7 - O discípulo e a temperança

09/04/2015 19:47

“22 Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, 23  mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.” (Gálatas 5:22-23 RA)

 

INTRODUÇÃO

Conforme nos afirma o dicionarista Aurélio, temperança é a "qualidade ou virtude de quem é moderado, ou de quem modera apetites e paixões; sobriedade".

É uma necessidade para o bom viver do cristão e uma demonstração de que realmente provamos o novo nascimento. Ela é produzida mediante atuação direta da terceira pessoa da Trindade e faz parte do fruto do Espírito que se manifesta em nove excelentes qualidades, já estudadas em lição anterior.

I. NECESSIDADE DE AUTOCONTROLE

1. Nas palavras. Há um ditado popular que afirma: "Não devemos falar o que sabemos, mas, sim, sabermos o que falamos". Isto é o que se pode chamar de sobriedade, domínio próprio. Veja o que o apóstolo Tiago escreveu em sua carta: "Todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal varão é perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo" (Tiago 3.2)

Você encontra nas Escrituras Sagradas diversos exemplos de pessoas mal sucedidas porque falaram demais. Miriã e Arão, irmãos de Moisés, o criticaram por ter se casado com uma estrangeira. Deus, então, os castigou. Ela, por ser a mentora da crítica, ficou leprosa por sete dias e ambos perderam o direito de entrar na terra prometida. Agora abra sua Bíblia e leia os seguintes textos: Salmo 34.13; Provérbios 13.3; Tiago 1.26.

2. Nas ações. Quatro jovens judeus, levados cativos para a Babilônia, foram escolhidos por Nabucodonosor para realizarem um curso, e, depois, servirem ao governo caldeu. O rei ordenou que os alimentasse com todas as iguarias da mesa real. Daniel e seus companheiros propuseram em seus corações não se contaminarem com a porção do manjar do rei, nem com o vinho que ele bebia. Leia Daniel 1.8. Solicitaram então ao despenseiro que lhes fornecesse apenas legumes durante dez dias. Se após este período seus semblantes estivessem abatidos, aceitariam o manjar do rei. No entanto, se apresentassem bom estado de saúde, continuariam com a refeição escolhida por eles até o final daquele treinamento.

Após aquele período de dez dias, seus semblantes eram melhores do que os dos demais jovens. Por isso, continuaram com aquela alimentação, à base de legumes, até o final do curso. O resultado desta história está registrado em Daniel 1.15 e 16.

Esta foi uma demonstração de sobriedade, força de vontade e temperança dos quatro jovens judeus.

Outro exemplo de temperança no Antigo Testamento está registrado em Jeremias 35.1 a 8. Os judeus não obedeciam à Palavra de Deus, transmitida por Jeremias. Então o Senhor Jeová resolveu mostrar aos israelitas do Sul que havia um povo, no meio deles, muito mais digno, pois honrava um preceito estabelecido por Jonadabe, filho de Recabe. O profeta, dirigido pelo Espírito Santo, convidou os líderes dos recabitas a visitarem o Templo e, naquele recinto sagrado, lhes ofereceu vinho.

Qual foi a atitude daqueles líderes? "Eles disseram: não beberemos vinho, porque Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, nos mandou, dizendo: nunca bebereis vinho, nem vós nem vossos filhos; Obedecemos, pois, à voz de Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai em tudo quanto nos ordenou" (Jeremias 35.6,8).

Esta é mais uma prova real da sobriedade de um povo que cumpre à risca os preceitos de um de seus ancestrais. Os cristãos devem ter força de vontade para vencer as tentações e suplantar os desejos da carne. Este domínio próprio em ação chama-se temperança.

O crente deve sempre ocupar-se com coisas boas. E a melhor terapia é ler a Bíblia, cantar hinos evangélicos, visitar os novos convertidos, desviados e enfermos. A Palavra de Deus também nos recomenda que devemos fugir de toda forma de mal. (Leia 1 Tessalonicenses 5.22). Só assim, venceremos as tentações e manteremos a nossa sobriedade. Onde você estiver: no trabalho, na igreja, no ônibus, etc. pense nas coisas celestiais e viva como Jesus, vitoriosamente.

3. Nos pensamentos. Por falta de vontade própria, Davi cedeu à tentação que o naufragou no pecado e o fez pagar as conseqüências pelo resto da vida. Era a época em que os reis saíam para a guerra. No entanto, ele passeava no terraço de sua casa real. É possível que seu pensamento estivesse vagando distante e não estivesse voltado para Deus, para o seu governo, nem mesmo para a guerra que estava sendo travada por seus exército naquele instante. Repentinamente, deparou-se com uma cena que o devorou, como uma labareda de fogo a consumir algo inflamável: uma mulher banhava-se em local próximo ao palácio, de modo que ele pode vê-la e notar sua formosura. A chama da sensualidade acendeu o desejo incontido no coração do rei de Israel de possuí-Ia. Quando percebeu o que fizera, já era tarde demais: havia se deitado com ela e tinha ordenado a morte do seu marido. Tudo isto aconteceu por falta do autocontrole do pensamento, que o levou a cometer aquela loucura (Leia 2 SamueI11.1-4).

II. CAUSAS DA INTEMPERANÇA

O mal que se contrapõe à virtude que você estudou chama-se intemperança. Ela tem atuado no mundo com muita ênfase e causado toda esta imoralidade que chega até nós diariamente por meio dos veículos de comunicação.

A intemperança é a variação de comportamento do homem que se deixa levar por impulsos, sem conseguir controlá-los, ou seja, sem conseguir agir com domínio de si mesmo, resultando na prática de autênticas loucuras, como brigas, homicídios, suicídios, roubos, estupros, etc. e conduzido a humanidade a naufragar em um verdadeiro mar de lama.

A maior causa da intemperança é a ausência de Deus no coração do homem. Mas, associado isso, há alguns fatores que colaboram para o descontrole das ações humanas, quais sejam:

1. O Álcool. A pessoa, dominada pelo vício das bebidas alcoólicas, perde com facilidade a sobriedade, a vergonha e o respeito dos que a rodeiam. Abra sua Bíblia em Efésios 5.18 e veja o que Paulo escreveu sobre esse assunto.

2. As drogas. São as campeãs na triste estatística de perversidades. Grande parte dos crimes executados e de distúrbios familiares são provocados em razão do consumo de drogas. Além disso, muitos crimes são praticados em razão das drogas, como é o caso de tráfico de entorpecentes, que gera crimes em série – roubos, furtos, extorsões, assassinatos, seqüestros etc., o que demonstra a destruição do ser humano por falta de domínio próprio e pela ausência do conhecimento de Deus. Há ainda, muitas pessoas que ficam dominadas pelo vícios de drogas legalizadas, como é o caso do cigarro. Há crentes que levam muito tempo para se libertarem do vício do fumo em suas diversas modalidades: cigarro, cachimbo, charuto, etc.

Uma questão para meditação: o cristão dependente de qualquer vício está salvo?

3. A glutonaria. Comer além do necessário ao organismo é má mordomia do corpo. É uso errado de um bem que Deus nos proporcionou e deseja que cuidemos bem dele. É obrigar o organismo a trabalhar mais do que precisaria normalmente. Conta a história que a glutonaria era tão estimulada nas festas pagãs que já existia um lugar reservado para vomitar. As pessoas comiam, comiam, vomitavam e voltavam a comer. Não devemos nos esquecer que "comemos para viver, e não vivemos para comer". A glutonaria, prejudicial ao organismo humano é condenada por Deus – como tudo o que faz mal ao homem - e nos textos bíblicos de versão mais moderna o termo glutonaria foi substituído por “orgias”, que é mais abrangente e faz referência às festas cujos excessos eram permitidos livremente, inclusive o de alimentação e de bebidas.

Leia Romanos 13:13 – Pv 23:2 – Lc 21:34  - 1Pe 4:3 e medite sobre esta questão.

4. A sensualidade. Um dos significados desta palavra é "amor aos prazeres materiais". No sentido popular, trata-se de uma insinuação provocada conscientemente para atrair os sentidos alheios, despertando pensamentos e desejos sexuais. Leia Gálatas 5.19 a 21 e veja como a intemperança, a falta de vontade própria, pode levar muitos à prática das obras da carne que, se não forem abandonadas a tempo, conduzirão os que se consideram cristãos, e as praticam à derrota e à condenação.

DISCIPULADO

Você concluiu, através desta lição, que é necessário o cristão ser temperante, ou seja, ser moderado em seu comportamento e que, para isso, é necessário o domínio próprio. Se você ainda não goza desta prerrogativa, não se desespere! O importante é o seu desejo de possuir esta qualidade, produzida pelo fruto do Espírito. Peça a Deus esta sublime virtude e exercite a sua força de vontade. Prove para você mesmo que é capaz de alcançar o autocontrole. Se não conseguir de imediato, insista até superar todos os desejos que o impedem de ser um autêntico servo de Deus. Ele lhe dará a vitória, pois muitos conseguiram vencer esta batalha.

AUXÍLIOS SUPLEMENTARES

Subsídio doutrinário

À luz da Palavra de Deus, temperança não se limita às idéias e aos conceitos da psicologia moderna. Basta irmos a Gálatas 5.22 e a Tito 2.2 para constatarmos que Deus espera um pouco mais de nós. Em ambas as passagens, a temperança, alicerçada no domínio próprio, é a capacitação espiritual que todo cristão deve possuir a fim de poder andar em espírito e não cumprir as concupiscências carnais (GI 5.16; Rm 8.1). É uma capacitação espiritual porque Deus mesmo, pelo seu santo Espírito, nos ajudará e nos fortalecerá o ânimo para buscarmos essas coisas e, assim, produzirmos o fruto do Espírito (GI 5.22). Sendo um elemento espiritual, carece de uma ação vigorosa do Espírito Santo.

Quando o crente verifica que sua vida já se afastou do glorioso princípio da temperança, que já não é capaz de se sobrepor às ciladas do diabo e não encontra mais firmeza para impedir que o ego domine todo o seu ser, é hora de retomar ao princípio da temperança. Temos de, humildemente, confessar ao Senhor que somos incapazes de alcançar o triunfo sem o auxílio do Espírito Santo.

Como manter o princípio da temperança no sentido bíblico?

Em primeiro lugar, o crente precisa entender que, sem a temperança, a sua vida espiritual está em débito quanto ao fruto que deve apresentar ao Senhor. Logo, já não pode andar distanciado deste princípio, pois o intemperante está fadado à derrota espiritual. Consciente desta realidade, rogue ao Senhor que fortaleça a sua sobriedade a fim de agradá-Lo em todas as coisas. Os manjares oferecidos pelo maligno são abundantes e diversificados, levando o intemperante a cair nas malhas finas do pecado. A determinação da Palavra de Deus é que o nosso fruto permaneça (Jo 15.16; Ct 7.13).

Muitas pessoas, por amarem a si mesmas em demasia, não se apercebem de que são intemperantes. E, com freqüência, violentam suas próprias almas, pecando contra Deus (Pv 8.36). Movidas por seu ego, não querem se humilhar, nem aceitar o controle do Espírito Santo de Deus.

Disse Aristóteles certa vez: "É mais corajoso aquele que domina os seus próprios desejos do que aquele que conquista os seus inimigos, pois a vitória mais difícil é a vitória sobre o próprio eu." (Retorno aos Princípios, CPAD, págs. 51,52)

GLOSSÁRIO

Ancestral: Relativo ou pertencente a antecessores, a antepassados.

Despenseiro: O encarregado da despensa; aquele que cuida das economias de uma casa.

Glutonaria: Qualidade de glutão; aquele que come muito e com avidez.

Imensurável: Que não pode ser medido; não mensurável; incomensurável.

Iguarias: Comida fina, delicada.

Manjar: Iguaria delicada e apetitosa.

Sobriedade: Qualidade de sóbrio; temperança, moderação, comedimento.

Suplantar: Ser superior a; exceder, sobrepujar.

VERIFIQUE O QUE VOCÊ APRENDEU

1. O que é temperança?

 

 

2. A temperança é gerada por quem?

 

 

3. De acordo com a lição, por que Davi pecou?

 

 

4. O que impede a atuação da temperança na vida do crente?

 

 

5. O que é intemperança?