o colapso na vida de uns ou o princípio de uma nova história na vida de outros. Você escolhe.

Lembre-se sempre disso, querido:

Não importa o que acontece com você, mas como você reage ao que lhe acontece.

Quanto ao modo como você se desligou da ICM, receio que você tenha feito a coisa do modo errado. Se você desejava sair, deveria ter feito isso formalmente. Quando você ingressou no trabalho da igreja, fizeram um culto formal para o conduzirem aos cargos que você ocupou, lembra? É assim que tem que ser. Por isso, minha sugestão é que você formalize o seu desligamento, esclarecendo os motivos da sua mudança e a sua pretensão de continuar servindo a Deus em outro lugar.

Nós sabemos que a ICM não tem o hábito de recomendar as pessoas que saem de lá e, por isso, não emitem uma carta de apresentação dos seus ex-membros a outros ministérios, até porque as pessoas que saem são consideradas desertoras, caídas etc. Mas, como você não pode mudar o procedimento da ICM, pelo menos faça a sua parte e deixe o resto com Deus.

Eu creio que a formalização do desligamento tem um alcance espiritual, pois para o estabelecimento de um novo vínculo é necessário o rompimento do anterior. Veja que é isso que fazem as pessoas no batismo: elas estão formalizando o rompimento de um vínculo, declarando que morreram para a velha vida e que, em Jesus, são novas criaturas.

Quanto ao acidente com seu filho, sugiro que você não fique fazendo relação de tudo o que lhe acontece com o fato de você ter mudado de igreja. Simplesmente, seja um servo do Senhor, andando segundo os seus preceitos e evite fazer juízo de valor sobre fatos e acontecimentos desastrosos na sua vida e na vida de outras pessoas. Ande retamente e quando algo acontecer de ruim, não caia no mesmo erro que os “amigos” de Jó”.

Meu amado irmão, as tragédias que acontecem no mundo nem sempre são castigo divino. É errado assumir o papel de Deus e julgar coisas semelhantes a essas. Os amigos de Jó cometeram esse erro ao dizer que suas aflições evidenciavam seus pecados.

Até mesmo os incrédulos reprovam as atitudes daqueles que sentem prazer na desgraça alheia e que procuram culpados sem nada conhecer. É simplesmente incompatível com o evangelho que pregamos sentir prazer na desgraça de quem quer que seja, ainda que seja um ímpio:

“Acaso, tenho eu prazer na morte do perverso? —diz o SENHOR Deus; não desejo eu, antes, que ele se converta dos seus caminhos e viva?” (Ezequiel 18:23 RA)

Querido, eu só posso classificar como uma “coisa horrorosa” ver alguém que se diz crente apontar o dedo para outrem em desgraça e relacionar essa desgraça a pecados, segundo os seus próprios conceitos de virtude. Veja bem, se alguém não anda segundo os meus conceitos de santidade, de honestidade e de verdade, não significa que essa pessoa seja mais pecadora do que eu e que mereça um castigo divino mais severo por isso.

No passado, eu vi pastores associarem a triste morte de um ex-membro da ICM ao fato dele ter deixado a denominação Maranata. Deveríamos aprender com Jesus para não fazer coisas tão feias assim. Não podemos associar a desgraça de ninguém ao fato de não estarem fazendo o que achamos que é o certo. Esse foi o conselho que o próprio Senhor Jesus nos deixou:

“1 Naquela mesma ocasião, chegando alguns, falavam a Jesus a respeito dos galileus cujo sangue Pilatos misturara com os sacrifícios que os mesmos realizavam. 2  Ele, porém, lhes disse: Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem padecido estas coisas? 3  Não eram, eu vo-lo afirmo; se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis. 4  Ou cuidais que aqueles dezoito sobre os quais desabou a torre de Siloé e os matou eram mais culpados que todos os outros habitantes de Jerusalém? 5  Não eram, eu vo-lo afirmo; mas, se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis.” (Lucas 13:1-5 RA)

Não sei se você percebeu, mas o próprio Jesus afirmou que o fato desses galileus terem morrido em desgraça absoluta quando ofereciam seus sacrifícios a Deus, não significa que eram mais pecadores do que os outros que não morreram naquela ocasião. De igual modo, Jesus afirma que os homens que morreram no acidente com a Torre de Siloé, que caiu sobre dezoito homens que estavam trabalhando, não eram mais pecadores do que os demais que estavam ali conversando com ele. Jesus estava dizendo simplesmente que se Deus castiga os pecadores dessa maneira, todos ali presentes precisavam arrepender-se, pois todos são pecadores!

Com esses exemplos, de homens que não estavam fazendo nada errado quando foram vítimas de uma tragédia, Jesus leva nos, inteligentemente, a pensar corretamente sobre esses fatos da vida. A pergunta não é: “por que aqueles homens morreram de modo trágico?”, mas sim: “se aqueles homens, que eram tão pecadores como nós, morreram daquela forma, que direito temos nós de viver ou de morrer de um modo menos traumático?” Ninguém é isento de pecados e mesmo vivendo retamente todos devemos estar preparados para a vida e para a morte, aceitando-as, do modo como for.

Portanto, amado, viva retamente e não tenha medo!

Por fim, o fato de você não se adaptar em outra igreja deve estar ocorrendo porque você, inconscientemente, está procurando outra Maranata. Sinto muito, querido, mas devo lhe dizer que você não vai encontrar o que está procurando. Busque a Deus e você o achará em vários lugares.

Espero ter ajudado.

O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o rosto e te dê a paz.

Grande abraço,

Pr. Sólon.

 

COMPLEMENTO DE PUBLICAÇÃO: 10/10/2011

 

De: JOÃO

Para: Site Celeiros

Data: 10 de outubro de 2011 11:00

Assunto: relato

Ola , a paz do Senhor Pr. Solon

Fiquei feliz e grato por ter respondido meus questionamentos. Tenho certeza que tudo que o Pastor passou foi o Senhor que permitiu e te preparou para que pudesse chegar no lugar onde está, e na posição a qual está para ajudar centenas de pessoas aflitas e com problemas parecidos como o meu. Tenha cada dia essa convicção e saiba que Deus tem te dado a graça e sabedoria para trazer palavras de animo e conforto para nossos corações, nos orientando com sobriedade qual o caminho certo a seguir baseado sempre na  palavra do Senhor.

 Vejo agora depois de alguns meses que realmente deveria ter me desligado de forma formal, mas na época estava tão desanimado, triste e machucado que simplesmente não pensei nessa hipótese. Atualmente alguns irmãos ou grande parte já sabem que me desliguei e ate mesmo o ministério local e da cidade onde eu servia como diácono, acho que depois de 5 meses não vejo necessidade em formalizar isso, pois acho que ja se passou tempo demais. Me serviu como aprendizado, agradeço sua orientação.

Tudo que queria agora era ter uma experiência marcante com o Senhor, que realmente falasse comigo ou me desse um sinal, sem necessitar de intermediários, para que possa continuar servindo o Senhor com o mesmo amor e animo que sempre tive.

 Agradeço mais uma vez pelo cuidado e zelo que tem demonstrado.

 Abraços,

 A Paz do Senhor

 

 

De: Site Celeiros

Para: JOÃO

Data: 10 de outubro de 2011 11:39

Assunto: relato

Prezado irmão JOÃO, que a paz do Senhor Jesus seja com toda a sua casa.

 Foi um prazer conhecê-lo. Sejamos sempre gratos a Deus por tudo que ele tem feito por nós!

 "Não a nós, SENHOR, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por amor da tua misericórdia e da tua fidelidade." (Salmos 115:1 RA)

 Grande abraço,

 Pr. Sólon