Carta 117

02/07/2013 15:14

De: JOÃO 

Para: celeiros 

Assunto: Pergunta: Existe algum pastor na ICM divorciado? Qual é a posição oficial do ICM ...

Data: 18/02/2011 19:25

Tenho outra pergunta para você. Algo diferente desta vez. Se você já respondeu a essa pergunta antes, por favor diga-me em que carta / documento.

PERGUNTA:

1) Existem pastores da ICM que se divorciaram ANTES de se tornarem pastores na ICM?

2) Qual é a política oficial ICM sobre pastores divorciados?

3) Existem documentos que pudessem ser postados neste site para revelar a política oficial da ICM sobre esse assunto?

Foi-me dito por um pastor da ICM, que eles não permitem essa prática. Mas eu precisava de algo mais oficial sobre isso (por exemplo, um documento, etc.)

 

De: site celeiros 

Para: JOÃO 

Assunto: Re: Pergunta: Existe algum pastor na ICM divorciado? Qual é a posição oficial do ICM ...

Data: 18/02/2011 23:58

 

Prezado irmão, que a paz do Senhor Jesus seja com sua família.

O assunto que preocupa o irmão já foi parcialmente tratado na carta de nº 44, que também está na página principal do site sob o título “O ministério pastoral e o segundo casamento”.

Vou repetir aqui uma parte do que eu já disse, pois há semelhança com o que você quer saber.

A regra geral é que na ICM não se admite que um pastor esteja em seu segundo casamento. Nesse ponto, a Igreja Maranata procura ser bastante uniforme. Por isso, creio que não há documentos que possam demonstrar o contrário. E mesmo que eu tivesse um em minhas mãos, não permitiria que isso fosse divulgado neste site. Constantemente, eu tenho que filtrar as informações que chegam até mim, para não passar adiante aquilo que não convém.

Sobre o tratamento oficial que hoje a ICM confere aos homens de segundo casamento eu posso estar desatualizado. Vou apenas referir-me ao que existia enquanto eu estava lá, mas talvez essa não seja a realidade atual.

Naquele tempo, a regra era que homens de “segundo casamento” não poderiam ser levantados como diáconos, ungidos ou pastores. Também, não podiam pregar na igreja.

Certa vez, presenciei uma justificativa sobre essa questão em um seminário da ICM. Foi dito o seguinte: “se não há pessoas preservadas para o ministério nesta obra (primeiro casamento), nossos pastores serão aqueles que, como Samuel, foram separados desde a infância para o ministério (filhos dos crentes da ICM)”.

Em outra ocasião, foi-me dito que havia uma revelação de Deus para que homens de segundo casamento não subissem ao púlpito. A revelação procedia de uma reunião de obreiros, em uma certa igreja de Vitória-ES. Alguém teve uma visão de uma espada que caía do teto e atingia o braço direito de um homem que estava presente naquela reunião. Aquele homem, que era usado normalmente nas atividades da igreja, era um varão que estava em seu segundo casamento. Então, o discernimento dado foi que Deus estava proibindo que pessoas nessas condições fossem usadas nas funções “de frente” da igreja (em todo o mundo).

Naturalmente, eu fiquei com muitas dúvidas, pois, para mim, aquele dom espiritual ou o seu discernimento pareciam falhos, afinal, pensando somente naquele dom:

- Deus estava se referindo àquele homem especificamente ou a todos os homens da igreja, indistintamente?

- Deus estava se referindo àquela igreja de Vitória ou a todas as igrejas da ICM, indistintamente?

- Qual era a situação daquele homem:

a) ele chegou na igreja casado pela segunda vez, ou trocou de mulher depois de conhecer o evangelho?

b) O fim do seu primeiro casamento foi motivado por ele ou por sua esposa?

c) O fim do seu primeiro casamento decorreu de adultério? De quem?

d) ele cumpria com suas obrigações para com seus filhos do primeiro casamento? (assistência financeira e afetiva)

e) ele mantinha um relacionamento amigável com sua primeira mulher, com um bom testemunho, ou nutria ódio por ela e vice-versa?

Enfim, será que Deus estava cortando a ação de seu braço pelo simples fato dele estar no segundo casamento ou por algum outro tipo de desajuste?

Por outro lado, será que o exemplo daquele homem se aplicaria indistintamente, a todos os outros homens de “segundo casamento” que freqüentavam a igreja? Será que todos os homens de segundo casamento que hoje estão convertidos encontram-se em idêntica situação? Se não, por que Deus trataria casos diferentes de modo igual?

O fato é que eu não estava convencido de que um homem que teve um casamento destruído enquanto vivia segundo o curso deste mundo estivesse impedido de ser usado por Deus após sua conversão ao evangelho do Senhor Jesus. Eu me lembrava que a mulher samaritana não foi impedida de ir à cidade anunciar a Jesus mesmo tendo 5 casamentos desfeitos no passado.

Jesus não recomendou que ela deixasse essa tarefa para outros com uma “ficha” mais limpa do que a dela. Jesus não se preocupou com Sua “imagem” diante dos Samaritanos ou dos Judeus. Aliás, Jesus comia com pecadores e publicanos sem se importar com o que diziam os fariseus (brancos por fora, mas podres por dentro – sepulcros caiados). Jesus não se preocupava com as aparências, pois conhecia os corações e a sinceridade ou hipocrisia dos homens.

“Porém o SENHOR disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei; porque o SENHOR não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração.” (1 Samuel 16:7 RA)

“Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse: Por que cogitais o mal no vosso coração?” (Mateus 9:4 RA)

Além  disso, outra questão me incomodava: por que um homem que teve a infelicidade de ter um casamento desfeito, ainda que por sua culpa, mesmo sinceramente arrependido não poderia pregar a palavra de Deus no púlpito da igreja, enquanto ex-fornicadores, ex-viciados, ex-ladrões, ex-estelionatários e ex-mentirosos podiam?

Mas, veja bem: o que mais me incomodava eram as justificativas que não me pareciam convincentes. Isso não significa que eu concorde com o desfazimento de casamentos e nem que eu considere razoável que as regras sejam frouxas nesse sentido. O nosso padrão moral não é o deste mundo, mas o de Deus, mesmo que isso pareça ser difícil de cumprir.

Creio que devemos, sim, defender o evangelho e preservar os padrões morais de Deus, mas precisamos fazer isso sem desprezar as pessoas. E quando formos questionados sobre nossos valores, devemos apresentar respostas sinceras, verdadeiras e coerentes com a palavra de Deus, sem simplesmente dizer: Deus revelou.

Perdoe-me se eu não entendi bem a sua pergunta.

O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz.

Grande abraço,

Pastor Sólon.