Carta 195

02/07/2013 16:29

DATA DA PUBLICAÇÃO: 19/12/2011

 

 

De: JOÃO

Para: "celeiros.df@gmail.com" <celeiros.df@gmail.com>

Data: 5 de dezembro de 2011 15:17

Assunto: Enc: carta ICM

Pr. Sólon.

A Paz do Senhor.

Encaminho os anexos apenas para conhecimento.

Por gentileza não repassar.

Abçs.

Pr. JOÃO (...)

 

De: Site Celeiros

Para: JOÃO

Data: 7 de dezembro de 2011 13:34

Assunto: carta ICM

Prezado Pr. JOÃO, que a paz do Senhor Jesus seja com toda a sua casa.

Não estou certo se sua carta já foi respondida, mas se você der uma olhada nas cartas 185, 187 e 189 verá que os fatos constantes dos anexos que você enviou já são do meu conhecimento.

Sua preocupação com a divulgação desses fatos é desnecessária, pois esse assunto já se espalhou pela internet.

Inclusive, anteontem descobri algo na internet que eu não tinha conhecimento. Trata-se do testemunho procedente de um Professor da Escola Dominical da Igreja Presbiteriana do Brasil que relata com riqueza de detalhes os acontecimentos que culminaram na saída da família Gueiros da Presbiteriana e na formação da Igreja Cristã Maranata, inicialmente denominada de Igreja Cristã Presbiteriana.

Achei tão interessante que publiquei uma cópia na seção de testemunhos do Site Celeiros no seguinte endereço: https://migre.me/7c7lk.

Quando li esse testemunho pude compreender muitas coisas que antes eu não entendia. Eu não sabia de onde vinha tanta soberba na ICM. Mas, quando li as cartas enviadas pelos dissidentes ao Conselho da Igreja Presbiteriana de Vila Velha, notei que a arrogância nasceu ali, bem como a astúcia de desviar o foco de questões principais para questões acessórias, que é uma prática adotada inclusive na doutrina da ICM.

Entendi assim quando vi que os dissidentes arrogantemente procuraram alegar questões processuais da Constituição da Igreja para afirmar a nulidade das decisões daquele Conselho, deixando de enfrentar a questão principal, que era o fato deles rejeitarem o pastorado do Rev. Sebastião e de estarem desvirtuando a doutrina da igreja estando ainda dentro dela, o que eu acho uma afronta ao princípio da autoridade instituído por Deus. Segue um trecho do testemunho para a constatação desses fatos:

(...) Qualquer atitude assumida por infringência de nossa Lei Magna, reguladora de nosso comportamento, será por nós considerada nula, pleno “jure ex-vi” o artigo 14, que diz: “São nulas de pleno direito quaisquer disposições que, no todo ou em parte, implícita ou expressamente, contrariem ou ferirem a CI da Igreja Presbiteriana do Brasil. Vila Velha, 4 de julho de 1967. Ass: Gedelti Gueiros, Abílio Gueiros e Alcary Simões.”

Interessante nesse abaixo assinado, escrito por Gedelti, e assinado por Abílio e Alcary, é que eles se comportam como vítimas de uma trama, como se eles é que fossem oprimidos e perseguidos pelos demais membros do Conselho ao invés de, como de fato acontecia, serem eles os algozes do Reverendo Sebastião cujo único pecado fora de ter vencido as eleições para pastorear a Igreja, em detrimento de Jedaias Gueiros, membro do Clã dos Gueiros. (os grifos não constam do original)

Achei curioso o fato de que em um momento, segundo o seu interesse, o líder da rebelião invocava a Constituição da Igreja Presbiteriana para defender seus direitos, mas em outro momento afastou completamente o seu dever de cumprir a mesma constituição, não acatando as ordens do Conselho, já que isso não atendia seus interesses. Enfim, o que percebi é que os rebeldes só consideravam a constituição se ela atendesse aos seus interesses de fazer o que bem queriam.

Também, ao ler aquele testemunho, entendi a razão pela qual a ICM procurou esconder esses fatos, negando aos seus membros o conhecimento de suas origens, preferindo inventar uma estória espiritualizada e “romântica” sobre o seu surgimento. Veja, a seguir, a informação que consta do site oficial da ICM aqui de Brasília (https://www.icm.org.br/quem_somos.htm - acesso em 18/12/2011)

Quem somos    

Igreja Cristã Maranata

A Igreja Cristã Maranata emergiu no seio da comunidade evangélica mundial como resultado de um acontecimento previsto na Bíblia para o tempo presente, como se lê em Joel 2:28 que diz:

"E há de ser que nos últimos dias derramarei o meu Espírito sobre toda a carne. E vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões.”

Fundador e fundamento

O fundador e o fundamento se identificam na pessoa do Senhor Jesus Cristo. Não há, portanto ênfase a outro nome ou nomes já que a sua existência é parte do plano profético de Deus para os nossos dias.

Será que alguém com bom senso entende que essa dissimulação é capaz de satisfazer a curiosidade de quem deseja saber a origem da ICM? Nem mesmo a bíblia omitiu a história do nascimento da igreja, citando nomes e acontecimentos a partir do ministério de Jesus, conforme se vê nos evangelhos e no livro de Atos dos Apóstolos. Por que a ICM não imitou o exemplo bíblico e mostrou a verdade dos fatos?

Ora, mesmo quando questionado sobre a origem da Igreja Cristã Maranata, o Presbitério Espírito Santense (PES) não faz qualquer menção à Igreja Presbiteriana do Brasil e nem aos acontecimentos verdadeiros que os levaram a se rebelar contra aquela liderança tradicional. Em entrevista dada ao Jornal “A Gazeta”, há aproximadamente três anos, a liderança da ICM conta sua versão dos fatos, conforme se vê a seguir:

PERGUNTA:

1.   Me conte um pouco da história da Maranata. Onde ela foi fundada, quando, quantas pessoas fundaram a igreja (e o nome e profissões delas, se o senhor lembrar), por que fundaram, quais as dificuldades encontradas, começou com quantos fiéis. Soube que a fundação teve a ver com o constrangimento de um grupo que freqüentava outra religião e foram obrigados a sair. Foi isso mesmo? Qual era essa religião? O que foi que os deixou irritados?

RESPOSTA:

LOCAL – DATA – PIONEIROS

Em 03/01/1968 foi feita a ata de organização da primeira igreja, localizada no bairro Belém, cidade de Vila Velha – ES. Na ocasião da organização havia 73 membros, incluindo 21 novos convertidos, batizados naquela data, residentes no mesmo bairro. Os pioneiros entenderam e decidiram que o ministério deveria ser entregue a homens que atendessem a aspectos pontuais, semelhantes aos descritos no Novo Testamento, como fundamentais ao exercício do ministério, entre os quais, deviam se destacar: o bom testemunho; a vida espiritual pontuada na Palavra e na comunhão com Deus e com seus irmãos; a renúncia; especialmente relativa à remuneração pastoral, e o entendimento aberto para um projeto cujo interesse seria resgatar alguns valores espirituais. Alguns nomes que podemos destacar nesse início, citaremos aqueles que já passaram para o Senhor.

1.     Manoel dos Passos Barros, engenheiro, professor universitário, diretor do departamento de Estradas e Rodagem e o primeiro presidente do Presbitério;

2.   Misael Alves Lacerda, oficial reformado da Polícia Militar do Espírito Santo. Foi quem secretariou a primeira reunião e lavrou a primeira Ata.

3.    Pastor Jonas Marques, pastor evangelista que veio da Igreja Congregacional;

4.    Sarah Victalino Gueiros, professora formada em pedagogia e economia doméstica, pelo Instituto Agnes Erskine de Recife, Pernambuco, responsável pelo trabalho feminino e com crianças.

5.   Tempos depois, em 1986, o Professor Edward Hemming Dodd assumiu a presidência do Presbitério, permanecendo até Julho de 2007, quando veio a falecer. Cursou Teologia nos Estados Unidos da América no Instituto Moody, recebendo por aprovação o título de Doutor em Teologia pelo Seminário Presbiteriano de Campinas. Professor do Seminário e Instituto Bíblico de Anápolis, depois Diretor Interno do Seminário em Pedra de Guaratiba. Dispensou qualquer remuneração da Igreja e exerceu o magistério até se aposentar.

Outros nomes, que dispensam identificação, participaram desse início e continuam dando a sua contribuição em trabalho a esta igreja.

DIFICULDADES ENCONTRADAS

A falta de recursos materiais e talvez de infra-estrutura para alcançar objetivos, muitos dos quais ainda lutamos para alcançar.

Algumas incompreensões em órgãos públicos, como para aprovação de projetos de construção de templos, hoje superados.

Podemos destacar a maior luta que tivemos, que foi mostrar que a dedicação ao trabalho do Senhor em nosso meio não seria remunerada. Pastor não teria salário.

FUNDAÇÃO – O MOMENTO

Ressaltamos que a Igreja Cristã Maranata emergiu no seio da comunidade evangélica mundial como resultado de um acontecimento profético já previsto no Velho Testamento, cuja primeira fase se consolida no Pentecostes e uma última fase que fala dos últimos tempos.

(...)

Portanto, o que vivemos na época foi o resultado da segunda operação do Espírito Santo, observada em todas as igrejas evangélicas no Brasil e no Exterior.

“...antes que venha o grande e terrível dia do Senhor” Jl 2:31.

Observe que a liderança da ICM chega a confirmar que iniciou as suas atividades com 73 pessoas, mas não diz que em 03/01/1968, a reunião que culminou na ata de organização da sua primeira igreja, localizada no bairro Belém, cidade de Vila Velha – ES, foi realizada com membros da Igreja Presbiteriana de Vila Velha (IPVV), pois só depois disso é que eles foram excluídos do rol de membros da IPVV. Na referida reunião, o grupo dissidente estava, na verdade, “proclamando a independência” da Igreja Presbiteriana do Brasil para a criar a Igreja Cristã Presbiteriana.

Mas, por que será que alguém teria vergonha de citar suas origens, preferindo inventar uma estória mais espiritualizada e “romântica” acerca de sua criação? Por que será que alguém riscaria de sua história o grupo que os instruiu nos caminhos do Senhor por muito tempo de suas vidas? Por que será que alguém desprezaria suas origens, preferindo omitir que os recursos iniciais de sua instituição procederam da Igreja Presbiteriana?

Ora, quem não deve não teme.

Eu, por exemplo, mesmo com tantas críticas que faço ao sistema doutrinário e estrutural criado pela ICM, jamais negaria minhas origens. Também, não posso negar a gratidão que tenho por ter conhecido ali o caminho da salvação e muitos outros ensinamentos que me foram preciosos ao longo de minha vida. A minha noção sobre autoridade espiritual, por exemplo, aprendi na ICM e, por isso, até o último dia que lá estive me subordinei e respeitei todas as orientações que me foram dirigidas, pois eu estava sujeito, até então, àquelas autoridades.

“Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas.  De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação.  Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela,  visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal.” (Romanos 13:1-4 RA)

Mas, não foi isso que percebi quando comparei o testemunho contado pelo Professor da IPB, que cito a seguir, com o relato dos líderes da ICM sobre sua constituição. Segundo o testemunho do Professor, o que houve, de fato, foi uma insubordinação contra as autoridades constituídas, uma rebelião de um grupo que provocou uma divisão na Presbiteriana de Vila Velha, de modo que os dissidentes que iniciaram a Igreja Cristã Maranata, na verdade, representavam quase a metade da Igreja Presbiteriana de Vila Velha, senão vejamos:

O Presbitério de Vitória, reconhecendo que tais pessoas operavam no sentido de ocuparem e retirarem patrimônio da Igreja Presbiteriana do Brasil e que continuavam infiltrados como membros de igrejas presbiterianas, não acatando o governo presbiteriano representado em seus concílios, recomendou às Igrejas sob sua jurisdição e aos demais Presbitérios que se acautelassem contra a influência de seitas heréticas, assumindo posições seguras e definidas contra tais movimentos, (...)

As igrejas que maior influência sofreram desse “movimento” foram Vila Velha, Itacibá e Afonso Cláudio.

Em 29 de dezembro de 1967, analisando a situação da Congregação da Cruz do Campo que se tornara o “quartel general” de Gedelti e seus seguidores, à revelia da Igreja, o Conselho assim decidiu:

(...)

5 – Considerando ser público e notório a deliberação daqueles irmãos de organizarem, naquele bairro, uma igreja sismática com o nome de Igreja Cristã Presbiteriana, este Conselho resolve suprimir a Escola Dominical do Bairro de Cruz do Campo, vulgarmente chamada de Escola Dominical da Toca.

(...)

E assim surgiu a “Igreja Cristã Presbiteriana”, fundada e administrada por Gedelti Vitalino Teixeira Gueiros, que liderou a divisão na Igreja Presbiteriana de Vila Velha e arregimentou seguidores em outras igrejas. De presbiteriana a nova igreja nada tinha, mas o nome presbiteriano servia de chamariz na arregimentação de novos membros para a nova denominação.

(...)

Mais tarde, já consolidada, Gedelti trocou o nome de sua igreja para “Igreja Cristã Maranata”, nome que até hoje é por ela ostentado. Quase a metade dos membros da Igreja Presbiteriana de Vila Velha seguiram Gedelti, tendo sido excluídos do rol de membros da Igreja por terem assinado a ata de organização da Igreja Cristã Presbiteriana de Cruz do Campo”, conforme informação dos Srs. João Fausto de Souza e Carmem Sabaine Ribeiro, ambos membros fundadores da mesma e o testemunho do pastor Milton Leitão. (parte dos grifos não constam do original)

Amado, eu fiquei absolutamente chocado ao tomar conhecimento desses fatos, pois me senti enganado por praticamente 20 anos pelas pessoas tinham a obrigação de defender a verdade, por mais constrangedora que ela fosse. Senti-me como o marido que descobre que sua mulher escondia algo que ele deveria saber. Não consigo conceber um homem de Deus, na condição de líder religioso, escondendo a verdade dos seus liderados e distorcendo fatos para fazer o errado parecer certo.

Eu já desconfiava que alguma coisa não estava certa, pois aquela história do Osvaldo Aranha, contada nos maanains era apresentada com afirmações falsas, mentirosas. Mas, eu relevava essas coisas, pois, apesar das informações erradas, é fato que tivemos, por meio do nosso representante, uma participação positiva naquela assembléia da ONU. Para esclarecer os leitores do Site Celeiros, vou pedir para minha mulher, Roseli, escrever um artigo sobre os verdadeiros acontecimentos que culminaram na criação do Estado de Israel.

Amado, eu sou um defensor da liberdade. Eu creio em homens livres, com capacidade de escolher. Os livres podem entrar e sair quando bem entenderem sem ser amaldiçoados. Também, podem iniciar um novo trabalho, segundo a visão que receberam de Deus. Mas acho que é, no mínimo, desleal alguém ficar dentro de uma igreja influenciando as pessoas contra a sua liderança. Seria mais honesto que os descontentes, insatisfeitos ou mesmo aqueles que têm uma visão diferenciada, deixar a igreja que já não lhes satisfaz e procurar outra, ou, se for o caso, iniciar um trabalho novo com seus próprios recursos, métodos e, principalmente, com a consciência tranqüila.

Quanto àqueles que preferem ficar onde estão, entendo que devem ser obedientes às autoridades a que voluntariamente se submeteram. Esses terão o que merecem ter, como resultado de suas escolhas.

Como você me apresentou informações pensando que fossem novas, resolvi mostrar-lhe aquilo que foi uma novidade para mim. Como eu disse, passei praticamente 20 anos na ICM e não sabia dessa verdade, contada com riqueza de detalhes por alguém que vivenciou os fatos.

O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o rosto e te dê a paz.

Grande abraço,

Pr. Sólon.