Carta 156

02/07/2013 15:57

De: JOÃO

Para: Site Celeiros

Data: 22 de julho de 2011 07:43

Assunto: Question about the office of President of PES

Two questions:

1) Where did the title/office/position of "President" of the PES come from in ICM?   Did the Lord "reveal" this, or was this simply to fulfill some legal requirement in the law of the land?  

2) Is there any basis in scripture for a Bishop (e.g. like a Pope) who controls a certain region?   A number of people who left ICM I know now meet in homes, and don't think any kind of human hierarchy exists in the original church (e.g. Neither James nor Peter were "president" of any Presbytery back then).   There were simply elders, who were like older experienced brothers who led by example, without any authoritarian rule, etc.   Do you agree with this?  How do you avoid these problems where you are now?

 

De: Pr. Sólon

Para: JOÃO

Data: 25 de agosto de 2011 01:13

Assunto: Re: Question about the office of President of PES

 

Prezado irmão, que a paz do Senhor Jesus seja com toda a sua família.

Desculpe a demora da resposta, pois eu estava envolvido com a coordenação de um seminário e não tive tempo para me dedicar à resposta de cartas.

Sobre seus questionamentos, posso lhe assegurar que o nosso Senhor é muito organizado e a hierarquia e a autoridade espiritual faz parte dessa organização, seja no mundo espiritual seja na igreja. Quando observamos o universo, temos a certeza de que Deus faz tudo de modo bem organizado e dispõe todas as coisas segundo uma determinada ordem que não pode ser alterada sem que haja prejuízos incalculáveis. Se a inclinação da terra se alterar minimamente, toda a população mundial morreria afogada. Outro fato é que cada astro fica em seu devido lugar e não pretende o lugar de outro. Cada um tem sua importância. A lua não está revoltada porque Deus a fez menor que o sol e por possuir um brilho que é apenas o reflexo do sol. Mas, não há dúvidas quanto à sua beleza e importância. Assim, tudo deve ficar no lugar em que Deus colocou e nenhum distúrbio ou prejuízo haverá.

Quando o homem altera a disposição das coisas criadas por Deus, sentimos as conseqüências disso. Não é difícil lembrar que muitos distúrbios da natureza, a exemplo de tufões, maremotos, tsunamis e desajustes climáticos têm suas causas na destruição parcial da camada de ozônio. Ou seja, o homem, com a produção de certos gazes, retira a proteção que não deveria sair de onde Deus a colocou e depois sofre com o desequilíbrio decorrente dessa sua interferência.

Em resumo: cada coisa deve estar exatamente onde Deus a colocou, sem vaidade, pretensão, orgulho ferido ou coisas do gênero:

“15  Se disser o pé: Porque não sou mão, não sou do corpo; nem por isso deixa de ser do corpo. 16  Se o ouvido disser: Porque não sou olho, não sou do corpo; nem por isso deixa de o ser. 17  Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde, o olfato? 18  Mas Deus dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como lhe aprouve.” (1 Coríntios 12:15-18 RA)

Nós bem sabemos que Satanás, por causa das brechas que tem encontrado na igreja, está imprimindo em mentes desprotegidas seus valores e muitas das características de seu caráter, a exemplo da vaidade, da soberba, da rebelião e da auto-suficiência. Qualquer um desses sentimentos malignos são suficientes para afastar o homem de Deus.

A auto-suficiência e a soberba, tão comuns em nossos dias, tem feito muitas ovelhas se sentirem poderosas como búfalos. Evidentemente, essas não querem se submeter a ninguém. Julgam que nem mesmo precisam de conselhos ou de qualquer outro tipo de interferência externa em suas vidas. Fazendo assim, desprezam duas instituições divinas estabelecidas para a sua proteção: a igreja e a autoridade espiritual que repousa sobre homens de Deus.

Essa é uma atitude absolutamente tola. Até os incrédulos procuram amparo de grupos sociais e se submetem a conselhos dos sábios e especialistas deste mundo, sejam filósofos, psicólogos, gurus etc. O homem é um ser social e nunca estará seguro se estiver isolado, sem amparo de amigos, parentes, colegas de trabalho, companheiros de atividades esportivas etc. Não há sucesso no mundo que satisfaça a alma solitária. Se o homem bem-sucedido não tiver com quem compartilhar o seu sucesso, ele logo sente que tudo o que conquistou foi em vão. Por tudo isso, a palavra de Deus nos ensina que aquele que o isolamento é uma atitude rebelde e egoísta.

“O solitário busca o seu próprio interesse e insurge-se contra a verdadeira sabedoria.” (Provérbios 18:1 RA)

Então, nós, servos do Deus altíssimo, filhos de Deus, chamados para viver em família, para chorar com os que choram, para comemorar com os que comemoram (Rm 12:15 – 1 Co 12:26), para suportar uns aos outros (Cl 3:13) e para termos tudo em comum (At 2:44), não podemos desprezar o corpo de Cristo (1 Co 12:21) e a autoridade de comando vinda da cabeça, que é Cristo (Cl 1:18).

Mesmo as denominações que optam por fazer apenas reuniões nas casas dos membros não devem desconsiderar que há uma organização estabelecida por Deus e que diz respeito à igreja de Cristo:

“11 E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, 12  com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo,” (Efésios 4:11-12 RA)

O fato é que fomos chamados para caminhar juntos, de modo organizado, decente, imbuídos de uma mesma missão, amparando uns aos outros, compartilhando bons e maus momentos, mas sem desconsiderar a submissão às autoridades constituídas por Deus, uma vez que até mesmo os incrédulos estão sujeito à autoridade e às organizações humanas, a exemplo do Estado.

“1 Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. 2  De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação. 3  Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela, 4  visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal. 5  É necessário que lhe estejais sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de consciência.” (Romanos 13:1-5 RA)

Ora, se Deus exige que estejamos dispostos a nos submeter às autoridades e à organização dos incrédulos, quanto mais devemos ter esta mesma disposição quanto às autoridades e organizações eclesiásticas, também criadas para o nosso bem, como já foi dito.

Todo o problema de entendimento desta passagem está exatamente quando os homens usurpam da autoridade e da organização estabelecida para o bem comum e a exercem para a prática do mal, do modo como Deus repugna, como explicarei melhor mais adiante.

Entretanto, o fato de haver pessoas usurpadoras controlando algumas organizações e manipulando pessoas não deve nos levar a repugnar toda e qualquer instituição. Se fizermos isso, generalizando, estaremos nos protegendo do mal, mas ao mesmo tempo estaremos impedindo a operação do bem. Esse radicalismo é uma atitude insensata. Não é porque algumas igrejas manipulam as pessoas que devo chegar à conclusão que todas fazem isso. Há muitas pessoas que se isolam e se segregam do corpo de Cristo sob esse argumento, mas infelizmente estão caindo numa cilada do Diabo.

Somente a Satanás interessa que as ovelhas fiquem dispersas, crendo que são autônomas e que não precisam de uma cobertura espiritual sobre suas vidas. Longe da igreja e da autoridade ministerial as ovelhas do Senhor são presas fáceis. Por isso, um dos intentos de Satanás é penetrar no meio do rebanho, de modo disfarçado (com pele de ovelha) e incentivá-las a deixar o aprisco e a sair do campo de visão do pastor para depois lançar mão delas.

(Atos 20:29)  Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho.

Nós bem sabemos das diversas dificuldades que a igreja tem enfrentado. Hoje é difícil saber quem é o lobo no meio das ovelhas. Há até casos em que o lobo está disfarçado de pastor. Sim, sabemos de tudo isso e cremos que trata-se do cumprimento da profecia acima relatada.

Mas, se estamos advertidos da infiltração do lobo, nosso dever é denunciá-lo quando o percebermos. Devemos desmascará-lo para que não faça vítimas no aprisco do Senhor. Isso é tudo o que podemos fazer. É claro que não podemos nos esquecer que antes de pretendermos tirar o cisco do olho do outro, devemos examinar se não há uma trave no nosso. No mais, devemos confiar no supremo pastor, que tem poder e autoridade para preservar as nossas vidas.

Não podemos enfrentar os lobos sozinhos. Por isso, precisamos uns dos outros. A omissão é coisa de covardes. Demonstra egoísmo e falta de amor. Deixar as ovelhas aos cuidados de lobos sem clamar alto para que todos possam ouvir o alerta mostra que só nos preocupamos com nossas próprias vidas e que não temos amor pelo nosso próximo.

Se em minha família eu descobrisse a infiltração de um lobo, certamente eu reagiria. Por que não fazemos isso na igreja de Cristo?

“Sabei, porém, isto: se o pai de família soubesse a que hora havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria arrombar a sua casa.” (Lucas 12:39 RA)

Sejamos, pois, vigilantes, especialmente nesta última hora.

Quanto aos pastores, esses devem ser zelosos porque Deus lhes concedeu autoridade e responsabilidade para guardar e manter unido o rebanho e não para dispersá-lo com escândalos, maus tratos, jugo pesado, avareza, egoísmo ou desprezo.

Todo pastor deve se lembrar que um dia terá de prestar contas ao Senhor.

Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto! — diz o SENHOR.” (Jeremias 23:1 RA)

“Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza e dize-lhes: Assim diz o SENHOR Deus: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas?” (Ezequiel 34:2 RA)

Vou enfatizar! Não é porque existem pastores trabalhando por seus próprios interesses, maltratando as ovelhas com pesado fardos, tratando-as como escravas do ministério, exigindo cumprimento de tradições que Deus nunca exigiu, amando mais o dinheiro do que as almas, prendendo-as com ameaças etc. que devemos abominar a submissão nos moldes que Deus estabeleceu. Essa é a ordem e disposição divinas. Se as alterarmos, sofreremos as conseqüências disso.

É evidente que todos os homens são falhos e pecadores, mas Deus, em seus inquestionáveis desígnios, escolheu, separou, ungiu e deu autoridade a certos homens para governar, para exortar, para pastorear e para proteger outros homens (ovelhas). Esses escolhidos, muitas vezes, têm de se colocar nas brechas deixadas pelo rebanho para resistirem ao Diabo, que pode se infiltrar pelas brechas abertas.

Deixando para trás os exemplos de Moisés, Josué, Davi, dos profetas, dos apóstolos etc., passarei a descrever apenas alguns textos explícitos do novo testamento sobre essa questão:

E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, (Efésios 4:11) 

Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. (Atos 20:28) 

pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade;3  nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho. (1 Pedro 5:2-3)

Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram. (Hebreus 13:7)

Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros. (Hebreus 13:17) 

Saudai todos os vossos guias, bem como todos os santos. Os da Itália vos saúdam. (Hebreus 13:24) 

Evidentemente, há alguns cuidados que devemos tomar quando nos submetemos à autoridade no meio eclesiástico. Vejamos o que Deus disse quando da criação do homem:

Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra. (Genesis 1:26)

O homem, em sua atividade terrena não foi criado para se dominado, mas para dominar sobre todas as coisas – aves, peixes, animais, répteis, enfim, sobre toda a terra. Mas nesta lista está faltando uma coisa: outros seres humanos. No princípio, Deus não planejou o homem para viver subjugado de modo opressor por outro homem. O gênero humano seria dominador, mas nada foi dito sobre o domínio de um homem sobre seus semelhantes.

E o que dizer sobre a escravidão, inclusive a disciplinada por Deus?

Na leis sobre servos (Ex 21:1-11; ver também Lv 25:39-43; Dt 15:12-18), apesar de ser permitido aos israelitas ter escravos de outras nações (normalmente prisioneiros de guerra), não era permitido que escravizassem seu próprio povo. Se, por causa da pobreza, um israelita fosse obrigado a tornar-se servo, seu senhor devia tratá-lo de modo humanitário e libertá-lo depois de seis anos de serviço. Se, por afeição familiar, o homem desejasse continuar servindo e recebesse para isso a aprovação dos juízes, então seria marcado na orelha e seria um servo pelo resto da vida. No entanto, jamais deveria ser tratado como escravo.

O fato é que a escravidão nunca esteve no coração de Deus, do mesmo modo que o divórcio nunca foi o projeto de Deus para o homem, senão vejamos:

“7 Replicaram-lhe: Por que mandou, então, Moisés dar carta de divórcio e repudiar? 8  Respondeu-lhes Jesus: Por causa da dureza do vosso coração é que Moisés vos permitiu repudiar vossa mulher; entretanto, não foi assim desde o princípio. 9  Eu, porém, vos digo: quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete adultério e o que casar com a repudiada comete adultério.” (Mateus 19:7-9 RA)

Dessa passagem concluímos que Deus permitiu a oficialização do divórcio em um tempo onde os homens estavam obtusos de coração, fazendo-se necessário disciplinar essa questão para a proteção das mulheres que estavam vulneráveis às loucuras dos homens que as descartavam sem que depois disso pudessem ter qualquer direito de refazerem suas vidas. Deus disciplinou a questão, mas segundo Jesus o divórcio nunca esteve no coração de Deus.

No caso da escravidão não é diferente. Devido às circunstâncias culturais desde o tempo de Abraão, a escravidão era inevitável. Depois de uma guerra, ou se escravizava habitantes da nação perdedora ou tinha-se que matar todos eles. Essa era a configuração dos tempos das civilizações daquela época. O próprio povo de Deus tornou-se escravo no Egito e na Babilônia. Mas, no tempo oportuno Deus promoveu a libertação.

Sabemos que a cultura do início das civilizações era escravagista, mas isso não significa que Deus a aprovasse. Em face daquela realidade, o Senhor tinha que disciplinar o inevitável, com o fim de propiciar um desenvolvimento organizado e para que muitas vidas fossem preservadas até o momento em que os tempos permitissem a erradicação da escravidão, o que até hoje não aconteceu totalmente.

Até mesmo no meio dos hebreus a escravidão era praticada com naturalidade. Por isso, sem prejuízo das características tribais do passado, Deus disciplinou a escravidão que tendia à libertação. Como vimos, um escravo só poderia ser escravo por, no máximo, seis anos. Após isso, ele deveria sair livre. Ora, o fato de Deus ter disciplinado a escravidão não é razão para acreditarmos que Ele apoiava ou pretendia esse tipo de dominação tirânica. O decorrer do tempo nos mostra isso. Com a vinda de Jesus, muitas coisas foram colocadas em ordem segundo a vontade eterna de Deus. O próprio Jesus não teve nenhuma pessoa que o servia que não fosse livre.

Paulo, mais a frente, mostra que a lei serviu para disciplinar e conter a atitude de homens inclinados ao mal, ao mesmo tempo que disse que Deus não apóia aqueles que escravizam homens, como quem rapta suas vidas, senão vejamos:

“8  Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela se utiliza de modo legítimo, 9  tendo em vista que não se promulga lei para quem é justo, mas para transgressores e rebeldes, irreverentes e pecadores, ímpios e profanos, parricidas e matricidas, homicidas, 10  impuros, sodomitas, raptores de homens, mentirosos, perjuros e para tudo quanto se opõe à sã doutrina, 11  segundo o evangelho da glória do Deus bendito, do qual fui encarregado.” (1 Timóteo 1:8-11 RA)

O livro do Apocalipse, de João, nos dá semelhante informação, ao relatar as atrocidades praticadas pela Babilônia, onde o povo de Deus não deve estar. Nessa passagem, Deus abomina suas práticas, inclusive o comércio de almas humanas, sujeitas ao domínio opressor:

“11  E, sobre ela [Babilônia], choram e pranteiam os mercadores da terra, porque já ninguém compra a sua mercadoria, 12  mercadoria de ouro, de prata, de pedras preciosas, de pérolas, de linho finíssimo, de púrpura, de seda, de escarlata; e toda espécie de madeira odorífera, todo gênero de objeto de marfim, toda qualidade de móvel de madeira preciosíssima, de bronze, de ferro e de mármore; 13  e canela de cheiro, especiarias, incenso, ungüento, bálsamo, vinho, azeite, flor de farinha, trigo, gado e ovelhas; e de cavalos, de carros, de escravos e até almas humanas.” (Apocalipse 18:11-13 RA)

Até mesmo em relação a Onésimo, o apóstolo Paulo, com muito cuidado, devido às tradições do seu tempo e às regras admitidas pelo Estado, procurou induzir a libertação do escravo Onésimo, que, provavelmente, era um servo que tinha uma dívida para com Filemon. Paulo orienta o fugitivo Onésimo a retornar para seu senhor e encoraja Filemon a soltar Onésimo quando ele, Paulo, chegasse. Prometeu, inclusive, pagar a Filemon se Onésimo ainda estivesse em dívida para com ele, senão vejamos:

“15 Pois acredito que ele [Onésimo] veio a ser afastado de ti [Filemon] temporariamente, a fim de que o recebas para sempre, 16  não como escravo; antes, muito acima de escravo, como irmão caríssimo, especialmente de mim e, com maior razão, de ti, quer na carne, quer no Senhor. 17  Se, portanto, me consideras companheiro, recebe-o, como se fosse a mim mesmo. 18  E, se algum dano te fez ou se te deve alguma coisa, lança tudo em minha conta.” (Filemon 1:15-18 RA)

Essas colocações foram feitas apenas para mostrar que Deus, desde o princípio, não desejou que um homem dominasse de modo tirânico sobre outros homens.

Para melhor esclarecer essa questão, devemos lembrar que quando Deus criou o homem disse que ele dominaria sobre toda a natureza, mas não lhe deu ordem para dominar sobre outro homem, senão vejamos:

“Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra.” (Gênesis 1:26 RA)

 

Evidentemente, naquele momento, não havia nenhuma pretensão de Deus em estabelecer o domínio (a posse) de um homem sobre o seu semelhante, mesmo havendo Deus formado um homem com a capacidade de procriar e de se multiplicar.

A ordem de Deus ao homem acerca do exercício de sua dominação não incluiu o seu semelhante. Em outras palavras, Deus disse: você pode dominar tudo que se move sobre a terra, mas não deve dominar sobre outra alma humano. É por isso que Deus odeia a opressão.

Note-se que o homem não foi criado para ser controlado por outras pessoas. Por isso nenhum escravo jamais poderia estar satisfeito vivendo nesta condição. Nem mesmo Deus ou o Espírito Santo exerce domínio impositivo sobre a alma humana, que tem o livre arbítrio. O Senhor aconselha, ensina e estabelece a sua vontade em sua santa palavra, mas deixa o homem livre para escolher o seu próprio caminho. De igual modo, não há “possessão de Espírito Santo”, pois esse nunca assume o controle do corpo do homem. Somente espíritos malignos fazem isso. O Espírito Santo de Deus ensina, aponta o caminho, sussurra a vontade de Deus no ouvido do homem, mas nunca o força a nada, respeitando suas escolhas.

Se Deus ou seu Santo Espírito exercesse domínio forçado sobre o homem, anularia o livre arbítrio. Mas, não é isso o que acontece. O homem está livre para pecar ou para obedecer a Deus. A árvore do conhecimento do bem e do mal estava ao alcance das mãos de Adão e de Eva, embora Deus os houvesse proibido de tomar do fruto dessa árvore.

Uma vez que sabemos que apenas espíritos demoníacos assumem o controle do espírito humano, devemos observar que a bíblia chama de feitiçaria “qualquer tentativa de controlar outro espírito humano”. E Deus odeia a feitiçaria, a exemplo das práticas de invasão da vontade humana por meio de vodus. Deus não controla o homem porque ele não é feiticeiro. Tudo o que o Espírito Santo faz é convencer o homem, dando-lhe convicção de qual seja a vontade de Deus.

Igrejas que pretendem dominar os espíritos dos seus membros é uma igreja inclinada à feitiçaria e há muitos feiticeiros dominando e manipulando as pessoas com uma força invisível, mas efetiva.  Os membros controlados vivem sob o medo de não atenderem as expectativas de seus dominadores – são escravos das denominações e deixam de exercer o livre arbítrio sem que se apercebam disso.

Ninguém, pelo Espírito Santo de Deus, buscará dominar ou manipular o rebanho do Senhor. Algumas expressões não deveriam existir no corpo de Cristo. Por exemplo: “Eu sou pastor e se alguém discordar de mim é do diabo” (feitiçaria?). “Se você mantiver contato com ex-membros ou assistir cultos de outra igreja será afastado de suas funções nesta igreja” (o que é isso?). Ora, já sabemos que toda manipulação da alma humana mais se assemelha à feitiçaria, pois não é assim que o Espírito Santo de Deus opera em nós. Nenhum homem deve dominar sobre o espírito de outro homem. Jesus nunca forçou ninguém a segui-lo, nunca forçou ninguém a ficar com ele e não obrigou ninguém a servi-lo. Jesus era um líder e não um feiticeiro com truques para manter seus seguidores “encantados” e atrelados a ele. Não havia qualquer ameaça no ministério de Jesus. Isso não era necessário.

Sim, já sabemos que a dominação tirânica, ainda que dissimulada, não vem de Deus.

Entretanto, isso não significa que o Senhor não estabeleça autoridades humanas para liderar outras pessoas, mas isso sem tirania ou escravidão. Ao contrário, uma verdadeira liderança nos moldes de Deus exige que os homens sejam livres.

Quem tem a autoridade vinda de Deus e a exerce com responsabilidade e temor, sequer precisa invocá-la diante dos outros homens. A autoridade é estabelecida por Deus. Portanto, nenhuma autoridade delegada precisa tentar assegurar-se de sua posição. Quem tem autoridade não precisa insistir para que outros lhe deem ouvidos.

Um homem verdadeiramente investido da autoridade divina não luta com o povo. Afinal, se ele é uma autoridade estabelecida por Deus, não precisa exigir nem atemorizar as pessoas para que o sigam, pois quem se recusar a ouvi-lo, estará desobedecendo a Deus e não a ele.

“Disse o SENHOR a Samuel: Atende à voz do povo em tudo quanto te diz, pois não te rejeitou a ti, mas a mim, para eu não reinar sobre ele.” (1 Samuel 8:7 RA)

Assim, a exemplo do Senhor Jesus, uma autoridade constituída por Deus deve conceder liberdade às pessoas. Quanto mais Deus confia autoridade aos homens, mais liberdade é garantida às pessoas. Quem tem sede do Senhor seguirá aqueles sobre os quais repousa a autoridade de Deus, livremente, sem ameaças, manipulação, terrorismo ou coisas parecidas. Se alguém sente medo ao seguir uma liderança qualquer, não está livre, ainda que pense que está. E toda submissão onde o medo está presente mais se assemelha à submissão ao domínio do usurpador e não à liderança e à autoridade de Deus.

Note que é muitíssimo desonroso falar em benefício da própria autoridade ou tentar estabelecê-la por meio de esforço pessoal. Chega a ser vergonhoso um marido dizer à mulher: "Eu sou a autoridade estabelecida por Deus, por isso, você deve me ouvir", ou um ministro de Deus dizer à igreja: "Deus me pôs como autoridade neste lugar. Ouçam-me, porque sou profeta de Deus”. Ou, ainda, “não toqueis nos meus ungidos!”. Qualquer auto-afirmação é desnecessário a alguém investido da autoridade de Deus. Cada um deve ser o que é, sem que seja necessário afirmar isso. Deus honrará os seus ministros e não é necessário que busquem honra ou respeito por si mesmos:

Se alguém me serve, siga-me, e, onde eu estou, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, o Pai o honrará.” (João 12:26 RA)

Note que o próprio Jesus deixou livres os seus seguidores:

“Então, perguntou Jesus aos doze: Porventura, quereis também vós outros retirar-vos?” (João 6:67 RA)

Nenhum homem que conhece a Deus deveria tentar afirmar sua própria autoridade, mas deixar isso com Deus. Se Deus realmente o designar como autoridade, ele só tem duas alternativas: desobedecer e retroceder espiritualmente ou obedecer e receber graça.

Embora Davi fosse ungido por Deus e escolhido para ser rei, permaneceu muitos anos sob a mão de Saul. Não estendeu sua mão para instituir a própria autoridade. Do mesmo modo, se Deus designou alguém como autoridade, essa pessoa também deve ser capaz de suportar oposição.

É por isso que, se somos autoridade constituída por Deus, e a nossa autoridade for questionada e testada, não devemos nos apressar em tentar afirmá-la. Se essa autoridade realmente for de Deus, ninguém estará se insurgindo contra nós, mas contra Deus. Que Deus nos conceda a graça de reconhecer o que é autoridade, temendo a Deus, e não confiando em nós mesmos!

Assim, todo exercício de autoridade, segundo Deus, e no modelo de Jesus, deve estar vinculado à liberdade. Se o homem domina sobre outro homem, impondo sua autoridade seja pela força, seja pelo medo, seja por ameaças, trata-se de um usurpador.

De igual modo, a exemplo do que vimos até aqui, o homem foi criado para dominar a natureza criada por Deus e não o contrário. Não é razoável que o homem seja dominado pela erva do campo (maconha), nem pela folha do tabaco (cigarro), nem pelo suco fermentado da uva ou da cana de açúcar (álcool). Ora, é o homem que deve exercer domínio sobre essas coisas. Ele deve controlar as folhas e as uvas e não o contrário.

Seja lá o que for que estiver assumindo o controle das ações humanas, não vem de Deus, mas do Diabo. E contra a dominação maligna é necessário que haja libertação.

Por fim, é bom lembrar que muitos homens incrédulos e até mesmo crentes não bebem álcool, não fumam cigarro e nem maconha, mas estão sendo controlados pela folha de papel que faz as cédulas monetárias. E quem está por trás disso? Mamom, a representação do Diabo.

Estes são movidos por dinheiro. Se chove e está frio não vão à igreja, mas para ganhar dinheiro andam até debaixo de chuva de granizo, porque são dominados pela árvore do dinheiro. O Dinheiro é poderoso, faz o homem andar na chuva e se matar de trabalhar até em dois empregos. Faz mulheres venderem seus corpos, faz pastores se entregarem à corrupção e levam pregadores a venderem suas mensagens e músicas, supostamente elaboradas para a glória de Deus. A folha da cédula corrompe os homens e faz com que troquem sua honra por bens materiais.

Ora, o dinheiro é que deve ser dominado por nós e não o contrário. Ele foi criado para a nossa utilização e não nós para o seu controle. Afinal, quem dá as ordens? Quem manda em nossas vidas?  Sem drogas, sem promiscuidade, sem adultério, sem cigarro, sem álcool... Paulo disse: posso fazer o que eu quiser – todas as coisas me são lícitas, mas não serei dominado por nenhuma delas.

Aleluia!!! Fomos criados para ser livres!!!

“Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão.” (Gálatas 5:1 RA)

A quem devemos nos sujeitar? Somente a Deus. E de livre e espontânea vontade, senão vejamos:

“Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.” (Tiago 4:7 RA)

E quanto aos homens? Devemos identificar quem está investido da autoridade de Deus para que possamos ser instruídos e guiados à verdade, pois a verdade liberta (Jo 89:32). E quando seguimos àqueles que estão verdadeiramente investidos da autoridade de Deus, estamos atendendo a própria vontade de Deus, que é organizado e dispõe tudo em uma ordem para o nosso bem.

Mas, lembre-se, querido, embora a autoridade e a ordem eclesiástica sejam necessárias à organização da igreja, além de propiciar proteção e direção espiritual, ela só é legítima se exercida sobre homens livres. Eu estou sujeito à autoridade, mas sou livre. No momento em que a autoridade estabelecida sobre mim estiver exercendo controle sobre a minha vontade, ela deixa de ser a autoridade estabelecida por Deus e passa a ser tirania, uma obra do Diabo para manipular os homens. E é muito fácil saber se a autoridade que está sobre nós é de Deus ou do Diabo: se estamos presos, sem opções, se sentimos medo, se somos ameaçados ou nos sentimos acuados diante da nossa liderança, esse domínio não procede de Deus.

Quando eu tiver tempo, vou transformar esta carta em um artigo, de modo a expor essas questões de um modo mais claro, organizado e com mais fundamentos, uma vez que escrevi muito rapidamente apenas para não deixá-lo sem resposta neste momento.

O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz.

Grande abraço,

Pastor Sólon.