Carta 149
De: JOÃO
Para: celeiros
Data: 19 de maio de 2011 02:21
Assunto: quarta trombeta e salomão
Caro irmão Pr Solon,
Não o vejo como ex-Pastor pelo fato de ter deixado a igreja cristã maranata. O chamado ao ministério é adenominacional e é obra do Espírito Santo. Não compactuo com esse tipo de mentalidade apesar de permanecer na maranata.
Gostaria de questionar duas coisas, pois julgo que o conhecimento é bom para todos, e os erros da maranata não elidem seus acertos.
Veja que Paulo fala no "soar da última trombeta". Qual ou quais tocaram antes? Sim porque se ele fala em última, pelo menos uma tocou antes. Se a referência não são as trombetas do apocalipse, quais seriam? O Senhor usa da lógica para dizer que as três primeiras trombetas ainda não soaram porque representam juízo sobrenatural de Deus, e não serão uma realização comum. Isso é apenas uma opinião não provada. Ora, Deus, em diversas passagens bíblicas, utilizou o homem para executar os seus juízos. Afirmar que a trombeta de Coríntios não é a mesma de Apocalipse também não pode ser provado. Saliento que a sua posição e a da maranata não podem ser provadas ou descartadas, mas podem ser combatidas. Digno de nota que o assunto é controverso no meio evangélico, havendo os pré-tribulacionistas os midi e os pós-tribulacionistas. Vejo que nesse iter a sua posição é a mesma da ICM e da maioria dos teólogos:pré-tribulacionista. Alguém está com a verdade, mas essas questões de opinião doutrinária não podem fazer com que alguém perca a bênção da salvação, discordo de ti nesse ponto. A referência a Apocalipse 22.19 é inoportuna, pois tanto Solon quanto Gedelti podem estar errados. Se fosse aplicável, ninguém mais ousaria opinar, pois ao expressar um posição podemos errar. Grandes mestres do passado erraram, e nós temos de reconhecer que não somos os detentores da única verdade. Inclusive o Senhor, que em seu testemunho mostrou-se aberto a críticas. Mas, para sorte sua e de Gedelti, expressar opiniões e interpretar a Bíblia não é a mesma coisa que inserir algo em seus livros. Espero que nesse ponto possas corrigir o teu erro, para não te mostrares intolerante como os que criticaste.
Quanto a Salomão, veja que na consagração do templo que ele construiu o Senhor Deus operou maravilhosamente, demonstrando assim que aprovou a sua construção, bem como a forma como foi construído. Outrossim, o rei Hirão, de Tiro, e a Rainha de Sabá, reconheceram que Israel tinha um rei dado pelo Senhor. Por outro lado, os partidários de Adonias não contavam com a profecia. Para mim, a palavra profética é que define a vontade de Deus. Ainda hoje, creio, em particular, que se em um culto uma palavra profética for liberada, seja no louvor, na glorificação, na mensagem ou por profecia, algo de maravilhoso irá acontecer. Já vi isto acontecer em cultos da Maranata, da Assembléia e de outras congregações. Quando Adonias buscou o seu próprio interesse, não convidando o profeta, desprezou a voz do Senhor. Não interessava ouvi-la se não lhe fosse favorável. Salomão não tomou a atitude de consagrar-se rei ou exaltou-se a si mesmo, foi sua mãe e o profeta Natã que o defenderam, e na direção do Espírito Santo. Foi Davi, rei e profeta de Deus, que o escolheu tendo em vista profecias anteriores.
Por fim, apesar da quase unanimidade das denominações evangélicas concordarem que só haverá salvação até o arrebatamento, acho que o Senhor está certo e com certeza haverá alguma forma de salvação para os gentios após o arrebatamento. A favor da sua posição está o fato de que durante toda a história da humanidade Deus sempre providenciou um meio de se aproximar dEle. Ademais, durante a antiga aliança o profeta Jonas pregou aos ninivitas, gentios.Todavia, não prego isso porque no NT há passagens claras afirmando a retirada do Espírito Santo no evento arrebatamento, e é Ele quem convence o homem da justiça, do juízo e do pecado. É razoável supor que essa categoria de salvos que ficou para viver a grande tribulação não poderá fazer parte da igreja de Cristo, pois não participará do banquete nupcial. Creio que como os judeus, e mesmo os discípulos de Jesus, não sabiam como seria o período da graça, nós também não sabemos como será a grande tribulação.
Vejo irmãos da maranata salpicados em várias denominações, e talvez essa seja a forma que o Senhor escolheu para mostrar que o que é dEle somente pertence a Ele e não pode ser represado. Falo tanto das ovelhas (e pastores) quanto do conhecimento que elas adquiriram.
Compactuo com o seu sentimento antisectarista, mas não vejo necessidade de radicalizar a ponto de questionar e confrontar item a item todos os ensinos da maranata. Que a nova denominação que escolheste seja melhor do que aquela da qual saíste, mas isso não importa, porque a igreja que vai ser arrebatada não é uma denominação, mas é a igreja fiel apenas. Fiel no sentido de que Deus é muito misericordioso. Para mim, obra do Espírito Santo é toda aquela submissa à vontade dEle. Entendo que de alguma maneira todas as denominações que desejam sinceramente essa submissão, ainda que com erros porque ninguém é perfeito, participam da grande Obra de Deus e da família de Jesus, adenominacional.
No mais, desejo que o seu ministério seja frutífero, um ramo frutífero como foi José do Egito. Encontrar erros nos outros é muito fácil, não cometer erros é muito difícil. Talvez Salomão seja até hoje o rei mais sábio do mundo por reconhecer isso ainda jovem, tornando-se dependente da sabedoria divina para não errar.
Grande abraço e a Paz do Senhor,
Pr. João
De: Celeiros
Para: JOÃO
Data: 19 de maio de 2011 16:51
Assunto: Re: quarta trombeta e salomão
Prezado Pastor João, que a paz do Senhor Jesus seja com toda a sua casa.
Você deve ter recebido o e-mail sobre a desativação momentânea do “fale conosco” do site. De fato, não estou com tempo para me dedicar a responder cartas neste momento. Hoje pela manhã já havia muitas mensagens no e-mail que estou desativando. Acessei-o apenas para certificar-me de que os avisos estavam funcionando adequadamente. Dentre todas as mensagens de hoje, apenas decidi respondê-lo em deferência ao seu ministério.
Fico surpreso com sua postura a meu respeito, pois você, como pastor da ICM, sabe o que é ensinado nos Maanains sobre a unção ministerial exclusivista no âmbito da Igreja Maranata. Certamente, você deve guardar segredo sobre isso, ou será repreendido e considerado um insubordinado ao ensino que está recebendo. Especialmente você, que convive com a liderança da ICM aí em Vitória-ES.
Sim, amado, os erros da ICM são os erros da ICM e os acertos ICM são os acertos da ICM. Isso me parece óbvio. Creio que você nunca me viu pronunciar uma só palavra sobre o que a Maranata tem de melhor: sua organização, por exemplo. Nisto ela não peca. Mas, vamos entender bem esta questão: não me refiro ao modo como ela coopta o trabalho, mas como ela o organiza.
Sempre reconheci a qualidade, a subserviência e o amor que os nossos irmãos da ICM têm. Isso é difícil de encontrar em outro lugar. Minha opção se deu por outras razões, que já estão bem delineadas no meu testemunho publicado no site.
A respeito do seu questionamento sobre a quarta trombeta, já esperava esse tipo de argumento. Por isso, fiz questão de adicionar ao estudo da minha esposa dois pensamentos de estudiosos do apocalipse (N. Laurence Olson e Adam Klarke) apenas para mostrar que essa não foi uma criação da Roseli, mas uma velha teoria já bastante conhecida e defendida. É claro que só sabe disso quem já fez um curso de teologia. Mas, sua pergunta foi oportuna, visto que não traz argumento contra, mas simplesmente procura desmerecer a afirmação feita pela Roseli.
Vamos às suas indagações:
“Veja que Paulo fala no "soar da última trombeta". Qual ou quais tocaram antes? Sim porque se ele fala em última, pelo menos uma tocou antes. Se a referência não são as trombetas do apocalipse, quais seriam?”
Preste atenção, querido, não podemos afirmar o que na bíblia não está escrito, mas podemos afirmar o que está escrito. Se Paulo não disse quantas soaram antes, paciência. Mas o livro do apocalipse, refere-se claramente sobre a origem, sobre a forma e sobre proporção dos resultados das trombetas ali citadas. Veja bem: origem (do céu); forma (ex: um objeto vindo do céu como uma montanha); proporções (causará a morte, ou destruição, de 1/3 de algo). Sobre a questão de “razão e proporção”, creio que será dispensável esclarecer a uma pessoa culta como você.
Pois bem, a bíblia nos deu detalhes das trombetas do apocalipse, mas nada se referiu às anteriores aos anos 50 d.C., ocasião aproximada em que a carta aos coríntios foi escrita. Tudo o que se sabe sobre aquela época é que os rabinos ensinavam que a ressurreição realizar-se-ia numa série de toques de trombeta. Preste muita atenção no contexto: Paulo tratava sobre ressurreição de mortos. Veja como ele começa o assunto:
“33 Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes. 34 Tornai-vos à sobriedade, como é justo, e não pequeis; porque alguns ainda não têm conhecimento de Deus; isto digo para vergonha vossa. 35 Mas alguém dirá: Como ressuscitam os mortos? E em que corpo vêm? 36 Insensato! O que semeias não nasce, se primeiro não morrer;” (1 Coríntios 15:33-36 RA)
Agora, observe em torno do que todo o assunto se desenvolve:
“39 Nem toda carne é a mesma; porém uma é a carne dos homens, outra, a dos animais, (...) 40 Também há corpos celestiais e corpos terrestres; e, sem dúvida, uma é a glória dos celestiais, e outra, a dos terrestres. (...) 42 Pois assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. (...) 44 Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual. (...) 50 Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção. 51 Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, 52 num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. 53 Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. 54 E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória.” (1 Coríntios 15:39-54 RA)
Notou? O tema central do texto é a ressurreição dos mortos e não o arrebatamento da igreja. A questão do arrebatamento aparece apenas acidentalmente, genericamente, pois esse não era o tema central do dilema enfrentado pelos coríntios. Por isso, Paulo não se dedica a muita explicação sobre as trombetas, apenas usando o termo como os rabinos o usavam. Isso não acontece no livro do apocalipse, onde a questão das trombetas é o assunto específico, tratado em detalhes.
Veja como faz falta o ensino da hermenêutica para a composição do nosso entendimento sobre os textos bíblicos. Tive o privilégio de aprender a interpretar textos na faculdade de Direito, mas na faculdade de teologia, alguns princípios são parecidos.
Mas, o importante é: a bíblia não falou? Então, não falou!
“As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei.” (Deuteronômio 29:29 RA)
Será difícil de aceitar isso? Ou teremos que fazer um arranjo com as bases da incoerência, juntando textos e contextos diferentes, desconexos entre si, para explicar o que Deus não quis explicar? Como eu não gosto de viajar além da letra, fico por aqui, apesar das informações da tradição, trazida por um dos autores citados no texto da Roseli.
“O Senhor usa da lógica para dizer que as três primeiras trombetas ainda não soaram porque representam juízo sobrenatural de Deus, e não serão uma realização comum. Isso é apenas uma opinião não provada. Ora, Deus, em diversas passagens bíblicas, utilizou o homem para executar os seus juízos. Afirmar que a trombeta de Coríntios não é a mesma de Apocalipse também não pode ser provado.”
Sim, amo a lógica. Fico triste quando vejo alguém usando a bíblia como se fosse uma colcha de retalhos, dissociada do tempo e do espaço e em dissonância entre seus livros. Desrespeitar a lógica bíblica é um atentado ao presente que Deus nos deu.
Amado, observe que os exemplos em que Deus executa um juízo por meio do homem, ele faz referência a isso.
“Depois disto, diz o SENHOR, entregarei Zedequias, rei de Judá, e seus servos, e o povo, e quantos desta cidade restarem da pestilência, da espada e da fome na mão de Nabucodonosor, rei da Babilônia, na de seus inimigos e na dos que procuram tirar-lhes a vida; feri-los-á a fio de espada; não os poupará, não se compadecerá, nem terá misericórdia.” (Jeremias 21:7 RA)
“Naquele tempo, subiram os servos de Nabucodonosor, rei da Babilônia, a Jerusalém, e a cidade foi cercada.” (2 Reis 24:10 RA)
Mas, quando Deus diz que o juízo virá do céu, temos que crer nisso. Será mais razoável abandonar o texto explícito para abraçar uma viagem além da letra? Lamento muito que o pastor não tenha lido o texto com mais atenção e que ainda tenha restado dúvidas a esse respeito. A meu ver o que lá está é muito claro. Perdoe-me, querido, por não conseguir melhorar o que a Roseli disse com objetividade e didática.
Saliento que a sua posição e a da maranata não podem ser provadas ou descartadas, mas podem ser combatidas.
Perfeito, se alguma coisa pudesse ser provada, não precisaríamos de fé.
“Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem.” (Hebreus 11:1 RA)
Quem sou eu para tentar provar alguma coisa para você? Por isso, simplesmente, optei pela construção que me pareceu mais lógica ante os textos bíblicos. Essa é a minha única segurança. Não pretendo provar nada a ninguém. Cada um lance seus fundamentos onde sentir mais segurança. Muitos preferem a areia.
O estudo foi publicado para ser fundamento para alguns e alvo de críticas para outros. Isso faz parte. Não me sinto nem um pouco ofendido se você pensar diferente. Não pretendo ficar o tempo todo defendendo uma teoria – só a apresentei.
Como já disse, estou lhe respondendo em deferência ao seu ministério, que respeito e admiro.
Alguém está com a verdade, mas essas questões de opinião doutrinária não podem fazer com que alguém perca a bênção da salvação, discordo de ti nesse ponto. A referência a Apocalipse 22.19 é inoportuna, pois tanto Solon quanto Gedelti podem estar errados. Se fosse aplicável, ninguém mais ousaria opinar, pois ao expressar um posição podemos errar. Grandes mestres do passado erraram, e nós temos de reconhecer que não somos os detentores da única verdade. Inclusive o Senhor, que em seu testemunho mostrou-se aberto a críticas. Mas, para sorte sua e de Gedelti, expressar opiniões e interpretar a Bíblia não é a mesma coisa que inserir algo em seus livros. Espero que nesse ponto possas corrigir o teu erro, para não te mostrares intolerante como os que criticaste.
Querido, eu nunca disse que sou o dono da verdade. Leia os textos publicados no site e saberá que eu nunca fiz tal afirmação. Ao contrário, sempre fiz questão de afirmar que não pretendo ser o dono da verdade.Se lhe causei impressão diferente, perdoe-me.
Sobre a verdade, ela simplesmente é! Existe por si mesma, independentemente do que eu pense. Se eu acredito que o quadrado é redondo, ainda assim o quadrado continuará sendo quadrado, apesar da minha percepção.
Honestamente, não sei onde falei que alguém vai perder a bênção da salvação por acreditar que as três primeiras trombetas não soaram. Nós bem sabemos que “quem for fiel até o fim, será salvo”. O estudo serve apenas como uma referência que pode, ou não, ser aproveitada por quem vai subir e por quem vai ficar.
Quanto àqueles que promovem acréscimos, apenas entenda o que está escrito. Nós não temos como saber para onde foram todos os “grandes mestres do passado que erraram”. Cada um assuma o seu risco e as consequências de suas escolhas. Eu assumo o meu, querido. Não estou pedindo para ninguém me acompanhar. Cada um dará conta de si mesmo. Se um dia eu me convencer que errei, não se preocupe, pedirei perdão, pois já me desfiz de algumas coisas que aprendi no passado. Só não faço isso agora, porque, honestamente, você não conseguiu demonstrar biblicamente que eu, e a maioria dos escatologistas, estamos equivocados quanto à relação do arrebatamento com o toque da quarta trombeta do apocalipse. Faça uma busca no Google e você verá que vocês estão praticamente sozinhos nessa interpretação.
Agora, preste muita atenção! Errar involuntariamente é muito diferente do erro cometido com consciência. Eu creio que há muitos pastores que têm consciência de que estão ensinando coisas erradas para a igreja, mas fazem isso porque não querem enfrentar a fúria de sua liderança, que exige obediência cega.
Enquanto eu era pastor da ICM, fiz certa vez uma citação sobre a salvação após a grande tribulação. Isso foi o bastante para eu ser repreendido. Depois disso, nunca mais toquei no assunto. Preferi nem mesmo pregar em evangelizações com este tema, pois, no meu entender, eu estaria ensinando coisas erradas à igreja - cada um viva com a sua própria consciência.
“Quanto a Salomão, veja que na consagração do templo que ele construiu o Senhor Deus operou maravilhosamente, demonstrando assim que aprovou a sua construção, bem como a forma como foi construído.”
Pastor, o foco de Deus naquele momento era o povo e o templo e não Salomão. Apesar de Salomão, Deus estava naquele negócio. Apesar de muitas liderança ruins no nosso tempo, Deus, pela sua graça e misericórdia ainda tem o foco na salvação do homem e na adoração de Sua glória.
Lembre-se que o Senhor tem operado na vida dos homens por sua imensa misericórdia e por amor de seu próprio nome. E isso independe do mal que alguns líderes andam fazendo. Dê uma olhada nas religiões à sua volta e verá que os milagres operados não são sinais incontestáveis da aprovação de Deus sobre o que muitos andam fazendo. Eu acho que espoliar o povo é algo que Deus não aprova, mas, mesmo assim, apesar daqueles que têm feito isso, Deus está operando no meio da igreja. Olhe ao seu redor.
“Outrossim, o rei Hirão, de Tiro, e a Rainha de Sabá, reconheceram que Israel tinha um rei dado pelo Senhor.”
Meu irmão, sobre a política comercial e sobre a diplomacia internacional de Salomão, creio que o texto foi bastante claro. É só dar mais uma olhada com cuidado e você verá que não era de se esperar outra coisa desses reis. Até o Egito estava aliançado com Salomão. Mas, o que o povo tinha a dizer de Salomão?
“2 Tendo Jeroboão, filho de Nebate, ouvido isso (pois estava ainda no Egito, para onde fugira da presença do rei Salomão, onde habitava 3 e donde o mandaram chamar), veio com toda a congregação de Israel a Roboão, e lhe falaram: 4 Teu pai [Salomão] fez pesado o nosso jugo; agora, pois, alivia tu a dura servidão de teu pai e o seu pesado jugo que nos impôs, e nós te serviremos.” (1 Reis 12:2-4 RA)
Perdoe-me, querido, mas chego a pensar que este texto não lhe diz nada, não é mesmo? Você acha que o povo só estava sofrendo nas mãos de Salomão naquele ano?
“Por outro lado, os partidários de Adonias não contavam com a profecia. Para mim, a palavra profética é que define a vontade de Deus. Ainda hoje, creio, em particular, que se em um culto uma palavra profética for liberada, seja no louvor, na glorificação, na mensagem ou por profecia, algo de maravilhoso irá acontecer. Já vi isto acontecer em cultos da Maranata, da Assembléia e de outras congregações.”
Confesso que não entendi o que o pastor quis dizer, mas novamente, sugiro que você olhe o contexto histórico antes de tirar precipitadas conclusões. Sobre a palavra profética, sugiro a leitura do texto postado no site sobre “Dons espirituais”. Acho que você entenderá melhor a razão de eu não querer tratar disso aqui.
“Quando Adonias buscou o seu próprio interesse, não convidando o profeta, desprezou a voz do Senhor. Não interessava ouvi-la se não lhe fosse favorável. Salomão não tomou a atitude de consagrar-se rei ou exaltou-se a si mesmo, foi sua mãe e o profeta Natã que o defenderam, e na direção do Espírito Santo. Foi Davi, rei e profeta de Deus, que o escolheu tendo em vista profecias anteriores.”
Amado pastor, eu lamento muito que um homem com sua inteligência, cultura e desejo de servir ao Senhor não possa fazer um curso de teologia. Isso facilitaria enormemente a sua compreensão do contexto em que se passou o fato bíblico narrado. Em todo caso, acho que o texto sobre “O palácio de Salomão” traz informações básicas suficientes para que se perceba o que estava ocorrendo. Sugiro que você busque maiores informações com um professor de teologia, de preferência de uma escola batista.
“Por fim, apesar da quase unanimidade das denominações evangélicas concordarem que só haverá salvação até o arrebatamento, acho que o Senhor está certo e com certeza haverá alguma forma de salvação para os gentios após o arrebatamento.”
Pastor, honestamente, não sei de onde você tirou a “unanimidade das denominações evangélicas” quanto à salvação somente até o arrebatamento. Faça um apanhado melhor, pois a informação que eu tenho é bem diferente.
O que eu percebo é que muitos não se preocupam com as questões escatológicas. Quando muito falam que “Jesus voltará!” sem nem mesmo saber se o texto de Mateus 24 se refere à vinda de Jesus em glória ou ao arrebatamento da igreja. Isso é lamentável.
“A favor da sua posição está o fato de que durante toda a história da humanidade Deus sempre providenciou um meio de se aproximar dEle. Ademais, durante a antiga aliança o profeta Jonas pregou aos ninivitas, gentios.Todavia, não prego isso porque no NT há passagens claras afirmando a retirada do Espírito Santo no evento arrebatamento, e é Ele quem convence o homem da justiça, do juízo e do pecado. É razoável supor que essa categoria de salvos que ficou para viver a grande tribulação não poderá fazer parte da igreja de Cristo, pois não participará do banquete nupcial.”
Amado, perdoe-me mais uma vez, mas a referência à retirada do Espírito Santo da terra no ato do arrebatamento é equivocada. Igualmente, o seu entendimento sobre a igreja que ficará, carece de fundamento bíblico. Eu sei que você aprendeu assim na ICM e foi instruído por todos esses anos sem ter a oportunidade de ouvir o que os estudiosos do assunto dizem a respeito, mas como eu também não estou em condições de tratar deste assunto neste momento, sugiro apenas que você busque maiores informações acerca desses entendimentos que para você parecem tão claros. No momento, não posso fazer um estudo sobre isso. Deixarei para uma outra oportunidade.
Perdoe-me, mas a falta de tempo tem impedido que eu me dedique a longas respostas neste momento.
“Creio que como os judeus, e mesmo os discípulos de Jesus, não sabiam como seria o período da graça, nós também não sabemos como será a grande tribulação.”
Sim, só podemos saber o que a bíblia nos ensina. Nada mais.
Vejo irmãos da maranata salpicados em várias denominações, e talvez essa seja a forma que o Senhor escolheu para mostrar que o que é dEle somente pertence a Ele e não pode ser represado. Falo tanto das ovelhas (e pastores) quanto do conhecimento que elas adquiriram.
Amém! Você não deve ter notado, mas do modo como se expressou deu a entender que as várias denominações são privilegiadas por receberem membros da Maranata, levando o que Deus deu à ICM e que isso não pode ser represado. Não foi isso o que eu vi quando saí, mas tudo bem.
“Compactuo com o seu sentimento antisectarista, mas não vejo necessidade de radicalizar a ponto de questionar e confrontar item a item todos os ensinos da maranata.”
Para que eu não tenha que repetir sempre as mesmas coisas, fiz detalhada explicação sobre isso no texto que escrevi sobre “A caverna de Platão”. Não parei minhas atividades para tratar destes assuntos porque sentia prazer em tocar neles. Leia o artigo. Talvez, você esteja entre as pessoas que entenderão o que ali está escrito e não procurarão a minha morte.
“Que a nova denominação que escolheste seja melhor do que aquela da qual saíste, mas isso não importa, porque a igreja que vai ser arrebatada não é uma denominação, mas é a igreja fiel apenas. Fiel no sentido de que Deus é muito misericordioso.”
Pastor, eu nunca disse que a denominação em que hoje estou é melhor que qualquer outra. Faça um levantamento em tudo o que eu já escrevi até hoje e saberá disso, com certeza. Ao contrário, eu tenho plena convicção de que somos insignificantes perante as estruturas que hoje estão aí, bem montadas. Nós somos apenas um grupo de pessoas bem intencionadas tentando servir a Deus da melhor maneira possível, só isso.
“Para mim, obra do Espírito Santo é toda aquela submissa à vontade dEle. Entendo que de alguma maneira todas as denominações que desejam sinceramente essa submissão, ainda que com erros porque ninguém é perfeito, participam da grande Obra de Deus e da família de Jesus, adenominacional.”
Sobre o que eu penso do termo “Obra de Deus”, já fiz vários comentários no site, mas respeito seu modo de ver isso. Percebo sua sinceridade e desejo de fazer o melhor para Deus. Louvado seja o Senhor!
No mais, desejo que o seu ministério seja frutífero, um ramo frutífero como foi José do Egito.
Sua palavra de bênção é muito bem vinda! Tenho o mesmo sentimento para com você!
“abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis.” (Romanos 12:14 RA)
“Encontrar erros nos outros é muito fácil, não cometer erros é muito difícil.”
É verdade! Não há escola melhor que a ICM para que o homem possa aprender isso. Foi lá minha primeira escola, por isso tive tanta dificuldade quando saí dela, pois onde eu ia só via erro e defeito em tudo e em todos. É claro que eu ainda preciso melhorar muito, mas creio que já dei bons passos nesse sentido.
“Talvez Salomão seja até hoje o rei mais sábio do mundo por reconhecer isso ainda jovem, tornando-se dependente da sabedoria divina para não errar.”
Sim, Salomão foi muito sábio, mas parece que aquela quantidade enorme de sabedoria não o livrou de errar, errar, errar e errar, a ponto de colocar todo o seu povo na miséria, enquanto ele vivia em um palácio de vaidades. Desculpe, não digo isso para ofendê-lo, apenas repito o que a história bíblica registrou sobre o governo de Salomão.
“Tudo isto vi nos dias da minha vaidade: há justo que perece na sua justiça, e há perverso que prolonga os seus dias na sua perversidade.” (Eclesiastes 7:15 RA)
Amado pastor, preciso deixar claro que não tenho a menor intenção de abrir um fórum de debates. Nem tenho tempo para isso. Jamais quis discutir com você sobre trombeta alguma, nem sobre história, nem sobre reis. Mas, creio que meu propósito tem sido alcançado com grande efeito. Você é prova disso. Apesar de, praticamente, não concordar com nada do que eu disse, você parou para meditar a respeito dos argumentos que apresentei. Aleluia! Tenho certeza que amanhã você terá melhores argumentos para defender suas teses diante da sua igreja. Veja isso como um estímulo ao conhecimento e ao fortalecimento de suas teorias bíblicas.
Não precisa concordar comigo, de modo nenhum. Eu não fico nem um pouco chateado quando alguém diz que não concorda comigo. Só de ver que as pessoas estão pensando, já fico feliz.
Lembre-se apenas do que disse o filósofo:
Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las. (Voltaire)
Por fim, pastor, ao discordar do seu modo de interpretar as escrituras sagradas, não deixo de amá-lo como um irmão em Cristo Jesus e em nenhum momento quis ofendê-lo ou desrespeitá-lo em sua condição de ministro do evangelho. Se isso aconteceu, perdoe-me e releve o modo rude como esta resposta foi escrita, pois o tempo não me permitiu fazer algo melhor.
O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz.
Grande abraço,
Sólon.