Carta 23

02/07/2013 12:18

De: JOÃO

Data: sáb 07/03/2009 10:41

E-mail - joao@yahoo.com

Sinto muito sou da maranata e não estou defendendo-a também DEUS nos sentimos melhor espiritualmente só acho que deveria prevalecer a ética; já pensou se alguém um dia também sair da sua comunidade falando coisas internas como você acha que ficou a cabeça de pessoas que estavam tentando se converter dentro da igreja que hoje você sem ética pastoral causou afirmo não estou defendendo a icm ela tem seus próprios meios de fazer isto se eu fosse de outra denominação faria o mesmo sinto muito mas foi meu desabafo desculpe-me mas não pude evitar o meu protesto contra o que a sua pessoa causou em algumas e porque você não pensou nesta possibilidade você so pensou com indignação falar mal de uma igreja que te acolheu e com certeza as experiências que tu tens hoje foram obtidas na icm certas ou erradas mas foram de Lá.

De: pastor-solon

Data: dom 08/03/2009 02:12

Prezado irmão JOÃO, que a paz do Senhor Jesus seja contigo.

Gostaria que o irmão aceitasse meu mais solene pedido de perdão por ter feito você sentir que sua igreja foi injustiçada. Querido, neste exato momento só temos uma testemunha entre nós: Deus. Só Ele sabe o quanto fico comovido ao ler uma mensagem como a sua e ao perceber a sinceridade do seu coração ao expressar sua indignação.

Se com todo o conteúdo do site você ainda não percebeu a razão do nosso trabalho, provavelmente não aceitará qualquer argumento de minha parte, por mais lógicos, coerentes e verdadeiros que sejam. Sei que há muitas outras pessoas como você, que aceitaram a idéia da inimizade entre irmãos quando, na verdade, ela não existe. Confronto de idéias, posicionamentos e crenças é uma coisa normal e não significa, necessariamente, que as pessoas que acreditam em coisas diferentes sejam inimigas.

Mas, mesmo que seja vã a minha argumentação neste momento, não posso deixar de respondê-lo, ponto a ponto, uma vez que você merece minhas explicações, ainda que não as aceite. Vou tentar mostrá-lo que eu não sou inimigo da “obra”, que eu não sou antiético, que eu não sou o culpado quando alguém resolve deixar de congregar na ICM, ainda que eu saiba que várias pessoas tenham feito isto depois que começaram a refletir sobre as coisas que relatei.

“Sinto muito sou da maranata e não estou defendendo-a (...)”

Querido, você está defendendo a ICM sim, perdoe-me a sinceridade. Isso não é mal nenhum. Ao contrário, acho admirável quando vejo alguém que tem ousadia para defender aquilo que acredita. Só acho que para fazermos isso, temos que reunir alguns elementos antes.

Eu sempre entendi, mesmo enquanto era pastor da ICM, que era meu dever defender aquilo que eu acreditava, seja diante de quem fosse. É claro que eu tinha uma dificuldade enorme de defender as doutrinas da ICM, uma vez que até mesmo uma adolescente de 13 anos de idade (minha sobrinha) tinha argumentos melhores que os meus quando o assunto era, por exemplo, “calça comprida” (leia o texto que escrevi sobre usos e costumes – www.pastorsolon.com.br – textos do site - artigos). Também não conseguia explicar, com coerência, a razão pela qual não era necessário consultar a bíblia quando a visão era concedida durante uma imposição de mãos, enquanto todas as demais visões deveriam ser consultadas [carta nº 18] e essas consultas deveriam ser precedidas de um clamor pelo sangue de Jesus, sob pena de ser inválida [carta nº 55]. Ainda bem que a maioria das pessoas viviam intimidadas pela presença do pastor e, para não ficarem mal vistas, não tinham coragem de perguntar. Afinal, seria uma ousadia questionar algo sobre as doutrinas reveladas.

Disse isso para que você não se sinta constrangido em defender a ICM. Creio até que esse é seu dever, para que você não seja incoerente diante das pessoas que o seguem.

“(...) só acho que deveria prevalecer a ética;

Não vou discutir ética, pois há muita filosofia envolvida neste conceito moral. Mas apenas vou fazer algumas perguntas para que você me responda:

a)    Se você fosse um médico e um companheiro seu de profissão estivesse cometendo abortos e você ficasse sabendo você denunciaria? Ou alegaria a “ética” para defender aquilo que Deus desaprova?

b)    Se você fosse um policial e ficasse sabendo que um colega seu estivesse recebendo propina, você denunciaria? Ou alegaria a “ética” para encobertar o erro de seu companheiro de profissão?

c)    Se você fosse um deputado e descobrisse que seu companheiro de partido estivesse desviando verbas orçamentárias destinadas a um orfanato, você denunciaria? Ou alegaria a “ética” para não prejudicar seu amigo, em prejuízo das crianças do orfanato?

d)    Se você fosse um diácono e descobrisse que seu pastor estivesse desviando dinheiro da tesouraria da igreja, você denunciaria? Ou alegaria a “ética”, a obediência, a submissão ou o famoso “não toqueis nos meus ungidos” e deixaria que os irmãos fossem lesados?

Veja querido, só estou tentando lhe mostrar que este conceito sobre a ética não pode ser usado por pretexto quando estamos diante de crimes, fraudes, pecados e, em especial, quando vidas estão em jogo. Você deveria saber que a possibilidade da denúncia é que freia muitas más intenções dos homens. A sensação de impunidade dá vazão à sua perpetuidade. Quando o homem percebe que nada lhe acontecerá se fizer alguma coisa errada, ele não se preocupa em fazer a coisa certa, mas quando ele sabe que está sendo vigiado e que, se fizer alguma coisa errada, será denunciado e terá que responder por isso, certamente tomará cuidado de fazer sempre o certo.

Você deveria ver com outros olhos esta questão. O que você acha que tem mais valor: a “ética” que oculta a verdade ou a própria verdade? Você prefere viver enganado por homens “éticos”? Ou prefere conhecer a verdade? Se você escolher a primeira opção depois de sofrer bastante com a mentira poderá dizer: pelo menos eles foram “éticos” em não me contar a verdade. Ora, eu nunca vi ninguém dizer isso. Eu tenho certeza que todo homem detesta ser enganado e ninguém gosta de saber que todos sabiam que ele estava sendo enganado e não lhe falaram nada, ou seja, este homem se sente um palhaço no final da história.

Querido, a ética a que você se refere é um conceito que serve para que um profissional não “passe a perna” no outro para tirar proveito próprio. Por exemplo: serve para que um médico não fale mal do trabalho de seu companheiro de profissão apenas para ficar com seu paciente.

Uma coisa precisa ficar bem clara para você: não estamos tentando denegrir a imagem da ICM para ficar com seus membros. Fique tranqüilo com relação a isso. Tenho plena consciência que o nosso culto, a nossa doutrina e o nosso modo de conduzir as questões espirituais são tão diversas do que se faz na ICM que é muito difícil que um egresso da ICM se sinta bem em nossas reuniões. E, de fato, nós não estamos preocupados em fazer um culto para agradar um membro da ICM, mas para agradar a Deus e para realizar aquilo que acreditamos ser o melhor. Pessoalmente, eu acho muito mais fácil um egresso da ICM se familiarizar com um culto de uma igreja evangélica tradicional.

Mas, então, qual o propósito do nosso site? Entre outros propósitos do site, um deles é divulgar alguns textos dirigidos a ex-membros (sem igreja) que se sintam rejeitados pela ICM e que estejam desesperançados quanto à possibilidade de voltarem a ser bênção nas mãos de Deus, ainda que seja em outra denominação evangélica, seja qual for.

Entretanto, não posso evitar que membros da ICM visitem o meu site. Estes, segundo o que aprendi enquanto eu era pastor na ICM, são desobedientes (?), pois não estão cumprindo com a orientação do Presbitério quanto aos acessos via internet. Se eu pudesse dar um conselho aos irmãos fieis da ICM, diria para acessarem somente os sites da ICM, pelo menos enquanto estiverem convictos de que estão no lugar que Deus quer que estejam.

(...) já pensou se alguém um dia também sair da sua comunidade falando coisas internas (...)

“ Porque nada podemos contra a verdade, senão em favor da própria verdade.” (2 Coríntios 13:8 RA)

O que nós podemos contra a verdade? Se o que falam de mim é verdade, não tenho razão para me sentir ofendido, não é mesmo? Por outro lado, se é mentira, devemos saber que somos responsáveis por nossas atitudes e podemos ser responsabilizados tanto aqui na terra como diante de Deus.

“Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos;” (Apocalipse 2:2 RA)

“Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte.” (Apocalipse 21:8 RA)

Sinceramente, não vejo qualquer problema se alguém sair da Comunidade falando coisas internas dela. Creio que isso só deve preocupar aqueles que têm algo a esconder ou que temem que a verdade seja descoberta. Não é o meu caso e não é o caso da CEEN.

(...) como você acha que ficou a cabeça de pessoas que estavam tentando se converter dentro da igreja que hoje você sem ética pastoral causou (...)

Meu irmão, mais uma vez vou “bater na mesma tecla”. A verdade pode fazer o mal ou o bem a alguém? Se você me disser que a verdade pode fazer mal a alguém, creio que você estará sugerindo que a verdade seja omitida. Só que a omissão da verdade nada mais é que uma mentira. Omitir a verdade é permitir que a mentira reine. Você é a favor da mentira? Se me disser que sim, vou suspeitar de sua conversão. Se disser que não, fico sem entender a razão de você dizer que seria melhor que as pessoas não conhecessem a verdade. Nunca vi a verdade fazer confusão na cabeça de ninguém. O que vejo é o contrário - a mentira causar sérias confusões. Veja que se há algum problema na ICM não fui eu quem causou. Por que, então, você quer jogar a responsabilidade para cima de mim?

Se um membro de uma denominação qualquer descobre que o seu pastor é adúltero e furta o dinheiro da tesouraria e denunciá-lo e, depois disso, várias pessoas saírem da igreja, de quem será a culpa pela saída dessas pessoas da igreja? Do pastor adúltero e ladrão ou do denunciante? Veja que, por suas colocações, depreendo que você defende a mentira no lugar da verdade e ainda acusa o inocente no lugar do culpado. Creio que você deve rever seus conceitos bíblicos. E perdoe a minha sinceridade.

“(...) afirmo não estou defendendo a icm ela tem seus próprios meios de fazer isto se eu fosse de outra denominação faria o mesmo sinto muito mas foi meu desabafo (...)

Insisto: você está tentando defender a ICM sim, mas, como já disse, não vejo mal algum nisso. Parabéns por sua iniciativa, mesmo que seja apenas um desabafo. Mas, lembre-se: a nossa argumentação deve ser lógica, verdadeira e bíblica, para que não nos acharmos lutando por nada. Gosto, sim, de lutar pela verdade, especialmente pela verdade bíblica (leia a introdução do meu testemunho sobre o período em que fui pastor na ICM). Por isso, devemos manter sempre nossa discussão em torno da bíblia e, assim, considerarei que isto é apenas um exercício para o nosso crescimento e edificação. Obrigado por sua contribuição querido.

(...) desculpe-me mas não pude evitar o meu protesto contra o que a sua pessoa causou em algumas (...)

Vou dar outro exemplo: se uma empresa aérea não faz manutenção preventiva em seus aviões e um de seus funcionários denuncia este fato na internet, levando muitas pessoas a não comprarem mais passagens aéreas naquela companhia, deixando-a, subitamente, em uma situação de falência, de quem será a culpa se aquela empresa falir? Do funcionário que a denunciou ou dela mesma, por agir indevidamente quanto à manutenção de seus aviões? Se você me disser que a culpa é do funcionário, então vou dizer que você não se preocupa com a vida das pessoas – não é o meu caso.

No seu caso, creio que o seu protesto seria muito mais coerente se fosse dirigido ao seu Presbitério Espírito Santense, que é quem tem a responsabilidade manter as coisas em ordem dento da Igreja Cristã Maranata e, assim, evitar que pessoas leiam um texto qualquer e saiam da igreja. Ora, você já se perguntou a razão pela qual muitas pessoas que estão lendo o texto estão deixando a ICM? Será que o conteúdo do texto teria poder para tirar alguém da igreja, se os fatos relatados fossem irrelevantes ou mentirosos? O que eu tenho visto é que o que eu relatei já era de conhecimento de uma muitas pessoas, mas que sentiam medo de encarar a verdade.

Não posso aceitar, querido, essa sua acusação, nem como desabafo, pois você não logrou êxito em demonstrar que eu sou o culpado pelos problemas vividos pela ICM. Eu sou apenas uma pessoa que relatou fatos vividos por mim.

(...) e porque você não pensou nesta possibilidade você só pensou com indignação falar mal de uma igreja que te acolheu e com certeza as experiências que tu tens hoje foram obtidas na icm certas ou erradas mas foram de Lá.”

Querido, não sei onde você viu alguma indignação em mim, mas tudo bem. Se é esta a impressão que deixei em você me perdoe. Como já disse, apenas relatei fatos que me desagradaram ao ponto de eu deixar a igreja (veja minha carta de desligamento no site). Pode ser que aquilo que me desagradou não lhe desagrade – fico feliz por isso.

Por fim, registro que entendo que quem me acolheu não foi a igreja da qual eu saí. Quem me acolheu foi Deus. A igreja foi um instrumento de Deus naquela época. É claro que minha jornada na ICM foi importante para mim, mas não posso afirmar que eu seria mais abençoado aqui ou ali – Deus é quem sabe de todas as coisas. Creio somente que Deus fez o que tinha que fazer na minha vida e que, do mesmo modo que Deus me colocou ali por quase 20 anos, agora estou no lugar onde Ele me colocou e fazendo aquilo que Ele quer que eu faça.

Como eu disse no começo, sei que nada que eu fale será bem recebido por um membro convicto da ICM, mas me senti na obrigação de respondê-lo, uma vez que você interpretou de modo equivocado minhas atitudes.

O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz.

Grande abraço,

Pastor Sólon.