Carta 104
De: JOÃO
Para: Pastor Sólon
Em 1 de dezembro de 2010 18:49,
Prezado pastor.
Primeiramente gostaria de agradecer mais uma vez pela atenção e esclarecimento de dúvidas sobre a palavra de Deus. Uma vez enviei uma carta ao senhor (carta n° 72) que foi respondida com muita fundamentação na palavra sem as revelagens da tal obra maravilhosa. Pastor, procurei em todo o seu site uma dúvida que há muito tempo eu tenho e ninguém ainda consegui me explicar. freqüentei a ICM muito tempo e percebi que ela reúne e acopla doutrinas de várias religiões, como da Testemunha de Jeová ( doutrina do medo) Igreja Congregação Cristã no Brasil( administração centralizada). Gostaria de saber qual fundamento daquela numerologia que assistimos nos cultos como: 7 fala disso, 1 fala do homem. O senhor poderia me esclarecer de onde eles tiraram isso? Conto com sua ajuda que é um grande conhecedor das doutrinas desta instituição.
Abração, pode publicar minha carta, favor não se esqueça de tirar minha identidade.
De: Pastor Sólon
Para: JOÃO
Data: 6 de dezembro de 2010 02:07
Prezado JOÃO, que a paz do Senhor Jesus seja com você.
Entendi suas dúvidas e peço a você um tempinho para a resposta, pois tenho apenas duas semanas antes de entrar de férias no meu trabalho e estou colocando muita coisa em dia. Além disso, antes de viajar tenho que apresentar minha proposta de reforma do Estatuto da CEEN. Com isso, pretendo responder suas dúvidas daqui a duas semanas, aproximadamente, ok?
Grande abraço,
Pr. Sólon.
De: Pastor Sólon
Para: JOÃO
Data: 11 de janeiro de 2011 06:47
Prezado irmão JOÃO, que a paz do Senhor Jesus seja com toda a sua família.
Perdoe-me pela demora na resposta.
Bom, sobre a numerologia na ICM, sempre ouvimos os discernimentos dos dons espirituais se aproveitarem de significados para os números, com o fim de facilitar a interpretação daquilo que Deus, em tese, estaria falando.
Eu nunca tive uma aula sobre qual a definição oficial da ICM para cada número ou para cada cor, ou para cada metal, mas eu ouvia alguma coisa em repetidos discernimentos que diziam, simplesmente: “o ouro nos fala do poder de Deus”, “a prata nos fala da redenção”, “o verde nos fala da nova aliança” ou “a água é o símbolo da palavra de Deus” em algumas situações e o “símbolo do Espírito Santo” em outras etc.
Assim eu fui crescendo na ICM, aprendendo a falar por códigos, simbologias e tipologias. Eu lia a bíblia procurando fazer correlações, pois isso seria considerado uma revelação de Deus de algo que estava oculto aos olhos do homem natural. A mensagem era considerada “uma bênção” quando tinha algo surpreendente, que ninguém esperava que fosse sair dali.
Mas, eu não estou dizendo que a bíblia não contenha os seus mistérios. Entre verdades e coisas estranhas, seguem os números com os significados comumente utilizados na ICM:
0 (zero) = Servo na humildade
Esse número normalmente é atribuído ao servo, que não tem nenhum valor se estiver sozinho ou na frente de outro. A passagem bíblica que eu sempre lembrava quando tinha que justificar minha interpretação era a do servo inútil:
“Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer.” (Lucas 17:10 RA)
1= Deus
O número “um” era atribuído a Deus porque a ele pertence a primazia. Ele existe antes de qualquer outra coisa existir, a exemplo do seguinte texto bíblico:
“Vós sois as minhas testemunhas, diz o SENHOR, o meu servo a quem escolhi; para que o saibais, e me creiais, e entendais que sou eu mesmo, e que antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá.” (Isaías 43:10 RA)
2= Comunhão
Segundo aprendemos, o número “dois” representava a comunhão entre as pessoas, visto que é necessário que haja, no mínimo, duas pessoas para que haja interação, a exemplo do seguinte texto bíblico:
“Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque se caírem, um levanta o companheiro; ai, porém, do que estiver só; pois, caindo, não haverá quem o levante. Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só como se aquentará? Se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não se rebenta com facilidade.” (Eclesiastes 4:9-12 RA)
3 = Trindade
O número “três” era facilmente identificado como uma representação da trindade porque sabemos que Deus é Pai, Filho e Espírito Santo
“Pois há três que dão testemunho no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um.” (1 João 5:7 RA)
4 = Evangelho
O número “quatro” comumente era relacionado aos evangelhos, que são quatro.
5 = Ministério
O número “cinco” relacionava-se sempre a ministério, especialmente porque a ICM acredita que só existem 5 ministérios, com base no texto de Efésios 4:11. Há até uma revelação, transformada em aula de Maanaim, que traz uma significação curiosa, onde cada dedo representa um desses ministérios:
“E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres,” (Efésios 4:11 RA)
Apesar desse ensino da ICM, se observarmos cuidadosamente o texto, não nos parece que ele fixa o número de cinco ministérios, uma vez que não separa os pastores dos mestres. Antes promove uma soma, indicando que todo pastor deve ser mestre. Para tanto, basta notar a cadência do versículo: a palavra “outros” depois de pastores foi substituída pela conjunção “e”. Mas, isso não vem ao caso neste momento.
6 = Número de homem
Neste caso, além do fato do homem ter sido formado no sexto dia da criação, a própria bíblia afirma que o “seis” é o número de homem e que o 666 é o número da besta, senão vejamos:
“Aqui está a sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é número de homem. Ora, esse número é seiscentos e sessenta e seis.” (Apocalipse 13:18 RA)
7 = Perfeição
O número “sete” tem uma grande variedade de citações na bíblia: sete anjos, sete selos, sete diademas, sete trombetas etc. Mas, em especial, a perfeição é relacionada ao dia em que a perfeita obra da criação estava concluída e houve o descanso do criador.
“E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera.” (Gênesis 2:2-3 RA)
8 = Graça
O número “oito” era associado à graça salvadora de Deus, devido ao número de pessoas que entraram na arca no tempo do dilúvio e foram salvos pela misericórdia de Deus: Noé e sua esposa, mais os seus três filhos (Sem, Cão e Jafé, com suas respectivas esposas):
“Sai da arca, e, contigo, tua mulher, e teus filhos, e as mulheres de teus filhos.” (Gênesis 8:16 RA)
“Os filhos de Noé, que saíram da arca, foram Sem, Cam e Jafé; Cam é o pai de Canaã.” (Gênesis 9:18 RA)
9 = Dons Espirituais
O número “nove” era sempre relacionado a dons espirituais, visto que a ICM acredita que há apenas nove maneiras de Deus manifestar o seu poder sobrenatural, nos termos do texto de 1Cor 12:7-10.
10 = Lei / Mandamento
O número “dez” normalmente era interpretado relacionado à lei, já que podia ser associado aos dez mandamentos de Deus, relacionados no capítulo 20 do livro do Êxodo.
12 = Doutrina Apostólica / Apóstolos / povo de Deus
O número “doze” podia ser relacionado tanto à doutrina apostólica, por serem doze os apóstolos de Cristo, como também podia referir-se ao povo de Deus, já que Israel foi dividida em doze tribos, a partir dos filhos de Jacó.
40- Provação
O número “quarenta”associava-se a provação de Deus. Isso porque o povo de Deus foi provado por 40 anos no deserto e porque a provação de Cristo durou 40 dias, entre outros fatos como os 40 dias de dilúvio (Gn 7:17), o período de jejum de Moisés (Ex 34:28) etc.
“Segundo o número dos dias em que espiastes a terra, quarenta dias, cada dia representando um ano, levareis sobre vós as vossas iniqüidades quarenta anos e tereis experiência do meu desagrado.” (Números 14:34 RA)
“durante quarenta dias, sendo tentado pelo diabo. Nada comeu naqueles dias, ao fim dos quais teve fome.” (Lucas 4:2 RA)
Pois bem, amado, creio que você mesmo pode chegar às suas conclusões, uma vez que há o caso em que o próprio Deus relaciona um número a um significado, como é o caso do número do homem e o número da besta.
Por outro lado, não é difícil notar que o Senhor repete alguns números em especiais coincidências, como o número de apóstolos e o número das tribos de Israel e pela quantidade de figuras que se utilizam do número sete na bíblia.
Entretanto, parece que há muita criatividade por parte dos homens para incrementar os mistérios de Deus, a ponto de complicar o descomplicado e codificar o que deveria ser transmitido com clareza, com o fim de tornar o povo dependente de interpretações de homens supostamente espirituais aos quais Deus revela segredos com exclusividade.
Eu bem sei que há muitos mistérios em Deus e em sua palavra, mas quando se trata de transmitir a salvação aos homens ainda prefiro me comunicar com clareza e objetividade, afastando-me de sinais, tipologias e simbologias que podem complicar o que deveria ser transmitido com a máxima clareza possível, a exemplo do que nos ensina o apóstolo Paulo:
“Contudo, prefiro falar na igreja cinco palavras com o meu entendimento, para instruir outros, a falar dez mil palavras em outra língua.” (1 Coríntios 14:19 RA)
Mas, o fato é que quando complicamos as coisas, tornamo-nos necessários, além de ganharmos a admiração dos nossos ouvintes desprovidos do conhecimento de coisas ocultas. Isso não lhe parece vaidade?
Espero ter ajudado e não complicado.
O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz.
Grande abraço,
Pastor Sólon.
De: JOÃO
Para: Pastor Sólon
Data:11 de janeiro de 2011 09:38
Primeiramente gostaria de agradecer mais uma vez pela atenção.
Eu também entendo que a bíblia é um livro cheio de mistérios e certamente há uma série de números com sentido profético. Meu questionamento era a respeito de toda palavra da bíblia significar alguma coisa, toda palavra representa tipo de alguma coisa (interpretação da ICM).
Também observei que os melhores obreiros são aqueles que conseguem transmitir um maior número de "textos revelados," enquanto os novos obreiros anotam as mensagens para impressionar a platéia em outra oportunidade.
Além disso, há uma competição acirrada entre os obreiros de quem sabe mais tipologia, vaidade como bem referiu o senhor.
Finalizando meu email, observei durante todo esse tempo que as doutrinas pregadas na ICM não são de exclusiva revelação, trata-se de apenas de doutrinas acopladas de todo o tipo de religião. Apenas para exemplificar aproveitando um trecho de seu email abaixo:
5 = Ministério
O número “cinco” relacionava-se sempre a ministério, especialmente porque a ICM acredita que só existem 5 ministérios, com base no texto de Efésios 4:11. Há até uma revelação, transformada em aula de Maanaim, que traz uma significação curiosa, onde cada dedo representa um desses ministérios:
Esse estudo que cada dedo representa um ministério é pregado nas escolas teológicas da Assembléia de Deus. Eu mesmo tem uma apostila dessa em minha casa e percebi que essa revelação não é de exclusividade da "obra maravilhosa". Ainda seguindo a mesma linha de raciocínio,o tal livro de Cantares,motivos de orgulho dos maranatas, não é de exclusividade deles. A interpretação que o livro é um livro espiritual é pregado em outras denominações. existem três teoria sobre o livro de cantares( só jogar no google interpretação do livro de cantares".
Eu sei que o senhor sabe de tudo isso que estou falando, mas apenas para reforçar minha idéia que as doutrinas são todas "importadas" de todo tipo religião e por isso eles pregam nos cultos "ninguém nunca ouviu isso antes".
Abração, Deus abençõe grandemente seu ministério.
JOÃO