Carta 116

02/07/2013 15:13

De: JOÃO

Para:celeiros

Assunto:Carta ao Pr. Sólon

Data:17/02/2011 13:32

 

(...), 16 de Fevereiro de 2011.

Aos Cuidados,

Pastor Sólon

Olá pastor, primeiramente desejo a Paz de Cristo a ti, a tua família e ao rebanho que Deus tem confiado em suas mãos.

Meu nome é JOÃO, 25 anos, (...), casado há pouco mais de (...) com MARIA e membro da Igreja Cristã Maranata desde que nasci. Atualmente congregando na igreja em (...), Espírito Santo.

Quero muito compartilhar contigo o que tem acontecido nos últimos dias em minha vida e, essa escolha – de te participar o assunto – tem 2 principais motivos: Porque não tenho um pastor que eu possa confiar este assunto na igreja em que congrego; e por saber da forma como Deus tem te usado para resolver problemas semelhantes aos meus – baseio-me nas cartas expostas em sua página na internet.

Porém, acho que o assunto é um pouco longo, então, se no momento em que você estiver lendo este parágrafo o seu tempo for curto, não prossiga. Encarecidamente peço que leia esta carta quando tiver um tempinho disponível, e peço que leia com carinho, pois, isso é o que mais sinto falta onde congrego. Quanto à resposta, eu sei que virá, pois, você já me respondeu outra vez, em outro assunto e, é por isso que torno a te escrever. Eu não sei se você sabe, mas, o PES não responde seus membros – pelo menos nunca responderam uma carta minha – e sei que também não te responderam, ou seja, não há interesse do PES em manter uma comunicação mais próxima com seus membros. Mas, quando percebi que você responde os visitantes de sua página na internet, pude ver que o Senhor o chamou para o ministério para cuidar de todo tipo de ovelha, inclusive as angustiadas.

Pois bem, vamos ao assunto.

Como já disse, já nasci como membro da ICM. Meu pai é diácono, minha mãe uma serva e minha irmã mais velha é instrumentista, mas, congrego na Maranata de outro bairro e não na mesma em que minha família. Eu nasci com um problema genético incurável (...), o Senhor revelou isso na igreja antes de eu nascer.

Na época, o pastor estabeleceu que a igreja jejuasse por 40 dias em prol da minha vida, e o Senhor operou. Nasci sim com a doença, mas estou vivo – tenho (...) anos e a expectativa de vida para quem nascia com esse problema naquela época era de 5 anos. Um ex-pastor da Maranata que era médico chegou a dizer pra minha mãe que eu não viveria por muito tempo, mas, é Deus que escolhe quem fica e quem parte. Eu fiquei.

Tive muitas outras experiências com o Senhor em relação à minha saúde, experiências maravilhosas e grandiosas que até hoje desafiam a ciência. Certa vez cheguei à mesa de cirurgia e o médico descobriu que eu já havia sido operado – mas, foi por um anjo. Alguns médicos investigam o caso até hoje.

Com mais tempo eu conto essas grandes experiências. Eu cresci e já com 13 anos o Senhor fez algumas promessas para a minha vida. Eu tinha 13 anos e o pastor (...) – o pastor mais diferente que já conheci na ICM – me chamou e disse que o Senhor havia revelado a ele que eu seria uma baterista na igreja. Deus sabe de tudo, pois, eu queria ser baterista, mas, não podia porque meu pai queria que eu fosse guitarrista. Depois desse dom, meu pai comprou a bateria e aos 14 eu já era instrumentista.

Também aos treze o Senhor me fez uma promessa mui honrosa, que até hoje só contei para a minha esposa, a promessa de exercer um ministério, ser um pastor. Eu que sempre fui bom aluno de história, lia muito a bíblia, assim como leio até hoje, e muito cedo comecei lecionar a palavra em visitas às casas dos irmãos. Comecei a fazer isso com 15 anos.

Aos quinze, o Senhor dava um sonho pastor (...): ele sonhou que um Ser me tirava da bateria, me dava um terno e mandava eu pregar a palavra de Deus. O pastor (...) me procurou e disse que Deus tinha um projeto diferente na minha vida. Eu fiquei muito feliz, pois, a palavra de Deus já fazia parte da minha vida, a leitura era diária.

Aos 21 anos, antes mesmo de ser um obreiro na igreja, comecei a pregar e pouquíssimo tempo depois passei a estar como obreiro na casa do Senhor. Comecei a entender a benção que Deus tinha para mim quando em uma semana tive a oportunidade de pregar no culto 3 vezes seguidas: na terça, na quarta e na quinta, consecutivamente e, eu era solteiro ainda.

As dúvidas começaram nesta época. O Senhor começou a me revelar algumas coisas que eu não conseguia interpretar, pois, eram incoerentes com os ensinamentos transmitidos pelo PES nos maanains. Revelações e muitos sonhos que o Senhor me dava deixaram-me um tanto confusos e, temendo a reação de alguns pastores, guardei só para mim.

Continuei trabalhando em prol do evangelho e de tempo em tempo os sonhos voltavam. Eu fazia visitas, serenatas, pregava com muita frequência em cultos de semana e também de fim de semana, tocava bateria de vez em quando, dava assistência e até escrevi livros – mais isto eu fiz em oculto, pois, a ICM não gosta muito que seus membros tornem-se escritores.

Algumas coisas que vi e ouvia me deixavam triste, como: - Olha, tô sabendo que a Maranata quer tirar a bateria (instrumento) das igrejas! – Olha, o pastor presidente não gosta de bateria.

E eu me perguntava: Mas, se não pode tocar bateria na igreja Maranata, porque então Deus me deu esse dom de tocar? Será bateria pecado? Não posso louvar ao Senhor com tambores?

Mas isso não atrapalhava minha comunhão com Deus. Eu sempre coloquei as bênçãos acima das lutas em minha vida. Eu ouvia, ficava triste, mas logo esquecia e lá estava tocando bateria e cantando ao mesmo tempo, sempre louvando ao Senhor, aliás, eu estou vivo graças a Ele.

Posteriormente vieram as criticas às mensagens que eu pregava. Sempre gostei muito de falar nas pregações que Maranata não salva ninguém, e nenhuma igreja salva, apenas Jesus Cristo. Passei a ficar conhecido nas igrejas do polo por uma frase que eu dizia no final de todas as mensagens que eu pregava, não por costume, mas por saber que era verdade. A frase era: Se algum irmão deseja assistência ou oração, é bom que primeiro saiba que nós obreiros que estamos aqui à frente não temos poder para nada, mas, juntos oraremos à Deus, pois, Ele tem poder para operar na sua vida.

Eu sempre dizia essa frase e digo até hoje, pois, ainda estou em atividade.

As críticas começaram cedo: Os diáconos não gostam que eu prego citando datas histórias e segundo alguns deles, isso não edifica. Outros se incomodam porque prego com sorriso no rosto. Já ouvi críticas por pregar de maneira semelhante aos pastores da Assembléia de Deus. E isso também não interferiu na minha vida espiritual e nem mesmo me fez questionar qualquer coisa dentro da ICM.

Aprendi essas coisas com o Pastor (...), que infelizmente não congrega na igreja do mesmo bairro que eu. Ele é o único pastor que conheço que é totalmente desgarrado do sectarismo da ICM. Ele diz de púlpito que na igreja dele é proibido falar mal dos irmãos do Assembléia, pois, o pastor (...) se identifica muito com algumas coisas dessa igreja, e também não permite que falem das outras igrejas que não conhece, justamente por isso, por não conhecer. Penso como ele.

De um tempo para cá, eu que em 25 anos nunca havia questionado as decisões do PES, passei a me entristecer muito com algumas coisas, e as dúvidas foram surgindo, e eu as liguei aos sonhos que já tive, e aí já era, terríveis dúvidas surgiram. Eu não se você pastor sabe que uma mente que se abre jamais volta ao estado anterior. Não me recordo quem disse essa frase e nem se está certinha, mas na essência é isso. É o que tem acontecido comigo, por mais que eu tente voltar a ser passivo diante das decisões do PES, não consigo.

A minha mente começou a se abrir depois de alguns acontecimentos ocorridos, mas, esses acontecimentos eu quero deixar por último.

A única forma que tenho para expor minhas dúvidas é listando uma por uma e dizendo a você o que acho. Peço a Deus que use a sua vida para me corrigir caso eu esteja errado em alguma questão. Estou aberto às correções desde já, e faça isso, pois, só assim não corro riscos de ser rebelde e herege. Lembre-se, você é a primeira pessoa, depois da minha esposa, que compartilho essas dúvidas.

Segue abaixo:

PREGAÇÃO DA DOUTRINA DE CORPO SEM O USO DA MESMA

“Corpo não é todo mundo ser amiguinho de todo mundo dentro da igreja. Corpo não é ser educado com o irmão. Corpo não é todo mundo juntinho orando. Quem ainda pensa assim não entendeu Corpo. Corpo é cumprir as orientações: Jejum de zero às nove, semana de madrugada em favor das autoridades...”.

As palavras acima são as que ouvimos com freqüência nos seminários, porém, ao lermos a Palavra de Deus fica claro que Paulo, quando se refere ao Corpo de Cristo, está falando, principalmente, da comunhão entre os irmãos.

“Para que não haja divisão no corpo, mas antes tenham os membros igual cuidado uns dos outros”. I Corintios 12:25.

O que será que Paulo, divinamente inspirado, quis dizer com isso? Será que Paulo quis dizer que não posso estar dividido do Corpo fazendo jejuns em horários diferentes? Ou será que ele quis dizer que não devo criar dissensões com os irmãos já que busco o mesmo que eles: a eternidade?

A Bíblia não é um livro difícil de entender. É claro que Paulo está dizendo que não deve haver inimizade entre os irmãos, pois, o Espírito que opera entre eles é o mesmo. Não deve haver inimizades, pois, o objetivo dos irmãos é algo em comum: vida eterna. Esta interpretação não é “forçada”, é a interpretação mais pura e simples que se pode ter. É por isso que a ICM condena a teologia. A hermenêutica (matéria presente na teologia) explana interpretações simples das escrituras, livres de vãs imaginações e totalmente desligadas de entidades religiosas.

De que me adianta jejuar de zero às nove aos domingos e ter meu coração rancor e mágoas que me impedem de relacionar-me com meu próximo? Dobrar os meus joelhos às 19:30 porque naquele momento milhares de pessoas estão fazendo isso e não dobra-los em meu quarto para orar pelo meu próximo?

Na verdade, acho que entenderam pouquíssimo de Corpo. Ainda com base nas escrituras e em sua simples interpretação, vejo que Corpo é união:

“Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união”. Salmo 133:1.

“E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum”. Atos 2:44.

“Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida”. Romanos 5: 10.

“Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer”.

É até difícil inserir aqui todos os textos bíblicos que falam sobre a prática da doutrina de Corpo. Ora, porque estou dizendo isso? O que infelizmente tenho visto dentro da ICM não se assemelha ao que foi ensinado na Bíblia. No ano passado um dos nossos irmãos cometeu pecado sexual com sua namorada e a engravidou. Rapidamente o ministério pediu que todos os jovens da igreja não se comunicassem mais com o “caído”. Acontece que o “caído” jogava futebol com os jovens da igreja, e o “caído” era uma pessoa muito humilde, de bom coração, que em um deslize pecou – quem não peca? Ao saber de tudo isso, o “caído” – que esperava ajuda com muita oração – entrou em um estado quase que de depressão.

Muito bem, eu entendo que o pecado deve ser condenado, mas, não o pecador. Ora o irmão errou, tudo bem, o ministério tem seus motivos para afastá-los das atividades, mas, porque impedir os jovens de orar junto com o “caído”? Isso é Corpo? A ICM praticamente deu a sentença de não alcançar o perdão ao jovem. Porque um jovem que comete pecado deve ser expulso e em outros casos semelhantes, só que com pastores, os casos são acobertados? Eu não estou dizendo bobeira, estou falando de coisas que sei que aconteceram.

Se o irmão não pode mais exercer a função, porque não podemos orar junto com ele para que o Senhor providencie as condições para que ele se case logo e viva sem o pecado? Porque não podemos mais cumprimentá-lo na rua? Pastor Sólon, se eu estiver errado neste ponto, por favor me diga, pois, ninguém ainda me respondeu essas perguntas. Obs.: Esse jovem não sou eu (risos).

Recentemente começamos a realizar algumas visitas com jovens. Sabe qual foi a ordem que nos deram? Quem não deveríamos levar qualquer jovem, apenas os espirituais. Os jovens que eles julgaram que não eram espirituais eram instrumentistas da igreja. Porque o Espírito Santo permitiria um jovem tocar um instrumento na igreja e não permitiria que ele tocasse em uma visita?

Posso afirmar que há meses não ouço uma mensagem sobre Corpo na EBD. Recentemente uma senhora ameaçou tomar medidas drásticas contra outra dentro da igreja. O pastor fica sabendo de um caso desses e não pode pregar sobre Corpo na EBD porque o PES é quem define o assunto a ser tratado na EBD. Acontece que o PES não sabe o que se passa na igreja local. Com isso os problemas são crescentes. Diáconos chamam obreiros de otários, irmãos não saúdam uns aos outros e, enquanto tudo isso acontece, a mensagem é sobre a “Obra”.

Se pregam sobre o Corpo, não tratam o assunto de forma adequada, abordando os problemas de intrigas, fofocas e confusões. Falam que Corpo é não jejuar em horários incomuns, frequentar o culto profético e assim por diante. Você sabe como é.

 Tudo isso tem tornado o rebanho um povo antipático. As pessoas que conhecem um pouco mais da palavra zombam dos que conhecem menos. Irmãos do grupo de intercessão não se misturam com os irmãos que não são. Um corpo completamente dividido e um ministério engessado, que não pode tratar o assunto de forma que resolva o problema.

Em uma pregação ouvi um pastor dizer: “A religião vive Corpo através de movimentos que não têm a direção do Espírito. A religião pensa que Corpo é bom convivio. Eles ainda não entenderam que Corpo vai muito além disso...”.

Ora, Paulo então era um tremendo religioso, veja o que ele escreve:

“Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer”. I Coríntios 1:10.

E também acredito que Corpo vai além do bom convívio, pois, envolve amor. Um amor sem pretensões, um amor verdadeiro, amor de poder abraçar e desejar que o irmão seja usado por Deus, que o irmão abandone o pecado e não a igreja.

A princípio, vou poupá-lo de contar as conseqüências terríveis que tem acontecido dentro das igrejas pela falta de pregação a respeito da doutrina de Corpo. Quem sabe futuramente, mas, acho que no momento, não será edificante. Vamos continuar.

SECTARISMO

Serei mais breve de agora em diante. Alguns membros acreditam cegamente que os irmãos de outras denominações evangélicas não irão para o céu. Acham que o Espírito Santo nada revela em outras igrejas. Ou seja, acham que o Espírito Santo é propriedade da ICM. Como contador, nem me arrisco a ver o Balanço Patrimonial da ICM, pois, tenho medo de ver o Espírito Santo como Ativo Intangível, fazendo parte dos bens da entidade. É um absurdo.

Além disso, os irmãos não devem orar juntos com os irmãos de outras denominações, não podem escutar mensagens bíblicas de outros pastores, não podem contar experiências de irmãos de outras igrejas nas pregações e por assim por diante.

Eu não tenho dúvidas que a Bíblia condena esse sectarismo cego:

“Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil”. I Coríntios 12:4 a 7.

“Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus”. I Pedro 4:10.

O Senhor Jesus, único perfeito, santo e irrepreensível, não condenou àqueles que pregavam e não estavam entre os doze:

“E, respondendo João, disse: Mestre, vimos um que em teu nome expulsava os demônios, e lho proibimos, porque não te segue conosco. E Jesus lhes disse: Não o proibais, porque quem não é contra nós é por nós”. Lucas 9: 49 e 50.

Paulo, mesmo reconhecendo que alguns pregavam o evangelho por vaidade, não os atacou para não cair no erro de julgar:

“Mas que importa? Contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento ou em verdade, nisto me regozijo, e me regozijarei ainda”. Filipenses 1:18.

IMPOSIÇÃO SIM, COMUNICAÇÃO NÃO.

Uma coisa que me deixou intrigado é a falta de comunicação que o PES tem com seus membros. Meu pastor uma vez disse na igreja que todos têm direito a respostas, no entanto, as cartas e e-mails que os membros enviam ao PES não são correspondidas.

Certa a irmã SGD – irmã do atual presidente – fez uma reunião no pólo e disse que os irmãos que tivessem dúvidas sobre ensinos bíblicos deveriam enviar um e-mail ao presbitério para que as dúvidas fossem sanadas. Ela ainda disse que os irmãos deveriam solicitar estudos ao PES para evitarem falar coisas incoerentes com a palavra em suas pregações. Muito bem, imediatamente meu ungido pediu que eu enviasse um e-mail ao presbitério solicitando o estudo sobre as Janelas do Palácio (Jeremias 9:21).

Enviei o e-mail e resposta que tive foi: “Mande seu pastor orar ao Senhor e a ele será revelado este estudo”. (?). Não entendi absolutamente nada. Recentemente um irmãos enviou uma pergunta sobre a maçonaria, pois, estava sendo convidado a fazer parte desta seita e queria saber se isso convém ao cristão. Se você, pastor Sólon, não o responde, o coitado entraria lá sem saber de nada porque o PES nada respondeu.

A única comunicação usada pelo PES são as famosas circulares, que jamais devem ser questionadas. Os membros temem enviar qualquer e-mail ou carta para o PES para não serem acusados de rebelde, ou fogo estranho no meio do rebanho. Loucura!

Qual foi a pergunta que Jesus deixou de responder aos seus discípulos? Nenhuma! Jesus sempre respondeu a todos. A ICM tem medo de tratar alguns assuntos com seus membros. Assuntos como: Maçonaria, Nova Era, Conspirações, Música, Experiência de membros em outras igrejas e etc. Se lermos a bíblia veremos que Jesus, Paulo, Pedro, João e outros tratam de assuntos polêmicos sem vulgaridade e com muita clareza, para que os crentes não errassem por não conhecerem.

Conseqüência disto: Os membros recorrem aos pastores de outras denominações, como eu estou fazendo agora. Por sinal, uma boa conseqüência. Ruim é para os que ainda temem tirar dúvidas com outros pastores ou aceitam toda imposição sem se quer uma justificativa.

SEGREDOS DA “OBRA”.

Eu achei que essa coisa de segredo fosse só dos Illuminatti ou da Maçonaria, mas, percebi que a ICM também tem os dela. Os pastores alegam que o que é ensinado no Maanaim não pode “vazar” para as pessoas que não são da ICM. Eles justificam isso dizendo que o próprio Jesus falava por meio de parábolas.

Até um novo convertido de outra denominação sabe por qual motivo Jesus ensinava por parábolas: Não falava abertamente para não antecipar sua morte, ainda não era o momento. Mas o Senhor Jesus, de maneira “muito clara”, ensina aos discípulos como seria a pregação deles:

“Portanto, não os temais; porque nada há encoberto que não haja de revelar-se, nem oculto que não haja de saber-se. O que vos digo em trevas dizei-o em luz; e o que escutais ao ouvido pregai-o sobre os telhados”. Mateus 10: 26 e 27.

Se o clamor pelo Sangue de Jesus é um segredo da “Obra”, João então não deveria tocar neste assunto em sua epístola, pois, a epístola pode ser lida por todos. E quem disse que as outras igrejas não sabem do poder que há no Sangue de Jesus? Elas sabem, apenas não usam a expressão como “mantra”.

Conheço pessoas e mais pessoas que trabalham no PES e que afirmam: Tem coisa lá dentro que jamais poderá “vazar”. Ora, é muito estranho. Eu bem sei de tais segredos, mas como já disse, nesta primeira carta vou evitar os fatos mais polêmicos porque minha intenção nesta carta não é expor ninguém, apenas preciso de respostas.

ATAQUES AOS MEMBROS QUE SAEM DA IGREJA

Esse tópico eu nem vou comentar muito porque você já disse tudo em seu testemunho.

A ICM quer somente amar o próximo (os bem próximos), assim como os fariseus faziam. O Jesus disse sobre isso parece não ter muito valor para o PES:

“Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus”. Mateus 5: 43 e 44.

São famílias e mais famílias humilhadas em público por simplesmente terem deixado a “Obra”. Nessas seções de escárnio, usam demasiadamente a palavra “caídos”. Se alguém deixa a ICM e serve a Jesus em outro estabelecimento deve ser considerado caído? Obviamente que não. Eu já estou até preparando alguns amigos: “- Olha, se preparem porque o que vocês ouvirão a meu respeito será pesado”.  E eu afirmo pastor Sólon que pretendo sair sem intenção de levar ninguém comigo, mas é claro que se alguém quiser ouvir o que tenho a dizer eu direi, e também não queria sair com raiva ou mágoa de ninguém. Apenas quero sair, somente isso e nada mais.

TEMA DA MENSAGEM

Qual era o tema da mensagem de Paulo? Ora, Jesus Cristo. Qual deve ser o tema de nossas mensagens? Tem convicção que o tema deve ser Jesus. Não é o que acontece nas Escolas Bíblicas Dominicais e nos seminários da ICM. Nos Maanains não aprendemos Bibliologia, Hermenêutica, Escatologia e nem nada disso, aprendemos sobre a “Obra” e a “Obra”.

Todos os assuntos (Dons, Corpo de Cristo, Batismo com Espírito Santo e outros) estão atrelados à “Obra”, fora aqueles que tratam diretamente o assunto, como a aula “Obra da Davi x Obra de Saul”.

A falta de estudos puramente bíblicos – que não estavam atrelados à “Obra” – trazem conseqüência drásticas ao rebanho. É comum ouvir membros da ICM, há tanto tempo convertidos, fazerem perguntas sem lógico devido à falta de conhecimento bíblico. Perguntas como: - Irmão, é pecado usar boné?

Outra conseqüência muito séria é despreparo de obreiros, diáconos e até mesmo pastores em pregar e responder à certas perguntas. Muitos pastores não têm outra mensagem senão a “Obra”, e aí começam a pregar coisas sem embasamento bíblico, como: “- Subir ao Maanaim equivale a dez orações”. “ – O pastor (...) é o Moisés desta obra”.

Certa vez, quando fui ao Maanaim não queria comer a comida que eles servem na janta, preferi comer alguma coisa na cantina e a frase que eu ouvi de um obreiro é simplesmente inacreditável: - O irmão não deve deixar de comer a comida no Maanaim, pois, aqui o Senhor revela o que vamos comer e o cozinheiro obedece”.

Sem contar o despreparo dos obreiros em sanar as dúvidas dos membros da igreja. Não culpo os obreiros por isso, o PES que deveria ensiná-los nos seminários só prega sobre “Obra” e é por isso que essas coisas acontecem.

É triste ver uma vida sedenta entrar na igreja e ao invés de ouvir sobre Jesus, que é a fonte de águas vivas, ouve que aquela igreja que é a fiel e o resto é tudo infiel, que essa igreja é filho único, que essa igreja isso e aquilo, e Jesus só vai ficando de fora.

Uma pergunta que cada um deve fazer a si mesmo: A igreja que eu freqüento está mais preocupada em falar de Jesus ou defender o nome da instituição?

CULTO TODOS OS DIAS: BENÇÃO OU MEDO DE OS MEMBROS IREM EM OUTRA DENOMINAÇÃO?

“Aqui temos culto todos os dias porque a benção do Senhor é diária” dizem os pregadores da ICM. Que benção do Senhor é diário, isso é certo, mas, qual a relação disso com o culto diário?

Certa vez ouvi um estudante dizer: - Porque um político se interessaria na minha educação? Ele sabe que se eu for inteligente, pensador, as atitudes dele serão questionadas.

Bom, porque a ICM ensinaria hermenêutica? Se os membros souberem hermenêutica, a interpretação bíblica será diferente daquilo que ouvimos nos Maanains, e aí será o fim deles. Ao invés de ensinamentos bíblicos não atrelados à “Obra”, realizam cultos diários para fixar cada vez mais na mente dos membros que a ICM é a Obra de Deus, e só ela.

Se eu não for ao culto perco minha benção? Nós como cristãos somos um corpo, logo, não deve haver isolamento da nossa parte, além disso, a igreja foi instituída pelo próprio Senhor Jesus. Porém, o grande problema é pensar que Jesus mora na igreja, e isso não é verdade. A igreja é o local onde nos reunimos para buscar a adorar ao Senhor, mas de onde está o Senhor? Está em nossos corações. O fato de uma igreja não ter culto numa quarta-feira ou terça-feira ou qualquer dia, não significa que ela não tem compromisso com Deus. O fato de eu praticar um lazer em dias que não culto não significa que Jesus vai deixar de habitar em meu coração.

De onde já se viu pensar que praticar atividade de lazer ou esporte é pecado? Posso perfeitamente fazer natação, musculação ou me divertir com minha família e estar em comunhão com Jesus, que aliás está bem pertinho de mim, dentro do meu coração.

As pessoas trabalham o dia inteiro, de segunda a segunda (em alguns casos) e quando chegam do serviço precisam ir “voando” para a igreja para não perder o culto profético. Experimente um instrumentista faltar um dia de culto e dizer ao pastor que ficou em casa para passar um pouco mais de tempo com família. Eu mesmo já fui ameaçado diversas vezes de ir pro “banco” por deixar de ir ao culto profético. Ressalta-se que eu ia todos os dias, raríssimas vezes faltei e mesmo assim fui ameaçado. Faltar madrugada então nem se fale.

E aí, o mais revoltante são os argumentos que nos são dados: - Irmão, já pensou se Jesus volta e nesse dia você faltou o culto? Ora, através dessas afirmações concluímos que eles pensam que a ICM está diretamente ligada à nossa salvação. Mas não é Jesus nosso único Salvador?

A preocupação da ICM é principalmente a de seus membros não irem à outras igrejas, e as chances disso acontecer seriam maiores se em algum dia da semana (exceto sexta – culto no lar) não houvesse culto.

“NÓS NÃO PREGAMOS USOS E COSTUMES”. SERÁ?

O pastor reuniu os instrumentistas e com muita clareza disse: - Tem jovem aqui indo de bermudinha para a praia. Ora, eu deveria ir de calça na praia? O pior é que depois esses pastores sobem ao púlpito e dizem: - Aqui nós não pregamos usos e costumes. Que confusão!

Já vi irmãos sendo ridicularizados publicamente por usarem bermuda e irmãs por usarem calça. Já me pediram para não tocar porque eu não estava com a camisa por dentro da calça (?). Fora que se um obreiro aparece na igreja sem terno as pessoas já ficam perguntando: - Você está no banco? Aconteceu alguma coisa?

Sem contar as superstições de achar que quem trabalha no Maanaim é mais abençoado. Cansei de ver os irmãos de frente do grupo de louvor dizerem aos instrumentistas: - Olha, abaixo o volume de todos os instrumentos hoje, ninguém fala nada na hora do culto, certifiquem-se que todos estão acompanhados de suas bíblias, pois, hoje tem pastor da comissão na igreja.

O que um pastor da comissão do PES tem que um pastor de uma igreja local não tem? Porque nos dias comuns podemos tocar os louvores de forma mais animada mas quando tem pastores de fora temos que tocar os louvores arrastados?

 HIPOCRISIA

“Irmãos, o evangelho está corrompido com o cinema, teatro, música gospel...”. Hipócritas. Existe diferença entre ver um filme em sua casa ou no cinema? Aliás, se pensarmos por outro lado, melhor é ver no cinema, pois, se o filme for oprimido, eu não trago pra dentro da minha casa (eu não penso assim, apenas estou supondo que poderíamos assim afirmar).

Ora, os pastores pregam que o problema não é o filme e sim o local. Pois bem, o local é apenas uma construção, de bens imóveis, sem vida, então, o problema é sim o conteúdo do que muitas vezes estamos assistindo. Se eu assisto um filme de comédia no cinema e outro irmãos assisti um filme de bruxaria dentro casa, o que é pior?

Se o problema é local, então porque fizeram um culto no estádio Mineirão, que é local de constantes brigas e xingamentos durantes os jogos de futebol? Tá mal contada a história do cinema.

E o que dizer dos pastores que já me julgaram porque eu gosto de escutar música gospel? Já entrei em carros de pastores e os vi ouvindo Roberto Carlos, Bruno & Marrone e por aí vai. Não digo que é pecado (não sou como eles), mas, estão sendo hipócritas.

DISCORDÂNCIA NOS ENSINOS

Enquanto alguns pastores disciplinam os membros que vão às praiais (eu mesmo já fui disciplinado por isso), outros eu vejo com freqüência na praia. Alguns pastores pregam contra o uso da bermuda e outros vão para a praia de sunga e dizem que não tem nada a ver.

Alguns pastores colocaram no banco moças que usaram calça jeans enquanto outros abrem seus negócios, empregam irmãs da igreja e solicita que usem a calça jeans. Pastores pedem para que ouçamos músicas gospel, outros colocam a música da Xuxa em aniversário de 15 anos de suas filhas. Pastores dizem que não devemos assistir nada da Disney e outros levam seus filhos à Disney.

Toda essa confusão é causada pela falta de ensino bíblico (só se prega obra). Diversas vezes Paulo fala sobre a liberdade cristã e também fala dos perigos da idolatria e do paganismo, basta ler um pouco mais a bíblia e todas as dúvidas serão sanadas.

ABANDONO DA DOUTRINA NA ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL

Além da discordância nos ensinos, tudo fico ainda pior quando passaram a fazer duas ou três perguntas todos os domingos pela manhã que devem ser respondidas durante a semana. O problema em tudo isso é que as perguntas e respostas, mais uma vez, estão atreladas à “Obra”.

Os pastores ficaram completamente engessados. Não conseguem mais tratar os assuntos que devem ser tratados nas EBD´s. Há tempos que não escuto uma mensagem diferente em uma EBD.

NÃO SE PODE PREGAR SOBRE O AMOR

Ouvi no seminário que todo apóstata toma como tema de mensagem o “amor”. O pastor alegou que não cabe à ICM pregar sobre o amor fraternal, pois, o único amor que deve ser pregado é o amor de Deus em te enviado seu Filho ao mundo.

Ora, daqui a pouco eles terão que arrancar as cartas de Paulo de suas bíblias, pois, Paulo fala do amor ao próximo constantemente. Eu não sei o que eles vão fazer com o evangelho, se vão arrancar também da bíblia ou se irão rabiscar alguns versículos em que Jesus ensina a amar nao só o próximo, mas também aqueles que nos odeiam.

CONCLUSÃO

Fico pensando como Lutero seria tratado dentro da nossa igreja, ou até mesmo o apóstolo Paulo. Por certo seriam expulsos, pois, não entenderam “Obra”.

Demorei a enxergar todas essas coisas, mas enxerguei depois que algumas coisas aconteceram comigo – em outra ocasião conto aquilo que sofri, ou talvez, esqueça e deixa isso pra lá.

O caso agora pastor Sólon é que estou prestes a fazer minha carta de desligamento (mesmo sabendo que não serei respondido) e ainda não sei para onde ir, qual igreja frequentar. Eu e minha esposa estamos orando para o Senhor nos dar uma direção, assim como deu a você. Preciso de sua ajuda e suas orações. Uma coisa tenho certeza, essa semana eu já não sou membro da ICM.

Muito antes de tomar decisão o Senhor já havia me mostrado em sonhos (como já disse no início), mas, só agora estou começando a entender esses sonhos – que contar alguns depois. No momento fico na dúvida de para onde eu vou e se ainda terei oportunidade de exercer o ministério que um dia DEUS me prometeu.

Agradeço por sua atenção. Encarecidamente eu te peço para continuarmos o contato, pois, eu preciso muito ter alguém como você para conversar!

Um grande abraço meu irmão,

A paz de Cristo.

JOÃO (27) (...).

 

De: celeiros 

Para: JOÃO 

Assunto: Re: Carta ao Pr. Sólon

Data: 18/02/2011 01:49

Prezado irmão JOÃO, que a paz do Senhor Jesus seja sobre o seu lar.

Li atentamente a sua carta e resolvi respondê-la na frente de outras, porque vi que você pretende tomar uma importante decisão ainda esta semana. Sinceramente, eu espero que essa seja uma atitude fundada na reflexão e na oração do casal, pois bem sabemos que não devemos ser precipitados em nada. No site celeiros eu tenho uma mensagem de áudio sobre as nossas “importantes escolhas”. Nela, eu tento mostrar a necessidade da oração intensa e paciente antes de tomarmos decisões que afetam profundamente nossas vidas e nossas famílias. Tenho, também, outra mensagem de áudio sobre a cautela, que complementa a primeira, mas essa eu ainda não publiquei no site. Espero fazer isso até o final da semana. Se você tiver um tempinho, reflita a esse respeito.

Amado, sua história de vida mostra o quanto você é um privilegiado. Primeiramente por ter nascido em um lar cristão, onde todos estão envolvidos com a causa do evangelho do Senhor Jesus. Você, realmente, deve ser grato a Deus e exaltar-lhe o nome, não só pela sua saúde, mas por sua própria vida, que é fruto de um milagre de Deus. Você também recebeu do criador dons naturais, a exemplo do talento musical, da facilidade de concatenação lógica das idéias e da eloqüência no falar. Nem todas as pessoas recebem tantas bênção assim ao nascer. E muitos que possuem talentos inatos não conseguem desenvolvê-los por falta de oportunidade, de estímulo ou de coragem. Outra bênção é o fato de você ter constituído uma família no Senhor, segundo o padrão de Deus – valorize isso. E o mais importante: você tem promessas de Deus sobre a sua vida. Aleluia!

Porém, querido, não deixe que tantas bênçãos façam de você um homem vaidoso e soberbo. Saiba que tudo vem de Deus para um fim útil ao seu projeto eterno, pois antes de você nascer Deus já tinha um projeto para a sua vida. Você foi criado para o louvor da glória de Deus e para a realização de boas obras. Apresente-se a Ele humildemente e se submeta à sua soberana vontade:

“que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos,” (2 Timóteo 1:9 RA)

“11 nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade, 12  a fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo;” (Efésios 1:11-12 RA)

“Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.” (Efésios 2:10 RA)

“Porque quem sou eu, e quem é o meu povo para que pudéssemos dar voluntariamente estas coisas? Porque tudo vem de ti, e das tuas mãos to damos.” (1 Crônicas 29:14 RA)

Meu irmão, sobre o seu testemunho eu não posso dizer nada. É o seu testemunho e eu não teria nada a acrescentar. Você apresentou os fatos que você viveu e a sua percepção sobre eles de modo claro e sincero. Vou apenas comentar alguns pontos que me chamaram a atenção.

Sobre o corpo de Cristo, eu relatei minhas impressões em um texto que postei no site sob o título: “o corpo de Cristo e o sectarismo”. Vejo que esse assunto também despertou sua atenção. Suas colocações são bem consistentes e eu não teria nenhum reparo a fazer.

Quanto ao tratamento dispensado às pessoas que falham, comentei esse assunto na carta de número 115. Há, também, um link para essa carta no página inicial do site, na seção de cartas, sob o título “Adonias, Joabe, Abiatar e Simei”. Se você tiver paciência, dê uma olhada.

Eu sinto muito que você tenha ficado sem respostas ao interpelar seu ministério. Nesse particular, creio que somos incentivados a estar preparados para responder aos questionamentos que nos são dirigidos, não só pela responsabilidade que assumimos diante do rebanho, mas porque não devemos temer expressar nossas convicções diante de crentes e incrédulos, mas sempre de modo sincero e respeitoso:

“antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós,” (1 Pedro 3:15 RA)

A respeito dos cultos diários, apesar de ter me esforçado para estar presente na igreja o maior número de vezes possível, eu sabia que as justificativas que nos davam para estar na igreja diariamente não eram razoáveis.

No meu tempo, nos diziam que devíamos estar todos os dias na igreja pela mesma razão que precisávamos de nos alimentar diariamente. Ora, penso que esse não é um bom argumento. Eu concordo que devemos nos alimentar todos os dias, mas não posso concordar que isso só ocorra na igreja. Eu também posso me alimentar em casa. Afinal, eu posso orar em casa, ler a bíblia em casa, jejuar em casa, evangelizar no trabalho ou onde eu estiver e também posso assistir aos meus irmãos fazendo visitas ou me dispondo a ajudá-los em outro lugar que não seja dentro da igreja. O fato de eu não ir à igreja todos os dias não significa que naquele dia eu fiquei sem me alimentar. Exceto se eu sou um preguiçoso e displicente que só ora quando está na igreja, que só lê a bíblia quando está na igreja, que só é útil a Deus dentro do templo da igreja etc. Sobre esse assunto, vejamos o que Jesus nos diz:

“Disse-lhes Jesus: A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra.” (João 4:34 RA)

Infelizmente, fomos ensinados que fazer a vontade de Deus e realizar a sua obra é fazer madrugadas na igreja, participar dos cultos ao meio dia e estar presente em todas as reuniões e cultos diários. Por isso, ficamos com a impressão que só estaremos alimentados se estivermos cumprindo rigorosamente com essas rotinas.

Não estou dizendo que a presença nos cultos para o aprendizado, louvor a Deus e comunhão com os irmãos não seja importante. Só estou observando que não somos crentes somente quando estamos na igreja.

Sobre as madrugadas, essa prática da ICM sempre me incomodou muito. Eu não conseguia entender a razão pela qual a oração pela madrugada teria que ser na igreja, de manhã e não de madrugada. Ora, a oração pela madrugada a que a bíblia se refere não é nem um pouco parecida com essa praticada na ICM.

Utiliza-se uma série de textos bíblicos para fundamentar essa “doutrina”, mas a prática é diferente da madrugada exemplificada na bíblia.

A oração pela madrugada, segundo o exemplo bíblico é feita realmente, de madrugada e refere-se a momentos particulares do homem com Deus, senão vejamos:

“Tendo-se levantado Abraão de madrugada, foi para o lugar onde estivera na presença do SENHOR;” (Gênesis 19:27 RA) [sozinho]

“Lavrou, pois, Moisés duas tábuas de pedra, como as primeiras; e, levantando-se pela manhã de madrugada, subiu ao monte Sinai, como o SENHOR lhe ordenara, levando nas mãos as duas tábuas de pedra.” (Êxodo 34:4 RA) [sozinho]

“Tendo-se levantado alta madrugada [Jesus, sozinho], saiu, foi para um lugar deserto e ali orava.” (Marcos 1:35 RA)

“Naqueles dias, [Jesus, sozinho] retirou-se para o monte, a fim de orar, e passou a noite orando a Deus.” (Lucas 6:12 RA)

“E lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai.  E, adiantando-se um pouco, prostrou-se em terra; e orava para que, se possível, lhe fosse poupada aquela hora.” (Marcos 14:34-35 RA)

Ora, pelos exemplos bíblicos eu entendo que a oração pela madrugada refere-se a momentos de intimidade do homem com Deus e não de oração coletiva na igreja, seguindo uma listinha de oração elaborada por terceiros. A oração de madrugada é aquele momento em que estamos sozinhos diante de Deus... e mais ninguém!

Depois que eu deixei a ICM fui compreender o que é a oração pela madrugada. Faço isso na hora que ninguém está vendo, nem minha mulher. Fico sozinho, chorando e clamando diante de Deus, esperando Nele. Também, reparei que as vigílias realizadas pelas igrejas são momentos de oração coletiva pela madrugada, mas o homem fica livre para se derramar, individualmente, perante o Senhor, do mesmo modo como fazemos as orações no monte pelas madrugadas: cada um fica livre para buscar o seu canto e prostrar-se diante de Deus, mesmo quando há um grupo de pessoas juntas no mesmo lugar.

Amado, eu não estou dizendo que a oração pela manhã, antes de ir para o trabalho não seja boa. Só estou dizendo que essa não é a oração referida na bíblia como “madrugada”. Também, não estou dizendo que a oração em grupo não seja bíblica. Só estou dizendo que os fundamentos apresentados à igreja para justificar a prática de orações matinais estão equivocados. Os textos bíblicos se referem à oração particular e na alta madrugada e não à oração em grupo e na igreja. E eu nem estou me referindo aos problemas que irmãos já tiveram em algumas regiões brasileiras devido a esses deslocamentos para a igreja nesses horários.

Eu me lembro quando a ICM incluiu essa prática de orações matinais diárias na igreja. Salvo engano foi no ano de 1986. Antes disso, a igreja era eventualmente convocada para ir ao templo de madrugada, mesmo, para períodos de orações. Curioso é que esse ensino nos foi apresentado como uma revelação de Deus para a “obra”. Mas, coincidentemente, essa revelação de orações matinais nos foi dada logo depois que o livro do Pr. Paul Yonggi  Cho, intitulado “Oração, a chave do avivamento” foi editado pela primeira vez no Brasil. Esse livro fez um enorme sucesso aqui e conta a experiência do Pr. Cho, sobre como ele edificou a maior igreja evangélica do mundo. Veja um trecho desse livro:

E foi nessa fase de formação espiritual que aprendi o que era o ministério de intercessão. (...) é importante que compreendamos que nossa intercessão de ser, em primeiro lugar, em favor do povo de Deus, em seguida por nossa nação, e, por último, por nós mesmos. (...) Nossa reunião de oração tem início às cinco horas da manhã, e isso não se dá apenas em nossa igreja, mas na maioria das igrejas coreanas. Geralmente oramos uma ou duas horas, e só depois desse período de oração é que começamos as tarefas do dia. (...) No domingo, temos um momento de oração antes de cada um de nossos sete cultos (Oração, a chave do avivamento, Editora Betânia, 1ª Edição, paginas 15 e 16)

Se você leu atentamente o texto, já pode suspeitar de onde saiu a inspiração da oração pelas madrugadas, do modo como é feito na ICM, exceto quanto à duração. Também, podemos notar algumas outras coincidências a respeito das orações antes de cada culto, que mais tarde se apresentou como “culto profético”.

Mas, não é só. Você deve se lembrar que os atuais grupos de assistência antes se chamavam “células”. Você lembra disso? Pois é: eu assisti uma explicação, salvo engano, no maanaim do Espírito Santo sobre a alteração do nome, para que “a obra” não fosse confundida com a “religião”, que também estava adotando esse nome.

Só não nos contaram que a idéia original veio do pastor da maior igreja Protestante do Mundo (Igreja do Evangelho Pleno de Yoido em Seul, na Coréia do Sul). Esse nome e essa prática de divisão da igreja em grupos e lideranças menores foi aprendida, igualmente, com o Pr. Cho, precursor dessa metodologia de assistência e estruturação da igreja em grupos menores para o crescimento e sustentabilidade da igreja.

Depois dele, o Pastor colombiano Cesar Castellanos instituiu o modelo dos 12 (G12), que foi copiado, com uma série de alterações, pelo apóstolo Renê Terra Nova, de Manaus. Essa metodologia de evangelização e estruturação de igrejas se espalhou rapidamente pelo Brasil e o nome de “igreja em células” logo ficou bastante conhecido.

E, veja só! Parece-me que a ICM aproveitou algumas idéias do Pr. Cho, mas prefere que ninguém saiba disso. É por isso que só podemos suspeitar dessas coincidências, mas não afirmar. Leia algumas das primeiras obras do Pr. Cho e chegue às suas próprias conclusões. Se você ler, também, a obra de Watchman Nee sobre “Autoridade Espiritual”, escrita há mais de cinqüenta anos, mas publicada no Brasil em meados de 1972, pouco depois do nascimento da ICM, vai perceber o quanto a ICM aprendeu com esse homem de Deus, não só nessa publicação, mas em muitas outras.

Creio que a ICM desestimula a leitura de literatura evangélica para que os seus membros não vejam de onde saem muitas de suas revelações. Seria frustrante saber que algumas coisas são aproveitadas da “religião”, que eles tanto criticam.

Por fim, querido, sobre a prática de esportes, cinemas e sobre o amor de Deus e o tempo para a família já fiz alguns comentários em outras cartas postadas no site. Se você for curioso, é só fazer uma busca e saberá o que eu penso a esse respeito. Em todo caso, tudo o que você falou faz muito sentido.

Desejo que você seja bastante maduro, apesar de sua pouca idade, quando tiver que tomar uma decisão importante. Busque e espere confiantemente pelo Senhor e ele firmará os seus pés na rocha.

O SENHOR te abençoe e te guarde;  o SENHOR faça resplandecer o rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti;  o SENHOR sobre ti levante o rosto e te dê a paz.

Grande abraço,

Pr. Sólon